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No Direto ao Ponto, o CEO da CECAFÉ, Marcos Antonio Matos, avalia se a orientação ideológica do governo tem prejudicado as negociações comerciais do Brasil. Ele ressalta que esse posicionamento pode reduzir a competitividade externa do país, dificultar acordos com os EUA e aumentar a dependência econômica em relação à China.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/oo-vTrxLGsA

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Transcrição
00:00Segura aí, gente, então, o café. Vai lá, Túlio.
00:03Olha, Marcos, falando um pouco de geopolítica e geoeconomia, mas ligado ao café.
00:08Nós sabemos que, infelizmente, o governo não tem conseguido sucesso na abertura dessas negociações,
00:14tanto o setor do café, você mesmo hoje está dizendo isso, o setor da carne,
00:18e eu acredito muito que pela posição político-ideológica brasileira.
00:22É pior o governo negociar com os Estados Unidos porque fatalmente entra o componente político-ideológico.
00:27O Donald Trump já disse que quer que o Brasil pare de comprar o diesel da Rússia,
00:32quer que o Brasil abandone as pautas dos BRICS.
00:34Será que o governo brasileiro tem condição e está preparado para discutir isso?
00:38Então, me parece que essa poluição causa um problema nas negociações.
00:43Por isso que a gente insiste aqui na negociação setorial.
00:46E falando da negociação setorial, aquela que procura deixar de lado a questão político-ideológica,
00:52nós temos alguns argumentos geopolíticos e geoeconômicos.
00:55Queria que você confirmasse ou não.
00:57Por exemplo, a China.
00:58Nós estamos indo para os braços da China.
01:00A China já anunciou que quer absorver essa produção brasileira.
01:04Isso certamente deve incomodar os Estados Unidos.
01:07Então eu te pergunto, isso incomodaria os Estados Unidos?
01:11Isso seria um argumento bom para levar aos Estados Unidos?
01:14E realmente a China consegue absorver a produção brasileira
01:17como substituição, como alternativa aos nossos produtores?
01:20Bom, Tudio, com certeza nós temos o que fazer uma análise bem aprofundada em relação aos pontos que você coloca aqui.
01:29Na negociação dos governos, a gente entende que certos quesitos são realmente negociáveis.
01:35Como a gente diz que...
01:36A gente viu muitos líderes indo conversar com o Trump, para o presidente Trump.
01:41Vimos reuniões difíceis.
01:43Mas se você analisar no final do dia, talvez o que o líder queria, ele tenha conseguido.
01:48Apesar dos desgastes que ali aconteceram.
01:50O México tem uma ideologia diferente e evolui.
01:53O Canadá também tem uma ideologia, de certa forma, não extremamente diferente, mas tem pensamentos diferentes.
01:58A Índia, eu sei que é mais sensível, mas acontecendo algumas coisas com a Indonésia, com o Vietnã, então...
02:04E o Vietnã é um país comunista, né?
02:06Então, eu acredito que apesar das diferenças, abrir o canal de diálogo ali é muito fundamental.
02:12E você vai passar por aborrecimentos.
02:14É parte do negócio, né?
02:15A pessoa que ser o líder de um país, ela vai ter que passar por situações difíceis, né?
02:20É parte do desafio do próprio cargo.
02:24Agora, a gente entende também que tem outras contrapartidas, né?
02:28As discussões dos minerais raros, que é importante para nós, porque a gente não tem uma indústria hoje pungente para extrair.
02:34E a gente precisa de parceiros para isso, né?
02:35Não é uma questão de soberania isso, é uma questão de inteligência de mercado.
02:40A Rússia, hoje, já existe uma discussão muito forte também no Congresso norte-americano, que é dizer o seguinte.
02:45A gente não está negociando armas com a Rússia, a gente está negociando segurança alimentar com a Rússia.
02:51Porque a gente pode falar do combustível, que é 15% é o número que eu tenho, pelo menos, né?
02:55O combustível ainda está... existem outras alternativas.
