O governo deve anunciar nesta quarta-feira (13) o plano de contingência para os exportadores brasileiros após as taxas de Donald Trump. Sobre o assunto, o Jornal da Manhã recebeu o diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Câmara Americana de Comércio, Fabrizio Panzini, da Amcham Brasil.
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00:00O governo deve anunciar hoje o plano de contingência aos exportadores brasileiros após as taxas de Donald Trump.
00:08Sobre esse assunto, a gente recebe o diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Câmara Americana de Comércio, a Anchan Brasil, Fabrício Panzini.
00:17Fabrício, bom dia. Obrigado por atender aqui a Jovem Pan. Seja bem-vindo.
00:21Qual é a tua expectativa em torno desse anúncio do governo no dia de hoje?
00:25Isso chega a impactar as empresas que compõem a Anchan ou nem tanto, Fabrício?
00:32Bom dia. Bom dia a todos aí. Acho que é um anúncio muito importante para as empresas,
00:40sobretudo aquelas empresas que têm aí uma cadeia longa, têm vários fornecedores
00:49e, portanto, a queda das exportações aos Estados Unidos pode não apenas impactar essa empresa que vende esse bem final,
01:00mas várias pequenas e médias empresas que estão aí nessa cadeia e seus empregos dependem dessas exportações.
01:09Portanto, a gente tem uma expectativa muito alta em relação a esse anúncio para que ele consiga mitigar os efeitos.
01:20Sobre o alcance que você me perguntou, o tarifácio desse 50% que foi aí confirmado na semana passada,
01:33ele vai atingir empresas de todos os portes, ele vai atingir empresas de todos os setores.
01:41Então, a gente está falando do setor do agro, estamos falando da indústria, de transformação,
01:49da indústria manufatureira que tem cadeias ainda mais longas.
01:53Então, é uma medida importante, sim.
01:56Fabrício, muito bom dia para você também, obrigada pela entrevista.
02:01O vice-presidente, melhor dizendo, Geraldo Alckmin, tomou a dianteira de uma série de reuniões com empresários.
02:09Nesse meio do caminho, alguns diálogos foram sendo interrompidos, muitos deles por questões políticas,
02:15mas ainda se fala muito em diálogo.
02:17Na sua avaliação, as negociações das empresas, de forma mais direta, podem ser mais efetivas?
02:23Sim, o setor privado tem e vai continuar tendo um papel fundamental.
02:34A gente, acho que está claro nessa altura do campeonato que a tarifa em relação ao Brasil,
02:42ela vai além de aspectos econômicos, como a gente sempre tem dito,
02:47se a gente olhar os dados econômicos, da balança comercial Brasil-Estados Unidos,
02:54não tem nada que justifique essa aplicação da medida.
02:59O Brasil é um dos países que tem déficit com os Estados Unidos,
03:05esse déficit tem crescido neste ano,
03:08tanto pelos dados americanos quanto pelos dados brasileiros,
03:11é muito claro esse crescimento.
03:12Só nesse primeiro sete meses do ano, o déficit com os Estados Unidos se aprofundou em 600%.
03:21Então, não se trata de uma medida que tenha um fundamento econômico sólido.
03:29Portanto, o setor empresarial, aquilo que não é a voz do setor empresarial nos Estados Unidos,
03:39a nossa aproximação do setor privado brasileiro com o setor privado dos Estados Unidos
03:44para demonstrar a importância dessa relação entre os dois países,
03:49o volume de comércio que é feito entre empresas do mesmo grupo,
03:53e, portanto, deixar uma tarifa dessa magnitude vai afetar empregos aqui,
04:00vai afetar empregos nos Estados Unidos,
04:02porque são empresas relacionadas, multinacionais dos Estados Unidos.
04:07Então, o setor privado, ele é, nesse momento, talvez, o elo de ligação
04:12que tem que entrar cada vez mais em campo
04:15para poder aproximar os dois governos para que essas conversas aconteçam.
04:19Fabrício, não é apenas o Brasil que está sendo afetado,
04:23são várias outras nações também que têm as suas tarifações
04:27sendo propostas pelo governo do Donald Trump,
04:30num novo cenário para o comércio internacional como um todo.
04:35É possível, mesmo diante disso, na sua visão,
04:38a gente aprofundar a cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos,
04:43mesmo com essa política do Donald Trump,
04:45que é mais pesada que o Brasil,
04:47mas ela também está em nível global.
04:50Você acha que, mesmo a partir desse novo cenário,
04:52a gente vai conseguir ter relações de cooperação entre os dois países?
04:58Essa é a dúvida que a gente carrega,
05:03mas, por outro lado,
05:05talvez esse momento de maior tensão
05:07consiga levar a uma maior racionalidade,
05:12aos dois lados entenderem a importância que os países têm um para o outro
05:19e buscar pautas positivas.
05:23E há essas pautas positivas,
05:25elas existem em grande proporção.
05:29O Brasil e os Estados Unidos, por exemplo,
05:31têm interesses comuns na área de energia,
05:36trabalham já muito nesse tema.
05:39Os dois países têm interesses comuns,
05:41por exemplo, na área de mineração.
05:43São dois países que querem uma produção e um refino,
05:49por exemplo, de minerais críticos, minerais estratégicos,
05:54mas feitos dentro dos países,
05:58uma concentração cada vez maior desse refino
06:01e desse processamento em países da Ásia.
06:05Então, os temas para cooperação, eles existem.
06:11Outro tema, claro, tecnologia.
06:14O Brasil quer muito desenvolver data centers aqui.
06:18O desenvolvimento de data centers depende da compra
06:21de grandes máquinas dos Estados Unidos,
06:24depende da compra de chips dos Estados Unidos.
06:27Então, você vê que existem interesses que são comuns
06:31e o tamanho do mercado brasileiro para os Estados Unidos,
06:35para as suas empresas,
06:36demonstra a importância.
06:38A gente é top 3, top 4,
06:41para uma série de setores diferentes dos Estados Unidos.
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