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Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o economista Hugo Garbe avalia que o shutdown, agora em seu quarto dia, expõe a grave crise fiscal dos EUA, reforçando que o país é um dos mais endividados do mundo. Garbe aponta que o impasse orçamentário entre Donald Trump e o Congresso gera incerteza macroeconômica.

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Transcrição
00:00E o governo dos Estados Unidos entrou em paralisação nesta semana após o Congresso não aprovar um projeto orçamentário
00:07para estender o financiamento federal.
00:10Esta é a primeira paralisação, ou o shutdown, essa expressão que se utiliza,
00:16desde o mais longo da história, que durou 35 dias a paralisação, isso há sete anos.
00:22Então, para a gente entender um pouco mais sobre essa dinâmica, esse tema, esses desafios para os congressistas norte-americanos,
00:29vamos conversar a partir de agora com o economista Hugo Garbi, de volta aqui à programação da Jovem Pan,
00:34a quem eu agradeço demais. Hugo, seja muito bem-vindo.
00:39Olá, boa noite. Sempre um prazer estar aqui com vocês. Obrigado mais uma vez pelo convite.
00:43Hoje entramos no quarto dia de shutdown, que é essa paralisação que impacta muitos serviços do governo federal
00:52por conta dessa impossibilidade de acordo entre os congressistas, democratas e republicanos.
01:00Hugo, queria que você discorresse sobre essa situação e como isso impacta o dia a dia do norte-americano.
01:08Pois é, Caniato. Os Estados Unidos têm essa característica de rigidez na estrutura orçamentária
01:14e trata muito, de forma bastante séria, esse tema.
01:20Então, quando você tem um impasse em termos orçamentários,
01:26e a gente tem de considerar que os Estados Unidos, apesar de ser o país mais rico do mundo,
01:31ele também é o país mais endividado do mundo, existe essa contrapartida.
01:35Então, carrega essa característica.
01:39É curioso de dizer, porque essa última paralisação nós tivemos no próprio governo Donald Trump,
01:47onde ele ficou ali mais de um mês com o orçamento praticamente travado
01:52e teve impacto de quase 0,5% no PIB americano, que é muito dinheiro,
01:57que acaba sendo envolvido nesse processo de paralisação.
02:04Então, alguns analistas, e eu também partilho dessa mesma teoria,
02:11o problema não é se vai ser aprovado ou não, naturalmente vai ser aprovado.
02:18O principal problema e a principal dúvida é quanto tempo vai demorar para ter essa aprovação.
02:23Porque cada dia que passa é menos orçamento, é menos dinheiro na economia americana
02:29e a gente já começa a sentir sinais, por exemplo, no emprego.
02:33Então, existe esse impacto brutal, impacto importante na economia americana,
02:39começa ali a ter um impacto inicial em serviços mais básicos, como lazer,
02:45serviços não essenciais, mas chega uma hora que começa a ter um impacto em serviços essenciais,
02:51como saúde e segurança.
02:52Então, republicanos e democratas estão empenhados em reuniões,
02:59inclusive agora no final de semana e na próxima semana,
03:02em tomar decisões importantes e acordos para que votem no orçamento
03:09e tenha aí uma retomada natural da economia americana.
03:12Agora, esse impasse naturalmente tem a ver com algumas questões específicas
03:17em relação à agenda defendida pelos democratas versus a maneira como os congressistas republicanos
03:25entendem que é preciso se debruçar para tratar de algumas questões.
03:30E me parece que o recurso destinado à saúde, aquele programa icônico dos democratas,
03:37o Obama Care, tem muito a ver com a liberação de recursos para esse programa.
03:41Mas também deflagra um problema grave de articulação.
03:45Você não acredita também que, em algum momento, os parlamentares,
03:49pelo menos os republicanos, não conseguiram avançar com a sua agenda?
03:53Então, deflagra aí um problema sério de articulação.
03:57Natural, sim, sem dúvida.
