O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, confirmou ao Congresso dos EUA que ainda não há espaço para cortes nos juros. A decisão reflete os riscos persistentes da inflação e os efeitos do novo tarifaço imposto por Donald Trump. Vinicius Torres Freire analisou os dados mais recentes do Fed, os efeitos das tensões políticas e o que realmente está em jogo para o mercado global e os investidores.
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00:00O presidente do FED, Jerome Powell, prestou o depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Estados Unidos nesta terça-feira.
00:08Powell afirmou que ainda não há condições para reduzir os juros no país e destacou os riscos persistentes da inflação.
00:17Vamos acompanhar agora o conteúdo da CNBC, que mostra as perguntas de French Hill, presidente do comitê, e de Nidia Velasquez, membro desse mesmo comitê.
00:26Presidente Powell, a última declaração do FED descreveu que a atividade econômica deve continuar a se expandir e o senhor acabou de reiterar isso em seu depoimento esta manhã.
00:39Na sua opinião, o termo recessão e a economia crescendo em um ritmo sólido são sinônimos?
00:45Eu diria que não.
00:46E o senhor observa que o mercado de trabalho continua forte e também mencionou que a reação inicial do PIB do primeiro trimestre também se deveu ao carregamento antecipado das importações para tentar evitar os impactos tarifários.
01:02Além disso, dei uma olhada no modelo que prevê o crescimento do PIB para o segundo trimestre deste ano em quase 4%, com o núcleo do PIB previsto em 2%.
01:13Esse modelo sugere uma recessão para você?
01:18Não, eu diria que não.
01:20Ao analisar suas observações sobre tarifas hoje e as que fez em março e abril, eu estava olhando para um estudo do FED que observou que até março as tarifas já haviam sido parcialmente repassadas aos preços ao consumidor,
01:36levando a uma contribuição de apenas um décimo de ponto percentual nos preços do núcleo do PCE.
01:44E um estudo de Harvard, na semana passada, mostrou que os preços sofreram apenas um ajuste modesto desde o anúncio das tarifas.
01:54As expectativas de inflação de longo prazo permanecem consistentes com a meta de 2%.
02:00O governador Waller, membro do Conselho de Governadores do FED, traçou um caminho que permite cortes nas taxas,
02:08desde que as tarifas médias efetivas permaneçam próximas a 10%, ou presumo que ele queira dizer 10% ou menos.
02:18O mercado de trabalho permanece sólido.
02:20Os preços continuam a se desinflacionar.
02:23Você concorda com o governador Waller que há um caminho para boas notícias no que se refere às políticas regulatórias e fiscais em um mundo com tarifas mais baixas?
02:36Portanto, em primeiro lugar, eu não comentaria sobre outros membros do FED, mas direi o seguinte.
02:42Acho que muitos caminhos são possíveis aqui, e certamente, o que você mencionou é um caminho possível.
02:48Poderíamos ver a inflação não tão forte quanto esperamos.
02:53E, se esse for o caso, isso tenderia a sugerir um corte mais cedo.
02:58Poderíamos ver o mercado de trabalho enfraquecer e isso também sugeriria um corte mais rápido.
03:04Por outro lado, se observarmos uma inflação mais alta ou se o mercado de trabalho permanecer forte,
03:10então provavelmente estaríamos nos movendo mais tarde.
03:13Portanto, acho que há uma série de caminhos possíveis.
03:16Em fevereiro de 2021, o senhor disse a nós, neste comitê, que não comentaria a proposta do presidente Biden
03:27para o American Rescue Plan ou sobre o aumento acentuado dos gastos federais.
03:32E o senhor disse que era um problema, mas que não comentaria sobre ele.
03:37Mas, neste ano, o senhor comentou sobre essa ideia de as tarifas serem estabelecidas pelo Poder Executivo.
03:45Então, as tarifas estão em sua faixa, mas um enorme gasto fiscal do governo Biden não está em seu campo?
03:53Explique ao comitê por que escolheu ficar em silêncio em fevereiro de 2021, mas foi franco.
03:59Na primavera? Claro, então não comentamos e seria inapropriado para nós comentar sobre a política de tarifas.
04:07Não temos uma opinião, não é nosso trabalho e simplesmente não faríamos isso.
04:10Da mesma forma que não faríamos comentários sobre o pacote de reconciliação no qual vocês estão trabalhando agora.
04:16Não estamos comentando sobre tarifas.
04:18Nosso trabalho é a inflação, manter a inflação sob controle e também manter o máximo de emprego.
04:24E quando as políticas têm o que parecem ser implicações de curto e médio prazo,
04:29implicações significativas para isso, então a inflação se torna nosso trabalho.
04:35Na semana passada, o Fed decidiu manter a meta para a taxa dos fundos federais em 4,25% a 4,5%.
04:47Embora eu não tenha ficado surpresa com a decisão de manter as taxas estáveis,
04:52Fiquei surpresa com a revisão da previsão do comitê desde março,
04:58que representou uma redução de 0,3 ponto percentual para o PIB,
05:04um aumento semelhante para o núcleo do PCE e um aumento na taxa de desemprego para 4,5%.
05:13Você pode explicar os dados recebidos pelo comitê desde março que levaram o comitê a fazer esses ajustes?
05:21Claro, em primeiro lugar, essas são previsões individuais.
05:26Não são previsões do comitê.
05:28São apenas indivíduos enviando suas próprias opiniões.
05:31E não as aprovamos como um comitê.
05:33Mas acho que as pessoas estão analisando os dados que chegam e fazendo uma série de julgamentos diferentes.
05:38Se você observar o intervalo, se observar a tendência central, você verá que ela abrange uma faixa bastante ampla.
05:44Essas são as medianas de que você está falando.
