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O coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV, Lucas Ferraz, analisa o recente aceno diplomático entre os presidentes Donald Trump e Lula (PT). Ele avalia se o gesto tem força para renovar o otimismo do mercado e levar a uma possível isenção das tarifas impostas ao Brasil.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/X6jD_f9AtuE

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00:00O tão aguardado encontro entre Lula e Donald Trump deve ocorrer nesta semana, mas o que esperar dessa reunião que vai trazer as expectativas do mercado é o ex-secretário de Comércio Exterior e coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV, Lucas Ferraz, chegando aqui ao vivo no Jornal da Manhã para falar sobre essa expectativa e muita gente tem falado na possibilidade de pegadinha.
00:24Será que efetivamente vai ocorrer isso por parte do presidente americano ou eles vão realizar tratativas quanto ao tarifácio? Muito bom dia.
00:33Bom dia, um prazer estar aqui com vocês.
00:37Olha, temos aí uma situação, eu diria uma oportunidade, melhor dizendo, de destravarmos uma situação bilateral, muito complicada, talvez a mais complicada,
00:52nos 201 anos de relação diplomática que o Brasil tem com os Estados Unidos.
00:58É uma oportunidade, mas eu diria que é uma oportunidade que tem algumas características, vamos dizer assim.
01:04A primeira delas, eu acho que ela vem um pouco tarde.
01:08Tivesse, digamos, a diplomacia brasileira investido mais, ou eventualmente até o próprio presidente Lula,
01:14feito um gesto para tentar falar com o presidente Trump antes do 9 de julho, quando nós recebemos a carta com o chamado tarifácio,
01:24eventualmente o Brasil poderia ter ficado com a tarifa de 10%, que foi a tarifa colocada ao Brasil no chamado Liberation Day em 2 de abril.
01:31E hoje o Brasil estaria numa situação, eu diria que relativamente confortável, uma vez que a sua competitividade relativa
01:40estaria, digamos, melhorada em relação a parceiros comerciais importantes, competidores importantes no mercado americano,
01:49como a União Europeia, que tem hoje uma tarifa de 15%, como a China, que tem uma tarifa de 50%,
01:55a Coreia, que ficou com 15%, a Suíça, que ficou com 39%, ou seja, vários países importantes exportadores para os Estados Unidos
02:03que competem com as exportações industriais brasileiras, que compreendem ali cerca de 80% de tudo que nós exportamos para os Estados Unidos,
02:11é o maior destino das exportações industriais brasileiras.
02:14Dito isso, eu entendo que é sim, digamos ali, uma linha de esperança que surge nesse horizonte
02:21para a gente tentar mitigar essas tarifas, mas todos nós sabemos que o presidente Trump é muito imprevisível.
02:27E se a gente olhar o histórico recente das negociações comerciais, em que o próprio presidente Trump se envolve diretamente,
02:36a maior parte delas, diga-se de passagem, o histórico não é tão bom, via de regra,
02:40as negociações bilaterais são negociações assimétricas, muito mais vantajosas para os Estados Unidos
02:47do que propriamente com os parceiros com os quais ele negocia.
02:51Tudo bem, Lucas? Bom dia.
02:53Queria falar em relação à estratégia do local escolhido, que não se sabe ainda que local vai ser essa conversa
02:59entre Donald Trump e o presidente Lula também.
03:01Primeiro, que estratégia poderia se dizer que ela poderia ser feita também em forma de uma ligação antes,
03:09em forma de uma videochamada antes, em forma de uma ligação.
03:13Tem todo esse evento para que esse encontro aconteça.
03:16Parece até algo midiático, né?
03:19Algo que está sendo premeditado para que esse evento aconteça, para que a mídia realmente fique em cima.
03:26Mas em relação ao local, queria sua avaliação sobre local em que o Donald Trump tira férias,
03:31local em que o Donald Trump tem encontros mais pacificadores.
03:33Qual que é a estratégia em relação a esse encontro?
03:35É difícil prever, né?
03:37O ideal, evidentemente, seria, entendo eu, do ponto de vista do Brasil,
03:42que fosse um local onde o presidente Lula não se sentisse tão exposto.
03:47Vamos lembrar que os históricos de reuniões na Casa Branca, no Salão Oval,
03:52são históricos ruins, de chefes, de líderes de países, sobretudo em desenvolvimento,
03:59que estiveram presentes com o presidente Trump no Salão Oval e foram, de alguma forma,
04:05tratados de uma maneira muito pouco diplomática, né?
