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Autorizado a ir para prisão domiciliar pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, o ex-presidente Fernando Collor de Mello vai cumprir sua pena de 8 anos e 10 meses na cobertura de um prédio de 6 andares na região da praia de Ponta Verde, em Maceió.

O valor do imóvel foi avaliado pela Justiça do Trabalho em 9 milhões de reais quando foi ordenada a penhora do apartamento para o pagamento de uma dívida trabalhista.

Moraes acatou recomendação da PGR ao conceder prisão domiciliar a Collor, que foi condenado por envolvimento no esquema de corrupção da BR Distribuidora, em processo decorrente da Lava Jato.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que a pena fosse cumprida em regime domiciliar devido à idade avançada e à condição de saúde do ex-presidente.

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

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Transcrição
00:00autorizado a ir para prisão domiciliar pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal,
00:05o ex-presidente Fernando Collor de Mello vai cumprir sua pena de 8 anos e 10 meses
00:12numa mansão de R$ 9 milhões e 600 metros quadrados.
00:17Ricardo Kertzmann, eu já vou complementar as informações,
00:21mas você escreveu sobre isso com aquela sua indignação que vem do coração
00:25e eu quero saber já o que você destaca.
00:28Olha, Felipe, é mais uma infâmia, é mais um tapa na cara de qualquer cidadão brasileiro,
00:36porque o caso, Felipe, ocorreu, a corrupção, os atos ocorreram no começo da década de 2010.
00:44A denúncia foi ofertada quase 5 anos depois, aí 10 anos após, ou seja, só agora em 2025,
00:52ele finalmente é condenado, o Fernando Collor é finalmente condenado.
00:56Quando a gente acha que vem um sopro de algum tipo de punidade, de punição,
01:03menos de uma semana depois já está ele de novo cumprindo prisão domiciliar,
01:08e uma belíssima prisão, porque estamos falando de uma cobertura de 600 metros à beira-mar.
01:14Felipe, segundo o Conselho Nacional de Justiça, há aproximadamente 800 mil presos no Brasil.
01:22Desses 800 mil, cerca de 40% nem sequer ainda foram julgados, não tem ainda o tal do transitado em julgado,
01:31quando não cabe mais recurso.
01:33De alguma forma, são presos provisórios.
01:36Essas pessoas, Felipe, que não têm advogados estrelados, advogados que frequentam a Suprema Corte
01:41trajando bermudas e chinelos, essa gente é depositada em verdadeiras masmorras,
01:48sem condição de higiene, sem água potável, sem comida de qualidade,
01:52e fica todo mundo lá à espera de um dia ter algum juiz que assine ou sua absorvição ou a sua sentença.
02:00E muitas vezes, Felipe, esse pessoal fica preso mais tempo do que o que foi sentenciado posteriormente.
02:06Mas aí, quando se trata de figurões, de poderosas, como o ex-presidente Fernando Collor,
02:12por questões de idade, de saúde, tudo fica relativizado.
02:16Vem uma canetada e apaga o passado, apaga toda a corrupção
02:23e coloca este senhor numa pena de prisão domiciliar
02:29às custas de todo o dinheiro que a população brasileira perdeu, foi surrupiada.
02:35Porque a condenação continua existindo.
02:38A condenação, em momento algum, foi refeita.
02:41Ou seja, Felipe, é mais do mesmo.
02:44É mais do puro suco do Brasil que, impressionantemente, a gente nunca vê acabar.
02:50O Collor vai cumprir a pena numa cobertura de um prédio de seis andares
02:55na região da Praia de Ponta Verde, em Maceió.
02:58É, na praia.
02:59O valor do imóvel foi avaliado pela Justiça do Trabalho,
03:02nesses nove milhões de reais, quando foi ordenada a penhora do apartamento
03:06para o pagamento de uma dívida trabalhista.
03:08São 600 metros quadrados de área, segundo reportagem do UOL.
03:12Moraes acatou a recomendação da PGR ao conceder prisão domiciliar à Collor
03:16e foi condenado por envolvimento no esquema de corrupção
03:19da BR Distribuidora em processo decorrente da Lava Jato.
