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  • há 6 semanas

Categoria

😹
Diversão
Transcrição
00:00Oi, oi, oi, oi, oi.
00:16Dona Daisy!
00:17Não estressa, morena, não estressa.
00:20Porque eu tô gostando do que eu tô vendo.
00:22O que é que é isso? O que a senhora tá fazendo aqui dentro?
00:24Quem foi que abriu a porta pra senhora? A senhora tem noção de que horas são?
00:27Eu já fui policial. Eu abro qualquer porta.
00:30Eu vou reclamar com Dona Álvaro, entendeu?
00:32Isso não pode ficar assim. O que que é isso? Eu vou falar no condomínio
00:34e a gente sai da cama e dá de cara com um sapatão sentado na sala?
00:37É provado que quando um sapatão senta de costa pra porta,
00:41ele traz dinheiro pra casa que o mantém.
00:44Provado coisa nenhuma, Dona Daisy. Você é crendice popular.
00:47Ah, pra teu governo, eu tô aqui pra quebrar um galho da tua filha.
00:52Ah, é? O que é que tem, Isadora?
00:54Hum, tá mais grampeada do que processo.
00:57É, olha aqui, ó. Eu desmontei o bicho.
01:01É, não tem dúvida. Aqui tem escuta.
01:04Ai, Deus do céu.
01:05Tatalô, Tatalô.
01:07Dona Daisy, por favor, não fica assim de cueca, por favor.
01:10Bom dia.
01:11Bom dia.
01:12Não tem problema não, mãe.
01:13Dona Daisy toma banho junto com a gente no vestiário depois do futebol.
01:16Claro.
01:17Como é que é?
01:18A Dona Daisy toma banho junto com você, Mário, Jorge e Arnaldo?
01:22É.
01:23Como é que esse mundo vai parar, meu Deus do céu?
01:25Não, Dona Daisy a gente tira de letra.
01:27Pior é seu ladir que volta e meia joga o sabonete longe.
01:32Eu vou ter que dar uma dura no ladir.
01:34É, os homens estão resistindo, né?
01:36Porque se deixar, seu ladir e Copélia transformam o vestiário masculino numa sucursal do Matagal, né?
01:42Bom dia.
01:43Hum, Daisy, madrugou hoje, hein, Felipe?
01:45Ô, Isa, você tinha razão.
01:47É, esse telefone aqui também está grampeado.
01:51Ai, meu Deus.
01:52Mas está grampeado por quê? Pode se saber?
01:54Ô, mãe, você esqueceu quem ela é?
01:57Você esqueceu com quem a Isadora está casada?
01:59Fala nisso, hein? Cadê aquele teu marido, hein? Aquele Ícaro?
02:03Hum, está na França, meu bem, tá?
02:06Foi passar uma semana com a família e com os amigos em Paris.
02:08E eu indo resolver o pepino dele.
02:10E tudo pago com o dinheiro do povo, né, Isadora?
02:12Ué, alguém tinha que pagar, né, meu bem? Eu é que não ia ser.
02:16Ninguém me tira da cabeça que a tal viagem a Las Vegas que o Ícaro organizou
02:21e que terminou na Polícia Federal foi armação.
02:24Nós fomos presos, atraímos a atenção e, baixada a poeira, ele se meteu no avião
02:28e foi embora com a família dele.
02:30Ah, ô, Isadora, isso tem nome, sabia?
02:32Sabia? Isso se chama boi de piranha.
02:35Senhor do céu, e onde é que está o seu marido? Quando é que ele volta?
02:38Hum, faço a menor ideia.
02:39Só sei que a gente vai se encontrar daqui uns dois meses, sei lá onde.
02:43É uma incônita.
02:44Incógnita?
02:45Incógnita.
02:46Então, cógnita.
02:47Incógnita.
02:48Incógnita.
02:49Incógnita.
02:50Incógnita.
02:51É uma incônia.
02:52É uma incônia.
02:53é uma incônia.
02:54É uma incônia.
02:55Que querem fazer o seguinte, hein?
02:56Por que vocês não vão lá?
02:57Vão tomar um café na casa do pai de vocês, hein?
03:01Isso.
03:02Vão todos para a dona Deise também.
03:03Quem sabe, né?
03:04O telefone da Celinha pode estar grampeado.
03:05Com certeza está.
03:06E tem alguém sabendo tudo o que se passa aqui.
03:10Meu Deus do céu.
03:11Olha, seja quem for.
03:13Hoje ele não arruma nada, porque aqui hoje não acontece nada.
03:17Aproveitar que Arnaldo saiu para viajar dois diazinhos
03:20e hoje eu quero ser dona de mim e dessa casa e só.
03:24E o Arnaldo foi para onde?
03:25Pode saber?
03:26Tumbaco, Equador.
03:28Ah, em Nova York, né?
03:29Muito longe.
03:32Tumbaco?
03:33Mas o que foi fazer em Tumbaco?
03:35É um congresso, Isadora.
03:36É um congresso.
03:37Vocês não vão tomar café lá na Celinha?
03:38Pede para ela fazer umas panquecas.
03:39Viu?
03:40Ah, tá.
03:41Então, vamos até lá.
03:42Tchau.
03:43Vamos.
03:45Vamos lá.
03:48Meu Deus do céu.
03:52Alô?
03:53Oi?
03:55Não, o telefone é assim mesmo.
03:56Ele dá esses estados de zumbido, mas é assim.
03:58Sim, eu mesma.
04:01É...
04:02Rita?
04:03Perfeitamente.
04:04Senhor, quem fala?
04:05Heraldo?
04:06Beraldo.
04:07Beraldo.
04:08Não, B de banda.
04:09Compreendi.
04:10Sim, Beraldo.
04:11Como vai, senhor?
04:12Sim, tenho.
04:13Tenho uma unidade, assim, que está à venda aqui no meu condomínio, Jambalaya, quarto
04:19andar, bloco J, uma vista linda para o Matagal.
