“As promessas de Lula dependem de reformas”, diz Evaristo Pinheiro | Meio-Dia em Brasília - Vídeo Dailymotion

O Antagonista

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Transcript

00:00Evaristo, a gente percebe que o presidente eleito é bastante articulado,

00:04inclusive já começou a expandir as suas agendas para conversar com outros presidentes,

00:10os presidentes também, como vocês falaram agora há pouco,

00:13já o parabenizaram e já sinalizaram que estão abertos a talvez

00:17alguma conversa e conversar também sobre a economia do país,

00:21só que como vocês também apontaram, foram feitas promessas de campanha

00:26bem ambiciosas, que é de aumentar esses auxílios, de tirar o país da fome,

00:33como ele mesmo foi a maior promessa de campanha do presidente eleito.

00:37Então, qual a sua avaliação, Evaristo, em relação aos desafios

00:40que o novo presidente terá que enfrentar?

00:42Além, obviamente, da questão fiscal, que a gente sabe que já é um grande desafio,

00:47e também de cumprir essas promessas de campanha, de implementação desses auxílios.

00:52Perfeito. Kiz, eu acho, com relação aos auxílios, auxílio e apoio ali,

00:59são basicamente um conjunto de promessas sociais,

01:03que acho também que é um outro consenso, dentro daquele consenso de responsabilidade fiscal

01:08que o Brasil tem, um outro consenso que a sociedade brasileira também adquiriu,

01:12desde a Constituição de 88, que a gente foi amadurecendo como sociedade,

01:16é uma responsabilidade social.

01:19Esse consenso se mostrou tanto em governos de centro-esquerda,

01:28em governos de centro-direita, e em um governo de direita do presidente Bolsonaro.

01:32Na pandemia, se fez muitos gastos sociais para se contrapor à problemática,

01:40ao cenário de interrupção de renda.

01:43Então, isso é um consenso social.

01:45Obviamente, num governo do PT, isso tende a ser maior,

01:49ou seja, tende a ser maior como ele prometeu, como o presidente Lula prometeu.

01:54Acho que o fiscal está intimamente relacionado a isso.

01:57Ou seja, o equacionamento desse déficit de 100 bilhões

02:00vai ir com outras medidas,

02:05a exemplo de reforma tributária, por exemplo,

02:08que vai abrir o espaço para se gerar o espaço fiscal para essas políticas sociais.

02:16Acho que é um pouco nisso que o governo já vem sinalizando em como quer trabalhar.

02:21Se o governo começar, de fato, impulsionando, coisa que é preciso dizer,

02:30no mandato 1 e 2 do presidente Lula,

02:34ou não se tinha maturidade, a sociedade, para fazer uma reforma tributária,

02:40ou o presidente também não fez tanta força para fazer.

02:43Se agora for, de fato, diferente e a gente fizer uma reforma tributária,

02:48isso tende a abrir, sim, espaço fiscal, algum espaço fiscal.

02:51Para além disso, equacionamento do programa fiscal,

02:55a gente tem dois pontos.

02:57Tem que racionalizar o gasto, ou seja, tem que fazer opções de gastos,

03:02isso é um ponto fundamental,

03:04e a economia precisa crescer.

03:05Quanto mais a economia cresce, menos déficit fiscal você tem.

03:10Então, o PT já vem sinalizando com o retorno da meta de superávit,

03:15o de déficit, isso é importante, isso é positivo.

03:19Uma reorganização orçamentária que já está em curso,

03:23com o Elton Dias conversando com o Marcelo Castro,

03:26também é importante.

03:28E a reforma tributária.

03:30Foi, inclusive, ventilado ali, como o Rodrigo falou,

03:33com um balão de saio, Bernarapia,

03:35ali dentro do Ministério, do eventual Ministério da Fazenda,

03:37é o grande articulador e redator da reforma tributária

03:43que está mais avançada no Senado Federal.

03:46É importante dizer, ela está ali para ser aprovada no Senado Federal.

03:50E são duas, na verdade, duas partes dessa reforma.

03:53Não adianta fazer o IVA sem fazer a reforma do imposto de renda,

03:57que é essa que abre recurso para usar em outras coisas.