03:22Ele foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
03:24Ele recebeu, com a ajuda do Leoni Ramos e do Duarte de Amorim,
03:3020 milhões de reais de propina da UTC Engenharia,
03:33que era presidida pelo Ricardo Pessoa,
03:34que deu depoimento de colaboração premiada detalhando tudo,
03:37inclusive as formas de pagamento.
03:39E o PGR atual, o Paulo Gonê e sócio do Gilmar Mendes,
03:42defendeu que a pena fosse cumprida em regime domiciliar
03:45devido à idade avançada e à condição de saúde do ex-presidente.
03:48Aí eu faço aquela pausa, antes de dar as aspas aqui para o Gonê,
03:53que é o seguinte.
03:54A operação de busca e apreensão autorizada pelo Sérgio Moro,
03:58que encontrou comprovante de depósitos bancários
04:02do doleiro Alberto Youssef para o Collor,
04:04no valor de 50 mil reais,
04:06ela foi em 2014.
04:08Naquela época o Collor era senador,
04:11portanto tinha foro privilegiado.
04:12Quando se encontrou uma prova contra ele,
04:14o então juiz da Lava Jato em Curitiba
04:16agiu da maneira protocolar,
04:17enviou as provas para o relator da Lava Jato no STF,
04:22Teori Zavascki,
04:23ministro que depois veio a morrer num acidente aéreo,
04:26mas que era ali o ministro responsável
04:29por receber essa prova da primeira instância.
04:3250 mil em comprovantes.
04:34Daquela pena saiu o galinheiro todo
04:36para se chegar a uma propina de 20 milhões
04:38em contratos da BR Distribuidora com a UTC
04:41que totalizavam cerca de 650 milhões de reais.
04:45Então, cara, o empresário de fora do Estado,
04:48ele leva uma bolada de 650 milhões
04:51e ele paga ali uma propina de 20 milhões.
04:53Ele sai no lucro,
04:55mas está corrompendo o sistema.
04:58Mais do que já estava corrompido.
05:00Então, a operação foi em 2014.
05:04Se investigou e o então PGR Rodrigo Janot
05:08denunciou o Collor em 2015.
05:122015.
05:14Olha só, o Collor foi condenado pelo plenário do STF em 2023,
05:18oito anos depois da denúncia.
05:22Teve seus primeiros recursos rejeitados em 2014,
05:26mantida a decisão pelo próprio STF.
05:282024, perdão.
05:30E agora, em 2025,
05:33tem a outra parte dos seus recursos rejeitados
05:35e é alvo ali de uma ordem de início de cumprimento de pena.
05:40Portanto, vai preso.
05:422025.
05:43Dez anos depois da denúncia.
05:45São dez anos para mandar um sujeito para a cadeia?
05:49É muito tempo.
05:50Aí o sujeito envelhece.
05:52O sujeito passa a ter problemas de saúde reais ou não,
05:55porque há uma desconfiança muito grande se ele tem.
05:58Já vamos falar sobre isso.
05:59E aí reforça a alegação da defesa
06:01de que ele está com idade avançada,
06:03de que ele tem problemas de saúde.
06:05Você tem um problema no Poder Judiciário,
06:07que aliás não gosta de receber crítica.
06:09Daqui a pouco vem o presidente da Corte, Luiz Roberto Bauru,
06:11para escrever artigo de jornal, para rebater.
06:13Só que é o Poder Judiciário que tem um custo bilionário para o país.
06:18É um país onde parece que o crime compensa.
06:21Então, depois da manifestação da PGR,
06:24o Moraes escreveu na decisão,
06:25abro aspas,
06:26No atual momento de execução da pena,
06:28a compatibilização entre a dignidade da pessoa humana,
06:30o direito à saúde e a efetividade da justiça penal
06:33indica a possibilidade de concessão da prisão domiciliar humanitária
06:36a Fernando Afonso Collor de Mello,
06:38pois está em tratamento da doença de Parkinson
06:39há aproximadamente seis anos,
06:42com a constatação real da presença progressiva
06:44de graves sintomas não motores e motores,
06:47inclusive histórico, de quedas recentes.
06:49Fecho aspas.
06:50Isso aí é tudo que o Moraes não fez no caso do Clériston,
06:54o Clézão, que morreu na cadeia.
06:55Claro que isso pode ter gerado uma pressão no Moraes para fazer sempre,
06:59mas quando o Clériston morreu na cadeia
07:02com pedido pendente e aval da PGR pelo seu relaxamento,
07:05mas deixado na gaveta do Moraes,
07:07eu publiquei uma análise no Antagonista
07:09mostrando como o STF tinha sido muito mais celere,
07:12muito mais ágil, muito mais rápido,
07:14para soltar político.
07:15E citei os casos do Jorge Pisciani,
07:18citei Paulo Maluf,
07:21e aí está vindo mais um exemplo,
07:23é o Collor.
07:25Quando é alguém que não importa muito
07:28para o Supremo Tribunal Federal,
07:31a análise fica lá, esquecida na gaveta.
07:35Mas se é um figurão,
07:36é rapidinho,
07:37uma semana.
07:38A ordem do Moraes,
07:40repito,
07:42foi a ordem de prisão,
07:43e uma semana depois,
07:45vem a manifestação da PGR
07:47e imediatamente o Moraes acata.
07:50O Clériston ficou lá meses,
07:53meses com pedido pendente.
07:55O ministro do STF determinou
07:56a utilização de tornozeleira eletrônica,
07:58a suspensão do passaporte de Collor
07:59e a proibição de visitas,
08:01salvo de seus advogados regularmente constituídos
08:03e com procuração nos autos.
08:04Vamos exibir um vídeo em que o Collor
08:06nega estar doente.
08:07Foi na audiência de custódia
08:08em 25 de abril de 2025.
08:10Pode soltar.
08:11de todos os requisitos legais
08:14dessa prisão
08:15e, além disso,
08:16colher algumas informações.
08:18Tudo bem,
08:19Sr. Fernando Collor?
08:21Tudo bem.
08:22O senhor tem alguma doença,
08:24faz uso de algum medicamento
08:25de uso contínuo?
08:27Não.
08:29Já respondeu
08:31a algum outro processo criminal?
08:32Tem sido condenado?
08:35Não.
08:35Não.
08:35Não.
08:35Quer dizer, respondeu não.
08:39Se tem alguma doença,
08:40ou faz uso de algum medicamento
08:41de uso contínuo,
08:42ele até repetiu a palavra uso,
08:44e o Collor falou não.
08:45Depois ali de um tudo bem e tal,
08:47e ele rindo, né?
08:48Porque, teoricamente,
08:49não está tudo bem
08:50para alguém que está respondendo
08:51um processo,
08:51condenado,
08:52sendo preso.
08:53Isso foi agora.
08:55Faz pouco mais de uma semana,
08:56nós estamos no dia 2 de maio.
08:57Isso foi 25 de abril.
08:58E o Collor negou.
09:01E não pareceu aí
09:02com nenhum problema.
09:03Então, é claro que isso
09:04gera mais desconfiança,
09:06isso gera mais repúdio
09:07da sociedade.
09:08Duda Teixeira.
09:09Esse é um dos maiores problemas
09:11do STF atualmente,
09:13que é isso,
09:14a decisão,
09:16a sentença,
09:17ela depende
09:18não das leis,
09:19do que diz a Constituição,
09:21do Código Penal,
09:22mas de quem está sendo
09:24julgado.
09:26E aí,
09:26o STF pode ser,
09:28punitivista
09:30ou pode ser garantista.
09:32Agora, com o Collor,
09:33foi garantista.
09:35A ideia é preservar
09:36os direitos,
09:37dá até ânsia
09:38quando a gente lê,
09:39falando da dignidade humana,
09:41essas coisas.
09:43E pode também
09:44ser muito rápido,
09:47às vezes,
09:47para condenar alguém,
09:48como no caso das pessoas
09:49lá do 8 de janeiro,
09:51ou muito lento.
09:53Ainda que a condenação
09:54do Collor
09:55já tenha acontecido
09:56há bastante tempo,
09:57o cumprimento
09:59dessa condenação,
10:00a decisão mesmo
10:01de mandar ele
10:02para a prisão,
10:03demorou mais de 10 anos.
