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  • há 4 meses
No Papo Antagonista desta sexta-feira, Claudio Dantas entrevistou o economista Felipe Salto, da Instituição Fiscal Independente, que comentou a reforma do Imposto de Renda. Ele afirmou que a proposta aprovada na Câmara tem uma série de problemas e produz um rombo fiscal de pelo menos R$ 28,9 bilhões" em 2022.
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00:00Papo Antagonista, reportagens exclusivas, bastidores do poder e análise com quem faz notícia.
00:11Muito bem, muito bem, agora vamos para o nosso papo com o Felipe Salto, economista Felipe Salto,
00:19que destrinchou, se debruçou sobre esta proposta já aprovada na Câmara, de reforma do imposto de renda, dividendos, etc.
00:34E que causou muito incômodo no mercado, nos setores produtivos da sociedade, quem precisa pagar imposto, quem trabalha paga imposto.
00:44Enfim, Felipe, você que é também uma personalidade frequente aqui no site, ou no Papo Antagonista, ou no site,
00:55até porque vem fazendo um trabalho de referência para a sociedade nessa área da política econômica,
01:02fiscalizando, e até de vez em quando levando umas bordoadas do ministro Paulo Guedes.
01:09Eu ontem falei com o Paulo Guedes, e ele comemorou essa aprovação.
01:14Eu acho que foi o único a comemorar. Boa noite, bem-vindo.
01:18Boa noite, como vai? Prazer estar aqui com você, Cláudio, e com a sua audiência também.
01:25Pois é, eu acho que então, a repercussão desta proposta foi muito ruim.
01:32Eu queria que você trouxesse um pouquinho para nós aqui, você inclusive estudou uma nota técnica,
01:38e a gente publicou no site. Quais são os pontos mais frágeis dessa proposta, na tua opinião?
01:45Olha, de fato, nós fizemos aqui na Instituição Fiscal Independente, a IFE do Senado,
01:50um trabalho coordenado pela diretora economista também, Vilma Pinto,
01:56que foi aprovada recentemente aqui para a IFE.
01:58E o que nós mostramos, Cláudio, é que as propostas, no fim do dia,
02:06podem ter um impacto fiscal bastante negativo.
02:09Você veja que, no conjunto da obra, o que está se propondo?
02:13Uma redução da alíquota do IRPJ, de 15% para 8%, que é uma redução expressiva.
02:20No lugar disso, ou para compensar a introdução ou a reinstituição da tributação de lucros e dividendos,
02:29algo que existia no passado, nos anos 90, até 1994, e foi extinta a partir de 1995,
02:38para conseguir mais receitas, para compensar essa redução na pessoa jurídica,
02:44e ainda sobrar dinheiro, eventualmente, para pagar despesas sociais.
02:48Isso lembrando que, se o teto de gastos permitir,
02:53uma vez que você tem uma limitação, hoje, no Brasil constitucional,
02:57que é essa regra, esse limite máximo para a despesa pública chamada primária,
03:02aquela que não inclui a conta de juros.
03:05O fato é que as contas mostram que não vai haver essa sombra,
03:09porque o custo da medida de redução da alíquota do IRPJ,
03:13mais a mudança na faixa de isenção do IRPJ.
03:19Mais pessoas, cerca de 6 milhões de pessoas, vão passar a ficar isentas,
03:25não precisarão pagar IRPJ na pessoa física.
03:29E outras medidas que estão sendo propostas,
03:32essa tributação de lucros e dividendos não vai compensar
03:35a perda de arrecadação derivada das medidas que eu mencionei.
03:41Então, as nossas contas mostram, por exemplo, Cláudio,
03:45que em 2022, se houver essa redução,
03:50que foi aprovada na Câmara, é bom lembrar,
03:52mas ainda precisa passar pelo Senado.
03:54Da alíquota do IRPJ, o efeito seria próximo de 50 bilhões.
