Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 5 meses
Assine nossa newsletter:
https://goo.gl/y5m9MS

Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com

Curta O Antagonista no Facebook:
https://www.fb.com/oantagonista

Siga O Antagonista no Twitter:
https://www.twitter.com/o_antagonista

Siga O Antagonista no Instagram:
https://www.instagram.com/o_antagonista

___

***

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Bom, estamos aqui para o terceiro bloco da entrevista com o general Augusto Heleno,
00:05terceiro e último bloco.
00:06General Quatro Estrelas da Reserva, que foi comandante das tropas militares da Missão de Paz no Haiti.
00:16Uma longa experiência, estamos aqui compartilhando dessa experiência.
00:20Eu vou encerrar esse bloco, meu general, com uma pergunta que é a pergunta de muita gente.
00:27O senhor, inclusive, quando retornou, teve muitos apelos para entrar na política,
00:35para se filiar a um partido, lançar a candidatura.
00:39O senhor se retirou da cena nesse primeiro momento.
00:45Mas agora estamos em uma outra realidade.
00:48A gente vê, inclusive, vários militares, inclusive da reserva, vários militares da reserva, obviamente,
00:57se candidatando, entrando para a política e entendendo que é necessária essa participação.
01:04Não só o Jair Bolsonaro, temos também aqui em Brasília o Paulo Guedes,
01:08o general Paulo Chagas, que está concorrendo até o governo do Distrito Federal.
01:18Já anunciou a candidatura.
01:19Já anunciou a candidatura pelo PRP.
01:24Quando é que é a sua? Para o Senado? Para o governo do Rio?
01:29Já recebi muitos apelos.
01:30O governo do Rio, não posso, porque o meu título de eleitor é de Brasília.
01:33De Brasília.
01:34Com qualquer aventura.
01:34Ah, aliás, uma parte aqui.
01:36Fora de Brasília está eliminada.
01:37O senhor transferiu, o seu título de eleitor, que eu soube aqui, era de Curitiba, não?
01:41Não, não, nunca foi, porque...
01:44Mas o senhor é de Curitiba?
01:44Eu não vou dizer que eu nasci em Curitiba por acaso, mas eu era filho de militar,
01:48meu pai era tenente, tinha acabado de ser promovido e nós fomos para Curitiba com a
01:54minha mãe e eu acabei nascendo em Curitiba.
01:56Então temos um representante da República de Curitiba.
01:58É, tinha uma parte da minha família que era de Curitiba, mas eu nunca, sabe que eu
02:04nunca servi em Curitiba, né?
02:05E Curitiba é conhecido, são dois lugares no Exército que são conhecidos, assim, de
02:10brincadeira, a gente dizer que era o Exército de Curitiba e o Exército de Fortaleza, né?
02:14Porque ali, quem era da cidade ficava doido para ir para lá, né?
02:19Para ficar junto da família, não sei o quê.
02:20E Fortaleza é a mesma coisa.
02:21Fortaleza é um feudo danado, né?
02:23Então, eu nunca entrei nesse feudo de Curitiba, né?
02:28Sempre era curitibano, mas morei...
02:31Meu pai acabou sendo professor do colégio militar, aí não era mais transferido.
02:35Eu passei muito tempo da minha vida no Rio de Janeiro.
02:37Depois rodei o Brasil inteiro, mas passei muito tempo no Rio de Janeiro.
02:41Bom, e agora em Brasília?
02:43Não, e também muito tempo em Brasília.
02:45Porque Brasília é quase que passagem obrigatória para os militares de carreira.
02:49Passagem obrigatória.
02:50Então eu acabei transferindo meu título para cá e...
02:54E qual é o partido que o senhor se filhou?
02:55Não, em Brasília tem uma grande vantagem ter o título de eleitor em Brasília.
02:59Você vota menos, né?
03:00Ah, vota menos.
03:00O que é ruim em termos de exercício da democracia, mas às vezes livra a gente de passar por alguns dissabores.
03:09Quero saber, tem projeto político?
03:12Não, projeto de ser candidato, por enquanto, não me comoveram, sabe?
03:17Mas tem o assédio?
03:19Aí, assédio tem pra burra.
03:21Se tivesse processo por assédio eleitoral, eu já tinha ficado rico.
