Brasil pode disparar corrida do petróleo na Margem Equatorial? Assista análise

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Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), explicou no Real Time os impactos da concessão da Petrobras para perfurar o primeiro poço na Margem Equatorial. Ele detalhou expectativas, riscos e benefícios para o Amapá e o Arco Norte.

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00:00O Brasil pode estar prestes a viver uma corrida pelo petróleo.

00:04A Petrobras recebeu o sinal verde para perfurar o primeiro poço na margem equatorial.

00:09Nós vamos conversar sobre essa concessão com Pedro Rodrigues,

00:12que é sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o SEBI.

00:16Bom dia para você, Pedro. Seja muito bem-vindo aqui ao Real Time.

00:20Bom dia, Marcelo. É um prazer estar aqui com vocês.

00:23Bom, essa concessão para explorar petróleo na margem equatorial,

00:27eu queria entender se ela tem aquela mesma possibilidade

00:31de disparar uma corrida de petróleo no Brasil.

00:35Olha, Marcelo, sem dúvida.

00:37Agora, na verdade, a gente tem que tentar fazer uma cronologia.

00:42A liberação da licença não significa que a gente já tenha confirmada a reserva de petróleo,

00:48que a gente tenha o tamanho dessa reserva,

00:50e que a gente já saiba se essa reserva é comercialmente viável ou não.

00:54Ou seja, depois de todos esses testes, de toda essa fase exploratória,

00:59é que a gente vai ter certeza se essa reserva é comercial e o tamanho dela.

01:04E aí, sim, a gente pode dizer que, principalmente, o Arco Norte,

01:08ali o estado do Amapá e outros estados em volta,

01:11a gente pode ver, sim, um crescimento muito grande,

01:14principalmente da indústria, das indústrias acessórias

01:17que vão atrás da indústria de petróleo na exploração e produção.

01:22São elas, por exemplo, a indústria de equipamentos, alimentação, logística.

01:27Ou seja, existe toda uma cadeia que envolve a exploração e a produção de petróleo.

01:32E, sem dúvida, esses estados que estão ali na frente desses campos

01:37vão ser beneficiados com a chegada de todos esses negócios dessas empresas.

01:42É claro que a gente vai ver ainda agora uma fase de estudos

01:46para saber qual é o potencial dessas jazidas,

01:49mas a expectativa é grande.

01:50Se a gente pensar que não está muito longe da Venezuela ali,

01:53se a gente pensar que Goiânia já descobriu também uma reserva muito significativa,

01:58inclusive está tendo até uma guerra de palavras entre a Venezuela e a Goiânia

02:02por causa daquele território do Esequibo.

02:04Por isso tudo, a gente tem aquela expectativa de que possa ter uma reserva grande aí, não, Pedro?

02:11É isso mesmo, Marcelo, sem dúvida.

02:13Principalmente em razão da Goiânia, a Petrobras, a gente espera

02:17que exista, sim, uma grande reserva de petróleo ali como tem no nosso vizinho.

02:23Mas é importante lembrar que cada campo de petróleo é um campo.

02:27Eles são diferentes.

02:28Não existe nenhum campo de petróleo igual ao outro.

02:31Por isso que essa fase exploratória é muito importante

02:34para exatamente confirmar isso que a gente já acha.

02:39Mas essa confirmação precisa ser feita.

02:41Esse estudo que a Petrobras agora foi liberada para realizar

02:45é o que vai determinar o tamanho, como eu coloquei, dessa reserva

02:49e se essa premissa de que a gente tem a mesma bacia

02:52ou um campo de petróleo parecido com o nosso vizinho vai ser verdadeira.

02:57Agora, tem a expectativa também de que possa haver mais petróleo ali

03:02do que no pré-sal brasileiro, nas regiões que são exploradas mais ao sul do país?

03:07Olha, Marcelo, eu acho que sim.

03:09Como eu coloquei, a gente não sabe qual é o tamanho da reserva.

03:14As expectativas, como você colocou, são muito altas.

03:16Agora, só depois dessa fase exploratória, desses cinco meses,

03:20agora que a Petrobras foi autorizada a fazer esses estudos,

03:25é que a gente vai saber e o tamanho dessa reserva vai ser determinada.

03:29Como eu coloquei, é muito difícil, sem esse estudo prévio,

03:34a gente determinar ou a companhia saber.

03:37Isso envolve muito risco, Marcelo.

03:39Não é só ali na margem equatorial.

03:41Em qualquer lugar do mundo, quando uma empresa de petróleo está na sua fase exploratória,

03:45a taxa de acerto não é alta, ela é baixa.

03:48Então, é uma atividade de alto risco.

03:50Porém, quando a companhia consegue acertar,

03:53consegue acertar, digo, ter petróleo dentro do seu campo comercialmente viável,

03:59aí sim as taxas de retorno acabam sendo muito altas.

04:01Mas não é aquela coisa.

04:03A chance, numa atividade mineral, é sempre menor.

04:07É sempre menor de ter o mineral do que de não ter.

04:11O que a gente torce é para que, nesse caso, a Petrobras consiga achar petróleo,

04:15seja benéfico, que a riqueza do petróleo seja revertida,

04:19principalmente para a população do estado do Amapá e do Arco Norte brasileiro.

04:23Agora, depois da expertise que a Petrobras conquistou nas regiões do pré-sal,

04:27imagino até que essa busca seja um pouco mais refinada, digamos assim.

04:31Mesmo que haja, como você disse, menos expectativas de acerto do que de erro,

04:37imagino que, para uma empresa como a Petrobras, com a expertise que ela tem,

04:41seja um pouco mais fácil do que seria para outras empresas de petróleo.

04:47Olha, Marcelo, na verdade, a grande expertise da Petrobras,

04:51isso vale a gente mencionar, a Petrobras é líder mundial

04:54quando a gente fala na exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

05:00Então, o que isso quer dizer?

05:00Além da Petrobras ter essa expertise de saber manipular,

05:06quer dizer, saber manipular esses dados para ter essa taxa de acerto,

05:10mas o mais importante é que a Petrobras tem um custo de extração muito baixo

05:14quando a gente fala de petróleo em águas profundas e ultraprofundas,

05:18basicamente em razão de toda a tecnologia que a companhia conseguiu desenvolver

05:23para explorar esse tipo de petróleo.

05:25Para o nosso telespectador ter uma ideia,

05:27a gente está falando aqui de uma perfuração de mais de 2 quilômetros de lâmina d'água

05:32e mais de 5 quilômetros de camada de rocha e sal embaixo da terra.

05:37Então, se a gente comparar, a gente pode dizer que a Petrobras é tão avançada

05:40quanto a SpaceX ou quanto a NASA nas explorações espaciais,

05:44a Petrobras também é na exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

05:50Agora, uma última pergunta que eu queria te fazer, Pedro, é a seguinte,

05:55tem muitas críticas aí por causa do timing desse anúncio, próximo da COP30.

06:02O que você acha que o Brasil, como o país e a Petrobras também vão poder apresentar

06:07para o resto do mundo para dizer, olha, não é bem assim,

06:10tudo foi feito da maneira correta, a gente vai ter cuidado ambiental?

06:14Olha, como você colocou, Marcelo, eu acho que a exploração de petróleo

06:18ou qualquer outra atividade que envolva algum impacto na natureza,

06:22hoje deve ser feita, sim, com toda a responsabilidade,

06:26com todos os cuidados ambientais.

06:28Nesse caso, a Petrobras e a margem equatorial não devem ser diferentes.

06:32A Petrobras é uma empresa que não tem um histórico de vazamento,

06:35o Brasil não tem um histórico de vazamento,

06:38em grande medida em razão da qualidade técnica dos órgãos ambientais brasileiros,

06:44que conseguem mitigar e entender junto da companhia a liberação dessas licenças,

06:50ou seja, todo esse trabalho que foi feito até agora.

06:53Eu acho que o Brasil, na COP30, ele deve se orgulhar principalmente de ter a matriz mais limpa do mundo,

06:59de ser a matriz energética mais limpa do mundo,

07:02de ter penetração grande de energia renovada na nossa matriz elétrica,

07:07muito mais do que em outros países.

07:09Agora, também o Brasil foi abençoado de também ter recurso fóssil,

07:14no caso do petróleo e do gás, como em outros países do mundo.

07:17Eu acho que isso não é motivo de vergonha, isso é motivo ao contrário,

07:19do Brasil mostrar toda a sua diversidade energética,

07:22até porque o mundo ainda depende muito da produção de petróleo e do consumo do petróleo.

07:29Óbvio que isso está diminuindo e cada vez mais sendo feito de maneira ambientalmente mais responsável.

07:37Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, OCEBI,

07:40muito obrigado por mais uma participação aqui no Real Time, bom dia para você.

07:45Obrigado, Marcelo, sempre um prazer estar aqui com vocês.

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