03:59A redução da CSLL, que é uma contribuição sobre lucro líquido,
04:0410,6 bilhões.
04:05Depois, você tem fatores que colaboram para aumentar a receita,
04:09como eu mencionei.
04:10A questão do fim do JCP, que é um incentivo,
04:14juros sobre capital próprio,
04:15ajudaria com 10,6 bilhões.
04:18Lucros e dividendos, isso tudo no ano que vem,
04:21ajudariam com 8,4 bilhões.
04:24E, por fim, uma reoneração, digamos assim,
04:28de certos benefícios tributários,
04:30colaborariam, e aí é uma conta bastante complicada,
04:34porque considera a atual informação do demonstrativo
04:37de gastos tributários, etc., de 21 bilhões.
04:42Finalmente, teria uma medida ainda,
04:45que é o aumento da CEFEM,
04:47que é aquela contribuição sobre o minério de ferro,
04:50sobre alumínio, sobre uma série de substâncias,
04:53que também esse incremento na alíquota
04:56colaboraria com 5 a 6 bilhões.
04:59Agora, note que a correção da tabela da pessoa física,
05:03sozinha, custará no ano que vem 25 bilhões.
05:0625,3 bilhões.
05:09Eu estou falando de todos esses números
05:10para depois te dar o número agregado.
05:12Qual é o número agregado, a nosso ver, para o ano que vem?
05:15É um custo líquido do projeto,
05:18isso inclui todos os entes, não é só a União,
05:20de 28,9 bilhões.
05:23Então, aprovou-se uma reforma do imposto de renda
05:26que tem uma série de problemas
05:28e ainda produz um rombo fiscal
05:30de 28,9 bilhões, pelo menos.
05:34Eu fico curioso de ver um resultado assim,
05:37porque o que você espera de uma reforma
05:39é, no mínimo, uma melhora da qualidade da tributação.
05:44Ainda que a gente entenda que a carga tributária
05:47vai permanecer mais ou menos a mesma,
05:48a gente espera uma melhora nessa qualidade.
05:50Isso não acontece com essa.
05:53Me parece também que há ali dispositivos
05:57que acabam promovendo o planejamento tributário,
06:02a ilisão fiscal,
06:03você permite que acabe se sonegando,
06:10e isso beneficiando, inclusive, também os super ricos.
06:17A gente até mencionou num artigo mais cedo aqui,
06:22numa matéria, inclusive ouvimos outros colegas seus, economistas,
06:26uma coisa que me chamou a atenção
06:27é justamente a possibilidade de você transferir dividendos
06:32de uma empresa para outra,
06:34no caso dos bancos,
06:36isso poderia ser usado para transferência,
06:39para as holdings familiares,
06:43e aí você não tem o pagamento do tributo.
06:47Então, você acaba onerando,
06:49quer dizer, você na expectativa de liberar,
06:51de tentar melhorar a vida do mais pobre,
06:54você também está melhorando a vida do mais rico,
06:57e o peso vai vir para a classe média,
07:00vai vir para quem está no meio do processo aí,
07:02e normalmente quem está na atividade produtiva.
07:07Pois é, você colocou bem.
07:09Além da questão fiscal,
07:10que eu tentei aqui resumir,
07:13e note que o 28,9 bi para o ano que vem,
07:16considera aqueles 21 de receita
07:18da reoneração dos benefícios tributários.
07:22Se não tivesse isso,
07:23poderia chegar próximo de 50 bilhões.
07:26Mas entrando no que você falou,
07:27além da questão fiscal,
07:29propriamente dita,
07:30que é saber se tem ganho ou se tem perda de arrecadação,
07:34há as distorções.
07:36Porque uma coisa que a gente aprende em economia
07:38desde a primeira aula
07:39do curso de introdução à economia na graduação
07:42é que os agentes econômicos reagem a incentivos.
