Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Em entrevista ao Direto Ao Ponto, o o Secretário Nacional de Segurança Pública, Mairo Luiz Sarrubbo, detalha os bastidores da megaoperação contra o PCC em São Paulo. Ele explica a articulação entre forças federais e estaduais, os resultados alcançados, a força econômica da facção e os próximos passos do combate ao crime organizado no país.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/6lsFYWct8t8

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/@jovempannews/

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#DiretoAoPonto

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Adamo, vai você e depois o Valmir Saladas.
00:01Existe uma questão muito específica da área de transportes, mas que mexe com a vida do cidadão.
00:07É o crescente número de roubos e furtos de tacógrafos e módulos de ônibus e caminhões.
00:13Que são crimes locais, mas que acabam tendo uma atuação nacional.
00:19Só para o nosso ouvinte telespectador entender rapidamente, o tacógrafo é como se fosse uma caixa preta do ônibus e do caminhão,
00:25registra os principais funcionamentos e o módulo é o que faz o ônibus e o caminhão funcionar.
00:30A porta, a partida do motor, etc.
00:34Só que o problema é o seguinte, esse módulo é roubado de um ônibus urbano em São Paulo,
00:39a população fica sem o ônibus ou tem que colocar um ônibus velho no lugar,
00:44só que esse módulo de tacógrafo é vendido na Bahia, é vendido no Rio Grande do Sul.
00:49Como que o governo federal consegue, pode ajudar no rastreamento desses equipamentos, por exemplo?
00:56Aí entra o receptador, né?
00:57Exatamente.
00:59Aí entra o receptador e aí entra algo que é fundamental, que é a integração.
01:04Ou seja, não é possível que, veja, você tem essa informação, Adamo,
01:09e não é possível que a nossa polícia não tenha condições de saber isso de forma institucionalizada.
01:15Constitucionalizada. A Bahia tem que se comunicar com São Paulo, que São Paulo tem que se comunicar com a Bahia.
01:21Esse é nosso trabalho.
01:23Então, quando você fala de um SUS da Segurança Pública, nós já temos, é o SUSP.
01:28E queremos constitucionalizá-lo. Por quê?
01:31Porque, uma vez constitucionalizado, nós vamos ser obrigados a sentar e trocar informações,
01:38trocar bancos de dados, ter, por exemplo, olha que interessante,
01:41que nós não temos, um BO, um boletim de ocorrência, que tem alcance nacional.
01:48Hoje, você faz um boletim de ocorrência, eu gosto sempre desse exemplo, trago aqui pra São Paulo, né?
01:53Você faz um, registra uma ocorrência em Franca, registra uma ocorrência.
01:58Se o sujeito não ficar preso, ele anda 40 quilômetros e tá em Minas Gerais.
02:02E a polícia de Minas não vai saber que teve um boletim de ocorrência em Franca, né?
02:06Isso só acontece pros estados que adotam o PPE, que é o Procedimento Policial Eletrônico do Ministério da Justiça.
02:13Que são hoje 14 estados em todo o Brasil, em especial do Norte e do Nordeste.
02:18Então, registrou um boletim no Amazonas, o do Pará já sabe, o do Piauí já sabe.
02:23Mas São Paulo, não. E nós precisamos disso.
02:27Eu nem acho que o Brasil inteiro vai aderir ao PPE, porque eu não vejo São Paulo, né?
02:31Largar o sistema de São Paulo pra aderir ao sistema do Ministério da Justiça.
02:35Hoje, qualquer cidadão pode tirar uma carteira de identidade em qualquer estado.
02:38Mas só, Valmir, concluindo, a questão é a seguinte.
02:43Vamos construir a interoperabilidade. A gente tá trabalhando isso.
02:47Todinha um estado que não quer ter o PPE foi pedir acesso ao PPE.
02:52Eu disse, beleza, mas você dá o acesso seu ao PPE também.
02:56E ele topou. É isso. Esse é o caminho.
03:00Quanto à carteira de identidade, Valmir, a carteira de identidade nacional tá aí
03:04pra evitar que o sujeito tenha três, quatro identidades.
03:07É segurança pública.
03:09Pode ter vinte e quatro se ele quiser.
03:10Eu já vi.
03:11Exatamente.
