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Em entrevista ao programa JP Ponto Final, o ex-senador Paulo Octávio fez uma análise da política e da história de Brasília. Ele destacou que a capital foi construída em apenas 1.000 dias, ressaltando o feito do presidente Juscelino Kubitschek, que concluiu a obra em tempo recorde e impulsionou o desenvolvimento do Centro-Oeste. No quadro “JK e o legado de Brasília”, Paulo Octávio afirmou que a trajetória de Kubitschek segue como inspiração para o PSD e para a própria capital. Já em “Brasília: capital e qualidade de vida”, o ex-senador destacou os avanços da cidade, mas lembrou do estigma político associado a ela. Paulo Octávio também comentou sobre o acidente que sofreu, afirmando que o episódio está superado, embora reconheça que ainda persistam dúvidas políticas em relação ao seu nome. Em relação ao desenvolvimento regional, analisou impactos políticos e econômicos, com destaque para o agronegócio e o protagonismo dos jovens empresários, no quadro “Agro e Empreendedorismo”. Sobre o governo Collor e a reeleição, o ex-senador fez uma avaliação dos desafios políticos da época e defendeu um novo modelo: mandatos de cinco anos, sem possibilidade de reeleição.

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Transcrição
00:00Salve, seja bem-vindo. Nós estamos falando dos estúdios da Jovem Pan aqui no Planalto Central
00:10do País, Brasília, o coração do poder. Vamos falar muito aqui de Brasília e do Distrito Federal,
00:17essa cidade que foi criada aqui no centro do país, centralizou o desenvolvimento e também
00:24sobre política. Aqui, hoje, no ponto final, o ex-deputado, ex-senador, ex-governador do Distrito
00:32Federal e um grande empreendedor aqui na região. Paulo Otávio, muito obrigado por estar aqui
00:38nos estúdios da Jovem Pan. Bom, Zé Maria, eu que lhe conheço há muitos anos, acompanho
00:45seu trabalho em toda Brasília, em toda política nacional, acompanho todos os governos, os
00:52últimos governos, com muita dedicação. Eu venho aqui com muito prazer hoje, no ponto
00:57final, e discuti um pouco com você o futuro do Brasil, esse país maravilhoso.
01:04Pois é, e para falar em futuro, a gente precisa falar um pouco de passado, de estrutura. Juscelino
01:11Kubitschek é um nome nacional que é imitado em várias campanhas. Agora mesmo, o prefeito
01:18de São Paulo fala ali, desculpa, o governador de São Paulo, né, Tarcísio de Freitas, fala
01:23ali em um programa de governo 40 anos em 4. Isso porque agora uma data de 4 anos e não
01:29de 5 anos, como na época do Juscelino, né. E ele conseguiu, né, doutor Paulo, interiorizar
01:36o desenvolvimento do país.
01:39Olha, eu sou, até suspeito de falar, eu sou vice-presidente do Memorial JK aqui em
01:45Brasil. Então eu tenho acompanhado sempre a história da criação da cidade, o trajeto
01:52dos 5 anos do presidente Juscelino, que por sinal, essa semana fez 123 anos. O aniversário
01:58dele é 12 de setembro.
01:59Meu conterrâneo, lá de Minas Gerais.
02:01Meu conterrâneo, lá de Diamantino.
02:02Vá de Diaquitonha.
02:03Então, é extraordinário você ver que é possível. O JK mostrou que é possível.
02:09Você, em 5 anos de governo, desde que seja um governo preparado, desde que seja um governo
02:15com metas, com projetos, você pode fazer. Ele fez tudo o que prometeu na campanha política.
02:22Hoje, eu noto que muitas vezes as campanhas políticas, elas não mostram o ideal do postulante
02:28ao cargo. Então, não tem projeto. Juscelino fez ao contrário. Ele fez o projeto, estabeleceu
02:34as suas metas e dedicou, cada dia dos seus 5 anos de governo, a cumprir as metas. Isso
02:40é por isso que...
02:42O segredo dele era esse, né?
02:45O segredo é muito trabalho, muita dedicação.
02:47Eu tenho a impressão que também era equipe, né?
02:49Ah, equipe extraordinária. Tinha uma equipe de alto nível, sempre se cercou de pessoas
02:53muito qualificadas, porque a administração pública sabe que isso é fundamental, e conseguiu
02:58fazer uma coisa. Nós que moramos aqui em Brasília, eu que vivo aqui desde 1962...
03:05Chegou aqui em 62.
03:06Cheguei aqui com 12 anos. É impressionante você ver como foi possível, em mil dias,
03:14fazer uma cidade. Não existe na história recente da humanidade ninguém construiu uma cidade
03:19em mil dias. E Brasília foi construída em mil dias. E no dia que ele prometeu que inauguraria
03:24a cidade, 21 de abril de 60, inaugurou a cidade. E funcionando. Quando eu cheguei aqui, a cidade
03:29tinha dois anos, mas já funcionava.
03:31Eu até fiz algumas pesquisas e nem na Alemanha pós-guerra, que é um grande exemplo de reconstrução,
03:38né? Houve um progresso tão grande. Brasília, cidades aqui em Brasília cresceram, assim, absurdamente,
03:45né? E em alguns pontos até de forma desordenada. E esse ordenamento de tudo cuidadinho e traçado,
03:52isso é o chamado plano piloto, Asa Sul, Asa Norte, né? O eixo monumental. Mas Brasília
03:58tem periferias desordenadas. Então, isso foi o crescimento que foi tão rápido que passou
04:04na frente dos governos.
04:05É, hoje a cidade tem 3 milhões de habitantes. Inicialmente, o projeto Lúcio...
04:09Eu diria que tem uns 6, né?
04:10Se contar em todo, mas dentro do quadrilátero são 3 milhões de habitantes.
04:16É a terceira maior cidade do país.
04:17O Lúcio Costa, que projetou o plano piloto, a expectativa da cidade era ter 500 mil habitantes,
04:22porque a ideia era ter uma cidade capital administrativa. Não era uma cidade para desenvolver
04:27tanto a economia de uma região. Só que Brasília, ela trouxe o progresso para todo o
04:32Centro-Oeste. Quando Brasília foi inaugurado, o Centro-Oeste era esquecido. O cerrado brasileiro
04:38não existia como produtor rural. E hoje, o cerrado é o grande celeiro do Brasil. Veja
04:44a produção que tem. Então, Brasília incentivou o desenvolvimento para essa região toda, Tocantins,
04:50Goiás, Mato Grosso.
04:51O estado de Goiás era nada aquele estado enorme.
04:53É o celeiro do Brasil.
04:55Hoje é um estado rico, né?
04:57Rico, claro.
04:57As pessoas estão bem, né?
04:59E eu vejo que Brasília, ela cumpre muito bem o seu papel de capital administrativo
05:03do Brasil.
05:03Muita gente presta atenção em Brasília, Brasília, né? Mas além de construir a capital
05:09federal, ele reconstruiu o centro, ele interiorizou a tecnologia, estradas, né? E acabou desenvolvendo
05:18todo o envolto aqui de Brasília, do Distrito Federal.
05:21É porque o Brasil, o Brasil tinha aquele complexo, né? De ficar tudo, todas as grandes cidades
05:27brasileiras estavam no litoral. Então, você vê que o desenvolvimento sempre frente
05:33para o mar. O interior do Brasil foi esquecido durante séculos. E JK conseguiu buscar o resgate
05:41desse interior.
05:42O senhor é casado com a neta do JK, né?
05:44Eu sou casado com a neta do presidente.
05:46A filha da Márcia.
05:47A filha da Márcia, que foi constituinte, foi deputada constituinte, foi vice-governadora
05:52de Brasília também. A Márcia foi uma pessoa muito dedicada à cidade. A dona Sara também,
05:58esposa do JK, dedicada à cidade. E o presidente sofreu muito, né? Depois da construção de
06:05Brasília, mas deixou um legado aí que hoje é impressionante. E você vê que a classe
06:11política toda tem uma referência muito especial. Eu, em particular, sou presidente
06:16aqui do PSD. O partido que ele estava afiliado quando foi presidente da República, ganhou
06:22eleição pelo PSD. Hoje, eu sempre digo que o Juscelino é uma inspiração para o PSD,
06:30muito bem comandado hoje pelo Kassab, que está fazendo um belíssimo trabalho. O PSD está
06:34crescendo muito como partido político.
06:35Está querendo ser governador de São Paulo.
06:36Olha, tem tudo para ser. O Kassab tem categoria para ser, tem competência para ser, o que
06:41ele quiser. Então, é um grande presidente de partido. E Brasília é uma referência
06:47para nós do PSD, porque nós temos alguém para sempre lembrar que é possível. Eu digo
06:53sempre, Brasília é um sonho que se tornou realidade. Só que a realidade hoje é maior
06:58que o sonho. Existia um sonho, só a realidade é maior que o sonho. E isso, para toda a classe
07:03política, é muito importante. É possível, em quatro, cinco anos, você fazer um bom
07:08governo, fazer um bom legado, desde que tenha um projeto, desde que você administra com
07:13competência, desde que você dedique a sua vida àquele projeto. Foi o que aconteceu com
07:17a Jotacá. Ele trabalhava o dia todo no Rio de Janeiro, chegava à noite, pegava o avião,
07:22demorava três, quatro horas para chegar em Brasília, que não tinha nem aeroporto aqui.