07:47Então, se você altera as regras do jogo
07:49dessa forma como a reforma do imposto de renda está propondo,
07:53e foi uma coisa pouco discutida,
07:56você foi aderindo ali, recebendo, acolhendo,
08:00determinados pleitos que foram chegando,
08:03tanto que o relator chegou a apresentar,
08:05acho que quatro ou cinco versões do texto.
08:08A última, inclusive, só foi ficar disponível
08:10depois da primeira etapa da votação.
08:13E, na prática,
08:14você tem exceções à tributação do lucro e dividendo,
08:18que vão produzir esses comportamentos,
08:21digamos assim,
08:22não aceitáveis,
08:25ou que vão acabar produzindo um efeito negativo
08:28para a arrecadação da Receita Federal,
08:31dos fiscos em geral,
08:32mas da Receita principalmente.
08:34Por exemplo,
08:35as empresas que faturarem até 4,8 milhões de reais por ano,
08:41mesmo que não estejam no Simples Nacional,
08:44o sistema do Simples,
08:45que reduz, em tese,
08:48a tributação para um grupo importante de empresas,
08:51elas terão a isenção.
08:53Então, você vai ter um incentivo,
08:55abertura de CNPJs,
08:58de empresas pequenas,
08:59abaixo de 4,8 milhões,
09:01para escapar da tributação do lucro e do dividendo.
09:05Claro que o projeto também traz algumas amarras
09:08para tentar fechar o cerco
09:09e combater esse tipo de medida,
09:13de comportamento,
09:14mas é muito complicado.
09:16Eu acho que aprovou-se um projeto
09:18que não é positivo no agregado.
09:22Você poderia ter mexidas no sistema tributário
09:25muito mais relevantes, eu diria,
09:29para o contexto que nós estamos vivendo,
09:31que é um contexto de crise fiscal,
09:33de crise econômica.
09:35Essa recuperação que está aí é bastante lenta,
09:37a base de comparação é muito baixa.
09:40Então, mudanças que ajudassem
09:41a, de fato, reduzir os custos de compliance
09:45das empresas.
09:46A proposta de unificar o ICMS
09:49com outros impostos,
09:51ou mesmo de reduzir
09:53as chamadas alíquotas interestaduais do ICMS,
09:56que hoje estão ali na raiz
09:57da chamada guerra fiscal,
10:00esses seriam, a meu ver,
10:02os temas mais relevantes.
10:03E, para terminar, no imposto de renda,
10:05o que seria mais relevante
10:07é ter um sistema que melhorasse
10:09a progressividade.
10:11Quando o Ministério da Economia
10:13enviou o projeto de lei
10:15número 2.337,
10:18ele tinha, assim, pontos positivos
10:20e poderia ser aprimorado.
10:22Só que ele foi piorado
10:23ao longo da tramitação da Câmara.
10:26Aí é que está o problema.
10:27Esse é que é o problema.
10:30A gente, inclusive,
10:30até no próprio aspecto
10:33das pessoas jurídicas,
10:35das empresas de lucro presumido,
10:36que tem essa faixa de isenção
10:38até 4,8 milhões,
10:40como você mencionou,
10:42é curioso porque
10:43você mexeu tanto no texto
10:46que antes você tinha
10:47aquela alíquota progressiva
10:48e se perdeu.
10:50Então, hoje, a empresa
10:51que tem, que tiver,
10:52se essa proposta
10:53vier a ser aprovada,
10:54obviamente,
10:55a empresa que tiver
10:564,8 milhões e 1,
11:00ela já vai para a alíquota máxima,
11:02ela já é taxada
11:03na alíquota máxima,
11:04o que é, obviamente,
11:04um sistema imbecil,
11:08um sistema totalmente,
11:10sabe,
11:12impróprio,
11:13é um negócio
11:14que não tem eficiência.
11:17Sim, de fato.
11:19Teria que haver ali
11:20uma tabela,
11:21no caso dos lucros e dividendos,
11:23que permitisse
11:24essa progressividade,
11:26como você falou,
11:26não pode ser 0 ou 1,
11:298 ou 80.
