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Em meio à crescente pressão no Congresso para votar o projeto de lei que busca classificar facções criminosas como terrorismo, o professor de conflitos armados da Escola Superior de Defesa, Alexandre Teixeira, defendeu a urgência do combate.

Teixeira afirmou que "Não temos mais tempo para protelar esse problema" e que a aprovação da medida trará uma "mudança na simetria de poder do crime organizado".

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Transcrição
00:00Mais uma vez, obrigado pela sua audiência, Jornal Jovem Pan para todo o Brasil.
00:05Depois da mega-operação no Rio de Janeiro, no Congresso crescem as pressões por medidas
00:10de combate ao crime organizado.
00:12Uma CPI já foi instalada com a promessa de dar respostas à sociedade.
00:16O nosso entrevistado agora é o professor de conflitos armados na Escola Superior de
00:20Defesa, Alexandre Teixeira.
00:22Tudo bem, professor?
00:23Mais uma vez, bem-vindo ao Jovem Pan.
00:24Como vai?
00:24Boa noite.
00:27Olá, Thiago.
00:28Boa noite.
00:28A satisfação estar com você e com a audiência do Jovem Pan.
00:31A satisfação é nossa.
00:33Bom, professor, essa é uma discussão interminável aqui no Brasil.
00:36A CPI foi criada nessa semana, mas a primeira audiência está marcada só, não para essa
00:42semana que começa amanhã, mas para a outra com o diretor-geral da Polícia Federal.
00:49E o Congresso Nacional sempre foi pressionado a mudar leis que combatam o crime organizado.
00:55Tem a PEC da Segurança e a questão do debate agora, o projeto antifacção, também transformar
01:04o crime organizado em terrorismo.
01:06Eu pergunto para o senhor o seguinte, qual é a resposta que o Congresso precisa dar para
01:11essa chaga do Brasil?
01:12Olha, Thiago, essa é uma excelente pergunta.
01:18Eu espero que dessa vez, tendo em vista o nível da operação que ocorreu na última
01:24semana, nós tenhamos uma resposta certiva do Congresso.
01:29O Congresso precisa entender que esse arcabouço legal que existe não consegue mais responder
01:35o problema que existe no Rio de Janeiro.
01:38Então, eu vejo com muito bons olhos a CPI, essa investigação, essa tentativa de se construir
01:45alguma coisa positiva, porque não tem mais como a gente conseguir considerar esse pessoal,
01:53principalmente com o Comando Vermelho que opera no Rio de Janeiro, como criminosos comuns.
01:57O Rio de Janeiro já vive e faz muito tempo uma situação de conflito armado na internacional.
02:03Eu acho que é uma boa oportunidade do Congresso Nacional estudar esse tema, entender, talvez
02:10se espelhar até no México, que viveu uma situação parecida, faz pouco tempo, e dar
02:15uma resposta para a sociedade carioca, porque não tem mais tempo de a gente protelar esse
02:19problema.
02:20Professor, vou chamar o nosso comentarista, o Diego Tavares, que faz a próxima pergunta.
02:25Diego.
02:27Professor, muito boa noite, um prazer conversar com o senhor aqui no Jornal Jovem Pan.
02:30Professor, uma grande parte do problema desse debate em relação a classificar as nossas
02:36facções criminosas como organizações terroristas, se dá ao fato de que uma oposição diz que
02:42isso pode permitir com que organismos internacionais atuem no Brasil no combate a essas facções.
02:50Qual que é a perspectiva do senhor a respeito desse debate?
02:52É possível que o Brasil sofra interferência externa em razão desse projeto de lei?
03:00Olha, Diego, é satisfação falar contigo.
03:03Essa percepção é muito equivocada.
03:06Muito equivocada.
03:08O Brasil é signatário dos principais tratados, principalmente do tratado do Tribunal Penal Internacional.