03:11Já acompanhei prisões que o sujeito tinha cem RGs.
03:14Pois é.
03:14Cada um no estado.
03:15Não por outra razão, a gente olha isso como segurança pública.
03:19Salário.
03:19É muito importante.
03:20Vai lá, pode fazer a sua.
03:21Doutor, alguns especialistas, voltando à operação da semana passada,
03:24que teve uma grande repercussão, especialistas dizem que o governo federal e o governo estadual
03:30procuravam, cada um, ao seu modo, ser o protagonista dessa operação.
03:36Como é que foi?
03:37Foi uma operação integrada entre o governo federal e o governo estadual
03:41pra combater o crime organizado aqui em São Paulo?
03:44O Palmeiras foi mais polido, né?
03:46Quem que é o pai do filho bonito?
03:49O pai do filho bonito são as polícias, a polícia federal, os ministérios públicos
03:55que trabalharam de forma absolutamente integrada e foi falada aí a questão das coletivas
04:04e tudo mais.
04:05É, que foi no mesmo horário, né?
04:06Eu lembro o que eu fiz aqui em São Paulo, o outro tava em Brasília.
04:08Foi uma prestação de contas que se deu no aspecto federal e aqui no estado.
04:12Mas não confundiu a opinião pública?
04:14E acho que as pessoas não entenderam todo o tamanho dessa operação e o objetivo dela principal.
04:20Na verdade, é uma prestação de contas.
04:23O importante é que foi, sim, uma ação conjunta, em especial aqui do Ministério Público de São Paulo
04:30e da nossa Polícia Federal.
04:31Eles trabalharam desde o início juntos, construíram juntos essa operação.
04:37Então, as instituições, todos aqueles que participaram, estão de parabéns.
04:41A coletiva foi uma prestação de contas que se entendeu necessário no âmbito federal e no âmbito estadual.
04:45Vai lá, Galvão, e depois o David.
04:47Sim, secretário, eu senti falta, nessa linha ainda do trabalho conjunto entre Polícia Federal,
04:51Polícias Estaduais e Ministérios Públicos,
04:54eu senti falta justamente dos estados onde as facções estão instaladas.
04:59Por exemplo, Ceará, Amazonas...
05:02Bahia.
05:02Bahia, Pará.
05:04Os órgãos de segurança pública desses estados não participaram dessa operação?
05:12Essa operação teve um foco, que foi a questão de combustíveis e a questão de determinadas fintechs
05:19que estavam aí recepcionando essas quantias, tramitando essas quantias...
05:28Ou seja, concentrada em São Paulo.
05:29Ela foi concentrada...
05:32Agora, operações, a partir daí, devem surgir que envolvam outros estados também.
05:39É porque também não foi só em São Paulo, teve outros estados que participaram.
05:41Eu digo isso até porque a facção lá do Norte, que está lá no Amazonas,
05:46a facção dos irmãos lá, que eu não lembro o nome exatamente, que está no Ceará,
05:50ela também deve lavar dinheiro assim como o PCC, como o Comando Vermelho.
05:54Sim.
05:55Olha, o César...
05:56Só para fazer um parênteses, será que é a mesma estrutura do jogo do bicho?
06:00Quer dizer, tinha o grande bicheiro e os outros pequenos bicheiros que lavavam,
06:04que descarregavam as apostas nesse grande bicheiro?
06:07Quer dizer, o senhor acha que isso pode acontecer?
06:09Essas pequenas facções descarregando nas grandes facções fortes nos estados?
06:14É importante destacar que as grandes facções, elas trabalham muitas vezes com a questão de...
06:21Como é que se diz? É que era um franchise, vamos dizer assim, com outros grupos com franquias,
06:29melhor dizendo, boa.
06:30Essas franquias trabalham, tem lá uma certa subordinação,
06:34mas o crime organizado não é tão organizado assim como as pessoas imaginam,
06:37porque todo mundo imagina uma grande liderança dando ordens e etc e tal.
06:41Funciona mesmo um pouco solto tudo isso, eles vão se acertando,
06:46de vez em quando tem uma brigazinha e etc e tal.
06:49Então, o que é importante?
06:52É importante que essas ações, que esse modelo de operação da semana passada,
06:57ele passe a ser um modelo em nível nacional,
07:00que isso possa e que isso deva acontecer também nos outros estados do Brasil,
07:04em especial no norte, nordeste, tem grandes problemas também com o crime organizado.
