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  • há 6 meses
Enquanto centenas de milhares brasileiros assinam manifestos pela democracia, inclusive Lula, o ex-procurador Deltan Dallagnol (foto) é julgado pelo TCU num processo eivado de arbitrariedades, por supostamente ter gastado dinheiro público de maneira indevida quando atuava na força-tarefa da Lava Jato. Quem o julga são as mesmas excelências que se esbaldam com a erva do Erário em viagens internacionais, a pretexto de participar de seminários como representantes do tribunal. O único propósito dessa impostura perpetrada no TCU é enlamear a reputação de Deltan Dallagnol, constrangê-lo financeiramente e torná-lo inelegível.

Fiquemos, contudo, muito tranquilos, porque quem foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, bem como os seus partidários, está defendendo a democracia contra o dragão da maldade. Numa coluna publicada em 30 de julho, intitulada Ei! E a corrupção?, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg reproduziu um dos últimos votos proferidos por Celso de Mello, antes de ele se aposentar do Supremo Tribunal Federal:

"O fato inquestionável é que a corrupção deforma o sentido republicano da prática política, afeta a integridade dos valores que informam e dão significado à própria ideia de República, frustra a consolidação das instituições, compromete a execução de política públicas em áreas sensíveis como as da saúde, da educação da segurança pública e do próprio desenvolvimento do país, além de vulnerar o princípio democrático."

Carlos Alberto Sardenberg cita Celso de Mello para expressar o seu espanto pelo fato de não haver referência à corrupção no manifesto da democracia da USP -- que o ex-ministro do STF iria ler no dia 11 de agosto, na faculdade de direito da universidade. É um espanto retórico, mas nem por isso menos espantoso. Afinal de contas, como o próprio jornalista conclui: "a corrupção mata a economia e derruba a democracia".

A perseguição movida contra Deltan Dallagnol e demais ex-integrantes da Lava Jato (o ex-PGR Rodrigo Janot e o ex-procurador chefe da Procuradoria da República do Paraná João Vicente Beraldo Romão também estão sendo julgados pelo TCU) deveria preocupar os democratas muito mais do que as sandices ditas por Jair Bolsonaro. Mas os democratas, entre os quais figuram inocentes úteis, estão ocupados em ajudar um ex-condenado a voltar ao Palácio do Planalto -- ex-condenado cujo partido tem um projeto de poder autoritário que incluiu compra de votos no Congresso e financiamento fraudulento de campanhas eleitorais. Estão destruindo a democracia, a pretexto de defendê-la.

Assim são os democratas da democracia brasileira.

PS: Como previsto, os três foram condenados pelo isento tribunal.

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Transcrição
00:00Mário, eu estava comentando aqui sobre Deltan, condenação, TCU, etc.
00:04Você tem alguma... Quer falar sobre isso?
00:07Você escreveu o artigo ontem, quer pegar aqui já o gancho e entrar no tema?
00:12Bom, a minha opinião é a opinião de qualquer brasileiro com mínimo de decência.
00:19Obviamente, quase funcionou como um tribunal de exceção, o TCU.
00:26E o TCU, é importante relembrar, ou pelo menos dizer para quem não sabe,
00:31que o TCU não faz parte do judiciário.
00:34O TCU está ligado ao legislativo ou executivo.
00:41Você lembra disso? Qual é o poder?
00:44Legislativo.
00:45Ele é indicado através do legislativo, mas ele tem a...
00:48Como é um tribunal de contas da União, ele é associado ao executivo.
00:53É associado ao executivo, então ele não é legislativo.
00:56Então, é um tribunal que é...
00:58O que eu queria dizer é o seguinte, é um tribunal essencialmente político,
01:01porque ele é ligado ao executivo e os seus integrantes são indicados pelo legislativo.
01:08O que eu escrevi ontem foi que o PT armou a representação, certo?
01:13Mas quem deu o encaminhamento a isso foram os ministros ligados ao MDB,
01:18ao MDB do Renan Calheiros, a gente bem sabe.
01:20Então, funcionou como tribunal de exceção.
01:24O Aristides Junqueira mostrou bem isso, ao falar pelo Ministério,
01:28pela Associação dos Procuradores da República.
01:32E eu gostaria de entender onde é que estão os signatários do manifesto pela democracia,
01:39porque muito mais grave do que as sandices ditas pelo presidente da República
01:45é esse tipo de perseguição política que está ocorrendo.
01:49Veja, a minha pergunta é uma pergunta retórica,
01:52porque boa parte daqueles que foram pegos com a boca da botija pela Lava Jato,
01:59da qual fazia parte o Deltan, e o Rodrigo Janot era o PGR,
02:04e o procurador lá do Paraná, que também foi condenado, também fazia parte,
02:10a Lava Jato pegou boa parte desses signatários aí, os mais ilustres,
02:15que estão entre os mais ilustres, que assinaram esse troço aí,
02:20que amanhã vai virar um espetáculo até teatral,
02:23a leitura desse troço lá na Faculdade de Direito Largo de São Francisco.
02:27É vergonhoso, obviamente você disse que ele não, foi bom dizer,
02:35que ele não se torna inelegível, mas a tentativa, Cláudio, é importante dizer,
02:39é para tentar torná-lo inelegível, é constrangê-lo, no caso do Dallagnol especialmente,
02:46constrangê-lo financeiramente, manchar a reputação, enlamear a reputação dele,
02:52e tentar torná-lo inelegível, embora isso aí em si não leve a este caminho.
03:00Mas você sabe como funciona o Brasil, né?
03:03Daí é inventar outras coisas, é fácil, né, Cláudio?
03:06Você já começa ali plantando uma suspeição sobre o sujeito,
03:13e isso pode evoluir para processos criminais.
03:18Está tudo muito fácil em Brasília, né, para esse pessoal.
03:23Então era isso que eu gostaria de comentar sobre o caso do Deltan, do Rodrigo Janot,
03:30e por favor, me relembre o nome do procurador-chefe lá,
03:33do ex-procurador-chefe do Ministério Público do Paraná.
03:37Aí você me pegou, porque esse aí também ninguém lembra.
03:41É, coitado. Não, mas é tão vítima quanto, né?
03:44É, a gente vê aqui, ó, vamos lá.
03:48É o...
03:51Coitado também, que é outro que foi...
03:55Não tinha responsabilidade nenhuma.
03:56E o Janot mesmo, ontem, eu falei com ele, ele disse,
03:59olha, todos os meus atos eram atos de ofício administrativos,
04:06todos eles precisam ser corroborados pelo Conselho Superior do Ministério Público,
04:10integrado por 10 pessoas, e ninguém foi citado nesse processo.
04:16É um completo absurdo.
04:18José Vicente Beraldo Romão.
04:20Exatamente.
04:21José Vicente Beraldo Romão também foi condenado por essa...
04:27por essa...
04:28por essa...
04:29essa Câmara do Tribunal de Contas da União,
04:31que funcionou, na minha opinião, como tribunal de exceção.
04:33Jornal de Contas da União
04:54Tchau.
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