03:14Então, independentemente de se classificar ou não a facção como terrorista, qualquer coisa
03:22que ocorra, que envolva a competência material do Tribunal Penal Internacional e que o Brasil
03:28não tenha uma resposta adequada, o Brasil vai sofrer a interferência.
03:32A única diferença que tem é que se nós mudarmos a lei e reconhecermos essa situação grave
03:39que o Rio de Janeiro atravessa da forma que tem que ser reconhecida, nós mudaremos a simetria
03:45de poder que existe hoje na mão do tribunal analisado, porque o Estado hoje não é o elemento assimétrico.
03:53O governador do Rio já falou diversas vezes que a estrutura de segurança pública do Rio de Janeiro
03:59está no seu limite.
04:01Então, não é esse arcabouço legal.
04:03Com essa estrutura de segurança pública, nós podemos sim ter outros eventos terríveis
04:09com a morte de muitas pessoas.
04:12E a gente precisa perder esse medo de que vai ter interferência, não vai.
04:18Essa questão da interferência é intrínseca à nossa ação.
04:21Se a nossa jurisdição não for capaz de dar uma resposta jurídica adequada,
04:26independentemente de qualquer coisa, o Tribunal Penal Internacional vai tomar a situação para si
04:31e vai exercer a sua competência subsidiária.
04:33Isso, na verdade, é um jargão usado para pontelar o que nós precisamos fazer no Rio de Janeiro.
04:39Professor, o senhor disse na primeira resposta que espero que dessa vez
04:43alguma solução a gente consiga, pelo menos se não vai ter a solução definitiva,
04:50mas pelo menos começar esse debate com a sociedade, porque isso vai estar na campanha eleitoral do ano que vem.
04:55E, dito isso, eu pergunto para o senhor o seguinte, o senhor é um estudioso sobre o tema,
04:59alguém que tenta levar essa análise para um perfil mais técnico, evitando a politização.
05:06Agora, esse é um debate que está muito politizado.
05:09E são os políticos eleitos os responsáveis por tentar combater essa criminalidade,
05:14pelo menos adotar medidas para que isso saia do papel.
05:18De que forma é possível despolitizar essa discussão, professor?
05:21É, Thiago, eu entendo perfeitamente, concordo com você,
05:28mas eu acho que essa temática é uma temática que tem que estar acima de qualquer ideologia,
05:32de qualquer interesse partidário, porque envolve uma sociedade que está refém
05:37de uma organização criminosa e já há quase 40 anos,
05:42por conta de decisões erradas que a classe política do Rio de Janeiro
05:45vem tomando nesse período.
05:48E, agora, eu acho que isso é até um tema que pode até pacificar o país
05:52em torno de uma decisão apartidária e apolitizada,
05:57porque, realmente, o problema existe.
05:59Vamos dar como exemplo o exemplo do México,
06:03onde o governo teve uma situação de conflito armário com o cartel de Jalisco e de Sinaloa.
06:09Lá foi reconhecida a situação de conflito armário com o internacional.
06:12Isso empoderou o Estado mexicano para poder combater e dar resposta,
06:18na medida que se precisa.
06:20Porque, lógico, como é que um policial tem condições de entrar numa comunidade no Rio
06:26e se envolver numa ocorrência contra um narcotraficante,
06:30contra um narcoguerreiro, contra um narcoterrorista,
06:33e depois ter que ficar enrolado para responder isso?
06:35Então, eu acho que é a hora da gente aproveitar,
06:39os políticos, principalmente, aproveitarem esse clamor social,
06:45porque, depois da operação, fizeram uma pesquisa nas comunidades,
06:48e as comunidades apoiam.
06:50Então, para que a gente não tenha novos enfrentamentos com muitas mortes,
06:56vamos dar a resposta sinérgica,
06:59a resposta política, que vai levar uma resposta jurídica adequada.
07:03Diego Tavares, mais uma pergunta.
07:07Professor, eu vou dividir essa pergunta em duas.
