Marcelo Favalli conversa com Denilde Holzhacker (professora de relações internacionais da ESPM) sobre a cúpula inédita entre Donald Trump, Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, a influência europeia, o fornecimento de US$ 100 bilhões em armas, garantias de segurança para a Ucrânia e os desafios da reconstrução pós-guerra.
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00:00O encontro de Donald Trump com Volodymyr Zelensky e sete líderes europeus.
00:06Durante a reunião, Trump ligou para o Vladimir Putin e, ao fim do dia,
00:11confirmou a realização de uma cúpula trilateral entre ele, Trump, Putin e Zelensky.
00:18A reunião deve acontecer em duas semanas.
00:21E sobre isso, eu converso com Denilde Rosehacker,
00:24que é professora de Relações Internacionais da ESPM no campus aqui de São Paulo.
00:31Professora Denilde, sempre um prazer recebê-la aqui.
00:34Claro que a gente está em cima desse assunto o dia todo.
00:37Já falamos sobre possíveis implicações econômicas, possíveis implicações militares e estratégicas.
00:45Encerro a tríade, essa trinca de temas, para a senhora nos ajudar a entender
00:52as implicações políticas, porque agora, aparentemente, teremos aí essa reunião trilateral,
01:02tripartite entre Ucrânia e Rússia, mediada pelos Estados Unidos.
01:09Deus e o diabo moram nos detalhes.
01:10Tem uma foto simbólica hoje, que é Trump ladeado por Volodymyr Zelensky
01:16e ambos cercados pela OTAN, depois pela Itália, pela França, pela Alemanha, pela Finlândia,
01:23pelos britânicos e pela representante da Comissão Europeia, falando ali por todo o bloco.
01:30É um recado claro que aquela turma toda, nos últimos três anos e meio de guerra,
01:35se manifestaram, essa turma toda se manifestou a favor do Volodymyr Zelensky,
01:41a favor da Ucrânia e rechaçou a Rússia.
01:45Desses líderes aí, alguns mandaram mantimentos, outros mandaram armas,
01:49mas todo mundo teve um recado oníssono contra a Rússia.
01:53Esta ligação, depois do Donald Trump para Vladimir Putin,
01:58este recado, esta reunião, deixa, aparentemente, Putin acuado.
02:06Mas Putin não é um presidente qualquer.
02:08Eu criei todo esse arcabouço aqui, esse prefácio, para jogar batata quente na mão da senhora agora para descascar.
02:16O que a gente pode esperar aí de uma reação do Putin?
02:20Será que ele vai realmente ceder, tirar tropas?
02:23Três anos e meio de guerra, um monte de gente morreu, investiram muito dinheiro para depois retirar as tropas do território.
02:30Isso faz algum sentido?
02:32Boa noite mais uma vez.
02:32Boa noite, Marcela.
02:35Um prazer estar aqui novamente com você.
02:38Olha, eu acho que teve várias sinalizações.
02:43Foi uma reunião com um senso de civilidade, se a gente puder dizer,
02:50muito maior do que a gente tinha visto na reunião em que o Zelensky estava sozinho.
02:55Então, mostrou que a força de ir coletivamente com os países europeus foi importante para ter um acesso diferenciado na lógica do próprio Trump.
03:09Acho que esse foi um principal, eu diria até que um dos principais pontos para a gente entender esse novo movimento.
03:18Agora, não deixa o Putin acuado, coloca apenas que a força europeia foi suficiente para fazer com que o Trump também tivesse uma posição,
03:34um olhar de ser mais, eu não diria nem pró-Ucrânia, mas pelo menos mais ligado às preocupações tanto da Ucrânia quanto dos próprios países europeus,
03:53que é qual vai ser o tipo de concessão que vai ser feita pela Rússia.
04:00Então, coloca isso sim, a Rússia numa posição de que até o momento os Estados Unidos não tinham feito nenhuma grande declaração pública
04:11que pudesse levar a uma concessão do Putin.
04:15Então, isso coloca, mas também não significa que o Putin vai ceder a uma possível pressão.
04:21E o segundo elemento é ter uma reunião trilateral é bastante importante, porque o Putin vinha se negando a ter uma reunião com o Zelensky.
