- 27/06/2025
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://oantagonista.uol.com.br/
https://crusoe.uol.com.br/
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial
https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site:
https://oantagonista.uol.com.br/
https://crusoe.uol.com.br/
Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Olá, você é assinante da revista Cruzoé que nos acompanha.
00:13Olá, meu nome é Guilherme Mendes, sou repórter da revista.
00:17E no Cruzoé Entrevista da Semana a gente vai conversar com o Marcelo Iça,
00:21diretor executivo da Transparência Partidária,
00:24falar um pouco sobre a transparência dos partidos
00:28dez anos depois dos grandes atos de rua de 2013,
00:32como os partidos estão hoje e principalmente se eles estão evoluindo nesse sentido.
00:40Doutor Marcelo, obrigado por nos receber e uma boa tarde.
00:45Boa tarde, Guilherme. Boa tarde a você e a todos os assinantes.
00:50Boa tarde. Marcelo, eu queria começar fazendo uma pergunta sobre 2013.
00:55A gente tem discutido nesse último mês os dez anos dessas manifestações
01:00e a gente lembra, o ponto em comum era que em 2013 havia um certo cansaço
01:09sobre a política tradicional e também, até certo ponto, sobre os partidos.
01:15E foi um momento onde a população tentou ali tomar para si as rédeas
01:21da democracia fora dos partidos, aparentemente.
01:25Então eu faço essa pergunta, desde 2013, os partidos fizeram manobras para se aproximar
01:31dos cidadãos ou para se tornar mais transparentes?
01:34Que saldo que você faz?
01:36Olha, é muito interessante você começar perguntando sobre junho de 2013,
01:43porque a questão partidária esteve no centro daquelas manifestações,
01:50mas num sentido, eu diria, negativo.
01:53Era bastante comum a rejeição a qualquer bandeira partidária nas manifestações,
02:02um sentimento de aversão aos partidos que, obviamente, não se iniciou no junho de 2013,
02:13ou nas proximidades daqueles atos, era algo que já vinha, já de muito tempo,
02:20detectado numa série de levantamentos, em que os partidos políticos, tradicionalmente,
02:28aparecem nas últimas posições entre as instituições que têm algum tipo de prestígio
02:38junto à sociedade.
02:42Esse sentimento antipartidário vai se intensificando ao longo dos anos seguintes
02:51e se transmuta, eu diria, num sentimento antissistema, mais amplo até,
02:59que em relação apenas aos partidos políticos, uma aversão a toda a política.
03:06E isso redonda de modo mais concreto nas eleições de 2018,
03:13com a vitória do ex-presidente Jair Bolsonaro,
03:17que se colocava como um político antissistema.
03:22De lá pra cá, os partidos fizeram algumas tentativas de reformular o seu posicionamento
03:37junto ao eleitorado, junto à população.
03:42E eu digo o seu posicionamento e não suas práticas efetivas,
03:50porque essa reformulação ficou muito mais restrita ao nível, eu diria, da forma,
04:02e não avançou em relação ao conteúdo.
04:06Ou seja, muitos partidos alteraram a sua própria denominação.
04:14Esse é um fenômeno bastante disseminado e que é bastante fácil de localizar no tempo,
04:24nesses anos que seguiram a junho de 2013.
04:27Nós tivemos, por exemplo, o MDB, que nasceu como MDB,
04:36Movimento Democrático Brasileiro, e depois, em função de alteração legislativa,
04:43mas agrega a nomenclatura, deixando evidente que se trata de um partido,
04:50na esteira desse reposicionamento de imagem, digamos assim,
04:58também subtrai, talvez seja o primeiro a subtrair a nomenclatura partido,
05:06e depois uma série de outras legendas também seguem esse caminho,
05:12e algumas buscando, inclusive, se posicionar como movimentos da sociedade,
05:22como iniciativas que rejeitariam as velhas práticas partidárias
05:30que historicamente no Brasil, e é bom que se diga não apenas no Brasil,
05:35muitas vezes concentram poder nas instâncias burocráticas,
05:44ou seja, tem um nível de democracia muito incipiente, intrapartidária,
05:53da mesma forma, as práticas de transparência, de prestação de contas,
05:59aos filiados e aos eleitores, de um modo geral, também ficam comprometidas.