07:09Uma aqui sobre a questão do Rio de Janeiro
07:11e uma sobre a questão internacional, muito próxima aqui do Brasil.
07:15A respeito da Venezuela e dos Estados Unidos,
07:17partindo do pressuposto da resposta que o senhor me deu
07:19sobre intervenção internacional,
07:21como o senhor avalia os ataques norte-americanos
07:23sobre os barcos venezuelanos no Caribe?
07:26E a outra pergunta é sobre a operação do BOP.
07:28Ela tem sido muito criticada, principalmente pela base governista,
07:31estão chamando de chassi, enfim,
07:33uma discussão muito grande sobre essa operação.
07:36Mas, do ponto de vista tático-operacional,
07:39essa operação foi acertada ou ela tem problemas técnicos?
07:44Bom, excelentes perguntas e complexas também.
07:48Muito obrigado.
07:49A questão dos ataques de Donald Trump aos barcos venezuelanos
07:53é uma questão tomada pela potência hegemônica
07:58dentro de uma perspectiva unilateral.
08:02Eu tenho certeza que se fosse o Brasil fazendo isso,
08:05nós já teríamos muitas relações na sociedade internacional.
08:08Então, o presidente Donald Trump,
08:10ele simplesmente considerou que esses cartéis
08:12estão exercendo o mesmo papel que os terroristas da Al-Qaeda
08:17exerceram lá na década de 2001,
08:21após os ataques às torres gêmeas,
08:24e eles colocaram uma pecha de inimigo do Estado.
08:27E a gente não tem como dizer que está correto ou se não está,
08:30porque isso é uma prerrogativa do Estado soberano.
08:34Se ele está fazendo errado,
08:35eu acredito que ele deve ser chamado
08:37e responder nas forças internacionais.
08:40Mas essa é a visão dele.
08:41Ele está fazendo esses ataques em águas internacionais,
08:44o que minimiza essa questão jurídica.
08:47Agora, em relação à operação do voto,
08:50eu tive a oportunidade de participar de muitas operações,
08:54quando eu era mais jovem, no Rio de Janeiro,
08:57nessas comunidades, e com o voto.
08:59Eu posso dizer que essa operação,
09:01que não foi feita só pelo voto,
09:03foi feita pela Secretaria de Segurança,
09:05foi uma das operações mais perfeitas e mais técnicas
09:09que já ocorreram na cidade do Rio de Janeiro.
09:12Eles conseguiram canalizar os narco-guerreiros,
09:15do narco-terrorismo,
09:16para uma área onde a sociedade civil
09:19não sofreria danos físicos.
09:23E, com isso, houve aquele enfrentamento,
09:27mais de duzentos.
09:28Agora, me diga, em que país do mundo
09:30nós temos um grupo de mais de duzentas pessoas
09:34armadas com o fusil,
09:35e que podem ser consideradas como criminosas comuns?
09:38Não é isso aí, Diogo?
09:40Foi o que a gente fala nas Forças Armadas,
09:42a operação de uma pele de bola.
09:44Você canaliza para uma área onde você sabe
09:47que você pode ter superioridade estática,
09:50e onde você pode diminuir, então,
09:52os riscos à população civil.
09:54Foi a operação mais perfeita que já foi feita
09:55nesse cenário de segurança pública.
09:58Professor, o senhor acha, pessoalmente,
10:00claro que nenhum governador, prefeito,
10:03até a presidência da República,
10:05ninguém vai admitir que o controle do Estado
10:08foi já perdido para o crime organizado.
10:11Pelas facções, PCC, o Comando Vermelho,
10:13jamais alguém vai admitir isso.
10:16Mas eu pergunto, professor, o seguinte,
10:18não só em relação a essa discussão,
10:20mas o debate se o Brasil já é um narco-Estado.
10:23O que isso significa?
10:25O que a gente pode falar para a audiência
10:27que tem dúvidas em relação a isso também, professor?
