Os comentaristas do 3 em 1 analisam o que significa a ausência de Jair Bolsonaro (PL) na reaproximação entre os presidentes Lula (PT) e Donald Trump. Os dois países mudaram de tom a partir do encontro na Assembleia-Geral da ONU e de um telefonema de 30 minutos dias depois. No entanto, o ex-presidente, até então aliado de Trump, não foi citado.
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00:00E eu quero falar um pouquinho sobre essa manifestação feita por Donald Trump logo depois do telefonema que durou cerca de meia hora, segundo os ministros que participaram,
00:09que disseram que foi uma conversa bastante tranquila, amistosa, satisfatória, porém ainda superficial.
00:15O presidente Lula teria apresentado as questões que são relevantes hoje para o Brasil, mas na própria publicação que foi feita por Donald Trump,
00:24há um detalhe que eu quero explorar aqui com os nossos comentaristas. Nenhum tipo de menção, diferentemente do que aconteceu no momento em que as sanções foram impostas,
00:34em que o governo norte-americano questiona a maneira como a justiça lida com o processo de Jair Bolsonaro e essa afeição que o governo norte-americano tem ou tinha pelo ex-presidente,
00:45nessa manifestação aqui, ela não aparece. Assim como o governo brasileiro faz questão de ressaltar que a conversa tratou de pontos econômicos.
00:55A ausência do nome de Jair Bolsonaro nessa publicação de Donald Trump indica algum tipo de mudança no movimento adotado pelos Estados Unidos, no teu ponto de vista, Alain?
01:04Olha só, Evandro, primeiro eu acho que é muito precipitado a gente afirmar isso, né?
01:09Porque a gente vai ter uma maior clareza e essa reunião vai ser muito importante, Evandro, para entender qual é o real motivo para o tarifácio contra o Brasil.
01:20Significa que é uma sanção por conta de Jair Bolsonaro? Significa que é a aproximação do Brasil à China, né?
01:29Tornando aí o BRICS mais forte? Ou é um motivo até estritamente comercial, dado que, embora os Estados Unidos tenham superávit com o Brasil,
01:39a economia brasileira é muito fechada, tem questões de propriedade intelectual e tarifas acima do que os Estados Unidos praticam contra a gente, Evandro.
01:47E para você, Piperno, significa alguma coisa? Há algo nas entrelias que é relevante entre a nova, digamos, relação entre Brasil e Estados Unidos?
01:56Sem dúvida nenhuma, mostra que o ex-presidente Bolsonaro é um moribundo político também, por olhar a Casa Branca.
02:03Moribundo político?
02:04Sim. Quem é que vai se importar com o bolsonarismo ainda?
02:09Ou, veja, aqui no Brasil, o Centrão, mesmo setores da Faria Lima, já buscam uma outra alternativa.
02:18Já se fala muito do governador Ratinho Júnior, de alguém de perfil mais moderado.
02:23Por quê? Porque eles chegaram à conclusão de que não vai haver reversão no status político do presidente Bolsonaro.
02:29Claro, ele está condenado. A dúvida é se ele vai para a Papuda ou se vai para algum quartel, ponto.
02:36O governo americano, pragmático, não vai mais perder tempo com isso.
02:40Isso também desarma o discurso da direita mais radical de que, ah, o presidente Lula não conversa, ah, o presidente Lula está dando...
02:48Não, é sim um novo momento. A gente não sabe se vai haver acordo.
02:54O que todos nós estamos tomando agora conhecimento é de que não há ruptura.
03:00Ô, Zé Maria Trindade, você acha que essa conversa indica, então, que Bolsonaro hoje seria um moribundo político para os Estados Unidos
03:06e contraria as críticas de parte da direita e também de alguns políticos de que Lula não teria conduzido a conversa da maneira correta com os Estados Unidos?
03:15Bem-vindo, meu amigo. Boa tarde para você.
03:18Pois é, o tal Delmete, né, como diz a gíria, né? Muito boa tarde, boa tarde a todos.
03:23Olha, existem alguns bastidores ali que respondem exatamente a sua pergunta.
03:27A primeira, o primeiro bastidor é que houve uma preparação do presidente Lula.
03:32Vários assuntos foram colocados na mesa, fizeram as perguntas para ele para ver exatamente como ele responderia, né?
03:39Assim, por alto, assunto por assunto.