06:08Então, eu diria que as alterações que o junho de 2013 provocou
06:15no sistema partidário brasileiro foram muito mais de forma que de conteúdo,
06:20o que é bastante lamentável, porque os partidos políticos
06:26são o coração do sistema político brasileiro,
06:30e nós entendemos que eles devem ser fortalecidos,
06:35mas a partir desses pilares, da transparência, da democracia interna,
06:41da equidade na distribuição, não só de recursos financeiros,
06:46mas também de recursos de poder entre os diferentes integrantes,
06:51os diferentes grupos integrantes dos partidos políticos,
06:54e também em relação à integridade, mecanismos para prevenção e repressão
07:00de ilícitos no âmbito dos partidos políticos.
07:04Nós perdemos, na minha opinião, uma grande oportunidade de avançar nesse sentido,
07:11muito também em função da responsabilidade que os próprios partidos têm,
07:16porque muitas vezes caminham em sentido oposto a esses pilares que eu mencionei.
07:25Entendi.
07:26E em que sentido, em que contexto que a gente consegue encaixar esse projeto,
07:33que foi aprovado de uma maneira tão acachapante ali na Câmara,
07:37sobre a injúria a políticos e pessoas politicamente expostas?
07:44Houve apoio de partidos do PT ao PL dentro dessa proposta,
07:49que foi muito mal vista por partes da sociedade.
07:53Então, assim, dentro dessa letargia dos partidos em se modificar,
08:00esse processo, esse projeto, ele entra em que contexto?
08:07É um contexto até mais abrangente, eu diria,
08:11porque o projeto não diz respeito apenas à questão partidária,
08:17ele trata das pessoas politicamente expostas.
08:23Então, não apenas os dirigentes partidários são pessoas politicamente expostas,
08:28não apenas os partidos, são pessoas politicamente expostas,
08:32mas todos aqueles que têm algum nível de proximidade com os tomadores de decisão
08:39são pessoas politicamente expostas,
08:42de acordo com a legislação internacional, com as boas práticas internacionais
08:48e também com aquilo que o Brasil adota em termos de políticas públicas
08:55para a repressão a ilícitos, especialmente a repressão a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
09:05Então, existe uma resolução do COAF que define quais são as pessoas politicamente expostas
09:12partindo exatamente desse racional, ou seja,
09:16as pessoas que têm um poder de tomar decisões,
09:22um poder de contato com recursos públicos.
09:27Da mesma forma, as pessoas próximas a esses que operam recursos públicos
09:34devem ser consideradas e são consideradas para os fins dessa resolução do COAF
09:41pessoas politicamente expostas em relação às quais
09:45os órgãos de fiscalização financeira contábil do poder público
09:52devem ter um cuidado maior no que se refere ao monitoramento
10:00das transações realizadas por essas pessoas.
10:03Então, a lógica é a seguinte, pessoas que têm contato com recursos públicos
10:10e pessoas próximas, que muitas vezes a experiência demonstra
10:15são utilizadas, essas pessoas próximas, para funcionar como laranjas,
10:23ou seja, como intermediários em transações ilícitas para lavagem de dinheiro,
10:29devem ter as suas transações financeiras mais controladas, monitoradas com mais atenção.
10:37Essa é a lógica em qualquer país civilizado do mundo.
10:42E essa era a lógica que operava no país, no Brasil,
10:46e segue operando, tomara que continue assim,
10:50mas, de acordo com essa proposta, o PL 2720 de 2023, que você menciona,
10:58que é de autoria da deputada Dani Cunha, do União Brasil do Rio de Janeiro,
11:04filha do ex-deputado Eduardo Cunha,
11:08essa lógica se inverteria, de acordo com essa proposição,
11:11essa lógica se inverteria para, então, determinar
11:15que as pessoas politicamente expostas, ou seja, os políticos, os dirigentes partidários
11:23e pessoas próximas a esses indivíduos,
11:28não poderiam ter uma atenção especial das instituições financeiras
11:35e dos órgãos de fiscalização por serem pessoas politicamente expostas,
11:40ou seja, inverte a lógica,
11:41determinando, inclusive, que se houver qualquer constrangimento
11:46na hora de abrir uma conta,
11:52obter um empréstimo, fazer alguma transação financeira,
11:58essas instituições e pessoas responsáveis por esse suposto constrangimento
12:04poderiam responder criminalmente.
12:07Então, é uma inversão total da lógica de proteção da coisa pública
12:14que o próprio conceito de pessoa politicamente exposta atribui.
