Em meio à escalada da mobilização militar americana no Caribe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu um recado indireto a Donald Trump e o alertou durante um discurso na cúpula Celac que o uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Lucas Martins detalhou o assunto. Acompanhe a análise de Thulio Nassa.
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00:00Em meio a escalada da mobilização militar americana no Caribe, o presidente Lula deu um recado indireto a Donald Trump e alertou, durante o discurso na cúpula da CELAC, que o uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Os detalhes com o Lucas Martins.
00:17Lula deu uma pausa nos trabalhos da COP para ir até a Colômbia, onde participou da esvaziada cúpula de líderes da comunidade de estados latino-americanos e caribenhos, a CELAC e da União Europeia.
00:31O encontro aconteceu na cidade de Santa Marta, em meio a um cenário de tensão na região. Na abertura do discurso, sem citar governos ou nomes, o presidente afirmou que a força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina.
00:47Ainda segundo o petista, projetos pessoais de apego ao poder solapam a democracia e a região está deixando de cultivar a vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas ideológicas se emponham.
01:03A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais.
01:19Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz.
01:24Realizada pela última vez em Bruxelas, em 2023, a cúpula entre os dois blocos deveria reforçar laços diplomáticos e comerciais.
01:34Mas neste ano, o clima é de incerteza. Pouco antes da abertura, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Uruguai, Yamandu Orsi, cancelaram a participação de última hora.
01:48A ausência de lideranças importantes esvaziou o evento.
01:52A Colômbia que preside a CELAC também enfrenta pressões.
01:56Recentemente, os Estados Unidos retiraram a certificação de Bogotá como aliada na luta contra as drogas e impuseram sanções ao governo de Gustavo Petro,
02:07que teve o visto americano cancelado após incitar a desobediência militar do exército americano contra Trump.
02:15O governo americano acusa o presidente colombiano de não combater de forma eficaz o narcotráfico.
02:22O clima ficou ainda mais tenso com a mobilização militar americana em torno da Venezuela.
02:28Segundo o governo dos Estados Unidos, as operações com vários mortos têm como alvo embarcações ligadas ao tráfico de drogas.
02:37A real motivação seria a preparação de uma intervenção americana contra a ditadura de Nicolás Maduro.
02:44Sem citar as ações, o presidente brasileiro condenou atividades que violam direitos de outros países e indivíduos.
02:52Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado.
03:01Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia.
03:07Estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas ideológicas se imponham.
03:17Como resultado, vivemos de reunião em reunião, repleta de ideias e iniciativas que muitas vezes não saem do papel.
03:27Nossas cúpulas se tornaram um ritual vazio, dos quais se ausentam os principais líderes regionais.
03:35Mesmo com a ausência de vários líderes, a presença do presidente Lula marcou o encontro.
03:41O governo brasileiro viu a reunião como uma oportunidade para defender uma posição própria sobre o crime organizado, sem ceder às pressões dos Estados Unidos.
03:53Para o presidente, o enfrentamento a facções deve ser discutido no âmbito da cooperação regional e não imposto de fora.
04:01É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando o seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas.
04:12O alcance transnacional do crime coloca à prova nossa capacidade de cooperação.
04:20Nenhum país pode enfrentar esse desafio isoladamente.
04:24A reunião entre a SELAC e a União Europeia termina nesta segunda-feira, com a Declaração Conjunta sobre Segurança, Integração Econômica e Desenvolvimento Sustentável.
04:37Negociadores envolvidos nas discussões dizem que os países latinos desejam mencionar a presença militar americana no documento final.
04:47Já os europeus querem incluir no texto uma condenação explícita aos ataques à Rússia contra a Ucrânia.
04:55O presidente Lula voltou ao Brasil já no domingo, para retomar os trabalhos na COP30, que começa hoje.
05:02É mais um assunto para a gente ouvir a opinião aqui dos nossos comentaristas.
05:07O Túlio Nassa está com a gente nesta manhã de segunda-feira.
05:10Túlio, como é que você vê esse posicionamento do Brasil?
05:13Até porque a gente já tem muito conflito no mundo todo, né?
05:15Não precisa trazer o outro aqui para a nossa região, principalmente.
05:18E temos essas ações contra navios promovidas pelo governo americano,
05:22que diz assassinar traficantes e por aí vai, mas até agora sem um julgamento, sem o Estado de direito prevalecendo.
05:30Eu fico imaginando se fosse a Rússia fazendo esse tipo de atuação, que tipo de reação não teríamos também.
05:37Ou seja, me parece que há aí um ponto a ser observado, que é essa questão da paz aqui na região.
05:44E quando a gente vê a força militar dos Estados Unidos atuando, não sei se é tão bem-vindo assim.
05:50Qual é a tua visão, Túlio?
05:52Olha, Nonato, a questão é bem complexa e bem complicada.
05:56Nós vivemos hoje tempos sombrios, tempos difíceis em que o multilateralismo perdeu força
06:01e as questões não se resolvem simplesmente com diálogo, infelizmente.
06:06Alguém pode supor ou imaginar que o Nicolás Maduro iria ceder em relação a um mero diálogo
06:14se não houvesse uma pressão internacional?
06:16Será que o Nicolás Maduro iria renunciar ao seu mandato?
06:19Iria reconhecer a fraude que aconteceu nas eleições?
06:22Iria reconhecer que 70% da droga que sai do Peru é escoada ali pelo cartel de Los Solis,
06:28que tem ligação com o governo da Venezuela?
06:30Será que ele ia reconhecer tudo isso pelo mero diálogo?
06:33Então, evidente que nós não queríamos nenhum tipo de conflito, Nonato, mas a questão
06:37é muito mais complicada.
06:39Eu vou lembrar que pressões internacionais, infelizmente, foram necessárias em muitos
06:43momentos da história, como, por exemplo, no caso do Apartheid.
06:47Naquele momento, o governo do Apartheid da África do Sul também falava que a questão
06:50era interna, que a questão era de soberania internacional, e se a Inglaterra não tivesse
06:54batido pesado ali naquele momento, com sanções, com isolamento, não sei se o Apartheid teria
07:00realmente sido extinto e se Nelson Mandela teria sido libertado.
07:03Aqui no Brasil mesmo, na ditadura militar, o presidente norte-americano Jimmy Carter fez
07:08uma pressão internacional violenta ali contra o general Geisel, que na ocasião era o nosso
07:12governante, e isso ajudou muito a transição da ditadura para a democracia.
07:17Então, evidentemente que eu não sei até que ponto os Estados Unidos vão ali interferir,
07:22como fizeram no Panamá em 89, fizeram uma intervenção militar contra Noriega, tiraram
07:27Noriega, prenderam Noriega, o Panamá hoje é um país melhor.
07:30Mas eu não sei até que ponto os Estados Unidos vão nessa suposta intervenção militar.
07:35Eu sei que esse argumento só do patriotismo da América Latina é uma falácia, porque a
07:40Venezuela não representa a América Latina.
07:42A Venezuela é a única ditadura hoje consolidada e reconhecida por vários países e não os
07:47outros países da América Latina.
07:49Por essas e por outras, o filósofo Samuel Johnson já aletava que o falso patriotismo
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