04:33Então, colocar os dois principais inimigos na mesa de negociação é um passo importante para a gente conseguir chegar, de fato, a um acordo.
04:45E aí, tanto o Zelensky quanto o Putin vão...
04:54Acho que a gente teve um pequeno problema na transmissão com a professora Denilde, que está congelada no ar.
04:59Tem que...
05:00Ah, voltou, voltamos.
05:01Professora Denilde, temos essas coisas da nova tecnologia, né?
05:05Às vezes a conexão falha, a internet oscila.
05:08Mas eu queria retomar a conversa que a gente está tendo com o seguinte, algo que, pelo menos, me deixou com uma pulga atrás da orelha.
05:16Estou tentando entender o que eu vou chamar aqui de contradição em termos.
05:20O que eu quero dizer?
05:21O Trump está dizendo que está negociando a paz.
05:24Mas...
05:25Ah, e outra coisa, né?
05:26Todo mundo pode ter um juízo de valor com relação ao Donald Trump.
05:30Mas é um consenso que ele é um homem de negócios que foi parar na vida pública, administrando a maior potência do mundo.
05:37Ele não sai dessa história de mãos vazias.
05:40Conseguiu um cheque de 100 bilhões de dólares, o que fornece recursos para montar um exército enorme.
05:49De um lado, ele fala de paz.
05:51Mas outro, ele garante armar a Ucrânia, obviamente, contra uma defesa, né?
05:57Para uma defesa contra a Rússia.
05:59Onde é que está essa jogada aí do Donald Trump, que eu, particularmente, não entendi?
06:05Tem uma jogada aqui, acho que agora funcionou.
06:10É que é garantir segurança para a Ucrânia.
06:15Então, esse é o ponto central da negociação agora.
06:20Território, já se sabe que vai ter concessões do lado ucraniano.
06:26Mas o que vai ser dado de segurança para a Ucrânia?
06:31E aí, o Trump, trazendo a questão de fornecimento de armas, garante para a Ucrânia e mostra para a Rússia de que a Ucrânia vai ter um peso,
06:47uma capacidade de se contrapor no futuro, caso a Rússia não siga o que for negociado e tente uma nova invasão.
06:59Então, acho que aqui é um ponto importante.
07:01O outro ponto que está sendo discutido é com relação à extensão da NATO, da OTAN.
07:09Como que vai ser essa segurança dada, se vai ser um novo dispositivo em que os países europeus,
07:21os países que participam da NATO, também estejam garantindo a segurança da Ucrânia contra uma possível nova invasão russa.
07:31Então, ter armas significa ter força de contraposição e, de outro lado, mostra que os Estados Unidos
07:39continuam sendo um aliado importante da Ucrânia.
07:44E, com isso, os Estados Unidos também conseguem vender e conseguem projetar ainda mais o seu arsenal militar
07:53e sua capacidade de ser um fornecedor de armas importantes no mercado militar no mundo.
08:01Professor Adenilde, a gente está partindo aqui para o final da nossa conversa, temos um minutinho e meio.
08:07É o seguinte, eu quero ser o otimista aqui da conversa, pensando que talvez essa guerra acabe.
08:13A gente está vendo uma sinalização, uma reunião inédita.
08:17Agora, fica uma outra pergunta, caso haja o estabelecimento da paz,
08:23que quem vai ajudar a Ucrânia a se reconstruir?
08:27Porque antes mesmo da guerra, a Ucrânia já tinha certos problemas financeiros,
08:32agora está um Estado moído, já está devendo 100 bilhões de dólares, teoricamente,
08:38para comprar armas dos Estados Unidos e há, assim, dezenas de milhares de quilômetros de estradas
08:45que foram destruídas, hospitais, escolas, infraestrutura de todo tipo, agricultura.
08:51Alguém tem que entrar com, entre aspas, um plano Marshall ali.
08:55Quem poderia fazer isso?
08:56A resposta talvez mais óbvia, a União Europeia, que também não está nos seus melhores momentos.
09:03Alemanha, França, Itália, nessa ordem, as três maiores economias,
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