12:21E eu entendo que é mais um movimento,
12:25no mesmo sentido, das diversas alterações que nós vemos ocorrer de fato
12:33ou serem propostas, muitas vezes, para modificar a lei eleitoral
12:41ou a lei dos partidos,
12:43e que, infelizmente, não é também algo que tenha surgido no pós-junho de 2013,
12:52mas que, infelizmente, se manteve após 2013,
12:56sempre essas proposições ou alterações orientadas a flexibilizar as sanções aplicáveis
13:06a partidos políticos, a tomadores de decisão de uma maneira geral,
13:13suavizar sanções e também, digamos assim,
13:18diminuir as prerrogativas dos órgãos de controle.
13:22Então, eu entendo que é mais um passo nessa direção
13:28que eu considero bastante perigosa
13:32porque pode manter ainda muito viva
13:38essa chama do sentimento antissistema.
13:43Eu acho que pode não só manter viva, como alimentar.
13:47Então, em resumo, eu diria que, a cada vez que o sistema político
13:52dá um passo nessa direção, ele mantém viva
13:56e alimenta a chama do sentimento antissistema.
14:01Excelente.
14:03Marcelo, a gente teve aí, nos últimos dois anos,
14:06nas últimas duas eleições,
14:09duas mudanças na lei eleitoral muito relevantes.
14:14uma delas que é a imposição de cotas para candidaturas femininas
14:19e agora, mais recentemente, até na eleição passada,
14:22já se iniciou as primeiras etapas de uma cota para candidaturas negras
14:29com o dobro de votos para fins de totalização e marcação de cadeiras no parlamento.
14:37O que acontece é que, já nas primeiras eleições com a cota de candidaturas femininas,
14:43a gente já ouviu falar de muita fraude e muito uso de laranjas
14:47para que cumprisse esse número, essa cota de candidaturas.
14:52Inclusive, a bancada do PL no Ceará, na Assembleia Legislativa,
14:56foi inteiramente destituída por...
14:59ou perdeu o mandato, né?
15:00por fraude à candidatura da cota feminina.
15:04Eu pergunto para você se eles sonegam essas informações na sua visão,
15:10se os partidos sonegam essas informações,
15:13e já emendando numa segunda pergunta,
15:15quem que é a instituição capaz de parar
15:18uma má versação da esfera pública pelos partidos?
15:25É o STF, é o TSE, ou se é a própria imprensa, é a sociedade?
15:29Como que você enxerga isso?
15:33Bom, com relação às candidaturas de mulheres,
15:38os partidos têm demonstrado uma dificuldade muito grande
15:44em cumprir determinações singelas, eu diria,
15:50em relação a esse tema, e antigas.
15:53Desde 2009, por exemplo, a lei partidária determina
15:58que 5% dos recursos do fundo partidário
16:03sejam destinados a programas de promoção
16:06da participação da mulher na política.
16:09E os partidos, sistematicamente, não cumprem,
16:13como regra geral, essa determinação.
16:16A destinação de recursos para campanhas de mulheres
16:22também é um outro problema bastante grave,
16:27ao qual se soma mais recentemente a destinação de recursos
16:31para campanhas de mulheres negras,
16:33porque nenhum dos dois comandos tem sido efetivamente cumprido.
16:40E isso se deve a uma série de fatores,
16:43não é uma questão que tenha apenas uma causa.
16:50É claro que os partidos têm e devem ter autonomia
16:55para definir as suas estratégias eleitorais,
16:59no entanto, é preciso que os partidos sejam, sobretudo,
17:05antes de tudo, melhor dizendo, internamente democráticos.
17:09Eu costumo dizer que a questão da participação de mulheres e negros
17:15e outros grupos socialmente majoritários
17:19e historicamente minorizados ou politicamente minorizados
17:25apenas caminhará, de fato, com consistência
17:33para que tenhamos mais representatividade na política institucional,
17:40quando esses grupos também estiverem representados ou presentes
17:47nas estruturas de decisão interna dos partidos políticos.
17:52Entendo que é necessário criar estímulos, incentivos
17:58para que mulheres, negros e outros grupos marginalizados
18:02ocupem também as estruturas dos partidos políticos.
18:09Existem experiências nesse sentido, fora do Brasil,
18:14que promovem reflexos bastante significativos
18:19nos parlamentos, na ocupação de cargos na máquina pública.