03:40O presidente Lula convocou para esta reunião o ministro Fernando Haddad, o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin
03:49e o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, também o assessor de Relações Internacionais, Celso Amorim
03:58e, evidentemente, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, o Sidônio Palmeira, né?
04:04Então, o gabinete do presidente Lula estava ali cheio, né?
04:09Então, houve, sim, uma grande preocupação, né?
04:13A reunião foi considerada de sensível demais em nível altíssimo.
04:18E no final, já que não houve nada errado, é por isso que os dois lados comemoram.
04:22A impressão que o ministro traduziu é de que o presidente Donald Trump não tinha conhecimento exatamente de detalhes
04:33das negociações com o Brasil quando o presidente Lula colocou que os Estados Unidos são superavitários com relação às vendas, né?
04:42O Brasil compra mais, é um dos raros países que compram mais do que vendem.
04:48Por outro lado, também, a longa relação, isso foi colocado na mesa, entre Brasil e Estados Unidos.
04:56Foi intencional a ideia de não citar Jair Bolsonaro, não citar o nome do ministro Alexandre de Moraes,
05:04nem tocar na lei Magnitsky, mas falar por alto de sanções para que o governo entenda.
05:11Pelo lado bolsonarista, ficou muito claro, né?
05:14Aliados do ex-presidente, me dizem o seguinte, olha, não mudou nada, porque o interlocutor apontado pelo presidente Donald Trump
05:22é o Marco Rubio, o secretário que já vem, lá é o ministro de Relações Exteriores, que é o Departamento de Estado norte-americano, né?
05:30Então, ele já vem dando as cartas nessa negociação, ou seja, os bolsonaristas estão dizendo que não mudou nada, está nas mãos dele.
05:38Então, o importante é saber agora os próximos passos.
05:42Ô Bruno Musa, e entramos aí então com Marco Rubio, que é o ponto também que eu queria trazer para essa conversa,
05:48porque ele é visto hoje como uma das lideranças mais ideológicas dentro do governo norte-americano.
05:56Pois bem, há a conversa entre Lula e Trump, mas a parte pragmática vai ser tocada por equipes anunciadas por esses governos.
06:03E quem vai liderar essa equipe é o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
06:09Isso pode trazer um elemento a mais para essa conversa, para o resultado que a gente deva esperar?
06:15Bem-vindo, meu amigo. Boa tarde para você.
06:18Muito obrigado, boa tarde, uma ótima semana para todos nós.
06:20Bom, vamos lá. Eu acho que é extremamente precipitado, como o Alan disse, a gente tomar qualquer tipo de conclusão.
06:28Então, veja, o discurso do Alckmin é aquele discurso, ainda aquelas palavras parecem muito bem colocadas,
06:34naquela entonação política dos anos 90, como se sempre tudo fosse maravilhoso.
06:39Eu não caio nessa e, portanto, aqui é a minha opinião um pouco mais contundente a respeito disso.
06:44Acho extremamente precipitado.
06:47O Trump, ele é imprevisível, nós sabemos disso.
06:49Ele teve, primeiro, uma boa interlocução, digamos, com o Putin, depois brigou com o Zelensky, brigou,
06:58depois foi um pouco mais ameno.
07:00A gente vê isso com a Índia e depois acabou taxando a Índia.
07:03Então, me parece que isso é a forma do Trump ser.
07:07Não vejo nenhum tipo de sinalização assim, meu Deus, acabou tudo, está tudo maravilhoso.
07:13Eu sou um pouco mais cuidadoso com relação a isso.
07:16E, exatamente, o ponto que você colocou é o que eu ia mencionar.
07:20A escolha de Marco Rubio, que ele tem a descendência cubana,
07:25ao que me consta, ele ainda tem familiares presos lá dentro do regime,
07:28presos porque eu falo que naquela ilha que eu visitei duas vezes, muitos não podem realmente sair.
07:33O Marco Rubio, a escolha do Marco Rubio na interlocução entre Estados Unidos e Brasil,
07:37para mim, sinaliza uma prioridade para o tema político
07:41e não para o tema econômico, que é o tarifácio especificamente.
07:44Portanto, o que me mostra, o que me dá aqui uma dúvida é
07:48terá que o Brasil está na lista de prioridades do Marco Rubio
07:52ou tantos outros problemas que os Estados Unidos estão intermediando
07:56e a gente, obviamente, tenha talvez pretensão ou esperança de acreditar
08:00que o Brasil seria o número um dessa lista.