03:59Natural que existe também um componente político,
04:02um componente político muito forte,
04:04e como você bem disse, os republicanos têm um dever de casa
04:10de fazer essa agenda antes desse processo de votação.
04:15E agora vem à tona esse fracasso,
04:18a gente pode dizer assim,
04:19aqui na articulação política.
04:22Porque a aprovação do orçamento também é uma articulação política importante
04:25para qualquer governo, assim como os Estados Unidos,
04:27ou no Brasil, ou qualquer país democrático.
04:31Então, de fato, existe esse ponto de articulação política.
04:37Existe também um desgaste natural do governo na situação,
04:41uma vez que, como a gente disse,
04:44cada dia que passa existe um impacto direto na economia americana.
04:48Então, agora é o momento.
04:51É o momento de entrarem em um acordo,
04:54porque quem começa a pagar esse preço é o cidadão americano.
04:57Pois é, vamos acompanhar os próximos capítulos.
05:02Deixa eu pedir licença para o Hugo,
05:03chamar o Cristiano Vilela,
05:05que vai participar também da entrevista
05:07e vai formular uma questão para o nosso convidado.
05:09Com você, Vilela.
05:11Hugo, boa noite.
05:12Satisfação recebê-lo aqui no Jornal Jovem Pan.
05:15Hugo, dá para a gente fazer ali alguma avaliação
05:19de que forma o shutdown dos Estados Unidos
05:23pode impactar na questão da cotação do dólar aqui no Brasil?
05:27Dá para a gente visualizar que teremos, talvez,
05:30um período maior de dólar baixo
05:35do que em relação àquilo que nós tínhamos, por exemplo, um ano atrás?
05:39Boa noite, Cristiano.
05:40Prazer falar com você mais uma vez.
05:43É uma boa pergunta,
05:44porque quando você tem...
05:46A economia é uma ciência de consequências.
05:51Então, quando você tem um impasse no orçamento americano,
05:54naturalmente existe uma certa descrença dos investidores no país.
06:00Apesar de ser o país mais rico,
06:02mais poderoso do mundo,
06:04tem também os seus riscos.
06:06Então, quando você tem esse tipo de impasse,
06:08que é um impasse grave,
06:09existe uma desconfiança.
06:11E, naturalmente,
06:12quando existe desconfiança dentro da economia,
06:14o dólar, que é a moeda funcional do mundo,
06:17ele migra para outros países emergentes ou não,
06:22para ter ali uma diluição dos riscos desses investidores.
06:25E o Brasil,
06:27apesar dos nossos problemas aqui,
06:29a gente ainda é um dos países emergentes
06:31mais buscados pelos investidores.
06:33Então, é possível que nós tenhamos um impacto no dólar
06:37e que nós tenhamos um arrefecimento da cotação dólar real.
06:41Ou seja, o real,
06:43ele vai, teoricamente, pode sim se apreciar
06:46frente ao dólar,
06:49uma vez que a gente eventualmente possa ter aí
06:51uma migração da moeda aqui para o Brasil.
06:56Então, tem impacto no dólar.
06:59Se continuar essa discussão
07:02e houver ali um prolongamento dessa discussão,
07:07vai ter sim impacto nos juros,
07:08porque, uma vez que você tem impacto na produção e desemprego,
07:14os juros americanos podem cair com uma velocidade ainda maior.
07:17Ou seja, o impacto é brutal.
07:19Você tem impacto de todos os lados ali,
07:21dentro da economia americana e reflexos no mundo todo.
07:24Pois é, acho que na esteira, inclusive,
07:26desse questionamento da sua resposta,
07:28quais outros aspectos da agenda econômica de Donald Trump
07:32nós devemos considerar para além do shutdown,
07:35mas em meio a esse processo de aumento de tarifas de importação
07:39e também daquela cobrança incessante de Donald Trump
07:43para a redução na taxa de juros.
07:45Hein, Garbi?
07:47A gente já, o Donald Trump sozinho,
07:51ele já conseguiu fazer ali uma bagunça,
07:55entre aspas, na economia mundial em seis meses.
07:58Então, ele cobrou a China, ele cobrou o Brasil,
08:01ele fez uma confusão com a Europa, com o mundo inteiro.
08:07Então, esse incremento de tarifas global,
08:10ele acaba tendo uma influência na economia americana.
08:14Por quê?
08:15Porque você deixa o produto,
08:17a importação mais cara para os Estados Unidos
08:20e, teoricamente, você gera um processo inflacionário.
08:24Mas não é isso que está acontecendo.
08:25Ou seja, você está tendo um arrefecimento da economia americana.
08:29E agora, somado ao shutdown,
08:31que é uma paralisação da economia,
08:33imagina, você parar o orçamento americano
08:36é como você...
08:37É um elemento brutal econômico.
08:40Então, isso acaba impactando também,
08:43no curto prazo, taxa de juros, taxa de juros americana.
08:46Então, nós já tínhamos uma previsão
08:49para a redução da taxa de juros americana
08:51sem o shutdown,
08:52só com o tarifato do Donald Trump.
08:56E agora, isso tende a acelerar.
08:59Então, baixando a taxa de juros americana,
09:02você tem um impacto global,
09:04inclusive aqui no Brasil,
09:06um reflexo aqui no Brasil,
09:10principalmente, por exemplo,
09:11na Bolsa de Valores.
09:12Ou seja, os investidores têm menos rentabilidade
09:15nos Estados Unidos,
09:17vão buscar uma maior rentabilidade.
09:19A taxa de juros brasileira ainda continua alta.
09:21Então, veja que a gente tem ali
09:24sempre um reflexo na economia brasileira.
09:27Pois é.
09:28Quer fechar, Virela?
09:29Você fazer mais uma pergunta
09:30para o nosso convidado?
09:31Por favor.
09:33Sim, com certeza.
09:34Vou fazer uma pergunta relacionada
09:36à condução da economia dos Estados Unidos
09:40por parte do presidente americano,
09:42Donald Trump.
09:43Nós estamos aí completando
09:44praticamente nove meses de mandato
09:46do presidente americano,
09:48deixando de lado, claro,
09:49o aspecto polêmico de política
09:51e de declarações
09:53e de aspecto de geopolítica internacional,
09:55mas focando, analisando pontualmente
09:57a questão da economia.
09:59Dá para dizer que
10:00esses nove meses de governo Donald Trump
10:03tem sido uma surpresa
10:05e que ele está, talvez,
10:07apresentando uma realidade
10:09no comando dos Estados Unidos
10:10um pouco diferente
10:12daquilo que se imaginava,
10:14especialmente por parte do mercado?
10:15Olha, Virela,
10:19pode dizer que sim,
10:20apesar do Donald Trump
10:22ser ali um...
10:24Donald Trump é um executivo experiente,
10:26ele é um empresário experiente,
10:28ele é um ótimo negociador,
10:30ele sabe negociar,
10:33ele é um político experiente
10:34e se diz,
10:36se vende como um liberal.
10:39Só que na prática,
10:40as políticas que ele implementou
10:44nesses primeiros meses de mandato
10:45de fato não são medidas liberais.
10:50Mas a intervenção no Federal Reserve,
10:53ou seja,
10:54esse embate com o Federal Reserve,
10:56muito parecido com o embate
10:57do governo federal e banco central
10:59que nós temos aqui no Brasil,
11:02essas políticas de tarifa,
11:03imposição de tarifa,
11:05são políticas protecionistas,
11:07é o oposto do liberalismo econômico
11:11que os Estados Unidos
11:12prega nos últimos 200 anos
11:15de relação comercial com o mundo
11:17e foi assim que os Estados Unidos
11:18se tornou a maior potência econômica.
11:20Então, é um Donald Trump,
11:22eu diria ali,
11:24que a gente ainda não consegue ler,
11:26é diferente daquele que ele se vende.
11:29A gente já sabia que ele ia chegar
11:30com tarifas,
11:32mas não no tamanho que se apresentou.
11:36e agora sente um pouco esse resultado
11:40de instabilidade, taxa de juros,
11:44pressão sobre o dólar, sobre a dívida.
11:47Ou seja, essa conta começa a voltar
11:48para os Estados Unidos.
11:50Então, o fato não é o Donald Trump
11:52que a gente esperava,
11:53diferente daquela característica
11:55um pouco mais liberal.
11:57E agora vamos aguardar,
11:59vamos ver se ele vai recuar um pouco,
12:01porque os resultados da economia americana
12:03vão começar a chegar
12:04e aí a conta política chega junto.
12:08Pois é, só para finalizar,
12:09tem mais uma questão rápida, viu, Gabriel?
12:12Inclusive, é preciso destacar
12:14que o Departamento de Estatísticas
12:17do Trabalho dos Estados Unidos
12:19não divulgou, no dia de ontem,
12:22dia 3, os dados sobre emprego,
12:25contratação e demissões
12:27do mês passado,
12:29do mês passado, de setembro.
12:30E isso baliza, inclusive,
12:32o Banco Central norte-americano
12:34para tomar as decisões
12:36em relação à taxa de juros.
12:37Então, a gente observa
12:39que pode ser uma bola de neve.
12:40Isso impacta, inclusive,
12:42a percepção do mercado,
12:44inclusive com oscilações sensíveis
12:47na Bolsa de Valores.
12:49Dá para a gente projetar
12:50um cenário de exageros
12:53e de impactos severos na economia,
12:55caso os congressistas não consigam
12:57chegar a um acordo, por exemplo,
12:59nessa semana que vai entrar?
13:02Pois é, o impacto é um impacto importante.
13:06Uma semana de paralisação
13:07no orçamento americano
13:08é um impacto brutal.
13:09Já tem, nós já temos aí
13:12algumas pesquisas, análises
13:15de que, dependendo do tamanho
13:18dessa paralisação,
13:21se for pelo menos igual
13:22a paralisação anterior,
13:26pode impactar de novo,
13:280,4%, 0,3% do PIB americano,
13:30que é muito dinheiro.
13:31Então, a gente já começa
13:32a ter reflexo do desemprego.
13:34Se não divulga o resultado
13:35na data,
13:37não é um bom sinal,
13:39porque é sinal que estão revendo ali
13:40e, geralmente,
13:42notícia boa se revela rápido,
13:44notícia ruim segura um pouco
13:45para ver se é aquilo mesmo.
13:47Então, tudo isso já começa
13:49a esquentar um pouco
13:51essa panela de pressão política
13:52que o Donald Trump está vivendo.
13:54Não pode parar.
13:55Uma economia como o americano
13:57não pode parar o orçamento.
13:59E lá é bastante rígida
14:02essa questão orçamentária.
14:04Diferente aqui do Brasil,
14:04que a gente tem
14:05uma previsão constitucional
14:07um pouco mais flexível.
14:10Lá não, lá é diferente.
14:11Então, isso sim,
14:13pode impactar lá
14:14e como reflexo
14:15não só no Brasil,
14:16mas no mundo todo,
14:17porque a economia americana
14:18é o carro-chefe
14:19da economia mundial.
14:21Shutdown nos Estados Unidos
14:22em destaque
14:23com Hugo Garbi,
14:24economista,
14:25sempre colaborando
14:25e participando
14:26dos programas
14:27e telejornais
14:28aqui da Jovem Pan.
14:29Hugo, obrigado pela gentileza.
14:30Grande abraço
14:31e bom fim de semana a você.
14:34Eu que agradeço.
14:34Um grande abraço a todos.
14:36Um ótimo final de semana.
14:37Um ótimo final de semana.
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