05:47Acho que, portanto, a projeção é de que a inflação tenha subido por causa do que vimos, particularmente das tarifas.
05:53E acho que se você olhar para outros analistas externos, verá praticamente a mesma coisa.
05:58E quais são os dados que você está procurando?
06:00Quando analisamos os dados que chegam, analisamos nossa própria previsão e nos perguntamos o que é provável que aconteça.
06:09A política monetária tem que ser uma previsão do que vai acontecer no futuro.
06:15Em sua declaração, o comitê anunciou que continuará a monitorar as implicações dos dados recebidos
06:20e ajustará a posição da política monetária conforme apropriado.
06:25Alguns analistas preveem que dois cortes nas taxas até o final do ano ainda estão em pauta.
06:32Essa é uma suposição justa e precisa.
06:35E quais são os dados recebidos que o comitê precisará ver para considerar esses cortes?
06:40O que de fato acontecerá com as taxas dependerá da trajetória da economia, e isso é altamente incerto.
06:47Portanto, eu diria apenas que o que isso significa, neste momento, é que uma maioria significativa do comitê,
06:54mas também há uma minoria bastante significativa que não concorda,
06:57mas uma maioria significativa acha que será apropriado reduzir as taxas ainda este ano.
07:03E isso significa que cada uma das pessoas que escreveu um corte nas taxas ainda este ano
07:08acham que há alguma situação no mundo em que a inflação não seja tão alta,
07:13ou o mercado de trabalho enfraqueça, ou alguma combinação dessas duas coisas,
07:19que será mais provável que seja apropriado reduzir as taxas de juros sujeito a grande incerteza.
07:25Quero dizer, nós o faremos.
07:27A história está evoluindo e nosso pensamento está se adaptando, e isso vai continuar.
07:31Jerome Powell vem sofrendo pressão de Donald Trump para baixar os juros,
07:39e como a gente viu aí, o presidente do FED segue reforçando que não pode haver pressa na redução da taxa,
07:46e que é preciso esperar e observar os efeitos do tarifácio imposto pelo próprio Trump, e só depois agir.
07:52Mais cedo, antes da audiência, Trump criticou Powell mais uma vez.
07:56Na rede social dele, a Truth Social, Trump escreveu o seguinte.
08:02Atrasadão, Jerome Powell, do FED, estará no Congresso hoje para explicar, entre outras coisas,
08:07por que se recusa a reduzir a taxa.
08:10A Europa teve dez cortes, nós tivemos zero.
08:13Sem inflação, ótima economia, deveríamos estar pelo menos dois a três pontos abaixo.
08:19Economizaria aos Estados Unidos mais de 800 bilhões de dólares por ano.
08:23Que diferença isso faria?
08:24Se as coisas depois ficarem negativas, aumente a taxa.
08:28Espero que o Congresso realmente convença essa pessoa tão burra e teimosa.
08:32Pagaremos por sua incompetência por muitos anos.
08:35O Conselho deve se ativar, fazer a América grande novamente.
08:41Powell manteve a cautela diante de toda essa pressão política, mas deixou ali um recado.
08:48Se não fossem as tarifas de Trump, os juros já poderiam ter começado a cair.
08:54Para a gente analisar mais esse dia de disputa entre Trump e Powell, Vinícius Torres Freire,
09:00nosso analista, já está aqui no estúdio.
09:02Tudo bem, Vinícius?
09:03Tudo bem, Fábio?
09:04Tudo bem?
09:04Boa tarde para todo mundo.
09:06Vinícius, Trump diz ali que os Estados Unidos não têm inflação e ótima economia.
09:13Ótima economia a gente está vendo agora sem inflação?
09:16A inflação está muito pequena, na verdade.
09:20O problema é saber se ela vai subir.
09:22Inclusive tem o Olivier Blanchard, que foi o diretor do FMI, um grande economista francês,
09:28professor do MIT, grande sumidade da área.
09:31Ele falava assim, que é um super ortodoxo, professor do MIT, era do FMI.
09:37Dizia o seguinte, vai ficar essa discussão se a inflação está 2,2 ou 2,5?
09:42Eu não estou nem aí.
09:42Francamente, não faz muita diferença.
09:45É claro que quando o Banco Central põe uma meta de 2 e não cumpre, ele cria uma expectativa
09:51de que ele vai largar a mão de alguma coisa e o mercado comece a reagir.
09:55Então, assim, para você mudar, deixar que a inflação ficasse em 2,5, você tinha que
09:59ter uma outra embocadura de política monetária.
10:02Então, a inflação está pequena.
10:03O problema ainda é que não se sabe o efeito de tarifas.
10:08Nem se sabe quais vão ser as tarifas e a previsão do FED nos modelos dele dá a inflação
10:14de 3,1% no ano, ficando as coisas como estão.
10:18Se for para 3,1%, vai dar problema.
10:20E o resto é a novela de sempre.
10:22O Trump dizendo que, tentando achar um bode expiatório, se der alguma coisa errada, usando
10:28um argumento que muita gente da esquerda no Brasil usa, dizendo que se você cortasse os
10:32juros, você não gastaria dinheiro e juros.
10:34Ó, não é verdade, o problema é o que você faz com a inflação.
10:38E o que disse o Jânimo Pau de mais relevante hoje foi o que você falou.
10:42Olha, se não fossem as tarifas, dado o andamento da economia e o nível da inflação que ela
10:46estava, em 2,1%, 2,2%, por aí, a gente já poderia estar cortando os juros.
10:50Nessa discussão, a gente vai ficar com essa discussão até a primavera do Brasil, o fim
10:56do verão, outono nos Estados Unidos.
10:58A não ser que apareça uma grande novidade chocante, vai ficar nessa lenga-lenga há muito
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