11:31Teria que ter
11:32uma certa progressividade.
11:33E há uma miria
11:34de estudos
11:35nessa matéria,
11:37inclusive do IPEA,
11:38do Instituto de Pesquisa
11:39Econômica e Aplicada,
11:41você tem ali
11:42economistas importantes
11:43como o Rodrigo Orair,
11:45que também foi da IFE,
11:47e que vem estudando
11:47esse tema
11:48pelo menos uma década,
11:49Sérgio Goberti
11:50e outros especialistas,
11:53você não vê
11:54em geral,
11:55nenhum,
11:56ninguém relevante
11:58dizendo,
11:59olha, foi bom,
12:00quer dizer,
12:00conseguimos uma melhoria,
12:02ou então a reforma
12:03vai ser neutra
12:04e ainda assim
12:05melhora a progressividade,
12:06não é,
12:07infelizmente,
12:08aprovou-se aí
12:09uma espécie
12:10de um monstrengo
12:11na área tributária,
12:13como eu previ
12:14que poderia acontecer
12:15no meu artigo
12:16de algumas semanas atrás
12:18no Jornal Estado de São Paulo.
12:20me chamou a atenção
12:22também
12:23porque a gente
12:24está vivendo
12:25um boom
12:25de pessoas físicas
12:27correndo para o mercado,
12:30usando a sua poupança
12:31para comprar ações,
12:33aqueles acionistas
12:37que realmente usam aquilo
12:40como uma aposentadoria,
12:41pega a poupança,
12:42compra ali
12:42umas ações
12:43da Petrobras,
12:44da Eletrobras,
12:45quando não caem
12:47em conversa fiada
12:49de alguns
12:51traders
12:53que vão para as redes sociais
12:55usar
12:56da malícia
12:57do mercado
12:58para manipular
12:59as ações e tal.
13:00Mas a gente vê
13:00muita gente
13:01pegando as suas economias,
13:03tirando a poupança
13:04e botando ali,
13:05comprando
13:06ações
13:08de empresas,
13:09grandes empresas
13:09que pagam dividendos,
13:11e você vai
13:12tributar
13:13sem critério nenhum
13:15esse dividendo
13:16que já é pouco
13:17para essa pessoa.
13:19Não faz o menor sentido.
13:21Você falou do Gobet,
13:23eu até ouvi
13:23o Gobet mais cedo
13:25e ele me chamou
13:25atenção para isso.
13:27Ele falou,
13:27Cláudio,
13:27a gente infelizmente
13:29tem esse conceito
13:31equivocado.
13:32Ele falou assim,
13:32aí eu vou taxar
13:33pequena, média
13:34e grande empresa.
13:36E ela não considera
13:38a atividade da empresa,
13:40não considera
13:40que um pequeno empresário
13:42ele pode
13:43ter uma renda
13:44de 4 milhões
13:45e embolsar
13:47esse dinheiro todo.
13:49Quer dizer,
13:49é uma renda expressiva.
13:51É diferente
13:52do sócio,
13:53do cotista ali
13:54que está investindo
13:56numa grande empresa
13:57e vai ser onerado
13:58no seu dividendo
13:59que ele está ganhando
14:01ali, sei lá,
14:02100 reais,
14:03300 reais,
14:051.000 reais.
14:05Então, assim,
14:06é uma proposta
14:08inclusive injusta,
14:09porque terá um impacto
14:13obviamente no investimento
14:14e logo no momento
14:15em que essas pessoas
14:17estão se educando
14:18financeiramente
14:20para esse tipo
14:21de atividade,
14:22estão vindo
14:22para dentro do mercado.
14:24É complicado,
14:25não é?
14:25Sim,
14:27eu concordo
14:28com o Sérgio.