03:25Mas ainda não me comoveram.
03:29Por quê?
03:30O que que...
03:30Não, a minha formação não é essa, né?
03:33E quando eu vejo o quadro político, quando eu analiso quem está em cada partido, às vezes
03:40me desencoraja de...
03:43Porque você, no momento que você se filinha a um partido, você abraça todos os componentes
03:49daquele partido, o programa...
03:51Se bem que no Brasil os partidos, os programas de partidos são meio letra de samba, né?
03:55Não dá pra saber exatamente.
03:57Mas deveriam ter, né?
03:59E provavelmente, teoricamente, todos têm um programa.
04:03Quando você vai no programa do partido, bate com algumas convicções e você acaba
04:10ficando desentusiasmado pra ingressar na vida política.
04:14O Bolsonaro, em função justamente desse tipo de coisa, tá aí na missão dele de achar
04:19um partido, achou aí, depois de duras penas, achou o PSL, que é um partido pequeno, e negociou
04:26com o dono do partido, assumiu o partido, até a campanha, usar o partido como um veículo
04:32eleitoral pra viabilizar a sua candidatura.
04:37Pode ser um caminho?
04:38É, não passou na minha cabeça.
04:41Esse tipo de assédio nunca me aconteceu, assim, nesse nível de, ah, você assume
04:46um partido...
04:47Se fosse um projeto, o senhor estaria mais pro legislativo ou pro executivo?
04:54A essa altura não tinha opção, né?
04:56Tinha que ser legislativo.
04:58De repente um executivo local...
05:00É difícil.
05:01O executivo, eu acho que...
05:02Primeiro, eu acho que o executivo, você pra se candidatar, por exemplo, a governador
05:07do Estado.
05:09Na minha opinião, você tem que ser conhecedor profundo daquele Estado, né?
05:12Você não pode ser um mero...
05:15Passei três anos numa cidade e acho que conheço.
05:17Não conheço nada.
05:18E na hora que as coisas apertam, você precisa ter uma vivência dos problemas do Estado, você
05:24precisa ter...
05:26Você precisa ter cultura daquela sociedade do Estado, quais são as vocações econômicas
05:33do Estado, o que o Estado pode oferecer, como é que ele pode crescer.
05:37Eu acho que isso é um trabalho que tem que ser feito a longo prazo.
05:40É muito difícil.
05:41O trabalho legislativo não é tão difícil, uma vez que você terá os seus objetivos,
05:47você tem algumas metas que você pode estabelecer e dentro do contexto de Congresso Nacional
05:54vai ser brigado.
05:55Mas quando você olha o panorama do Congresso Nacional, é difícil você se apaixonar.
06:01Desanima.
06:02Não é que desanime.
06:04Talvez se houvesse a tal da candidatura avulsa, eu pudesse ser mais facilmente cooptado.
06:11Bom, vamos torcer pela candidatura avulsa.
06:12Isso não vai acontecer.
06:15Candidatura avulsa não vai ter.
06:16Não é possível, por exemplo, ser ministro de um governo?
06:24Ah, isso aí tem que ir.
06:26Dependendo do seu convite acontecer, você vai estudar e verificar.
06:29Quem está te convidando, se aquela missão está dentro do seu escopo de conhecimento,
06:36que é outra coisa também importante.
06:38Você não pode assumir uma missão, um ministério, por exemplo, se você não conhecer profundamente.
06:43Porque, claro, ninguém sabe tudo.
06:46Essa história de achar que o presidente da república tem que ser um conhecedor profundo
06:50de economia, de infraestrutura, de saúde, de educação, isso é loucura.
06:55Isso não existe em país nenhum do mundo.
07:00Até para quem gosta de cinema, vale a pena ver esse filme novo do Churchill.
07:04É muito interessante, porque mostra bem como é que um sujeito vocacionado para um determinado
07:12tipo de situação que vem de um desprestígio enorme de outras decisões tomadas anteriormente,
07:20acaba se tornando um herói que leva o país a reagir a uma situação que era considerada
07:26perdida, que era a invasão do Alemão da ilha da Inglaterra.