04:25Isso.
04:26Matagal?
04:27Calmíssimo.
04:28Lindíssimo.
04:29E são garças e capivaras.
04:31O senhor será vizinho de toda a fauna aqui da Barra da Tijuca.
04:35Perfeito?
04:36Claro, claro que sim.
04:37Não, ainda não está desocupado, mas posso agendar uma visita, com certeza.
04:41Três horas.
04:42Três, então.
04:43Combinadíssimo.
04:44Excelente, então.
04:45Perfeito.
04:46Perfeito.
04:47Beraldo com B.
04:49Obrigada.
04:50Até mais, então.
04:59Um dia só meu, de solteira, ainda começa com cliente.
05:07Às vezes o céu vem tão depressa.
05:09É mais uma panqueca, dona Deise?
05:16Mais duas, se não for incômodo.
05:19Celinha, essas suas panquecas são deliciosas.
05:24Bobagem.
05:25Faço com o pé nas costas.
05:26Eu vou te dizer uma coisa.
05:28Essas suas panquecas me deixam uriçada.
05:31Mas o quê que é isso?
05:33A senhora está falando com a minha mulher, dona Deise.
05:37Mas já chegamos a este ponto aqui no Jambalóia.
05:39O sujeito acorda de manhã comendo uma panqueca e dá de cara com um sapatão uriçado.
05:43Dizem que os nossos telefones estão todos grampeados, né?
05:46Eu não desconfio de quem seja a culpa.
05:49Olha o dedo, olha o dedo, olha o dedo.
05:52Garota mau caráter, garota do olho junto.
05:55Já imaginou se esse camarada que está fazendo a escuta
05:57resolve entrar para a corretagem e me rouba todos os clientes?
06:00Ah, Mário Jorge, por falar em cliente, não queria falar, não queria falar.
06:06Mas a dona Álvaro mandou dizer que a dona Luba do Bloco Jota está vendendo apartamento.
06:12Nossa, aquele apartamento é uma beleza.
06:15Tem uma vista para o Matagal.
06:17Uma vista completa.
06:20Dona Luba não tem vergonha naquela cara.
06:23Ela vai mudar, sim, pela pressão que eu e outros moradores estamos fazendo.
06:28Dona Luba está roubando as estratégias da parente e começou a ficar nua na janela da própria sala.
06:35Aí a notícia se espalhou que no condomínio feito um raio.
06:38Sujeita ordinária.
06:40Nós todos nus lá no Matagal.
06:43Tudo igual, numa boa.
06:46E ela se exibindo num ponto mais alto.
06:49Vai ter que sair.
06:51Eu, hein, Pepe?
06:53Eu achei que você e dona Luba fossem amigas.
06:55Sim, somos.
06:56Eu gosto dela até, gosto mesmo.
06:59Mas a dona Luba está extrapolando.
07:01Isso é concorrência desleal, Isa.
07:04Onde já se viu, ela fica nua se exibindo para a galera do Matagal.
07:08E qual é o problema?
07:09Você não vive nua com a pele?
07:11Sim, vivo.
07:12Vivo, mas no mesmo plano de todos.
07:15A minha nudez fica à altura dos olhos de todo mundo.
07:20Mas a dona Luba não.
07:21A dona Luba fica lá.
07:23Fica lá se exibindo.
07:24Ai, que ódio.
07:25Não.
07:26Não.
07:27Não dá.
07:28Aqui no Djambalaya não há espaço para nós duas.
07:31Não tem espaço.
07:33Ai, gente.
07:34Que pena que eu estou desprevenida.
07:36Se não eu comprava aquele apartamento.
07:39Você já pensou?
07:40Eu com aquela vista do Matagal.
07:44Ninguém ia me segurar.
07:47Mas se comprar seu apartamento, ia comprar aqui, ó.
07:50Na minha mão.
07:51Na sua mão e na mão da dona Álvara, né?
07:53Você não pode esquecer que ela leva uma comissão.
07:55E em tudo.
07:56Eu andei fazendo levantamento e a administração dela escandalosa.
08:00As contas de dona Álvaro não batem.
08:02Bate tudo no bolso da gente.
08:04É uma declaração de amor ao superfaturado.
08:07Sabe aquele único azulejo português que tem na portaria?
08:10Custou 30 mil reais.
08:11Nossa.
08:12E as lixeiras?
08:13As lixeiras comuns de plástico que ficam embaixo da mesa do porteiro?
08:16Custaram 7.934 reais.
08:19E o condomínio comprou duas.
08:21Aquelas flores de plástico que ficam em cima da mesa da recepção
08:24custaram 6.527 reais a unidade.
08:27Nossa.
08:28E sabe o que eu ouvi dizer?
08:29Que dona Álvaro tá planejando um incêndio criminoso
08:32só pra acabar com as provas do roubo.
08:34Sim, disse que vai tacar fogo no armário com todas as contas lá dentro.
08:37Mas isso é um perigo.
08:39E se ela sem querer bota fogo no apartamento também?
08:43Aí ela ganha o dinheiro do seguro e mais o outro que ela tá embolsando, né meu bem?
08:48Comprar dois apartamentos.
08:49Ah, pois então ela vai comprar os dois aqui, ó.
08:51Na minha mão.
08:52Celinha, suas panquecas, como sempre, estão estupendas, mas eu preciso puxar meu carro
08:59porque vou vistoriar o apartamento de dona Luba.
09:01Não vai nada!
09:04Aquele apartamento não está à venda, Amaro Jorge.
09:07Aquilo é uma arapuca daquela ordinária da dona Luba, pra pegar homem.
09:13Já é a quarta vez nesse semestre que ela anuncia lá o puleiro da galinha.
09:18É verdade.
09:19A Luba usa esse truque, velho, ó.
09:22Velho!
09:23Ela anuncia o apartamento.