10:06E aí,
10:06é claro,
10:07fica essa sensação
10:08correta,
10:10do meu ponto de vista,
10:11de que a justiça
10:12não foi feita.
10:15O Collor passou
10:1610 anos
10:17curtindo a vida,
10:19passeando por aí,
10:21sem qualquer problema,
10:23bem de saúde,
10:24como ele aparentemente
10:25está falando ali,
10:27não toma remédio.
10:29Quer dizer,
10:29Duda,
10:29respondendo ao processo
10:31em liberdade.
10:32Ele não estava
10:32preso preventivamente,
10:33não estava sob qualquer
10:34medida cautelar,
10:36me parece,
10:37mas certamente não
10:38com tornozeleira eletrônica,
10:40então estava aí
10:40torrando o dinheiro dele.
10:42Exato.
10:42Entre aspas,
10:43possivelmente.
10:44E agora a prisão domiciliar,
10:45ainda que a prisão,
10:47mesmo a prisão domiciliar,
10:49ela tenha um custo pessoal,
10:51a pessoa realmente
10:52vai ser privada,
10:54a sociedade mesmo,
10:55e começa a evitar
10:56a pessoa que está
10:57condenada em prisão domiciliar,
11:00mas um apartamento
11:01de 600 metros quadrados,
11:03de frente para o mar,
11:05imagino que tenha
11:05muito brasileiro
11:06que adoraria
11:06viver nessa prisão domiciliar.
11:09Estou pensando
11:09que 600 metros quadrados,
11:11imaginar o tamanho
11:13dessa área,
11:13acho que dá para fazer
11:14até uma pista de Cooper
11:15ali para ele se exercitar,
11:17que aliás,
11:18na época dele de presidente,
11:19adorava correr um pouquinho.
11:21Olha,
11:21esse vídeo que a gente mostrou
11:22do ex-presidente
11:23Fernando Collor de Mello
11:24em audiência de custódia,
11:25pouco mais de uma semana atrás,
11:27negando ter qualquer doença,
11:29foi publicado
11:30pelo senador
11:30Sérgio Moro
11:31da União Brasil do Paraná,
11:32ex-juiz da Lava Jato,
11:33que escreveu o seguinte,
11:35aspas,
11:35o ex-presidente Collor,
11:36condenado por corrupção,
11:37não parecia,
11:38na audiência de custódia,
11:39ter problemas sérios de saúde.
11:40Aliás,
11:41negou tê-los.
11:42Seria recomendável
11:43uma avaliação médica
11:44independente
11:45antes da concessão
11:46do benefício
11:46da prisão domiciliar.
11:48Fecha o aspas.
11:49Ricardo Kershman,
11:50o que você destaca
11:51mais dessa história?
11:52Que ao ler,
11:53Felipe,
11:54a decisão do Alexandre de Moraes
11:56falando em dignidade
11:57da pessoa humana,
11:59eu confesso
12:00que eu me senti
12:00o contrário,
12:01eu me senti indignado,
12:03porque esta dignidade
12:05que o ministro
12:06confere
12:07ao ex-presidente
12:08Fernando Collor
12:09é a mesma dignidade
12:12que ele não confere,
12:13que ele sonega,
12:14Felipe,
12:14com essa decisão
12:15daqueles presos
12:17que eu me referi
12:18agora há pouco,
12:19que estão lá
12:20jogados em masmorras.
12:22É a mesma dignidade
12:23que ele sonega
12:24a mim,
12:25Felipe,
12:26que fui roubado,
12:28a mim,
12:28a você
12:28e a todos
12:29que ouvem a gente agora,
12:30porque o dinheiro
12:31que foi surrupiado
12:32é de todos nós.
12:32é a mesma dignidade
12:34que ele não confere
12:36a mais de 50%
12:38da população brasileira
12:39que nem sequer
12:40saneamento básico
12:41tem
12:42nas suas casas.
12:45Falar em dignidade
12:46à pessoa humana
12:47para um ex-presidente
12:49que fez o que fez
12:50e fechar os olhos
12:51para a dignidade
12:52dos milhões
12:54de miseráveis
12:54do país
12:55é indigno,
12:56é um tapa na cara.
13:02Obrigado.
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