10:31Não, eu não concordo.
10:32O Brasil não é um narco-Estado.
10:34O Brasil não é um Estado...
10:35Os narco-Estados são Estados de governança falida,
10:39ou de governança quase falida.
10:42O Brasil ainda possui as suas instituições democráticas
10:45funcionando perfeitamente.
10:47O que existe é uma situação real, prática,
10:51dentro do nosso território,
10:54onde um grupo armado,
10:55que já consegue ser classificado
10:58com todos os requisitos que existem
11:00no direito internacional dos concretos armados,
11:03para ser classificado como um grupo combatente,
11:05e para a gente reconhecer uma situação
11:08de conflito armado no internacional,
11:09e dar mais poder para que essas forças policiais,
11:13para que as forças armadas,
11:15possam responder de forma adequada, Tiago.
11:18A simetria, o Estado é que tem que ser o Leviatã,
11:22o Estado é que tem que ter a força simétrica.
11:24Nós não podemos ter um grupo dentro do nosso território
11:28que tem a simetria em relação às forças estatais.
11:30Agora, eu não concordo, o Brasil não é narco-Estado,
11:33está muito longe de ser isso.
11:35Perfeito. Diego, mais uma questão?
11:38Sim, professor.
11:40Como que o senhor vê esse combate ao crime organizado,
11:46ou aos narcoterroristas, como o senhor se referiu,
11:49sobre a perspectiva da unificação dessa competência
11:53na União Federal,
11:56que é a proposta da PEC da Segurança Pública,
11:59tirando, de certa forma, dos governadores
12:01parte da competência para gerenciar a segurança pública
12:03em seus estados?
12:04Isso seria benéfico, considerando os atributos
12:07do crime organizado no Brasil,
12:09ou traria prejuízos ao combate ao crime organizado?
12:14Não, eu não vejo com bons olhos
12:15essa centralização de competência.
12:18se eu acho que vai requerir o Pacto Federativo,
12:20isso não é o caminho.
12:21Se o governo federal quer realmente
12:24atender essa situação da forma que é mais eficaz,
12:29ele deve reconhecer a situação de competência
12:31da União Internacional,
12:32daí ele vai ter a competência
12:34para resolver aquele problema que é pontual.
12:36O problema do Rio de Janeiro é um problema pontual.
12:39Nós ainda não temos o Comando Vermelho e o PCC
12:41atuando da forma que atua o Rio de Janeiro,
12:44os mais estados.
12:45Eles estão realmente fazendo uma franquia,
12:46mas ela não possui o poder.
12:48Lá no Rio de Janeiro, ele já possui.
12:50Ele já possui o poder de atuar nas esferas,
12:53em todas as esferas do poder,
12:55na esfera política, na esfera econômica,
12:58na esfera psicossocial.
13:00E eu acho que essa questão, gente,
13:02de colocar uma lei para centralizar,
13:04eu não vejo com bons olhos.
13:06Isso é um problema que,
13:07se deve ser respondido pelo poder público federal,
13:13deve ser respondido na forma da lei internacional,
13:14internacional, como preconiza o direito internacional
13:17dos pontos amados.
13:19Reconhece a área,
13:20é um reconhecimento temporário,
13:23até que se resolva,
13:24como fez o Sri Lanka,
13:26como fez a Colômbia,
13:28como fez o México,
13:29até que se resolva a situação
13:30e depois deixa a vida correr como tem que correr.
13:32André Teixeira,
13:35de Conflitos Armados,
13:36mais uma vez,
13:37muito obrigado por estar aqui conosco
13:39na Jovem Pan,
13:39seja sempre bem-vindo,
13:40um abraço,
13:41até a próxima.
13:43Muito obrigado, Thiago,
13:44um grande abraço para você,
13:45e o Jovem Pan.
13:45o Jovem Pan.
13:58O Jovem Pan.
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