04:09Então, eu entendo que, do ponto de vista do Brasil, do governo brasileiro,
04:14o ideal seria um local neutro.
04:15Mas é realmente difícil prever.
04:17Eu acho que, diante da complexidade da agenda do presidente Trump,
04:21é muito mais provável até que ocorra uma ligação, uma videochamada.
04:25É importante a gente mencionar que temas não faltam para ser negociados.
04:30O que esperar, digamos, dessa conversa?
04:34O Brasil tem, historicamente, vários irritantes comerciais com os Estados Unidos.
04:41Os Estados Unidos reclamam do excesso de burocracia para exportar produtos
04:45ao mercado brasileiro, das altas tarifas do Brasil,
04:48e temas não tarifários também, inclusive temas que foram colocados
04:52na chamada Sessão 301, essa investigação que foi aberta contra o Brasil,
04:56que envolve temas como desmatamento, como propriedade intelectual,
05:01como big tax, como acordos comerciais preferenciais.
05:05Ou seja, há uma gama de temas importantes,
05:08mas a questão fundamental é se o Trump, de fato, vai estar interessado nesses temas
05:12ou se ele vai insistir nos temas de política interna.
05:15Insistindo nos temas de política interna, a minha avaliação é que o sucesso,
05:19a probabilidade de sucesso desse encontro, realmente, ele cai a zero,
05:22porque não há disposição, do lado do governo brasileiro,
05:26de aprofundar temas que são temas do judiciário, não são temas do executivo.
05:32Bom, Lucas, participando da nossa conversa também,
05:34Henrique Kriegner, que vai fazer a próxima pergunta.
05:38Lucas, você mencionou a questão do atraso, né?
05:40E esse atraso na conexão e interlocução entre os dois chefes de Estado
05:45realmente custou e tem custado muito caro para o Brasil.
05:49Mas logo depois que o presidente Donald Trump anunciou na Assembleia Geral
05:53que teria esse encontro, a própria diplomacia brasileira negou,
05:57dizendo que não teria e agora muda um pouco a história.
06:01O que você acha?
06:03Quais foram, talvez, os fatores principais que fizeram
06:07com que essas idas e vindas aí se concretizassem na possibilidade de um encontro?
06:11O que mudou nesses últimos dias?
06:14Olha, o meu entendimento é que não houve uma negativa contundente
06:18do governo brasileiro no sentido de uma possível reunião.
06:23Eu acho que houve ali uma certa cautela,
06:26porque no calor do acontecimento foi totalmente inesperado,
06:30ninguém previa que o presidente Trump agiria da forma como agiu,
06:35sobretudo depois do discurso, um discurso bastante contundente do presidente Lula,
06:41com várias críticas em relação à postura atual do governo americano.
06:46Então, acho que pegou todo mundo um tanto de surpresa.
06:49Eu acho que também há um fator ali que todo mundo leva em consideração,
06:52que é a imprevisibilidade do presidente Trump.
06:54O presidente Trump falou na Assembleia da ONU de um encontro na semana seguinte,
06:59e todo mundo ali sabe que o presidente Trump pode simplesmente,
07:02no dia seguinte, dizer que não vai ter encontro algum.
07:05Então, acho que houve ali um excesso de cautela por parte do governo brasileiro,
07:08até de certa forma, eu diria que compreensível,
07:12mas eu acho também que o governo brasileiro não vai desperdiçar essa oportunidade,
07:16porque, de fato, nós estamos hoje com uma tarifa muito alta
07:19para cerca de 50% daquilo que nós exportamos para os Estados Unidos,
07:23é algo como 20 bilhões de dólares,
07:25com tarifas da ordem de 50%,
07:27que basicamente viabilizam o comércio brasileiro para esses produtos,
07:32as exportações brasileiras para o mercado americano.
07:35Já tivemos os resultados da balança comercial,
07:37do saldo da balança comercial de agosto,
07:39vários produtos, inclusive a carne brasileira, café e etc.,
07:43vêm sofrendo, máquinas e equipamentos vêm sofrendo
07:47com a queda de exportações para o mercado americano,
07:50e a tendência é que se esse quadro perdure, ele só piore,
07:54a queda seja ainda maior e viabilize, digamos,
07:57as exportações para várias empresas brasileiras.
07:59Então, acho que há, sim, um interesse,
08:01mas há um otimismo, digamos, cauteloso, muito comedido,
08:06em função do histórico de imprevisibilidades
08:08das relações do governo americano,
08:11sobretudo no que tange as questões de negociação comercial
08:14que a gente vem testemunhando nos últimos meses.