07:31E ele depois perde, não aparece isso no filme, o filme para antes disso, mas quem conhece
07:38a história sabe que depois ele perde o cargo de primeiro-ministro com tudo que tinha
07:41feito.
07:42Ele foi uma pessoa fundamental para o destino na Inglaterra naquela situação.
07:47Não é em todas as situações.
07:49Então, para cada caso...
07:50O senhor tem candidato já para presidente?
07:54Eu tenho uma ligação grande com o Bolsonaro.
07:56Foi seu cadete, né?
07:58Foi meu cadete, eu tenho ligação com ele durante todo o tempo político dele.
08:04Acho que, na situação atual, para mim ele é uma boa opção.
08:08Você tem dado algumas...
08:09E as cobranças...
08:10Essa é outra coisa engraçada.
08:12A cobrança em cima do Bolsonaro é que ele seja a mistura do Reagan com a Margaret Thatcher,
08:17com o Obama, com o Martin Luther King.
08:20Não é, pô.
08:21Não é.
08:22Não tem esse candidato, com esse perfil da perfeição e ninguém cobrou isso de outros
08:28que passaram aí.
08:29Qual é a grande qualidade do Bolsonaro para o senhor?
08:32Eu acho que ele é obstinado.
08:33Isso é uma coisa muito importante.
08:37Eu, nos contatos que não sou só eu, outros têm participado dessas conversas, ele tem demonstrado
08:44que ele é capaz de modificar um pouco a sua maneira de agir para se moldar a uma situação nova.
08:55Porque é novo para ele.
08:56Ele foi deputado a vida inteira.
08:58E, muitas vezes, brigando sozinho pelas suas ideias, não sei o quê.
09:01Hoje ele tem que estar em um outro contexto, né?
09:04Onde ele tem que ser mais flexível, ele tem que entender que as opiniões têm que ser ouvidas.
09:12Dialogar mais.
09:13Dialogar.
09:13Eu acho que ele tem entendido isso.
09:15Ele tem...
09:16Eu não gosto da palavra humildade, não.
09:18Humildade é uma palavra meio difícil, assim, de...
09:21Não é uma coisa que eu seja fã dessa palavra.
09:24Mas ele tem a consciência...
09:26Por que ele é um bom nome?
09:27Por que o senhor vota nele?
09:29Porque no quadro político atual, eu não vejo ninguém melhor.
09:33Não vejo ninguém melhor que ele.
09:35Mas qual é a grande qualidade dele, além dessa...
09:37Eu acho que ele é obstinado, eu acho que ele terá um programa de governo.
09:41Todo mundo cobra isso.
09:43Isso.
09:43Não cobraram de outros, né?
09:45Mas dele toda hora, programa de governo...
09:47Ele vai ter programa de governo.
09:49Ele tem um ano para pensar em programa de governo.
09:51E tem que verificar qual vai ser a evolução do país até lá.
09:55Mas ele vai ter um programa de governo, acredito.
09:56E mais, ele sempre declara que vai buscar uma equipe que não esteja nesse Toma Lá da Cá.
10:05Eu acho isso aí uma qualidade excepcional.
10:08É a vontade dele de romper com o ciclo do Toma Lá da Cá.
10:16Esse Toma Lá da Cá é um negócio, assim, sabe?
10:18Para quem não está envolvido no Toma Lá da Cá...
10:21Eu vou usar uma palavra até que é um pouco dura, mas chega a ser nojento.
10:29Você verificar que os cargos públicos são mobiliados à custa de troca de favores
10:36por gente que sabidamente é incompetente.
10:40O senhor teve que lidar com alguma coisa disso quando o senhor estava comandando lá?
10:43Graças a Deus, não.
10:44Não.
10:45Isso, por exemplo, o exército é outra coisa, porque o exército é completa...
10:48Não tem nenhuma promoção no exército.
10:50Olha que eu tenho 45 anos de serviço e passei em lugares muito próximos do...
10:56Além de ter chegado ao topo da carreira, eu vivi em lugares muito próximos do topo da carreira.
11:02E nunca vi uma promoção no exército ter acontecido por pedido político.
11:06Nunca vi.
11:08Eu estava na presidência da república quando o chefe da casa militar recebeu um cartão,
11:13não vou dizer os nomes, por razões óbvias, recebeu um cartão...
11:16Depois você me fala em off.
11:17Pedindo a promoção de um coronel, a general.