09:25Se o cliente potencial for homem, ela recebe inteiramente no ar.
09:29Não se preocupe, meu amor!
09:30Ela vai sair, ela vai sair.
09:32Estamos decididos a expulsá-la.
09:35Eu e a turma do Martagal, toda a galera, capivaras, inclusive.
09:40Estamos fazendo pressão.
09:43Toma cuidado com essa pressão, hein, mamãe?
09:45Já imaginou se eles resolvem fazer a mesma pressão com a senhora?
09:47Ô, Celinha, a pressão eu gosto, né?
09:51Adoro!
09:52Eu aguento qualquer peso, garoto.
09:54Celinha, pelo amor de Deus.
09:56Vai ver, dona Luba agora está munida das melhores intenções.
09:59Eu vou deixar de perder uma poupuda comissão por causa do teu ciúme.
10:03Você não confia no homem que tem?
10:04Não.
10:06Mas é não assim, no seco?
10:07Quer no molhado?
10:08Vamos discutir isso lá no parque aquático.
10:10Mas então depois não reclama porque a grana está curta.
10:13É melhor a grana curta do que outra coisa.
10:16Outra coisa, mamãe?
10:17Prefiro não comentar.
10:20O Narita não me abre a porta.
10:22Gritou lá de dentro que hoje não precisa de ninguém.
10:25Mandou os filhos pra cá, está sozinha.
10:28Será que ela vai fazer alguma besteira?
10:30Besteira ela fez a vida toda.
10:32Ela devia aproveitar que está sozinha e arrumar aquela bagunça do apartamento.
10:36Dona Deise?
10:37Que?
10:38Que história é essa senhora andar espalhando por aí que já me pegou?
10:42As empregadas do condomínio estão tudo comentando daí.
10:45Eu não disse nada disso.
10:46Eu só disse que você é uma teteia brancona.
10:50E também disse no vestiário que a carne dela era tenra.
10:54Todo mundo ouviu, Dona Deise.
10:56E eu laçou alguma novia?
10:58Alguma vitela pra ter carne tenra?
11:02Se bem que lá em Pato Branco tinha uma mulher de carne tenra.
11:05Era uma alemoa.
11:07Uma alemoa de nome Aldete.
11:10Aldete era tão tenra.
11:11Tinha carne tão tenra que todo mundo da região vinha apertar.
11:14Coitada de tão tenrazinha que era, sabe?
11:17Um dia o italiano de Beltrão não resistiu, mordeu Aldete.
11:21E esse é o fim da história?
11:23Acabou?
11:24Acabou.
11:25Só que quando o italiano mordeu, criou Aldente!
11:27E daí Aldete ficou conhecida por Aldente daí.
11:47Alô?
11:49Oi, Ícaro.
11:51Tudo bem, meu amor?
11:53Hum, calma.
11:55Já foi pra sua conta, sim.
11:57O dinheiro da Furdezep.
11:59250 mil dólares.
12:00Cuidado, cuidado, cuidado, tá grampeado.
12:02Não, esse aqui tá bom.
12:04Olha, e os outros 500 mil reais, sim, vão sair da Sudacamp
12:09e ainda temos que dar a comissão do assessor do deputado.
12:12Sim, tem que dar, são 25...
12:15Tudo bem, eu tenho outra ideia.
12:17A gente pode transferir 600 mil da Cone Furbe
12:20e aí com essa diferença a gente paga a comissão.
12:23Não, meu amor, não se preocupe.
12:25Isso é uma outra coisa.
12:26A Jorge ainda vai transferir um milhão, sim, da Fuderpa.
12:31Claro.
12:32E olha, se for ligar, liga nesse número aqui, tá?
12:34Porque o outro tá todo bichado.
12:36Tá bom.
12:37Beijo, meu amor.
12:38A Isadora nos transformou em corruptos passivos.
12:42Eu tenho pesadelos com isso.
12:44À noite eu acordo todo suado.
12:46Eu estou em estado de choque, aí minha boca acabou de cair de uma altura de 1,80m.
12:51Fuderzep, Cone Furbe, Sudacamp, Fuderpa.
12:55Mas que diabo é isso, mau caráter?
12:57São siglas, Mário Jorge.
12:59Siglas.
13:00Eu já trabalhei na Furdepa.
13:04Fui amante de um deputado e ele me descolou um bico por lá.
13:09E você fazia o que na Furdepa, mamãe?
13:13Prefiro não comentar.
13:15Maravilhosa.
13:16Estou parecendo uma americana do Partido Republicano.
13:26Olha só.
13:28Perfeita.
13:30Estou transpirando credibilidade econômica.
13:33Senhor Beraldo, boa tarde.
13:44Por favor, entre.
13:46Dona Rita.
13:48A senhora me foi muito recomendada.
13:51Que isso.
13:52Dona Luba está ocupada, já falei com ela hoje, mas já já ela vai poder nos receber.
13:58No momento ela está atendendo.
14:00Atendendo o quê?
14:01Ele é fisioterapeuta.
14:04Está atendendo um glitch.
14:07E o seu marido?
14:10Volta quando de tumbaco?
14:11Ah, Arnaldo.
14:12Vai demorar uns dois...
14:16Como é que o senhor sabe que o marido está em tumbaco?
14:23Fique calma, por favor.
14:26Ele só está me apontando uma arma, está pedindo para eu ficar calma.
14:29Exatamente.
14:30Não seria melhor?
14:31Fique calma.
14:32Por que o senhor não disse assim?
14:33Fique morta.
14:35Rita, o pessoal está preocupado.
14:37Calma a boca, calma a boca.
14:40Ali.
14:42Mão na cabeça.
14:44Dona Deise, vem.
14:45Dona Deise.
14:46Dona Deise.
14:47Dona Deise.
14:49Dona Deise.
14:50Algeme-se.
14:51Ah.
14:52Eu e a dona Deise?
14:53Não, você só pode estar brincando.