08:17Nosso comentarista, Túlio Nassa, faz a próxima pergunta.
08:22Bom dia, Lucas. Obrigado por atender a Jovem Pan.
08:25Olha, Lucas, pensando nesse recente conflito Brasil-Estados Unidos,
08:29se falava muito que o problema era Jair Bolsonaro, né?
08:32Mas Jair Bolsonaro foi julgado, condenado,
08:35e mesmo assim, Donald Trump procura o Brasil
08:37para um eventual acordo.
08:39Então, nos parece hoje que o problema é muito mais
08:42geopolítico e geoeconômico, né?
08:44E também não se poderia, como você bem disse,
08:46discutir as questões do judiciário brasileiro.
08:49Muito bem.
08:50Para tornar eficaz, então, esse acordo,
08:52o que o Brasil pode levar na mala de negociação?
08:55Aquilo que Donald Trump realmente consideraria, né?
08:58Seriam os elementos químicos das terras raras?
09:01Seria um desalinhamento com o BRICS
09:03em relação à questão do dólar?
09:05Parar de comprar óleo diesel da Rússia?
09:07Enfim, o que você vê como os melhores trunfos
09:09que o Brasil tem para essa negociação, Lucas?
09:11Olha, sem dúvida alguma, a questão dos minerais críticos, né?
09:16Terras raras, como você menciona,
09:19são questões importantes e já foram, inclusive,
09:21mencionadas por autoridades americanas
09:24como do interesse do presidente Trump.
09:26Temos aí a questão dos BRICS também,
09:28como você bem menciona,
09:30irritantes, eu diria, do lado americano,
09:32em função de declarações do presidente Lula
09:34sobre transações em moedas locais
09:37no âmbito dos BRICS,
09:38o próprio conteúdo da declaração conjunta,
09:41da cúpula dos BRICS que houve aqui no Brasil,
09:44com defesas ao Irã,
09:47com críticas ao protecionismo americano,
09:49enfim, há uma série de irritantes
09:50que podem ser discutidos na reunião.
09:53Mas eu diria que, digamos,
09:55o eixo central daquilo que, de fato,
09:57hoje incomoda os Estados Unidos,
10:00e eu acho que até, inclusive,
10:01muito em função de contatos
10:03com o próprio setor privado americano,
10:05foram traduzidos no âmbito da investigação
10:08da sessão 301.
10:09Ali temos as questões das big techs,
10:11temos as questões da propriedade intelectual,
10:14que são questões históricas, inclusive,
10:16de queixas dos Estados Unidos,
10:17sobretudo no que tange a propriedade intelectual
10:19propriamente dita.
10:20Tem a questão dos acordos preferenciais,
10:23tem a questão do desmatamento,
10:24tem a questão da anticorrupção,
10:26enfim, há uma gama de temas
10:27que estão colocados no âmbito da sessão 301,
10:30que eu diria que seria natural e esperado
10:34que o governo brasileiro fosse a essa negociação,
10:38já com esses temas,
10:39com respostas a possíveis aberturas,
10:41digamos, de negociação nesses temas.
10:44Mas, como eu disse,
10:45eu acho que é uma negociação muito difícil
10:47e há que se esperar,
10:48eu acho que é muito pouco, talvez,
10:51desse encontro,
10:52no sentido que temos hoje uma tarifa de 50%.
10:55É uma tarifa muito alta.
10:57Então, o que o governo brasileiro,
10:58a pergunta, que eu acho que é a mais importante,
11:00o que o governo brasileiro poderia oferecer
11:02de tão valioso ao presidente americano
11:05para que ele reduza substancialmente
11:08tarifas hoje que estão em 50%.
11:10Então, eu sou um pouco, digamos,
11:13eu sou otimista,
11:13mas de forma muito comedida
11:15em relação ao resultado concreto
11:17dessas negociações,
11:19porque eu acho que nós deixamos
11:20a situação bilateral chegar
11:22num nível muito ruim.
11:2550% de tarifa,
11:27o que poderia ser reduzido a partir daí?
11:2910% de muito difícil reduzir para os 10%.
11:32Se ficarmos com 25%, 20%,
11:36ainda assim são tarifas muito altas.
11:38Então, eu acho que é sim uma boa notícia,
11:41mas seria otimismo exagerado
11:44esperar demais que algo vai sair
11:47de realmente substantivo dessa conversa
11:49e que vai aliviar, de fato,
11:51a situação do setor privado,
11:52sobretudo aquelas empresas que ficaram
11:54com essas tarifas tão altas.