18:25Então, os partidos, como respondendo a sua pergunta,
18:32em alguns casos, sim, já demonstradamente
18:37sonegaram informações, apresentaram candidaturas laranja,
18:44candidaturas fantasma, a pretexto de cumprir a cota,
18:49sem dar efetiva condição de participação
18:52para essas mulheres, sem destinar recursos suficientes
18:57para essas mulheres, ou então, muitas vezes,
19:01destinando os recursos na antevéspera, digamos assim,
19:05do pleito eleitoral, apenas para que fique registrada
19:09a tramitação de uma determinada quantia
19:12por essas campanhas, que logo em seguida
19:15é transferida para campanhas de homens.
19:19Então, é um problema muito sério,
19:22mas que certamente não será resolvido
19:25com mais uma anistia,
19:28tal como se coloca agora com a proposta de amenda
19:31à Constituição 9, de 2023, a PEC 9,
19:36que anistia o descumprimento de repasses
19:39para as campanhas de mulheres e pessoas negras,
19:43e, além disso, todas as irregularidades
19:45são irregularidades cometidas pelos partidos políticos
19:48até uma eventual promulgação dessa emenda.
19:52E são irregularidades como, por exemplo,
19:56a construção de piscinas ou saunas
20:01ou aquisição de veículos de luxo
20:06para uso dos dirigentes partidários,
20:09reformas em suas próprias residências,
20:12e esse tipo de benfeitoria, são irregularidades.
20:16O Tribunal Superior Eleitoral, ano a ano,
20:20identifica, é claro que esses exemplos que eu cito
20:26são os mais emblemáticos,
20:28mas há uma série de outras irregularidades
20:31que a Justiça Eleitoral identifica,
20:34não apenas na gestão dos recursos do fundo partidário,
20:38mas também na gestão dos recursos do fundo eleitoral,
20:42e essa PEC anistiaria todas as irregularidades
20:45em relação à primeira dimensão.
20:49Então, eu insisto,
20:52aparentemente, lamentavelmente,
20:56o sistema político brasileiro ainda não compreendeu
21:00que para mudar a política
21:04e para evitar o sentimento antissistema
21:09que pode levar à instituição de autocracias,
21:16inclusive, é necessário reformar os partidos.
21:20Para mudar a política, é preciso reformar os partidos.
21:24Os partidos são o centro do sistema político
21:27e, lamentavelmente, nas discussões que se colocam
21:31eventualmente sobre reforma política,
21:33os partidos são os grandes esquecidos.
21:37Então, discute-se muito sobre o sistema eleitoral,
21:41se vamos ter o sistema distrital,
21:44o sistema distrital misto,
21:47o modo de financiamento,
21:49se está permitido o financiamento
21:50de pessoas físicas ou jurídicas,
21:53mas quase não se discute as regras de governança
21:58dos partidos políticos,
22:00as regras de accountability,
22:02de prestação de contas.
22:04E, enquanto não fizermos isso,
22:06seguirmos caminhando no sentido oposto,
22:09eu entendo que os riscos para a democracia brasileira
22:11são muito significativos.
22:13Como pergunta final,
22:15eu queria citar dois casos concretos aqui.
22:17O primeiro a gente citou no Antagonista,
22:20até que o presidente Lula,
22:22hoje presidente,
22:23recebe um salário de presidente,
22:25mas ele também recebeu um salário
22:28como líder partidário do PT,
22:31enquanto era presidente, agora em 2023.
22:34Ao mesmo tempo, a gente tem o caso do PL,
22:37do Jair Bolsonaro,
22:38que paga um salário para o presidente,
22:41hoje ex-presidente,
22:44e, ao mesmo tempo,
22:46ele ainda recebe as aposentadorias do Exército,
22:49recebe as aposentadorias da Câmara,
22:51e, mais recentemente,
22:53até esse final de semana,
22:54ele começou a receber picos dos apoiadores
22:56como uma forma de apoio
22:58ao julgamento que ele está passando pelo TSE.
23:03Aí, a pergunta que eu tenho é,
23:04o partido tem a autonomia
23:06de definir a quem ele paga,
23:08quem apoia o partido
23:11e quem presta serviço ao partido.
23:13Mas, nesse caso,
23:14você considera que é correto
23:15o pagamento aos ex-presidentes,
23:16visto que eles recebem outros vencimentos?
23:20No caso do Lula,
23:21hoje, por exemplo,
23:21ele já tem um emprego,
23:23no caso,
23:24como que você enxerga essa confusão
23:26entre líderes partidários e partido?
23:29Olha, existe quem defenda
23:32que a autonomia partidária,
23:36inscrita no artigo 17 da Constituição,
23:39e que deve ser preservada sempre
23:42como um valor importantíssimo,
23:46mas não um absoluto,
23:48como nenhum valor numa democracia,
23:50como nenhum instituto jurídico,
23:53há quem defenda que a autonomia partidária
23:57abarcaria, inclusive,
24:00os recursos públicos recebidos pela gremiação,
24:04ou seja, uma vez que o recurso
24:08sai do fundo partidário,
24:10recurso público,
24:11e ingressa na conta do partido político,
24:14o partido político teria total
24:16e absoluta,
24:19ou quase absoluta,
24:21autonomia para definir
24:23como utilizar esse recurso.
24:27Num outro sentido,
24:29existem aqueles que entendem
24:32que as regras, digamos,
24:36de trato ou de manejo
24:43dos recursos públicos
24:44que a administração pública
24:46deve observar
24:48seriam aplicáveis aos partidos políticos.
24:51Entendo que,
24:52ou seja,
24:53e aí seria necessário
24:56realizar licitações para contratações,
24:58todo um trâmite previsto ali
25:02na lei das licitações,
25:05por exemplo.
25:06Eu entendo que as duas posições
25:07são extremadas,
25:08os partidos políticos
25:11não têm,
25:12não devem ter total e absoluta autonomia
25:14para manejar os recursos públicos,
25:17mas também não devem
25:19se submeter a todas as regras
25:20que incidem sobre
25:22os órgãos públicos.
25:24é preciso que, sim,
25:26os partidos manejem
25:27os recursos públicos
25:29com um nível de autonomia,
25:31mas que preservem
25:35alguns princípios fundamentais
25:37que devem ser observados ali também
25:42para a administração pública,
25:44como a transparência,
25:45a publicidade,
25:46a moralidade.
25:48Então, nesse sentido,
25:49é claro que remunerar
25:53com recursos privados,
25:55recursos de doações recebidas
25:58pelos próprios filiados,
26:00esses ex-presidentes
26:04ou qualquer membro do partido,
26:08me parece que seria uma situação
26:11abarcada pela autonomia partidária
26:15e aí, como se trata
26:19de recurso privado,
26:21quem faz a doação
26:23é que teria
26:24de, enfim, manifestar
26:28seu descontentamento
26:29se a destinação
26:31não lhe parecesse adequada.
26:33Mas para isso também
26:34seria necessária transparência.
26:36Agora,
26:37esse destino
26:39de recursos públicos
26:42para indivíduos
26:44que têm outras rendas,
26:46outras fontes de renda,
26:48ou que, eventualmente,
26:49não estejam efetivamente
26:51trabalhando
26:52para os partidos políticos,
26:54aí sim me parece
26:55bastante questionável.
26:56Ou seja,
26:57um ex-presidente
26:58ou um presidente
27:00em exercício
27:01que receba
27:02recursos públicos
27:04por meio
27:05do partido político,
27:07supostamente
27:09como remuneração
27:11por algum serviço prestado,
27:12o mínimo
27:13que se exigiria, então,
27:15é que
27:16o partido
27:17demonstrasse
27:18qual foi
27:19efetivamente
27:20a justificativa
27:21para o recebimento
27:22daquele recurso.
27:24Qual foi
27:25o trabalho
27:27desempenhado
27:28por aquele indivíduo.
27:30E aí,
27:30mais uma vez,
27:31voltamos à questão
27:32da transparência
27:33para que, então,
27:34se possa fazer,
27:35digamos assim,
27:36um juízo
27:37de valor,
27:39seja do ponto de vista
27:41moral,
27:41seja do ponto de vista
27:42legal,
27:43a respeito
27:44desse assunto.
27:50Excelente.
27:51Queria agradecer
27:52ao Marcelo Luiz,
27:53obrigado pela gente,
27:55as palavras,
27:55obrigado por esse tempo
27:57conosco aqui no Cruzói Entrevistas.
27:59Eu que agradeço
28:00o convite,
28:01a disposição.
28:02Vocês que acompanharam,
28:03esse foi o Cruzói Entrevistas,
28:04nós voltamos na próxima semana.
28:06Até lá.
28:06E aí,
28:09o加害.
28:12O此mo é a
28:17E aí?
Recomendado
10:19
|
A Seguir
9:38
8:33
11:47
14:03
10:37
10:27
9:10
8:39