14:56Isso aqui é a tarefa para o senhor, que é assaltante.
14:59Nós somos as vítimas.
15:00Não fica bem.
15:01Nós duas nos algemarmos?
15:03Como é isso?
15:04Já vou fazer.
15:05Já vou fazer isso.
15:07Eu sou uma senhora muito frágil.
15:11Fala sério, né, dona Deise?
15:13Algeme-se logo.
15:14Eu não vou repetir.
15:16Essa proximidade com você é perturbadora, Rita.
15:21Meu amor de Deus, vai procurar sua turma, dona Deise.
15:24Por favor.
15:26Eu estou precisando botar uma calça porque eu posso ficar de cueca o dia inteiro, né?
15:30Vou botar...
15:31Eita, troco de quem? Esse homem está armado.
15:34É um assalto, imbecil!
15:36Algeme-se a elas.
15:38Ele também.
15:39Aqui, aqui, aí no sofá.
15:41Olha, eu acho bom você ter trazido muitas algemas, porque o que não falta aqui é gente.
15:45Bota por cima da manga.
15:47Ai, frouxinho.
15:50Mas que coisa.
15:51Aqui é assim? Vai todo mundo entrando?
15:53Ninguém toca a campainha?
15:54Ah, loucura!
15:55A porteira é aberta.
15:56É a mesma falta de respeito?
15:57O senhor não tem nem ideia.
16:01Deve ser a Celinha.
16:02A única que ainda se dá o trabalho em tocar essa campainha.
16:08Não é a Celinha, dona.
16:09É a Álvaro, a síndica.
16:11Dona Rita, doutor Arnaldo foi para Tumbaco e largou o carro na garagem.
16:17Com meio palmo de pneu para fora da faixa amarela.
16:22Eu vou lhe avisar, dona Rita, se não acertarem o carro na vaga, eu mando furar os quatro pneus.
16:29Os quatro pneus? Mas só um tá pra fora.
16:32É, seu tatalo, os quatro vão pagar pelo erro de um.
16:35Ainda vou cobrar uma multa vultuosa.
16:42Vultuosa.
16:45Multa.
16:47Mas o que que é isso?
16:49Algemados?
16:51A mãe e o filho sapatão?
16:54São fetichistas.
16:57Vou passar um abaixo assinado pedindo para expulsá-los do prédio, estão entendendo?
17:04Mas o que que...
17:06Ah, muito bonito o senhor, hein? Fazendo o quê? Com uma arma na mão, posso saber?
17:11Não, não. Alvaro, isso é um assalto. É mais ou menos igual a senhora. É uma roubada.
17:15Pelo amor de Deus, eu vou gritar! Pelo amor de Deus!
17:17Pelo amor de Deus!
17:18Pelo amor de Deus, não é verdade?
17:19Pelo amor de Deus, eu vou gritar!
17:21Pelo amor de Deus!
17:23Sai cá, que casamento hoje é isso aí
17:26Toma lá, dá cá, e no rola, rola
17:31Embola o que há aí, aqui
17:34Entre Copacabana e o sonho de Pocaroí
17:41Vivendo e dançando, dois pra lá e dois pra cá
17:49Porta a porta o amor fala entre si
17:53Falsa calma e aí o temporal
17:56Um relevo baixo, retrato escolar
18:00Do amor no país do carnaval
18:03Tu entra cá já e sai cá que
18:09Casamento hoje é isso aí
18:12Toma lá, dá cá
18:14Muito bem, falta entrar mais alguém
18:17Tem minha filha, Beraldo
18:19Mas essa é fácil de reconhecer
18:21Porque ela tem o olho junto
18:23Um caráter muito duvidoso e é política
18:26A vereadora
18:27Cadê a vereadora?
18:29Como é que o senhor sabe tanto sobre a nossa família, hein?
18:32Ah, escuta, tatá
18:33Ele tava nos grampiando
18:34Então você é polícia?
18:37Ai, bota a farda, vai, bota
18:39Bota a farda que eu deixo você me algemar
18:42Escuta aqui, qual é a tua jurisdição, né?
18:45Olha aí, eu sou amiga do Tibiriçu
18:47Se você quiser, eu posso telefonar pra ele
18:50Como é que eu sou da polícia, minha senhora?
18:52Quem é que já viu polícia assaltando?
18:54Ah
18:54Meu marido Ladir pode chegar a qualquer momento
19:02Cuidado com ele, hein, rapaz
19:05Ladir tem muita testosterona
19:07Olha aí, olha aí
19:10Olha aí
19:10Soltou o nó completamente
19:13Mas como é que soltou esse nó?
19:16Eu dei o nó de marinheiro
19:17Pois é, mas eu fui amante de um marinheiro
19:19E ele me ensinou a desamarrar qualquer nó
19:22O que é muito útil, não é?
19:24Para uma mulher com o meu apetite
19:25Lá em Pato Branco tinha também uma mulher
19:27Que sabia desatar qualquer nó
19:28Era conhecida por Zilda Joanete daí
19:30Pato Branco?
19:32É a joia do sudoeste paranaense
19:35Reza a lenda que o nome Pato Branco
19:38Pelo amor de Deus, dá um tiro nela
19:39Tenha piedade de nós
19:42E a senhora
19:43Também é de Pato Branco?
19:45Ó, meu querido
19:47O meu pato é tudo menos branco
19:50Ô, Beraldo
19:51O pato da minha sogra chega a estar encardido
19:54Não há água sanitária que dê jeito nesse pato
19:59E você?
20:01Vai querer o tiro aonde?
20:03Ué, credo
20:04Eu só tava querendo ser espirituoso
20:06A próxima vez que tu tentar ser espirituoso
20:10Vai virar espírito
20:12Ih, tá bom
20:13Calé minha boca
20:14Negócio seguinte
20:17Onde é que estão as joias?