02:58O fertilizante, que é mais sensível, porque as fontes potássicas, cerca de 30% de que a gente importa de fertilizantes, vem da Rússia.
03:06Qual seria a outra fonte potássica?
03:08O Canadá.
03:08Mas o Canadá já vende para a agricultura norte-americana, que é extremamente pujante.
03:12É uma agricultura gigantesca, né?
03:15E vamos atrapalhar os próprios americanos, né?
03:17Com os contratos de compra de fertilizantes.
03:19Então, existe hoje uma percepção que há certos componentes que impactam diretamente o bom funcionamento do mercado, do alimento para as pessoas, né?
03:29Então, há outras formas de se encaminhar essa pauta.
03:32Até porque os próprios norte-americanos negociam com os russos.
03:35Se você analisar friamente, no final do dia, vai estar lá a negociação hoje que existe entre Estados Unidos e Rússia.
03:41Então, a gente tem que ser muito pragmático, saber negociar num jogo de xadrez.
03:46Não é um jogo de truco, é um jogo de xadrez em que nós temos que estar mais preparados possíveis.
03:52É com os dados econômicos na mão, é influenciando as pessoas que têm que ser influenciadas,
03:56é o governo sentando, sim, para discutir.
03:59Assim, não eles vão ser difíceis?
04:00É bem provável que sejam difíceis.
04:01Mas estamos aqui para isso, né?
04:02A gente vai estar aqui para fornecer os dados que o governo precisar.
04:05Vamos ser sempre parceiros, sempre que chamar o vice-presidente Geraldo Alckmin nos chamar,
04:09nós vamos ser os primeiros da fila para municiar de informações.
04:14Podemos ir juntos para Washington, acho que talvez já esteja no momento de fazer uma comitiva
04:18e ser mais uma tentativa de um canal, mais um canal.
04:22Então, eu acredito que a gente está num momento que a gente precisa colocar o que a gente tem de melhor.
04:26E a gente tem bons profissionais para auxiliar o governo,
04:29a gente tem bons parceiros lá nos Estados Unidos também para levar as informações.
04:33É seguir de uma forma pragmática.
04:34Marcos, baseado na sua comparação, o Brasil está jogando truco ou xadrez?
04:40Olha, eu acho que em alguns momentos ele joga truco, em alguns momentos ele ensaia o xadrez
04:47quando ele chama o setor privado, né?
04:49Quando ele chama o setor privado e reúne as informações, é um xadrez bem feito.
04:54Mas ainda falta mais uma etapa para realmente você ser mais eficaz, né?
04:58É eficiência e eficácia, né?
05:00Tem que ser ser eficiente, mas você tem que ter eficácia.
05:02Então, a gente acha que faltam alguns passos para a gente ser um bom jogador de xadrez.
05:06Você quer acrescentar, Vitor?
05:07Sim, só em complemento, Marcos, a questão da China, né?
05:10Sendo pragmático nesse jogo de xadrez, a China tem condição de absorver a produção brasileira?
05:16E isso pode incomodar os Estados Unidos?
05:18Isso pode realmente, porque os Estados Unidos dependem do café brasileiro.
05:21Você já disse que a Colômbia não vai conseguir suprir, o Vietnã não vai conseguir suprir.
05:25Então, esse detalhe da negociação é um detalhe importante?
05:28É um movimento do xadrez importante a ser trazido ao Donald Trump?
05:32Muito importante ter me recordado dessa parte da China, fundamental, Túlio.
05:37A China é a 14ª do nosso ranking hoje, dos países que importam café.
05:42Já é um número expressivo, porque a gente exportava 100 mil sacas para a China de café lá em 2017.
05:47A gente, em 2023, exportou 1,5 milhão de sacas.
05:51Em 2024, caindo para 988 mil sacas.
05:55Então, você veja que é um mercado que está se estruturando.
05:58As compras não são regulares, igual nos Estados Unidos.
06:00Então, um ano foi mais alto, outro ano foi mais baixo.