07:09Mas esse é um modelo que veio para ficar.
07:11Vai lá, David.
07:12Acho que a pergunta principal também é em relação aos laranjas, né?
07:15Porque a gente tem visto uma concentração muito grande de pessoas que não têm um poder aquisitivo,
07:19de repente um boom financeiro.
07:22E dessa maneira a gente consegue perceber que houve o envolvimento do crime organizado.
07:26Não sei quem citou aqui da bancada em relação às padarias,
07:30que inicialmente era do Murad, da família do Mohamed,
07:34que é um dos cabeças que ainda está foragido nessa operação,
07:37que parentes dele inicialmente tinha a rede de padarias,
07:40depois passou-se para nomes de duas mulheres que são laranjas.
07:45Então, assim, de que forma também que vocês vão criar um mecanismo
07:47para identificar essas contas?
07:49Porque o dinheiro é pulverizado de uma forma muito rápida hoje.
07:51O PIX, né?
07:52A gente vê uma dificuldade dos delegados que às vezes vão investigar,
07:55que passou para a conta do Evandro, do César, do Salário, do Ado,
07:59então de todo mundo.
08:00Então pulverizou e não consegue chegar mais a realmente recuperar essa quantia.
08:04Olha, isso demanda expertise, preparo, não por outra razão.
08:11A gente tem trabalhado e vamos fortalecer, está cada vez mais trabalhando para fortalecer,
08:16por exemplo, o COAF.
08:17O COAF é uma agência fundamental hoje.
08:20Já tentaram enfraquecer.
08:22Sim, mas hoje ele está fortalecido.
08:24Qual é o papel da COAF?
08:25O COAF hoje está lá um grande personagem, um grande amigo,
08:29um grande profissional, que é o Ricardo Saad,
08:31delegado federal, que cuidava do Departamento de Crime Organizado.
08:37Ele foi para o COAF, tem expertise, entende a importância do COAF.
08:40A Senasp vai ajudar o COAF de maneira que nós vamos mobilizar pessoas,
08:46vamos ajudar em termos de recursos humanos.
08:48Mas o que faz o COAF?
08:49O COAF é o órgão que os bancos, eles são obrigados, e agora as fintechs,
08:55quando há um volume financeiro inadequado, por exemplo,
08:59aqui o Mário Sarrubo, funcionário público que não tem muito dinheiro,
09:02de repente roda lá 300 mil reais na conta do Sarrubo,
09:07lá entra o dinheiro, ele passa, o banco fala,
09:10isso aqui não é normal, ele avisa o COAF.
09:12E o COAF...
09:12Posso até dar um exemplo, secretário?
09:13Claro.
09:14Vamos supor que o César fez um pagamento de 15 mil reais,
09:19vai acender uma luz vermelha no COAF.
09:21Exatamente.
09:22Porque de onde o César recebeu esse dinheiro e para quem ele está passando.
09:26Esse é o exemplo mais...
09:28Exatamente, exatamente, singelo.
09:30Um valor fora do normal, que roda na sua conta,
09:34o banco é obrigado a informar o COAF,
09:36faz uma análise daquele dado,
09:40e informa as agências, Ministério Público, Polícia Civis,
09:44dizendo, ó, está aqui.
09:45Inclusive eu, na autoridade hoje, do Ministério da Justiça,
09:49lá estou num cargo, funcionário público no Ministério da Justiça,
09:52ah, esse é um cara que está exposto, mexe muito com licitação,
09:55ó, teve um movimento atípico aqui, vai lá.
09:58E aí vai, no meu caso, para o Ministério Público,
10:00para as agências, para as polícias e assim por diante.
10:03Mas tem uma crítica também em relação ao COAF sobre o guarda-chuva que ele está, né?
10:07Deveria ter mais autonomia, na sua opinião?
10:09Olha, ele está hoje na Fazenda, né?
10:12É, é, o importante é ele funcionar, né?
10:15Ele saiu do Ministério da Justiça para a Fazenda, né?
10:18É, em algum momento saiu.
10:19Então essa é a crítica de algumas autoridades,
10:21porque a gente está no dia a dia conversando e...