20:19Ah, sim
20:20As joias
20:21As joias estão num cofre forte
20:23Lá na selva amazônica
20:25O primeiro tiro
20:28Eu vou dar no pé direito
20:30No dedo mindinho
20:31Depois eu vou dar no jornalto
20:32Não, não, não
20:33Tá bom, tá bom
20:33Olha, as joias estão no cofre e no banco
20:36Me dê a sua combinação
20:39Combinação?
20:41Caralho
20:42Eu não uso mais
20:43Por baixo, geralmente, eu estou completamente nua
20:48Chega, mamãe
20:49Ele não está pedindo a sua combinação
20:51Ele está pedindo a combinação do cofre
20:53Mas também tem um problema, entendeu?
20:55Porque o cofre não nos pertence
20:57O cofre é do banco
20:59E para te falar a verdade, Oberaldo
21:01Nós nem temos cofre
21:02E você?
21:04Oi, o que?
21:04E você?
21:05O que é que tem?
21:05Cadê? Cadê sua joia?
21:07Cadê eu?
21:07Você tem joia?
21:08Eu acho que você não tem, não
21:09Mas você não tem
21:11Tu tá mais é com cara de bijuteria, sabia?
21:15Vai humilhar, né?
21:16Pode humilhar
21:17Além de homem é ladrão, né?
21:19Estou nem aí
21:20Vai me assaltar, vai me envergonhar na frente de toda a minha família
21:23A minha não é novidade, não
21:25Quer saber de uma coisa?
21:26Quer saber?
21:26Essa cena nós já passamos por ela
21:28Aqui mesmo, nessa sala
21:29É verdade
21:29Ficamos tudo presos ali no lavabinho
21:31Não dá ideia, não dá ideia
21:33E pelo que eu me lembro
21:36O homem, o assaltante
21:37Foi trazido aqui pra dentro
21:38Pelas mãos da sua mãe
21:39Não, não, não
21:40E a mãe é uma ova, minha filha
21:42É seu ladir
21:43Não, não, não
21:44Tenho piedade de ladir
21:46Piedade para ladir
21:48Piedade para ladir
21:50Por favor, ladir
21:51Meu Deus
21:51Meu Deus do céu
21:53Como é que eu vou ficar?
21:54Eu já tô vendo que amanhã
21:56Eu vou andar por esse condomínio
21:57Aí todo mundo me apontando
21:58Olha lá, otária
21:59Olha lá, palhaça
22:01Achou que ia vender o apartamento
22:02Foi assaltada
22:03Isso é problema de idade
22:05Peraí, peraí
22:08Também não é assim
22:09A senhora tá sendo muito severa
22:11Com a senhora mesmo
22:12É
22:12Se você não viu
22:13E o meu marido
22:14Que vai debochar da minha cara
22:15Ele é muito machista
22:17Não parece, mas é
22:18Ele não cansa de me falar
22:19Lugar de mulher em casa
22:21Ah, como é que vai ficar agora?
22:22Ele compete demais comigo
22:24Nossa
22:24Eu não acredito que ele chegue a esse ponto
22:26Eu tinha planos, sabe, seu Meraldo
22:30Eu tinha planos
22:31Eu precisei vender esse apartamento
22:32Com a comissãozinha
22:33E lá fazer a viagem
22:35Para se parecer
22:36Tinha pensado conhecer o casal
22:38E o colonial de São Luís do Maranhão
22:40Sabe, tá bonito aquilo, né?
22:41Dar uma esticadinha lá para os lençóis
22:43Eu já estive nesse lugar, Rita
22:46Eu já nadei
22:48Naquelas lagoas inteiramente nuas
22:50Dormi uma semana nos lençóis
22:53Sem usar um lençol
22:55Dona Rita
22:59Dona Rita, é o seguinte
23:00Olha
23:00Não fica assim
23:01A senhora vai
23:02Eu só vou roubar objetos
23:04Dinheiro
23:05Coisas materiais
23:07Eu não vou roubar sua alma
23:09Nem que você quisesse roubar
23:10Você ia conseguir
23:11Porque é difícil encontrar a alma da Rita
23:13Ela tem uma alma muito clarisca
23:16Sabe, Iberaldo
23:17Fui casado com essa mulher um tempão
23:19E nunca dei de cara com a alma dela
23:21E você sabe por quê?
23:23Porque a minha alma fazia questão de não estar presente
23:26Toda vez em que você estava, ela se ausentava
23:28Mesmo assim, seu Beraldo
23:30Fizeram dois filhos
23:31É o que eu digo sempre
23:33Sexo não tem nada a ver com a alma
23:35Claro que tem, mamãe
23:36Claro que tem
23:37Olha, seu Beraldo, olha só
23:39A noite já está caindo
23:41Nós estamos amarrados aqui
23:42Já faz mais de três horas
23:43Me falando nisso
23:44Eu estou precisando ir ao banheiro
23:46Peraí, peraí, então é isso não
23:47Peraí
23:48Vão os três
23:49O quê?
23:50O senhor vai me obrigar a ver a dona dessa
23:52Utilizando o vaso sanitário
23:53Ou vão os três
23:55Ou ela faz nas calças
23:57Mas pelo amor de Deus
23:59Essa casa aqui é um chiqueiro mijado
24:02Então ninguém aguenta
24:02E depois só vai pra mim
24:04Quem vai ter que limpar sou eu
24:05Vai ser bozenar
24:06Vai lá limpar o xixi do sapatão, querida
24:08Ai, vamos logo, Rita, vamos logo
24:11Vamos logo, vamos logo
24:13O problema vai ser se a dona Deise
24:14Pedir a minha mãe pra sacudir no final
24:16Seu Beraldo
24:21Seu ladrão, olha só
24:23Como eu estava falando
24:24Acaba logo com esse assalto
24:26Porque ainda nem fiz a janta
24:28Ah, vou fazer pastel de forno hoje
24:31Você aceita?
24:33Me diz uma coisa
24:35A senhora é louca, é?