11:55Até porque, né, Lucas,
11:56o contexto político está sendo muito explorado
11:59por parte do governo,
12:00trazendo essa narrativa, obviamente,
12:02de que o Eduardo Bolsonaro,
12:03filho do ex-presidente Jair Bolsonaro,
12:05que articulou essas sanções contra o Brasil.
12:10E dessa forma, então,
12:11o contexto político está sendo amplamente aí
12:14divulgada essa narrativa
12:16de que foi o ex-presidente Jair Bolsonaro
12:19que articulou tudo isso
12:20e por conta dessas questões
12:22está prejudicando o Brasil.
12:23Mas, se realmente houver esse encontro,
12:27até o presidente Lula disse que
12:29quer a presença do Geraldo Alckmin,
12:32vice-presidente também,
12:34e está à frente da pasta da indústria,
12:36comércio e serviços.
12:37De que forma que eles devem proceder
12:40às tratativas para, de fato,
12:43não criar uma crise ainda maior
12:45em relação aos Estados Unidos?
12:46Eu acho que o governo brasileiro
12:50tem que, de alguma forma,
12:51evitar entrar em discussões políticas.
12:55É muito provável
12:56que o governo americano
12:59trate das questões relativas
13:01ao processo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
13:04Inclusive, foi mencionado
13:06na carta do presidente Trump,
13:08que foi enviada no dia 9 de julho.
13:11Como você bem mencionou,
13:12o governo brasileiro,
13:14de alguma forma,
13:16politizou a questão.
13:17Como eu disse,
13:18a gente poderia ter resolvido isso
13:19antes do dia 9 de julho,
13:22quando nós recebemos a carta.
13:24Porque essas duas questões,
13:26tanto de questões de política interna
13:28quanto questões comerciais,
13:30elas já estavam postas
13:31quando o Brasil recebeu
13:34a tarifa de 10% no dia 2 de abril.
13:36Os irritantes em relação
13:38aos big techs, por exemplo,
13:40que também estão colocados na carta.
13:42A questão da censura
13:43nas redes sociais
13:44são questões que vêm
13:45desde a época da eleição
13:47do presidente Trump.
13:48Quando o Elon Musk
13:49apresentou ali vários desentendimentos
13:51com relação ao ministro
13:53da Suprema Corte aqui no Brasil.
13:55Então, essas questões
13:56já estavam colocadas.
13:58Mas pelo fato de havermos
13:59politizado excessivamente
14:00a relação bilateral,
14:02declarações jocosas,
14:04inclusive do lado brasileiro,
14:05de autoridades brasileiras
14:06que entendiam e entendem
14:09até o momento,
14:10isso é claro também,
14:11que se beneficiam politicamente
14:13da situação atual
14:14com defesa da soberania.
14:16Então, a popularidade
14:17do presidente brasileiro
14:18vem crescendo
14:18em função desses temas.
14:20O governo brasileiro
14:21vem surfando essa onda.
14:22Mas o que o setor privado quer
14:25é a solução célebre
14:27dessa questão.
14:28O setor privado está sofrendo
14:29com essas tarifas de importação
14:31e quer a solução.
14:32A solução de curto prazo
14:34só existe uma.
14:34É o entendimento
14:35entre os dois presidentes.
14:37É a solução
14:37de altíssimo nível.
14:39Então, é importante também
14:40do lado do governo brasileiro
14:41que ele tem de ser
14:43o máximo pragmático possível
14:45nessa conversa
14:47e evite politizar o tema
14:49que já está muito politizado.
14:52Eu diria que dos dois lados.
14:53Então, pragmatismo,
14:55objetividade e a certeza
14:57de trazer, de fato,
14:59elementos na sacola
15:01que atraiam os Estados Unidos,
15:04que sensibilizem
15:05as autoridades americanas
15:06para que a gente consiga
15:07diminuir essas tarifas.
15:08Sem dúvida alguma.
15:10A gente vai torcer
15:11para que, de fato,
15:12isso aconteça.
15:13Nós conversamos com
15:14o ex-secretário
15:14de Comércio Exterior
15:15e coordenador
15:16do Centro de Negócios Globais
15:17da FGV,
15:19Lucas Ferraz,
15:20a quem eu agradeço demais
15:21a presença aqui
15:21no Jornal da Manhã.
15:23Sempre um prazer
15:24estar com vocês.
15:25Muito obrigado.
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