08:03Então, eu acredito que para que as tarifas possam ir à mesa de negociação,
08:08será extremamente necessário incluir na conversa algum integrante do próprio gabinete econômico,
08:12como o Howard Lutnik, por exemplo, o Scott Bassan ou o próprio Greer.
08:15Então, eu acho que esse tipo de condução do Marco Rubio
08:19dá muito mais ênfase à política do que ao tarifácio.
08:23Eu acho extremamente precipitado.
08:24Agora, eu quero falar de toda essa campanha aqui em volta.
08:26O que foi, Piper? Não quer trazer alguma visão diferente?
08:30Eu percebi que você fez uma cara ali.
08:31Eu conheço já as suas expressões.
08:32Na verdade, eu...
08:34Depois de quase três anos, dá para conhecer um pouquinho.
08:36Claro, claro, claro.
08:37Eu vou concordar com uma parte do que o Musa disse, porque veja,
08:42então, até para ficar muito claro, não há motivo ainda para euforia,
08:47mas era muito equivocado com erros grosseiros de avaliação
08:53ou discurso da direita dura de que havia uma situação de ruptura intransponível.
08:58Não.
08:59Quer dizer, são dois encontros em menos de 15 dias,
09:03com um terceiro encontro já previamente agendado lá para a Malásia,
09:07o que mostra que, se nós não temos nada fechado ainda,
09:11e é verdade isso, não há também motivo para nenhuma euforia,
09:15é fato que aquilo que se apregoava como um distanciamento irreversível
09:21não existe.
09:23Há, sim, um período de negociação.
09:26Negociação altiva, soberana dos dois lados,
09:31e que a gente ainda desconhece qual vai ser o desfecho,
09:33mas há, claramente, uma situação de negociação.
09:37E há também o movimento do governo federal de tentar passar uma mensagem positiva,
09:41seja nas articulações para fora,
09:44nessas negociações com os Estados Unidos,
09:46mas também naquilo que vai ser discutido e que fará diferença
09:49ou poderia fazer aqui dentro do Brasil,
09:53pensando já nas eleições de 2026.
09:55É um bom momento para pautar propostas positivas e mais populares na visão do governo federal.
10:00Quem levantou isso foi a Vitória Bel,
10:03que, obviamente, neste momento não vai falar conosco,
10:06mas daqui a pouco vai trazer as informações, então.
10:08Porque é sempre assim, a Langane.
10:10Ela está conectada conosco há 10 minutos,
10:12mas na hora que eu vou chamar a Vitória Bel,
10:14o sinal sempre tenta pregar aquela peça em mim,
10:17mas eu vou passar por cima dele.
10:19É a cara do Piperno em três anos, você já conhece isso também, né?
10:23Pois é, não.
10:23São situações que a gente vai...
10:25E a gente vai tentando desviar.
10:27Agora, ô, Langane, o governo está...
10:29O Piperno, pimenta no dos outros, né? Refresco.
10:33Ô, Alangane, a gente está tentando mostrar e trazer essa questão do governo federal,
10:38pintar que no Congresso Nacional haveria um andamento de propostas
10:43que sejam também mais populares,
10:44e isso começou agora com a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil.
10:49E há uma vontade do governo também de tentar emplacar outros assuntos
10:53que deixem um pouco a pauta ideológica de lado
10:55e façam o Congresso Nacional se concentrar naquilo que é de interesse dele também
10:59e campanhas que mostrem um governo mais positivo.
11:03A começar por essas negociações que também foram divulgadas de maneira muito otimista.
11:08Você acha que isso já é um movimento pré-eleitoral bastante robusto?
11:12Certamente, Evandro.
11:14E olha só, essas pautas, por mais que eu tenha divergência em relação a algumas delas,
11:19por exemplo, eu sou a favor da isenção do imposto de renda,
11:22mas que haja uma contrapartida de corte de gasto
11:25ou contra a modificação da escala 6 por 1.
11:29Mas, independentemente disso, essas pautas têm grande apelo popular.
11:35É algo muito concreto, porque, pelo menos a curto prazo,
11:39traz ali uma percepção de um benefício para a população.
11:43Então, é claro que isso acaba fortalecendo o governo,
11:47fortalece o presidente Lula no momento importante,
11:51que é a campanha já pré-eleitoral aí de 2026, Evandro.
11:56E é claro que a oposição vai ter que ter aí alguma estratégia
12:00para lidar com esse fortalecimento, pelo menos, por enquanto, do governo.
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