24:37Não, otimista
24:39Vou falar uma coisa pro senhor
24:41Aqui o senhor não vai arrumar muita coisa pra roubar, não
24:45Se encontrar alguma coisa, né?
24:48Porque aqui não se encontra nada
24:49Olha, Beraldo, Beraldo
24:53Eu vou lhe dizer
24:53A Rita é completamente desmazelada
24:57Isso aqui é uma zona, Beraldo
24:59Beraldo, olha só
25:00Olha como eu sou magro
25:01A dispensa aqui é vazia
25:03Nem dispensa tem?
25:07O que é?
25:11O que é aqui que estão rindo?
25:12É de mim?
25:13Estão falando de mim?
25:15Tavam, estavam sim
25:16Tavam falando mal da senhora
25:18O que é isso?
25:21Tava não, Rita
25:21Brincadeira
25:22Olha aqui
25:23Vou falar uma coisa pro senhor
25:24O senhor Beraldo, seriamente
25:25É óbvio que o senhor escolheu a casa errada
25:28A coisa mais valiosa que deve ter nessa casa aqui
25:31É uma prótese que meu ex-marido tá fazendo e que nem foi paga
25:34Agora, por favor, o senhor me diga uma coisa
25:37A troco de que o senhor escolheu essa casa aqui pra roubar?
25:40É uma história longa
25:41Não interessa ninguém
25:43Mas eu tô aqui cobrando uma dívida
25:45E eu vou levar o meu
25:47Não vai levar nada
25:48Porque o dinheiro aqui é muito curto, Beraldo
25:50Seu Beraldo, tenha misericórdia de nós
25:53Por favor, já fui obrigada a ver dona Deise utilizando o sanitário
25:56E é uma cena que dificilmente vai sair da minha mente
26:00É uma loucura
26:01A Deise desenvolveu uma técnica impressionante
26:05Ela mira e acerta na pocinha
26:07Eu já dei a ideia dela se apresentar no Se Vira dos Trinta
26:11Mamãe, aonde foi que você viu a dona Deise fazer xixi?
26:14No Matagal
26:15Deise, conta pra ela
26:17Não conta nada
26:18Não conta nada
26:19Calma, calma
26:20Calma, calma
26:20Calma, calma
26:22Eu não quero mais trauma pra minha coleção
26:26O senhor não calcula a quantidade de traumas que eu já sofri
26:30Essa mulher, a minha parenta
26:33Vivia me contando histórias quando eu era bem pequeno
26:35As coisas que aqueles anões fizeram com a coitada da Branca de Neve
26:40Não, coitada nada
26:43Eram pequenos, mas eram sete, Adonis
26:47Sete
26:48Eles venciam pelo cansaço
26:51O senhor sabia que nós vivemos numa situação de casais trocados?
26:55Meu pai e minha mãe moram um de frente pro outro
26:57Quando eu sinto saudades do meu pai, eu sou obrigado a tocar a campainha
27:01O seu pai vive com a dona Rita
27:03E minha mãe com aquele ali
27:04Que vem a ser pai da vereadora
27:05Você tá se tratando?
27:07Ou faz terapia?
27:08Duas vezes por semana
27:10Com uma psicóloga aqui mesmo no Jambalaya
27:12Ela atende no Play
27:13E foi indicação minha, sabe, Beraldo?
27:16Foi indicação minha porque
27:17Graças a ela, a princesa Grace
27:20Já nem morre demais
27:21Sabia, Beraldo?
27:22A princesa Grace é página virada
27:24Ela me confessou que tá de olho num bulldog mal encarado lá do bloco F
27:28Eu esperava ser trocado por um Weimaraner
27:31Um Golden Retriever
27:32Um Husky siberiano
27:33Mas um bulldog
27:35É verdade
27:35Ficava pra nós
27:36Difícil
27:37Difícil
27:37Eu tô ficando tonto
27:47Eu não entendo nada que vocês falam
27:51Sabe o que é?
27:53Seu Beraldo sabe o que é?
27:55É que a linguagem aqui é cifrada por causa do horário
27:58Mas na minha intimidade é tudo sem censura
28:02Se a senhora der mais um passo, leva chumbo
28:06Onde?
28:09Como assim onde?
28:11Onde é que tu vai me chumbar?
28:13Não, porque eu tenho uns pontos mais sensíveis do que outros
28:18Vire-se
28:20Em pé ou de cabeça pra baixo
28:22Não é nada disso que a senhora tá pensando
28:27Eu vou lhe amarrar
28:27De novo
28:28Olha, mas cara, faz o seguinte
28:30Não finge que me amarra não
28:32Porque quando eu sou amarrado eu gosto que me apertem
28:35Ah não, a campaninha
28:38Outra vez
28:39É que nós somos muito queridos
28:42Nós temos poderes que curam
28:45Muitas pessoas vêm aqui nos pedir ajuda
28:48Eu não tive um segundo de sossego desde que eu entrei nessa casa
28:53Assim é impossível fazer um assalto
28:56Mas que droga, eu não decidi nem ainda o que eu vou roubar
28:58Olha aí, olha quem chegou
29:02Reconheceu?
29:03Crânio estreito, olho junto e um caráter duvidoso
29:08É minha filha, é a vereadora
29:10Junto dela, mão na cabeça, vai, vai
29:12Olha aqui
29:14Beraldo
29:15Se você tem que roubar alguém
29:17Roube ela
29:18Quem tem dinheiro é ela
29:20Tu entra ca já e sai ca aqui
29:34Casamento hoje é isso aí
29:37Toma lá da casa
29:39Oi, quem é esse homem?
29:41O cara que grampeou os nossos telefones por sua causa mal caráter
29:44Muito violento
29:46É da polícia federal, por acaso?
29:48Não
29:48Seu marido me deve algum
29:51Aí eu resolvi fazer um ganho nessa casa
29:54Mas isso aqui é uma zona, não tem nada de valor aqui
29:57Tem sim senhor, viu seu Beraldo
29:59Tem sim o anel que Ícaro deu pra vereadora
30:03É, vale uma fortuna
30:05Saiu até na revista, olha lá no dedo dela
30:09Dona Álvara, como é feito?
30:11É inveja, Rita
30:12Dona Álvara é muito invejosa
30:14Não sou invejosíssima de jeito nenhum, viu dona Celinha
30:18Estou querendo me livrar desta corrente humana aqui
30:21E eu estou com vontade de ir ao toalete
30:25E não pretendo dividir a minha intimidade com este diabo
30:30Vê se te enxerga
30:34Eu é que não quero dividir minha intimidade com a senhora, dona Álvara
30:37Todo mundo lá no parque aquático comenta que tem defeito na sua pururuca
30:41Mentira, mentira e cavalo
30:45Eu queria fazer uma pergunta
30:48Então, o senhor não tem nada a ver com essa história de polícia federal?
30:54A sua investigação não tem nada a ver com isso?
30:56Não, eu só queria fazer a minha vingança e me dar bem
30:59O seu marido acabou com a minha raça
31:02Me dá esse anel aqui agora
31:03Darei o anel
31:08Porque a minha família
31:10E os meus amigos
31:12Tem mais importância pra mim
31:15Toma
31:19E cuidado porque é um diamante muito valioso
31:22Eu não esperava nunca essa atitude
31:24Da mulher do Ícaro Bonjave
31:27A senhora sabe que é casada com um bandido, não sabe?
31:31Teu marido acabou com a minha vida
31:34Claro, mas é porque na verdade quando conheceu o Ícaro
31:38Ele já fazia muitas facaltruas
31:40Falca, falcatruas
31:42Facal...
31:43Fazia muitas essas coisas e eu já estava casada com ele
31:47E aí já era tarde demais quando descobriu
31:49Impedisse o divórcio
31:50Ai, mas eu tenho muito medo
31:51Porque o nosso contrato de casamento tem mais página do que uma CPI
31:55Nem consegui ler todo ainda
31:56Ela empacou no primeiro Data Vene
31:59Cismou que era um nome próprio e ficou por isso mesmo
32:01Mas é claro
32:02Já batizei umas duas meninas lá no Porco Fumado com o nome de Data Vene
32:05Lá em Patobranco tinha uma Data Vene
32:08Uma moça muito vistosa
32:10Todo mundo gostava da Data Vene
32:12Mas ela tinha um segredo
32:14Qual segredo? Seria esse por acaso?
32:15Não sei, era um segredo daí
32:17Ô, seu Beraldo
32:20Olha só
32:21Já que a gente já resolveu o problema
32:23Eu já lidei o anel
32:24A gente poderia acabar logo com esse sequestro, né?
32:26Cadê a chave da algema, hã?
32:29Eu... eu perdi
32:31O quê?
32:37Beleza, beleza
32:38Quer dizer que nós vamos passar a noite juntas, morena?
32:42Ô, meu Deus do céu
32:44Me erra, dona Deise
32:45Vai, toma seu rumo
32:47Ô, Beraldo, dá uma chegadinha aqui
32:48Que eu tô amarrado e não posso me aproximar
32:50Aqui, acuma, acuma, acuma aqui
32:52Agacha aqui, ó
32:54Agora que você está de posse de um diamante de valor inestimável
32:59Eu tenho um negócio ali pra propor maravilhoso
33:01Uma unidade aqui mesmo no condomínio
33:04Bloco J, quarto andar
33:06Com vista completa pro Matagal
33:08E direito a assistir minha sogra ali presente
33:11Três vezes por semana, inteiramente nua
33:13Se seu Beraldo vai comprar alguma coisa, vai ser da minha mão
33:15Você tá dizendo que vai ser da minha mão?
33:17O Ricardo vai fazer o que ele quiser da vida dele
33:19O que é?
33:20Porque eu não tô mais aguentando é ficar morrada
33:21O que é?
33:22Não to mais aguentando é ficar morrada
33:23Ô, ô, ô, ô!
33:24Vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai, não vai
33:26Estou começando a pensar mal
33:27Aqui é um troço
33:28Ó, ó
33:28Calma, meu bem, calma
33:30Todo mundo
33:31Todo mundo vai
33:32Vai, vai botando o celular aqui nesse saco
33:33Vai, vai, vai, rápido
33:35Rápido, rápido, rápido
33:36O celular diz
33:37Rápido, rápido, rápido, rápido.
33:39Rápido.
33:40Aqui, ó.
33:41Tá aqui, aqui.
33:43Vou pegar aqui o meu lindo. O meu tá ali, ó.
33:45Vai, vai, vai, vai.
33:46É o único que não tava bichado.
33:48Cadê o seu?
33:49Tá aqui, tá aqui.
33:50Tá aqui, tá aqui, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai.
33:53Todos pro lavabo. Vamos ver. Vai, vai, vai.
33:55Peraí, peraí.
33:57Tu não tem um limite.
33:59Eu até topo ser assaltada duas vezes na mesma temporada.
34:01Não tem problema.
34:02Agora um pingo de originalidade, né, seu Bera?
34:04Nós já fomos pro lavabo.
34:06Ô, Beraldo, eu posso te dar uma ideia?
34:09Por que você não desova a gente no matagal que tem logo ali atrás?
34:13Olha, o muro não é alto, entendeu?
34:15É fácil de pular e ninguém vai nos encontrar lá.
34:18Isso, vamos todos para o matagal.
34:21Matagal.
34:22Eu não vou pra matagal.
34:24Não inventa moda.
34:25Quer saber de uma coisa? Todos pro quarto.
34:28Quarto, quarto.
34:30Quer dizer que nós vamos passar a noite juntas.
34:34Afastem-se. Afastem-se.
34:47Vou botar a porta abaixo.
34:49Calma, meu amor. Pelo amor de Deus.
34:52Depois você quebra um osso e na sua idade é difícil de colar.
34:55Ê, na minha idade o quê? Sou um garoto.
34:59Aqui, vocês vão ver. Vou botar essa porta abaixo.
35:02Quem é?
35:03Eu não falei...
35:04É mais fácil soprar, Mário Jorge.
35:09Um prédio vagabundo como esses e a única coisa maciça que existe é aquela porta.
35:15Me arruinou a bursite.
35:17Peraí, gente. Peraí.
35:19Eu proponho que todo mundo fique calmo, sem agitação, porque senão o ar fica irrespirável.
35:24E aqui eu acho que não tem nem desodorante de ambiente, né? Tem, Rita?
35:29Não.
35:30Celinha não tem, né? Mas não fique nervosa, não, porque Arnaldo não é como Mário Jorge,
35:35que costuma fazer certas coisas dentro de um quarto.
35:38O quê que é? Minha filha não joga indireta, não.
35:41Se é pra falar, ó, fala na cara.
35:43Fala na cara.
35:45Não, Celinha.
35:46A Rita fala como se eu fizesse as necessidades de estima da cama. Me erra, Rita. Me erra.
35:51Ô, Rita, eu te dei de presente uma vez um desodorante de ambiente. Eu lembro até do aroma. Lavanda do monte.
35:57Bozena disse que você nunca usou.
35:59É, mas essa bozena também tem a língua maior que a boca, né?
36:02Vai enganar a fome daí.
36:05É pra gritar!
36:06Pelo amor de Deus, não adianta, dona Celinha. Os moradores do Jambalaya estão tão acostumados com os gritos de dona Coppelha
36:14que acham aqui tudo natural. Não adianta gritar.
36:16Gente, gente, gente, vamos acalmar os nervos, que a situação só tende a piorar.
36:20E se sair pancadaria, mamãe não tem nem mercurio-croma aqui em casa.
36:23Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! Ai!
36:28Gente! Ai, meu Deus!
36:32Eu não acredito! Ai! Com licença!
36:35Com licença!
36:39Essa é doida!
36:41Mamãe?
36:43Mamãe, tá passando bem?
36:46Aconteceu alguma coisa?
36:50Ah!
36:52Ih, Marijó, só faltava essa. Se trancou no banheiro.
36:55Ué, vai ver, ela tava necessitada, né, Celinha?
36:58Gente!
37:00Eu tô louca!
37:02Olha, na hora da confusão, sem o Beraldo, véi, eu maloquei o celular.
37:07Porque eu achei que a gente ia precisar e esqueci.
37:10Olha! De quem é?
37:11É meu! É meu meu celular!
37:13Oh, meu Deus!
37:14Mas a senhora malocou o celular onde?
37:16Ah, dona Copelha?
37:18Prefiro não comentar.
37:22Liga pra um serralheiro, mãe.
37:24Nós vamos ligar, nós vamos ligar!
37:25Alguém vai me tirar daqui!
37:26Eu conheço um serralheiro que fica aberto dia e noite, mas o telefone está na minha agenda em casa.
37:30E a troca de quê? Você tem um telefone de um serralheiro, mamãe?
37:33Celinha!
37:34Não é a primeira vez que as chaves são perdidas.
37:37Eu já fiquei algemada a uma bananeira durante um dia inteiro.
37:41Vocês acreditam?
37:43Onde, mamãe?
37:44Aqui mesmo.
37:45No Matagal.
37:47Já sei! Me dá esse telefone aí. Me dá o telefone que eu preciso falar com o Ícaro.
37:50Vou contar essa novidade pra ele, ele vai adorar.
37:52Ligação internacional, hein, Zadó?
37:54Hum, minha filha, eu pago.
37:58Alô!
37:59Oi, amor, sou eu.
38:01Ó, pra te contar uma novidade.
38:02Não teve nada de grampo telefônico, não.
38:04Não era a Polícia Federal, era uma investigação particular.
38:08É um tal de psicopata aí, Beraldo, né?
38:11Fala do anel.
38:13Quem sabe ele não te dá outro anel.
38:16Não, amor, tá tudo bem sim, tá? Aproveita bem Paris.
38:19Relaxa, viu? Tá tudo certo.
38:21Beijo, desligando.
38:23Olha...
38:24Ué, que isso, Isadora? Tô boba.
38:27Nunca vi ninguém perder uma joia de tanto valor e ficar nessa calma.
38:31Por que a joia de tanto valor está no cofre, Celina?
38:35Aquilo ali era uma cópia.
38:37Que garota mau, caralho.
38:41É impressionante.
38:43O ladrão tava plantando milho e a olho junto já ensacou o fubá.
38:49Liga pra um serralheiro, pelo amor de Deus.
38:52Não vamos arrosar alguém pra tirar a gente daqui, gente.
38:55Ah, que pena, que pena.
38:57Eu pensei que eu fosse dormir sentindo o perfume dos teus cabelos.
39:02A senhora vai dormir na sua cama, que é lugar quente. Cadê eu?
39:08Aqui, gente, aqui.
39:11Alô!
39:13Amor!
39:14Arnaldo, meu querido.
39:17Como é que tá aí no Equador?
39:19Tumbaco é bacana?
39:21Que interessante.
39:24Sei, sei.
39:26Aqui?
39:28Tudo bem.
39:30Tudo bem.
39:32Se eu te dissesse que eu tô aqui algemada, a Dona Deise e a Altatalo,
39:36presa aqui no quarto junto com o Mário Jorge, Celinha, Copélia, Álvaro, Bozena, Adonis, Isadora...
39:41Você acreditava, amor?
39:44Não?
39:46Pois então.
39:47Não, brincadeira.
39:49Tudo bem.
39:51Tudo saiu exatamente como eu tinha combinado, amor.
39:55Isso, um dia de solteira.
39:57Mais um dia comum de nossas vidas.

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