06:01Em 2025, tudo está mostrando que vamos ter os patamares de 2023, quem sabe até mais.
06:08Então, a gente está vendo as coisas acontecerem.
06:10Mas, de novo, Estados Unidos é um mercado de 25,5 milhões de sacas.
06:13A China é um mercado de 5 milhões de sacas.
06:15Então, norte-americanos ainda são 5 vezes maiores que os chineses.
06:19Lá a gente exporta 8 e para a China a gente exporta 1, quem sabe um pouco mais esse ano.
06:24Colocado tudo isso em perspectiva, a China tem um potencial magnífico.
06:28A China tem o país que tem mais redes de cafeterias, mais lojas de cafeterias.
06:34Passou os Estados Unidos com lojas de cafeteria.
06:36A gente conseguiu conquistar a nova geração.
06:39É um consumo diferente, é verdade.
06:41Mas é um consumo em que o ingrediente de café foi inovado.
06:43Eles bebem de outras formas que a gente nem imaginava.
06:46E é um processo extremamente bem feito com plantas industriais tão inovadoras e processos tão inovadores que atrai o gosto.
06:53E os mais velhos, eles acharam um jeito de colocar com as bebidas alcoólicas e começou a conquistar também.
06:59E passou das grandes metrópoles para as médias metrópoles.
07:03Então, é um mercado muito importante.
07:05Eles sinalizaram algumas coisas para nós.
07:07A gente relativiza isso.
07:09Porque desde 2022, nós temos um cadastro exportador.
07:13E a gente cadastra as empresas para poder exportar as cooperativas.
07:16E eles anunciaram 183 novos.
07:20Na verdade, eram novos cadastros revalidados.
07:22Isso já estava.
07:23Não tem nenhuma novidade.
07:25Mas tudo bem.
07:26É importante que é uma notícia que partiu da Baixada da China.
07:29Então, significa que eles querem se aproximar.
07:31Mas tem outros pontos que a gente gostaria que eles se aproximassem mais da gente no café.
07:36Nós recebemos a visita, no começo desse ano, da ministra, chefe-geral das alfândegas,
07:42da administração-geral das aduanas e alfândegas da China.
07:45E ali a gente discutiu pontos relevantes entre Brasil e China para aumentar esse mercado.
07:50Mas um deles é o café brasileiro.
07:53Ele é taxado na China.
07:54O café verde paga 8%.
07:55O café solo paga 12%.
07:57Então, se a gente conseguisse, de alguma forma, derrubar essas barreiras,
08:01porque a gente sabe que em alguns países isso é zero.
08:03Principalmente no café verde.
08:04Então, se a gente conseguisse derrubar essas tarifas,
08:07é uma forma de até aumentar essa participação do Brasil nas vendas para a China.
08:12Tem outras questões de procedimentos aduaneiros, envio de amostras.
08:17Então, é uma sinalização, mas a China ainda tem que dar outros passos.
08:21E que bom que existe, aparentemente, essa necessidade e essa abertura.
08:27Mas, para nós, seria muito mais importante se a gente seguisse nessa agenda.
08:31Vai lá, Paulo.
08:32A gente falou muito dos impactos no Brasil, mas nos Estados Unidos, né?
08:35Do ponto de vista pragmático, quanto o café aumentaria?
08:38Será que a população norte-americana, pelo aumento do preço,
08:42que eu acredito que vai acontecer, e forte, abandonaria esse costume?
08:46Vocês têm alguma projeção a respeito disso?
08:49Olha, é interessante a gente ver muitos dados da National Coffee Association,
08:54que falam que eles bebem muito café nos Estados Unidos.
08:56O maior consumidor do mundo.
08:58Toma até mais que água, né?
08:59Tem tão estimativa, até porque, como eles usam muita água dentro do café,
09:02tem essa característica, né?
09:05O chafé é o jeito americano, o café americano, né?
09:09Então, isso faz parte dos lares, né?
09:12Isso a gente vê.
09:14E o café reina absoluto quando a gente compara com os outros tipos de bebidas.
09:18Os sucos, por exemplo, e bebidas alcoólicas e refrigerantes,
09:21eles estão em um patamar bem mais baixo.
09:23E o índice de penetração de café tem aumentado.
09:26A gente teve um auge até 2019, alguns problemas ali na pandemia,
09:30e depois voltou a subir novamente, né?
09:31Quando bate as 76%.
09:33Vocês vão se lembrar aqui da polêmica dos preços dos ovos lá nos Estados Unidos,
09:37que gerou a polêmica nacional.
09:3910% da população norte-americana comeu o ovo no dia anterior.
09:4376% tomou café no dia anterior.
09:45Então, você vê que, no caso de impactos, é muito maior para o café.
09:49E como migrar?
09:51O índice de penetração é muito mais baixo.
09:53Do suco, se não me engano, estava em 22%.
09:55Então, veja que o norte-americano, ele pode consumir menos,
09:59mas vai ficar mais caro para ele, né?
10:01É um produto que, economicamente, fala inelástico.
10:04Mas eu acho que o café é inelástico até certo ponto.
10:06Porque a gente viu na pandemia, quando a gente sobe o custo,
10:09tem alguma redução.
10:10Não dá para dizer que é sempre inelástico.
10:12Ele é inelástico dentro de certos parâmetros,
10:14em que aumenta o custo e você mantém o nível de demanda.
10:18Então, a gente acha que isso tem certos limites.
10:20O que pode acontecer é que eu estava tentando até refletir sobre.
10:27O consumidor americano, ele viu o café a 4,30 na Bolsa de Nova York
10:33entre janeiro e maio desse ano.
10:36Foi para 2,70 porque não se sabia qual seria o tamanho da safra do Brasil.
10:41Houve, talvez, um otimismo.
10:43O SDA reportou números muito expressivos para a safra no final do ano.
10:47Potenciais enormes para o ano que vem.
10:49O mercado foi lá para 2,70.
10:51Agora, com o Brasil colhido a safra, praticamente já encerrada,
10:54praticamente tudo feito, a gente vendo o que aconteceu no Brasil,
10:58mais receios com as próprias tarifas.
11:00Isso aí já está em 3,20 e a gente não sabe exatamente que caminho vai tomar.
11:03Agora, 3,20 também é diferente de quase 4,30.
11:07Então, é bem provável que o norte-americano acabe vendo o café,
11:10na prática, com o custo maior do café brasileiro,
11:13nos patamares que ele já viu.
11:14Então, não seria também fora da realidade que ele já conviveu.
11:19Então, é mais ou menos isso que a gente tem que ver para saber qual vai ser o efetivo impacto.
11:23Se o café seguir numa alta, aí eu acho que ele vai se assustar mais.
11:28Se ele ficar nos patamares atuais,
11:30o café vai acabar atingindo um patamar que ele já viu e não faz muito tempo.
11:34Só fazendo um complemento, eu tenho um colega meu que é sociólogo,
11:36dá aula nos Estados Unidos e ele esteve no Brasil agora em finalzinho de julho.
11:41E ele estava comentando comigo que alguns intelectuais têm comentado que há um risco
11:45de queda da produtividade nos Estados Unidos no sentido geral,
11:49já que o café também é tomado como estimulante.
11:52Então, esse seria um impacto indireto de um aumento absurdo do preço do café.
11:57Só um comentário interessante.
11:59Eu achei muito bom esse comentário.
12:00Os intelectuais, o pessoal que gosta de treinar nas academias,
12:05porque quer tomar uma coisa mais natural,
12:06ao invés de tomar um pré-treino que é cheio de coisas ali,
12:09toma um cafezinho, cafeína, uma coisa tão boa.
12:11Então, eu acho que vai ter mais gente sedentária,
12:15a pesquisa científica indo mais devagar.
12:18Está aí mais um argumento para levar na mala.
12:21Boa! Eu vou levar esse argumento na mala, viu?
12:23Eu vou levar esse argumento na mala.
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