07:26Imagina naquela época, era um risco enorme, os aviões eram muito lentos. Mas chegava aqui,
07:31de madrugada, fiscalizava as obras e voltava para o Rio de Janeiro. Uma vida
07:35muito difícil. Sem tecnologia para prever. Imagina, não tinha telefone celular, não
07:39tinha computador, não tinha absolutamente nada. Sobre o Gilberto Kassab, me disse o
07:44senador Nelsinho Tradi, que é presidente do PSD lá no estado dele, que o Kassab ligou
07:50para ele de madrugada. Ele acordou e aí o Kassab perguntou, e aí, Nelsinho, como é que está
07:56o PSD aí? Ele falou assim, dormindo, presidente. Eu acredito muito em suor, em jeito de trabalhar
08:05e o Kassab trabalha muito. E esse desenvolvimento de Brasília foi muito em virtude disso também.
08:12Suor, de trabalho.
08:13É a motivação. Quando começou a Constituição de Brasília, que ninguém acreditava, um grande
08:20contingente de pessoas do Brasil todo, do Rio Grande do Sul, do Ceará, do Piauí, pessoas
08:26que vieram trabalhar na Constituição de Brasília. Acreditaram no sonho de JK.
08:29Ainda é assim, Brasília ainda é muito mesclada.
08:32Brasília é uma cidade que representa o Brasil. Aqui você tem a gastronomia nacional, todos os
08:39estados estão bem representados. Aqui o Brasiliense, ele é muito aberto. É uma cidade que você
08:45acolhe as pessoas que vêm de fora, que todo dia estão chegando pessoas, famílias de fora.
08:50Então elas são bem acolhidas. É uma cidade bem democrática, bem amerta. E esse é o sucesso
08:56da cidade que hoje apresenta, na minha visão, uma das melhores qualidades de vida do Brasil.
09:02É uma cidade segura, uma cidade tranquila, uma cidade que realmente superou todos os prognósticos
09:08anteriores.
09:09É uma boa cidade. Me disseram lá no comando do exército que os generais, eles andam o
09:16Brasil inteiro, conhecem todas as capitais. Para chegar a general, ele tem que passar, sair
09:23de aspirante, vai comandar e conhece todas as cidades. E quando ele vai para a reserva,
09:29ele fica em Brasília. Me mostraram que é a prova de que Brasília realmente é a melhor
09:33cidade que morar.
09:33Você vê uma grande quantidade de deputados federais, senadores, ministros, que fizeram
09:39parte de outros governos e que preferem instalar o domicílio em Brasília, ficam em Brasília.
09:44O clima é bom, a cidade é segura, a cidade tem uma boa vida cultural.
09:50Se resolve.
09:51Se resolve. Uma cidade fácil, que ainda não tem os grandes congestionamentos, você
09:55ainda consegue se deslocar com uma certa facilidade em algumas regiões. Então é uma cidade que
10:01é um sucesso. Eu diria que Brasília, se JK estiver lá em cima, ele olha assim, puxa
10:07a vida. Não acredito que eu fiz isso aí.
10:09Eu gosto, doutor Paulo, de falar sobre isso, porque nós estamos falando para o país inteiro,
10:15né? E muita gente, muita gente não acha que quase todo mundo que não é de Brasília
10:19vê Brasília assim como a cidade dos políticos. Ah, se soltar uma bomba em Brasília, a gente
10:24vai resolver o problema. Não resolve, não. Os políticos não ficam aqui, não. Eles
10:27vêm terça-feira, quarta-feira e vão embora.
10:31A Brasília tem oito deputados federais e três senadores. Essa é a classe política
10:35de Brasília que vive em Brasília. Eles são os eleitos por Brasília. Agora, os deputados
10:40do Congresso Nacional, 98% são de outros estados.
10:44Vem aqui, fica no hotel, rapidamente.
10:45Vem aqui, fica no hotel, então. Muitos participam muito pouco da vida.
10:51Mas incomoda-se essa pecha de que só tem...
10:54Não, é natural. Toda capital tem isso, né? Até porque o jornalismo brasileiro projeta
11:00sempre tudo o que acontece no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto. Então, passa uma
11:05imagem, todos os desmandos que o Brasil teve, infelizmente, não passa uma imagem negativa.
11:09Mas a gente vê, por exemplo, que nos Estados Unidos, toda escola, desde o primeiro dia,
11:15se faz uma reserva, uma poupança para conhecer o Washington, para fazer um turismo cívico.
11:22Bom, aí você tocou num ponto que eu concordo totalmente.
11:25Eu sempre fiz campanhas aqui de valorização da cidade. Eu fui o primeiro político local
11:33na época a tentar fazer uma Olimpíada aqui em Brasília, para mostrar a cidade ao mundo.
11:37É questão do esporte, questão da cultura e tudo mais. E eu acho, durante algum tempo,
11:42eu fiz campanhas para que as escolas, as universidades do Brasil, lá fora, trouxessem seus jovens,
11:47como faz o Washington, para virem conhecer até como funciona a democracia, como funcionam os poderes.
11:53É muito importante isso. Até porque uma capital é um símbolo de um país. Assim como o hino, a bandeira,
11:59a capital é um símbolo. A capital tem que ser respeitada. Então, lamento que muitas vezes as pessoas
12:04veem Brasília sobre um certo ângulo. Mas, aos pouquinhos, a gente está desmistificando isso
12:11e colocando Brasília num cenário local e ideal. Um cenário de reconhecimento a uma cidade
12:17que tem uma missão dificílima, que é buscar todo o Brasil, concentrar todas as questões nacionais
12:24e tomar decisões sábias. O que Brasília favorece aos parlamentares, aos ministros do Supremo,
12:29aos ministros do Judiciário, é ter tranquilidade para tomar decisões sábias.
12:34É isso que nós precisamos.
12:36Então, Paulo, eu queria tocar num ponto muito sensível aqui com o senhor.
12:39É sobre a morte de Juscelino Kubitschek. Não adianta. Muita gente acha que ele foi assassinado.
12:46Para quem não sabe da história, ele estava indo na Dutra.
12:53Um caminhão, no sentido contrário, atravessou um canteiro e bateu no opala dele. Ele morreu.
12:59Então, assim, muita gente acha que foi um atentado que foi programado.
13:03E isso persegue a alma de muitos brasileiros e ninguém acredita que aquilo não tenha sido provocado.
13:11Mas houve perícias e o senhor criou uma CPI e fez estudos técnicos.
13:17Afinal, Juscelino Kubitschek foi assassinado ou aquilo foi mesmo uma terrível coincidência?
13:23Houve uma grande coincidência que três grandes líderes políticos, em situações as mais diversas, morreram no percurso de um ano.
13:32Foi João Goulart, Carlos Lacerda e Juscelino.
13:36Que Juscelino estava ameaçado, existia uma operação chamada Operação Condor, que não só no Brasil, mas no Chile, na Argentina.
13:44Existia todo um aparato que queria atacar os líderes democráticos da região do Cone Sul.
13:53Existia realmente isto acontecendo.
13:56No caso de Juscelino, na pesquisa que nós fizemos, eu fui a Dutra, pesquisei, estudei o assunto, houve um acidente.
14:03E esse acidente, ele, por questão de segundos, não teria ocorrido.
14:07Porque o carro atravessou de uma pista, na época Dutra, atravessou de um lugar para outro,
14:13e um caminhão que veio de um motorista qualquer, que não tinha nenhum vínculo político, absolutamente nada, bateu no carro do presidente.
14:20E aí foi uma fatalidade terrível.
14:23Por dois segundos ou três segundos não aconteceria, não teria acontecido.
14:27Então é uma dúvida que sempre vai existir, porque já passou o tempo, já tem muitos anos isso, vai sempre existir.
14:33Que a família recebeu muitas ameaças, e isso me contou a dona Sara, me contou a própria Márcia Kubitschek,
14:39a minha mulher também viveu esses momentos muito angustiantes daquela perseguição contra o presidente Juscelino durante o regime militar.
14:49Então aconteceu, ele foi depor, ele sofreu, ele foi exilado.
14:53Então havia uma perseguição.
14:56Agora, o acidente, mesmo a morte, eu nunca vou poder dizer com certeza.
14:59No estudo que eu fiz, foi um acidente, mas quem pode afirmar que não aconteceu alguma coisa estranha?
15:06Então é muito difícil, o tempo passou, e o que fica hoje é a história de um grande líder,
15:13que é uma referência no Brasil democrático, é uma referência que todo mundo tem que estudar JK.
15:19Inclusive agora fizemos cinco livros dos cinco anos dos discursos que ele proferiu quando presidente.
15:27Eu vou te mandar uma coleção.
15:28É tão impressionante, os discursos estão, parecem atuais, parece que ele está vivendo hoje.
15:34Os problemas do Brasil em 1957, parece que são os problemas do Brasil de hoje.
15:40Então a visão que ele teve naquele momento como presidente do Brasil foi tão extraordinária
15:45que ele deixou um legado de discussões, de criações, de propostas que o Brasil tem até hoje não absorveu direito.
15:53Então ela mostra a magnanimidade do presidente, que é uma visão total de um país que é o melhor país do mundo,
16:01eu digo o Brasil, o melhor país, o melhor país para você investir, o melhor país que tenha tudo, água, clima, segurança, a mesma língua.
16:10É um país extraordinário, não existe país no mundo igual o Brasil.
16:13E eu lamento que a gente fica sempre remoendo o nosso desenvolvimento.
16:18A gente não desenvolve como poderia desenvolver.
16:21Hoje o Brasil é um país para ter, já é um país com toda a riqueza,
16:24mas poderia dar muito melhores condições de vida aos seus habitantes.
16:29Porque tem tudo para isso.
16:30Eu sempre faço essa pergunta e eu sou um curioso e estudioso disso.
16:34Por que a Europa desenvolveu, os Estados Unidos desenvolveu e a América do Sul está presa?
16:41Não é só o Brasil, né?
16:43A gente vê toda a região.
16:45Aí a resposta é essa, é a política.
16:48É a política que nos segura?
16:49E aí já não estou falando de Brasil, mas toda a região.
16:53Olha, tem alguma coisa estranha.
16:56Não tem um país aqui que se desenvolveu.
16:58A Argentina chegou a um ponto que era um dos países...
17:01Foi lá atrás, né?
17:02Foi lá bem atrás.
17:04E foi perdendo.
17:05E você vê o caso da Argentina, realmente o populismo, como estragou a Argentina,
17:12como atrapalhou a Argentina durante muito tempo.
17:15O Brasil, essa insegurança jurídica que o Brasil vive, as instabilidades, os planos econômicos,
17:24a falta de consistência.
17:26Então, você vê quantos presidentes presos, é um problema enorme.
17:30Isso destrói a segurança que um país tem que ter.
17:35A sociedade tem que acreditar.
17:37A sociedade tem que falar, bom, nesse país eu posso investir, posso fazer tudo, porque
17:42eu terei sempre um apoio.
17:43Falta um entrosamento maior entre o setor produtivo, o setor público.
17:49Falta mais respeito.
17:51Então, o Brasil não desenvolve porque a gente, muitas vezes, não acredita na gente mesmo.
17:54Mas vamos ampliar.
17:55É o Brasil e todos os países da América do Sul.
17:59Exatamente.
17:59É uma coincidência?
18:00Você vê a questão do agro.
18:02O Brasil começou a investir em tecnologia no agro.
18:04Hoje, a maior riqueza do país é o agro.
18:08Foi criado lá os mecanismos, a Embrapa veio, a tecnologia no campo avançou, os investidores
18:13foram, as pessoas desbravaram regiões inóspitas.
18:17E hoje, o que o Brasil exporta e o que o Brasil vai exportar?
18:2045% da economia brasileira vive em forma do agro.
18:23Dos agros, que existem vários agros.
18:26Tem o agro que planta, o agro que comercializa, o agro que exporta, o agro da tecnologia, tem
18:31o maquinário.
18:31Então, é uma grande movimentação realmente.
18:34Mas ainda patina porque a gente exporta produto em natura.
18:37Dizem Maria, o Brasil precisa de mais empreendedores.
18:40O Brasil precisa de mais pessoas que queiram criar novos negócios, ampliar novos investimentos,
18:47atrair novos negócios.
18:48Então, eu sinto que o Brasil, se tiver possibilidade de criar novos negócios, valorizar os jovens,
18:56empresários pequenos, o Brasil vai explodir.
18:59Mas eu escuto que o Brasil é uma terra de empreendedores.
19:02Diz que está na nossa cultura, no nosso DNA, que o brasileiro gosta de empreender.
19:07Não é verdade?
19:08Não, não está.
19:09Não está.
19:10Você vê que a questão dos Estados Unidos.
19:13Nos Estados Unidos, o empresário é muito valorizado.
19:16No Brasil, você fala que é empresário, você...
19:18É bandido.
19:19Existe uma resistência.
19:20Deu nome?
19:21A gente percebeu que o cara é empresário.
19:22Aqui, as pessoas têm vergonha de falar que é rico?
19:25Exatamente.
19:26E lá, não.
19:27Você vê essa campanha agora, vamos taxar os ricos?
19:30É um negócio que começa a desvalorizar.
19:33É como se ser rico no Brasil, ter um cidadão que tem um milhão de reais,
19:37que é o preço de um apartamento, hoje é rico, é super rico.
19:40Não existe isso.
19:42Pelo contrário, tem que incentivar as pessoas a serem ricas.
19:45Um milhão dá para comprar um apartamento médio.
19:47Médio, exatamente.
19:49Então, são questões como essa.
19:51A cultura brasileira de não desenvolver os jovens, incentivá-los a fazer novos negócios,
19:59a atrair novos investimentos, acaba atrasando o país.
20:04O país tem tudo.
20:05Falta...
20:05Você vê, eu fico indignado quando eu vejo um jovem talentoso, saiu da faculdade,
20:10está preparado, aí vai para Portugal.
20:12Meu Deus, o que você...
20:13Aí eu fico discutindo.
20:14O que você vai fazer em Portugal, gente?
20:15O Brasil está aqui, muito mais oportunidades.
20:18Na Europa é muito mais difícil.
20:19Muitos vão para os Estados Unidos também.
20:21É mais difícil também.
20:23Mas é aquela sensação de querer desenvolver em outro país e não acreditar no nosso.
20:29O senhor construiu um império aqui em Brasília.
20:32Eu acompanhei.
20:34O senhor chegou aqui, como disse, com 12 anos.
20:37Evidentemente que não tinha capital.
20:38E através, evidentemente, de trabalho e essa força do empreendedorismo conseguiu.
20:47O senhor acha que teria sido mais fácil para o senhor aqui no Distrito Federal,
20:51ou em São Paulo, ou em Belo Horizonte, ou no Rio de Janeiro?
20:55Olha, eu sou filho de um dentista do interior de Minas Gerais.
20:58Meu pai veio para cá em 1962, montou o primeiro consultório odontológico.
21:03Eu sou de Lavras, no sul de Minas.
21:05Montou o primeiro consultório odontológico aqui no setor comercial sul.
21:07O senhor é lá do São João do Rei.
21:09Conheço bem aquela cultura mineira ali.
21:12Eu nunca, eu não tenho nenhum empresário na minha família.
21:15Meu pai me ensinou, eu acho que aquela questão de Brasília, o desenvolvimento...
21:20Era dentista prático?
21:22Não, dentista...
21:23Seu pai?
21:24Era um dos melhores dentistas de Brasília.
21:28Houve uma época em que os dentistas práticos...
21:30Não, não.
21:31Ele foi formado na Universidade do Rio de Janeiro.
21:34Então, me fascinou aquela questão de Brasília, o desenvolvimento da cidade, me fascinou.
21:41E aí, com 15 anos, eu comecei a trabalhar.
21:43Então, eu comecei a trabalhar muito cedo.
21:46Aos 25 anos, eu montei a minha empresa.
21:48Depois de ter feito alguns trabalhos em várias outras empresas, eu montei a minha empresa.
21:53Que começou pequenininho, eu era uma secretária.
21:55Mas acreditei no desenvolvimento de Brasília.
21:57Como muitas cidades hoje no Brasil estão em desenvolvimento.
22:01E foi investindo na cidade, investindo na cidade, investindo na cidade.
22:0450 anos de luta.
22:05Então, esse ano, estamos comemorando 50 anos de trabalho.
22:09E poucas empresas no Brasil chegam ao cinquantenário.
22:11Eu digo sempre para os que chegam assim, olha, um lote no Lago Sul custava quase nada.
22:18E não sei o que.
22:19Claro, isso valorizou.
22:20Mas todos os dias está acontecendo isso e as pessoas não estão percebendo.
22:24Quer dizer, as oportunidades estão aparecendo todos os dias na sua cidade, ao seu lado.
22:31E só lá na frente que você vai olhar para trás e ver.
22:35A história é assim mesmo.
22:38E o senhor participou ali no governo Collor.
22:42Não, eu não me lembro se o senhor ocupou cargo.
22:43Eu acho que não ocupou cargo no governo Collor.
22:45Mas ali, qual a avaliação que o senhor faz do governo Collor?
22:49Bom, nós tínhamos...
22:52Não ocupou cargo.
22:53Não, não ocupou cargo.
22:53O senhor era apenas amigo do presidente.
22:55Não, eu fui candidato a deputado, fui eleito aqui, fui o mais votado na minha coligação em Brasília,
22:59de 90 a 94.
23:01Foi o meu primeiro mandato de deputado federal.
23:03E Brasília era uma cidade caçada.
23:05Nós não tínhamos eleição em Brasília.
23:07E foi interessante que a primeira vez que eu votei na minha vida...
23:11Eu estou no senhor.
23:11Foi eleição do Collor, eu votei em mim também.
23:14Foi extraordinário.
23:16Durante 20 anos da minha vida, eu não tinha eleição em Brasília.
23:22Foi a constituinte.
23:23Foi a constituinte que fez a primeira eleição em Brasília.
23:24A terceira que definiu ali a autonomia política de Brasília.
23:29Brasília, ela é diferente.
23:31Quer dizer, o Distrito Federal tem um governador que é prefeito e governador.
23:36E a Câmara Distrital, que seria a Assembleia nos Estados, né?
23:39Ele é Câmara Distrital e Câmara de Vereadores.
23:43Então, o deputado distrital, ele é deputado estadual, né?
23:47Uma relação e vereador.
23:49Então, aqui o jeito é diferente, mas não existia.
23:52Era um governador nomeado pelo presidente da República.
23:55Foi a primeira eleição.
23:56Eu era muito amigo do Zé Aparecido.
23:58A primeira eleição em Brasília foi justamente em 90.
24:00O governador Roriz foi eleito governador.
24:03A minha sogra, mãe da minha mulher, foi eleita vice, Márcia Kubitschek.
24:07E aí foi o primeiro governo democraticamente eleito na cidade.
24:10E eu era deputado federal nessa época.
24:13E como é que o senhor lembra, assim, do governo Collor?
24:15Eu tenho algumas premissas de desenvolvimento.
24:18Olha, vamos olhar o que está acontecendo lá fora.
24:20Bom, o Collor assumiu num momento muito difícil.
24:24Foi aquele período pós-Sarney.
24:27A inflação no Brasil estava extraordinária.
24:30Era um momento de inflação de 50% ao mês.
24:33uma coisa inacreditável.
24:35Ele veio com aquela vontade, com aquela força política.
24:38Teve uma votação, uma eleição bastante tumultuada.
24:42O segundo turno foi...
24:44Por sinal, aquela eleição foi uma eleição que mais participantes nós tivemos.
24:47Que era a FIFI, Ulisses, Aureliano, Brizola, Lula.
24:54Foi uma eleição surta.
24:55Eram 13 candidatos.
24:56Foi uma eleição bem interessante, mas bem democrática.
24:59Ganhou eleição no segundo turno contra o Lula.
25:03E começou os projetos.
25:06Infelizmente, o governo não prosseguiu.
25:08Ele teve um impeachment com dois anos e meio de governo, mas lançou reformas importantes
25:13para o Brasil.
25:15O Itamar continuou.
25:16Fernando Henrique fez um governo que o Plano Real ajudou bastante.
25:20Foram oito anos de Fernando Henrique.
25:22O Brasil acertou as suas contas.
25:24Começou a entrar no trídeo de desenvolvimento.
25:26Depois veio o Lula, que fez um governo, o primeiro governo do Lula também, aproveitando
25:31o ensejo da economia do Fernando Henrique.
25:33Fernando Henrique ajustou as contas públicas.
25:35O Brasil passou a ter...
25:36Fez um ajuste fiscal tremendo.
25:37O Brasil passou a não levar nada ao FMI.
25:40Resolveu as questões.
25:41Então, aí veio.
25:42E de lá para cá, a coisa vem caminhando.
25:44Aí, com o governo Lula duas vezes, Dilma duas vezes, Bolsonaro e agora Lula novamente.
25:49Então, essa é a história política do Brasil.
25:52O que eu sempre fui contra, foi contra a reeleição.
25:57Eu sou contra a reeleição.
25:59Eu entendo que...
26:00Eu fiz uma proposta, quando foi deputado federal, de que um governo de cinco anos resolve
26:06muito bem o problema.
26:07Porque quando o governante, ele assume e já pensa na reeleição, o último ano sempre
26:12ele começa a fazer as bondades, excesso de bondades, que muitas vezes prejudicam os
26:17cofres do Estado, do município, do país, para tentar alavancar votos.
26:22Isso acontece em todas as esferas.
26:26Por isso que, geralmente, o segundo governo, ele não é igual ao primeiro.
26:29O segundo governo nunca é igual ao primeiro.
26:31O Fernando Henrique implantou a reeleição.
26:34Na época, foi aprovada no Congresso, foi uma emenda lá.
26:37E a reeleição se provou no Brasil que não funciona, não dá certo.
26:41Eu acho que o ideal seria fazer uma mudança, um mandato de cinco anos.
26:45E, olha, cinco anos para trabalhar intensamente.
26:47Vai trabalhar até o último dia do governo, sem pensar em reeleição.
26:51Aí termina o governo, vai para casa e depois volta numa outra possibilidade.
26:57Seria o ideal para as prefeituras, para a própria presidência da República.
27:01Você vê, hoje, nós estamos vivendo, estamos em setembro.
27:04É lógico que o presidente Lula já está pensando na reeleição, já está trabalhando
27:08nesse sentido.
27:09E aí começam as bondades que muitas vezes têm que acontecer, o voto é importante.
27:15Então, começam as bondades que realmente acabam prejudicando o desenvolvimento do Brasil.
27:20Eu acho que o mandato no Brasil é de oito anos, para governador, prefeito e presidente
27:26da República.
27:27Com esse intervalo ali no meio, para uma aprovação ou desaprovação.
27:32Porque se não lançar a candidatura à reeleição, o prefeito, o governador e o presidente da
27:38República, ele desfaz, reduz o governo dele, joga no mercado ali da disputa dos secretários
27:45e ministros pela disputa da sucessão.
27:47Ou seja, uma armadilha para o Brasil mesmo.
27:50Mas é bom.
27:51É bom.
27:51Você vê que...
27:53Veja a dificuldade.
27:54Realmente, o governante, ele é governante e candidato.
27:59Aí passa nove meses, praticamente, fazendo aquele trabalho.
28:03Trabalha um pouco no Palácio e à noite vai fazer campanha política e pede voto.
28:07Perde um pouco o foco.
28:10É muito pouco tempo.
28:11Você governa três anos, o último ano é de pedir voto.
28:14Não dá certo.
28:16Na minha visão, não dá certo.
28:18Mas eu respeito todas as opiniões, inclusive a sua.
28:20Mas confesso a você que o que eu acho ideal para o Brasil é um mandato de cinco anos
28:25sem direito à reeleição.
28:26É não.
28:27Eu analisei o atual momento.
28:29Porque o mandato, todo mundo põe na cabeça que é de oito anos.
28:32E no meio tem aquela aprovação ou não.
28:36E a tendência é que seja aprovada.
28:37Porque é o seguinte, Zé Maria, é o seguinte.
28:39Não dá para você fazer um bom governo, um bom governo querendo agradar a todos.
28:45Se você faz um bom governo querendo agradar para ter votos, você não consegue.
28:50Veja o caso que nós começamos com o presidente de J.K.
28:53Imagine, o Rio de Janeiro queria Brasília?
28:57Claro que não.
28:58Não.
28:58São Paulo queria Brasília?
29:00Claro que não.
29:01Ali era o eixo do poder.
29:02Rio e São Paulo.
29:02Rio é uma cidade maravilhosa.
29:04Então, se ele não tivesse tido a coragem de fazer Brasília e não ter reeleição,
29:09numa reeleição, fatalmente ele ia perder a eleição.
29:13Porque ele contrainhou muitos interesses ao construir uma cidade e fazer tudo o que ele fez de desenvolvimento
29:18para outras regiões brasileiras.
29:20Mas a população, a maior população do Brasil estava lá no litoral.
29:25Então, você muitas vezes, para fazer uma boa administração, você tem que desagradar
29:31pessoas que não entendem naquele momento o que é importante, mas que tem que pensar em futuro.
29:37Então, pensar em futuro, muitas vezes, não dá voto.
29:41Se você faz um projeto de futuro, não dá voto.
29:43Se você faz projetos imediatistas, olha, eu vou contratar milhões de pessoas agora,
29:48vou encher a maca na pública, isso dá voto.
29:50Mas não dá desenvolvimento, não dá progresso, não dá aquilo que você quer,
29:55um Brasil moderno, um Brasil mais ativo, um Brasil melhor para todos.
30:00São Paulo, foi uma conversa muito boa.
30:02Muito obrigado por vir aqui aos estúdios da Jovem Pan.
30:05Queria agradecer a você que acompanha essa conversa aqui no Ponto Final.
30:08Muito obrigado.
30:09Obrigado.
30:13A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
30:26Realização Jovem Pan
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