14:30Há um conjunto
14:31de tópicos
14:32nesse projeto
14:33que foram sendo
14:34modificados
14:35ao longo
14:36da tramitação
14:36e uma espécie
14:37de vai e volta
14:38também
14:39com os relatórios,
14:41relatórios eram
14:42vazados para a imprensa,
14:43aí havia uma reação
14:44negativa,
14:44voltava-se atrás.
14:46A própria mexida
14:47na líquida
14:47do IRPJ,
14:48que era para reduzir
14:49primeiro,
14:51segundo governo
14:51para 12,5
14:52e aí no segundo momento
14:54para 10%,
14:56partindo de 15,
14:58sem contar
14:59a líquida adicional
14:59de 10%
15:01que existe
15:01e continuará existindo.
15:03Aí na primeira versão
15:05era para reduzir
15:05para 6,5,
15:06o relator já deu
15:07essa pancada
15:08de uma vez
15:09e no texto aprovado
15:12abriu mão
15:13desse 6,5
15:14subiu para 8,
15:16mas aí o destaque
15:17que foi aprovado,
15:18como é chamado
15:19esse tipo de votação
15:21em separado
15:22depois que o texto base
15:23do projeto
15:24foi aprovado
15:25na Câmara,
15:26acabou reduzindo
15:27também a alíquota
15:28dos dividendos,
15:29em vez de 20%,
15:3015%.
15:32E aí você foi
15:33dilapidando
15:33os ganhos
15:34que eventualmente
15:35poderiam
15:36decorrer
15:37dessa proposta.
15:38Um ponto
15:40que foi levantado
15:41no debate
15:42é o seguinte,
15:43ah, o lucro
15:43e o dividendo,
15:44agora nós vamos
15:45tributar
15:45e aí vamos ter
15:46dinheiro para fazer
15:47gastos sociais,
15:48ampliar o Bolsa Família.
15:50Eu pergunto,
15:51como vai fazer isso
15:52se a própria proposta
15:53em si vai depender
15:54desse aumento
15:55dos lucros e dividendos
15:56para não ser
15:58mais deficitária
15:59ainda do que será?
16:01Então,
16:01é isso que me preocupa,
16:02há uma certa
16:03inconsistência,
16:05há mecanismos
16:06sendo criados
16:07que vão distorcer
16:08a lógica
16:09do sistema tributário.
16:11O sistema tributário
16:12do imposto de renda
16:13funciona bem,
16:15relativamente bem,
16:16arrecada bem,
16:17tem um histórico
16:19importante,
16:20tem avanços
16:21relevantes
16:22na história,
16:22por exemplo,
16:23do imposto de renda
16:23à pessoa física
16:24com toda a tributação
16:27e o recolhimento
16:28sendo feito
16:29com declarações anuais
16:31todo ano
16:31eletronicamente,
16:33é um avanço
16:34que merece
16:35reconhecimento,
16:36a Receita Federal
16:37avançou muito
16:38nessa matéria,
16:39inclusive em relação
16:40a outros países.
16:42Agora,
16:42você mexer
16:43em time que está
16:44ganhando,
16:45entre aspas,
16:45está produzindo
16:46o resultado,
16:47está arrecadando
16:48para piorar
16:50a situação,
16:51é que me preocupa.
16:52Se você mexesse
16:53para aumentar
16:53a progressividade,
16:54de fato,
16:55para tornar o sistema
16:56mais justo
16:57e ainda arrecadar mais,
16:59tudo bem,
16:59ou pelo menos
17:00que ficasse neutro,
17:02mas da forma como está
17:03nós vamos ter
17:03um custo relevante,
17:04ainda que esse custo
17:06que fique claro
17:07vai ser distribuído
17:08entre União,
17:09Estados e Municípios.
17:11Não é só
17:12a União
17:12que vai pagar
17:13essa fatura.
17:14Bom,
17:16vamos aguardar,
17:18a nossa apuração
17:19indica que
17:20tem muita resistência
17:21a esse texto
17:22no Senado,
17:23aliás,
17:24o Senado tem
17:24uma proposta
17:25de reforma tributária
17:26mais ampla,
17:27com perfil diferente,
17:28me parece até
17:29inspirada naquela
17:30que o Raul
17:31sempre batia
17:32na tecla.
17:36Você acha
17:36que essa do Senado
17:37é mais justa,
17:40mais interessante,
17:41é mais eficiente?
17:42Essa é uma questão
17:45boa que você levanta,
17:46porque é o seguinte,
17:47a proposta do Senado,
17:49a PEC 110,
17:50proposta de emenda
17:50à Constituição,
17:52assim como a PEC 45,
17:54aquela que teve
17:54a formulação
17:56do economista
17:57Bernardo Api,
17:58que é uma referência
17:59nessa matéria,
17:59inclusive é conselheiro
18:00nosso aqui na IFE,
18:02essas duas propostas
18:04tinham chegado
18:05a um certo consenso.
18:07O deputado
18:08Agnaldo Ribeiro
18:08chegou a apresentar
18:09um relatório
18:10na Comissão Especial
18:12que havia sido montada
18:13lá na Câmara
18:14do Deputado.
18:15Mas o projeto
18:16foi, de certa forma,
18:17abortado.
18:18Então, o Senado
18:19tomou novamente
18:20a iniciativa
18:21de debater
18:22essa questão
18:23a partir
18:24da PEC 110
18:25com o senador
18:27Roberto Rocha
18:29e outros,
18:30o próprio ex-deputado
18:31Luiz Carlos Raul.
18:33Então,
18:33é sim uma oportunidade
18:35para se discutir.
18:36Agora,
18:36não é
18:37tributação da renda,
18:38dali é uma discussão
18:39sobre os tributos
18:40chamados indiretos.
18:42O IPI,
18:43que é o Imposto
18:43sobre a Produção,
18:44o ICMS,
18:46que é um Imposto Estadual,
18:47o ISS,
18:49Imposto Municipal,
18:50e o PIS e a COFINS,
18:52que são dois impostos federais.
18:54Então, você tem
18:54três tributos federais
18:56e dois dos subnacionais,
18:59sendo um dos estados
19:00e um dos municípios.
19:01Eles seriam unificados.
19:03Você teria um IBS,
19:04um Imposto de Bens e Serviços,
19:06que seria um Imposto
19:07de Valor Adicionado,
19:09cobrado integralmente
19:10no destino.
19:12É um debate interessante,
19:14muito instigante.
19:15Eu acho que sim,
19:15nós devíamos avançar nisso.
19:17Vai lembrar, Cláudio,
19:19que não é de hoje
19:19que se tenta reformar o ICMS.
19:22Você lembra que,
19:23nos anos 90,
19:24a proposta do eminente
19:26economista Ricardo Barçano,
19:28aquela proposta do Barquinho,
19:30que era complicada de explicar,
19:31ele criou essa analogia,
19:33já era uma tentativa
19:35de tentar melhorar
19:36essa qualidade,
19:38reduzir essa complexidade
19:40do sistema tributário
19:42nessa parte dos impostos indiretos.
19:45Mas não se conseguiu avançar.
19:46Depois,
19:48ainda no governo Lula,
19:49o Bernardo Apico,
19:50quando estava lá,
19:51tentou-se uma reforma
19:52mais ampla.
19:53Depois,
19:54mais uma vez,
19:54em 2012,
19:56o então-ministro Nelson Barbosa
19:58tentou mudar
19:59as alíquotas do ICMS,
20:01as interestaduais,
20:01por resolução do Senado.
20:04Agora,
20:05essas duas PECs
20:06e a reforma
20:07do imposto de renda.
20:08Então,
20:09não é um problema novo.
20:11É similar
20:11à história
20:12que a gente vê
20:13da Previdência.
20:14Quanto tempo levou
20:15para que a reforma
20:16da Previdência
20:17pudesse ter sido aprovada?
20:19Claro que foi
20:20ocorrendo
20:21uma série de...
20:22foram ocorrendo
20:23uma série de avanços
20:24nos anos,
20:26em vários governos,
20:27de diferentes matizes,
20:28no caso da Previdência,
20:30mas uma reforma
20:32mais expressiva
20:33com a questão
20:33da idade mínima
20:34sendo tratada
20:35só em 2019.
20:37Mérito principalmente
20:38do governo Temer,
20:40que trouxe essa agenda
20:41e tudo,
20:42mas houve avanços
20:43nos governos anteriores.
20:44A tributária é a mesma coisa,
20:46só que é ainda mais difícil,
20:48porque as trincheiras
20:49nessa guerra
20:49da reforma tributária
20:50são múltiplas.
20:53Você tem
20:54estados e municípios
20:55querendo arrecadar mais
20:56e não querem perder
20:57a autonomia
20:58e poder de arrecadar.
20:59Aí você tem
21:00a união também
21:01com uma situação
21:02de déficit público
21:03que precisa
21:04ter um resultado
21:06de qualquer reforma
21:07que seja aprovada
21:07que seja pelo menos
21:08neutra ou aumente
21:09a arrecadação
21:11ou ainda aumente
21:12o PIB,
21:13a possibilidade
21:14de crescer
21:14para ter resultados
21:16indiretamente
21:17na arrecadação.
21:18Tem a trincheira
21:19setorial e empresarial
21:21que é sempre
21:21muito forte,
21:23os setores
21:23se organizam
21:24para fazer
21:26as suas pressões,
21:27as suas demandas,
21:28o movimento legítimo
21:29das democracias,
21:30mas você tem
21:31todas essas trincheiras
21:33e tudo isso
21:34representado lá
21:35no Congresso.
21:36Então,
21:36quando falta um norte
21:38muito claro
21:39para onde nós
21:40queremos ir,
21:41acontece um pouco
21:42essa confusão,
21:43essa bagunça
21:44em que você vai discutindo
21:45um dia uma proposta
21:46do ICMS,
21:47outro dia já nasce
21:48a proposta
21:48do Imposto de Renda,
21:50aí de repente
21:51isso se torna
21:51prioridade
21:52e as contas,
21:54quer dizer,
21:55aprovou-se um projeto
21:56sem fazer contas,
21:57quer dizer,
21:58nós publicamos hoje,
22:00o Concefaz
22:01publicou também
22:02um estudo
22:03mostrando contas
22:04cujos resultados
22:05estão bastante parecidos
22:06com os da IFE
22:07e você tem
22:08os especialistas
22:09aí autônomos,
22:10da academia,
22:11etc.,
22:12como o Sérgio Roberto,
22:13o Raí,
22:13mas está faltando
22:15um debate qualificado,
22:17essas questões
22:18são estruturais,
22:19não dá para aprovar
22:19uma reforma tributária
22:21como quem está escrevendo
22:23num papel de pão,
22:24né?
22:25Exato.
22:26Muito bem.
22:28Felipe Salto,
22:29economista,
22:30diretor executivo
22:31da Instituição Fiscal
22:31Independente,
22:32muito obrigado
22:33pela tua participação
22:34aqui no Papo Antagonista
22:36e o programa
22:36fica aberto
22:37para futuras colaborações,
22:39como sempre.
22:40Eu que agradeço,
22:41Cláudio,
22:41é um prazer estar aqui
22:42com vocês,
22:43cumprimentar a todos,
22:44parabenizar aí
22:44pela iniciativa.
22:45Muito obrigado,
22:46estou com isso.
22:47Um abraço,
22:48uma boa noite,
22:48bom final de semana.
22:51Patagonista,
22:52com Cláudio Dantas,
22:54reportagens exclusivas,
22:56bastidores do poder
22:57e análise com quem faz notícia.
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