10:23É, mas veja, hoje com o Ricardo Saad, lá...
10:26Você não quer investigar e falar, opa, esse daqui vamos deixar para lá.
10:29Não, posso até concordar com você,
10:30mas hoje com o Ricardo Saad, lá, ele está quase no Ministério da Justiça,
10:34o Saad é muito próximo de todos nós,
10:36mas acho que a gente vai ajudar, vamos tentar fortalecer o COAF.
10:41E esse é o caminho, viu, César?
10:42Porque é a partir daí que a gente consegue também ter
10:48um olhar sobre as movimentações financeiras
10:52e aí você vai pegar o Laranja, né?
10:54Que abriu uma continha de banco lá na Caixa Econômica
10:57e de repente tem um volume enorme.
10:59Esse é o caminho que a gente pode chegar.
11:02Estamos chegando aí aos últimos 20 minutos,
11:04dá tempo de fazer mais uns giros, né?
11:06Assim, que o negócio está funcionando bem aqui.
11:08Vai lá, Adamo, e depois a gente faz mais uma abertura aqui.
11:11Está funcionando tão bem que se a gente combinasse as perguntas
11:14não ia sair tão ruim assim.
11:15Não precisa nem distribuir.
11:17E os colegas falaram da pulverização.
11:19Existe uma questão muito crítica em relação ao crime organizado
11:22que é a cadeia de fornecimento de serviços
11:26que, em tese, não está fazendo nada de errado,
11:29mas a sua atuação acaba ajudando a legitimar, legalizar ou mesmo deixar
11:35com que permaneça a atividade regular.
11:38Por exemplo, é o cara que fornece a farinha para a padaria
11:42que lava o dinheiro para o crime organizado.
11:45É o cara que fornece o combustível, fornece a peça, fornece o equipamento
11:48para o ônibus do crime organizado.
11:51Em tese, ele não está fazendo nada de errado.
11:53Mas a partir do momento que ele se torna amigo desse cara,
11:57do crime organizado, e acaba tendo os negócios viabilizados
12:03por causa do crime organizado, ele acaba ajudando com que ele se fortaleça.
12:08Mas como acompanhar quem não, em tese, está fazendo nada de errado,
12:13mas ajuda quem está fazendo?
12:14É, mas está fazendo errado, sim.
12:16Ele acaba...
12:18Por isso, em tese.
12:19Partícipe do crime organizado.
12:22Eu volto a dizer, eu vou investir no imóvel,
12:26aí alguém fala para mim, mas essa construtora, ela pertence ao crime organizado.
12:30Fala, mas não é problema meu, eu vou investir.
12:32É problema meu, sim, eu vou investir.
12:34Se eu estou colaborando, eu estou concorrendo para aquela atividade ilícita,
12:39eu vou ter que ser responsabilizado.
12:40Essa cadeia de responsabilização tem que aumentar.
12:44É uma proposta que a gente vai levar aí naquele projeto de...
12:48Mas como dosar isso, secretário?
12:50Porque, por exemplo, o cara que fornece a peça para o ONU...
12:53Por isso, é que a gente tem que ter, e na proposta a gente está prevendo isso,
12:57uma coisa é liderança, etc.
12:59Outra coisa é aquele que participa, mas colabora, sem estar na liderança.
13:04Tem que ser uma pena menor.
13:05A gente está prevendo isso no nosso...
13:08naquilo que a gente está propondo.
13:11Porque isso é muito comum hoje, essa cadeia criminosa, envolvendo serviços,
13:16serviços aparentemente ilícitos, mas a pessoa, no fundo, sabe.
13:20Mas eu falo, mas esse é meu papel aqui, eu estou fazendo o meu.
13:24Mas veja, não está fazendo.
13:25Mas se ele não fizer, ele está fora do mercado.
13:27O cara que não fornecer tal coisa para uma empresa de ônibus faccionada,
13:32ele não fornece para mais ninguém.
13:33Então, mas aí é que a gente tem que criar vínculos de confiança com as autoridades,
13:39e essas coisas é que tem que mudar.
13:41E aí, se...
13:42Sobe pena, por isso que eu digo muitas vezes,
13:44a gente não gosta de falar, mas é máfia.
13:46Nós temos um estágio mafioso.
13:49Essa aqui é a grande realidade.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado