Exército perdeu credibilidade após condenação de generais no STF? Mourão avalia

Jovem Pan News

No Direto Ao Ponto, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) avalia o impacto da condenação de generais da reserva, como Braga Netto, pelo STF, sobre a imagem do Exército Brasileiro.

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00:00Senador, só para apontar uma diferença, o senhor falou que outros militares foram presos em épocas passadas,

00:05mas é a primeira vez que grandes militares de altas patentes sentam no banco dos céus do Supremo Tribunal Federal

00:12após a redemocratização e por uma lei que o próprio ex-presidente assinou, que é a situação do Estado Democrático de Direito.

00:18E eu queria até, dentro do que a Valentina apontou para o senhor, eu queria perguntar em relação à credibilidade do Exército.

00:24Porque o Exército era sempre visto como uma instituição de alta credibilidade,

00:31mas após a questão dos QGs na frente das bases do Exército e também com militares sentados no banco dos céus,

00:41eu queria saber como é que fica esse impacto da instituição, da credibilidade do Exército e mais um adendo.

00:48Nós temos aí militares como Walter Braga Neto, como Augusto Helendo, sendo julgados pelo Superior Tribunal Militar

00:56com a possibilidade de perder as patentes.

00:59E eu queria saber do senhor em relação a essa credibilidade, mais uma coisa.

01:04A Polícia Federal, o ex-comandante do Exército, disse que teria recusado a tentativa de golpe.

01:10O senhor acha que essa situação que ele pontuou na Polícia Federal,

01:15essa decisão de ele não ter aderido ao plano golpista investigado pela PF, foi correta?

01:23Bom, João, são várias perguntas que tu me fizestes aí, né?

01:27Então, credibilidade...

01:28Vai por partes, senador.

01:29Aí eu vou avaliar das pesquisas também.

01:31As pesquisas dão a credibilidade do Exército lá em cima, das Forças Armadas.

01:36Já tiveram melhor, caíram um pouco, mas continua das instituições com mais elevado grau de credibilidade

01:43aqui dentro do país, né?

01:46A condenação do Heleno, do Braga Neto, são condenações pesadas.

01:50E agora, obviamente, irão para o Tribunal de Honra.

01:54Aí eu quero lembrar que o Tribunal, a Suprema, o Superior Tribunal Militar, o julgamento ali,

02:00é se atentar contra a honra e o pundonor militar.

02:03Então, não é pura e simples, o cara está condenado, ele atentou contra a honra militar.

02:08Então, é diferente.

02:09Ninguém ali é ladrão, ninguém ali matou, ninguém ali estuprou.

02:14Então, tem algumas coisas que vão ser analisadas dentro da Suprema Corte Militar.

02:18Então, vamos aguardar o que vai acontecer nesse julgamento.

02:23E, em relação ainda, vamos dizer assim, a questão da Polícia Federal, do depoimento do ex-comandante,

02:33do general Freire Gomes, eu não participei de nada disso aí, né?

02:38Apenas conheço pelo depoimento que foi dado e depoimentos lá ao longo ali do julgamento.

02:46Então, não sei o que que houve em determinada reunião lá dentro do Palácio da Alvorada,

02:50onde teriam acontecido esses fatos.

02:52Então, me permito, né, não responder direito sobre isso, porque desconheço o assunto,

03:00estaria inventando alguma coisa.

03:02Luísa, vai lá.

03:04Senador, ainda na esteira das perguntas dos colegas,

03:07qual o senhor entende que seja o papel das Forças Armadas no equilíbrio democrático hoje?

03:12Elas falharam em proteger a Constituição em 8 de janeiro de 2023?

03:19Não, no 8 de janeiro de 2023, quem falhou clamorosamente foi o governo do atual presidente da República,

03:27que dispunha de todos os instrumentos legais para, uma vez tendo recebido todos os informes vindos da BIM,

03:34que se, né, estava se arregimentando a manifestação naquele domingo 8 de janeiro,

03:42que havia a possibilidade dessa turba avançar na direção da esplanada dos ministérios.

03:48E há um planejamento que se chama o Plano Escudo,

03:52centrado em cima do Comando Militar do Planalto,

03:54que pode ser acionado a qualquer momento e que não foi acionado,

03:58porque o Gabinete de Segurança Institucional,

04:01chefiado naquele momento pelo meu colega e companheiro de turma,

04:05General Gonçalves Dias, se omitiu, né, em tomar essa atitude.

04:10Então, aconteceu naquele momento essa omissão do governo,

04:14que se tivesse tomado as providências, né,

04:17a tropa estaria em força naquilo que nós chamamos da linha de defesa

04:22que vai da Catedral até o Teatro Nacional

04:26e teria impedido a massa de entrar na esplanada dos ministérios

04:30e não teríamos passado pelos dessabores que tivemos que passar depois.

04:34General, senador, perdão,

04:36são tantas atribuições, né, que nenhuma está errada.

04:39Mas, enfim, vamos ao cargo mais recente.

04:41Eu acho que eu estava só trazendo aqui,

04:43estava verificando aqui um dado em relação a esse questionamento

04:46que foi feito pelo João sobre a credibilidade das Forças Armadas.

04:49É que teve uma pesquisa da Atlas que mostrou que essa credibilidade caiu mais de 70%

04:56e essa pesquisa foi encomendada lá em fevereiro de 2025, começo deste ano,

05:01depois de toda essa situação envolvendo o julgamento

05:04e também o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, do qual o senhor fez parte.

05:08O senhor entende, então, que teria havido uma recuperação do começo do ano

05:12até aqui dessa imagem das Forças Armadas após o julgamento no Supremo?

05:16Há outras pesquisas, né, que têm outros índices, viu, Evandro?

05:22Então, cada pesquisa tem sua metodologia, né,

05:25eu tive acesso a outras pesquisas.

05:27As Forças Armadas, normalmente, tinham uma credibilidade na faixa ali de 70%

05:31e tinham caído para algo em torno de 50 e poucos por cento.

05:35Ou seja, nesse turbilhão todo era algo plenamente aceitável, vamos dizer assim.

05:40E eu mantenho contato constante, né, com os comandos de força

05:45para sentir a situação, como é que a turma vem reagindo a tudo isso que está acontecendo.

05:51E a gente roda pelo Brasil, né, eu rodo pelo meu estado, pelo Rio Grande do Sul,

05:57nas mais diferentes cidades onde tem guarnições militares.

06:02Tudo continua com mudantes do quartel de Abrantes, né, como a gente costuma dizer.

06:06Senador, eu quero só mudar de assunto agora e te perguntar sobre a PEC da blindagem.

06:10Ela foi aprovada massivamente ali na Câmara dos Deputados,

06:13chegou ao Senado e foi derrubada também com um voto do senhor.

06:18Essa sua escolha por derrubar a PEC da blindagem

06:21teve a ver com a movimentação popular e com a repercussão também nas redes sociais?

06:26Ou o senhor já estava convicto de que qualquer blindagem

06:30não seria nem necessária, nem ética e nem moral no Congresso Nacional?

06:38Eu julgo que a PEC, ela ultrapassou, né,

06:41alguns limites, vamos dizer assim, daquilo que seria necessário

06:46para deixar muito claro o Instituto da Imunidade Parlamentar.

06:50Tanto que nós tínhamos uma emenda que havia sido proposta pelo senador Sérgio Moro,

06:56que deixava muito clara a imunidade material do parlamentar

06:59por seus discursos, por seus pronunciamentos,

07:02que vem sendo, né, seguidamente, né, vamos dizer assim,

07:08cortada essa imunidade, né, nós tivemos o caso do Daniel Suiveira,

07:11independente, né, das expressões que ele utilizou,

07:16nós tivemos o caso do Marcos Duval, né,

07:19Marcos Duval virou um não-senador, né,

07:22por, vamos dizer, pronunciamentos que ele fez,

07:25por atitudes que ele tomou, né,

07:28então eu achava que esse tipo de imunidade é que deveria estar preservado.

07:32Quando ultrapassou esse limite, perdeu o meu apoio.

07:36O senhor acha que a Câmara dos Deputados agiu como moleque?

07:41É absoluto, né, eu não posso pegar e colocar essa pecha

07:46em cima dos meus colegas da Câmara dos Deputados.

07:48Eles votaram dentro daquilo que eles consideraram o calor da disputa.

07:52E, óbvio, aí vem a beleza do sistema bicameral, né,

07:57onde o Senado, ou, no caso contrário à Câmara,

08:00se o projeto partir do Senado,

08:02tem condições de corrigir algo que não saiu bem

08:05de uma das outras casas.

08:06E a relação entre o senhor e os seus colegas da Câmara

08:09continuou normal?

08:11Não teve nenhum resquício, nenhuma consequência?

08:13A nossa bancada, a nossa bancada do Rio Grande do Sul

08:16é uma bancada que todos nós somos amigos,

08:19nos damos muito bem,

08:20nos auxiliamos, nos apoiamos mutuamente.

08:24Tenho boa relação com todo mundo da Câmara,

08:26sem problema nenhum.

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