04:02Com relação ao gasto social, a esses gastos sociais,

04:06as promessas podem parecer muitas,

04:09mas o custo delas não é tão alto assim.

04:13Então, a gente via, com toda a discussão que a gente tem de auxílio Brasil,

04:17por exemplo, de R$ 600,

04:18ele custa menos de R$ 50 bilhões,

04:21num orçamento de R$ 2,4 trilhões.

04:23Não dá para dizer que isso é o que macula,

04:28o que quebra o Brasil.

04:30A gente tem que fazer um orçamento um pouco mais racional.

04:34Acho que esse é um ponto importante aqui

04:38que eu acho que tende a ser discutido aqui nos próximos meses.

04:45Tem que lembrar que o orçamento,

04:47esses R$ 2 trilhões não estão,

04:49quase 90% deles ficam travados com despesas obrigatórias.

04:54Então, você tem pouca margem de manobra.

04:57Por isso, até uma reforma para rever isso também seria necessária.

05:04O que o Brasil precisa é de algumas reformas estruturais mesmo,

05:09para que a gente não perca esse momento.

05:11Você tem aí uma arrecadação em alta,

05:14muito em função da inflação, é verdade,

05:16porque você manteve aí as despesas com funcionalismo público,

05:20por exemplo, congeladas.

05:21E os preços sobem, a arrecadação sobe nominalmente,

05:26em função da inflação.

05:28Mas o que a gente precisa mesmo é tentar,

05:33está tudo atrelado a esse arcabouço fiscal.

05:37Porque se você não tiver...

05:39Eu até contava isso para o Claudio Dantas no dia da apuração dos votos,

05:45que eu estava conversando com a minha esposa aqui durante o almoço,

05:48e a minha filha de 10 anos estava acompanhando.

05:50E eu não sei o quão mal eu estou fazendo a ela,

05:53que a gente estava falando sobre orçamento, etc.

05:56E ela me perguntou, mas papai, o que eles estão prometendo?

05:59Que ela acompanhou alguma parte das discussões,

06:02propagandas eleitorais, etc.

06:03Eu falei, não, promete aumento do salário mínimo,

06:08isenção do imposto de renda mais alto,

06:12Auxílio Brasil mais alto.

06:13E eu falei mais umas três ou quatro coisas,

06:15e ela parou e falou assim,

06:15poxa, mas e como é que eles vão pagar tudo isso?

06:18Ela falou, pô, eu estou estragando essa menina.

06:20Dez anos me fazer uma pergunta dessa,

06:22tem alguma coisa errada.

06:23Mas na verdade é isso,

06:25é como é que você vai pagar isso.

06:27E eu vou lembrar a Margaret Thatcher,

06:28que o pessoal de esquerda não gosta muito de saber,

06:30mas a Margaret Thatcher falava,

06:32até vi isso hoje de manhã,

06:34um vídeo dela falando isso,

06:35que não existe dinheiro público, né gente?

06:37Existe dinheiro do contribuinte.

06:39O Estado não gera receita.

06:41Quem gera receita somos nós.

06:43E nós pegamos parte da nossa receita,

06:45entregamos para o Estado,

06:47porque acreditamos que ele vai fazer

06:48alguma outra coisa melhor ali.

06:50Alguns acreditam que a gente deveria dar

06:52todo o dinheiro para eles,

06:54e para o Estado,

06:55e o Estado resolve tudo da nossa vida,

06:56e outros acreditam que a gente não deve dar nenhum,

06:58e normalmente a gente fica no meio desse caminho.

07:00Então, assim, essa equação não tem uma resposta correta,

07:06mas ela tem pesos e contrapesos,

07:10e reações que você vai ter do capital como um todo, né?

07:14Nós não somos uma ilha,

07:15nós temos que lidar com outros países,

07:18e hoje a gente está numa situação

07:20tanto geográfica quanto econômica favorável.

07:24E aí é só a gente não perder tempo

07:25em perder oportunidade de novo,

07:28mais uma vez nesse país.

07:29E aí

07:34E aí

07:35E aí

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