11:23E como eu era muito chegado ao chefe do gabinete militar, ele me chamou.
11:31Eu lembro, olha o cartão que eu recebi aqui, o que eu faço com isso?
11:34O cartão era endereçado ao presidente da república.
11:37Foi usado o caminho da casa militar porque se tratava de uma promoção de um coronel a general.
11:42Eu falei, general, o senhor tem nota de lixo aí embaixo da sua mesa?
11:48O rádio que joga fora.
11:50Nem leva para o presidente.
11:52Primeiro que isso não vai acontecer.
11:54O senhor vai encher a cabeça do presidente com uma coisa que não vai acontecer.
11:58Depois que isso aí é o caminho para arrebentar com as nossas mais puras convicções.
12:04Isso não existe.
12:05Eu disse para ele, o senhor sabe muito melhor do que eu, que isso no nosso meio não existe.
12:11É um sorrado que joga fora.
12:12Eu tenho uma curiosidade.
12:13Eu ouvi-lo em relação a uma coisa que tem a ver com isso, com corrupção, com forças armadas e tal.
12:21Eu cobri muito tempo a área e acompanhei desde lá de trás todos esses programas de compra.
12:30de aeronaves, submarinos, helicópteros, etc.
12:35E já naquela época denunciei vários casos de direcionamento da licitação, de obra que foi entregue para o Odebrecht, etc.
12:45Numa época que ninguém se preocupava com isso.
12:47Até que essas matérias provavelmente foram para essa mesma lata de lixo que o senhor mencionou.
12:52O senhor, mais uma vez aí, não foi uma só, durante a nossa entrevista, falou justamente dessa resistência que existe dentro das Forças Armadas à corrupção,
13:08ou à negociata, ou ao tomar lá da cá.
13:10Como que é possível você ter os comandantes das Forças Armadas envolvidos em projetos de ponta como esse,
13:23e que todos eles envolveram os comandos, sem que esses comandantes e os seus auxiliares não se envolvam nesse tomar lá da cá,
13:33não sejam cúmplices desse tomar lá da cá?
13:37Isso é uma curiosidade que eu tenho.
13:38Olha, a vida da gente começa numa escola, onde não existe escola para começar.
13:45Não existe escola por uma razão muito simples.
13:48Se você colar, você está sendo desonesto com todos os seus companheiros.
13:54Você vai servir em lugar melhor.
13:56Você, durante a sua vida inteira, vai ser mais antigo do que todos os que estiverem classificados atrás de você na sua turma.
14:04Então a cola é absolutamente inaceitável.
14:07Se você colar numa prova, pode ser até o seu melhor amigo, ele vai dizer para você, pare de colar.
14:17Se você insistir, ele vai levantar ou vai sair da sala, porque muitas vezes a prova nem tem fiscal.
14:22A gente faz prova na academia militar, num apartamento, sem fiscalização.
14:26E ele vai no tenente e vai dizer, olha, fulano colou.
14:31Porque isso não entra na cabeça.
14:33Então isso aí já cria, no futuro oficial, a sensação de que os maiores vigias que ele terá ao longo da vida são os seus companheiros.
14:43que o conhecem profundamente, que sabem qual é o padrão de vida dele, que sabem quais são as posses dele desde cadete.
14:52Então tem cadete que chega na academia e já tem carro.
14:56Tem cadete que chega na academia e pega do soldo de 600 reais que ele recebe, ele pega 300 e manda para casa.
15:03Então se esse camarada que pega 300 reais de um soldo de 600 e manda para casa,
15:09se amanhã ele for o fiscal administrativo de uma unidade e ele aparecer com um Toyota último tipo, sem fazer comercial,
15:19é óbvio que os seus companheiros vão falar, pô, como é que pode?
15:22Então isso é um freio muito grande.
15:25Além dos valores que são, e esses valores, eu aprendi isso com uma equipe de psicólogos que trabalhavam comigo na escola preparatória da Unicamp,
15:34que uma vez eu disse que o exército pregava determinados valores.
15:38E elas disseram para mim, coronel, o senhor está enganado.
15:42Quem prega esses valores não é o exército, é a família.
15:47Por isso um dos pontos que eu acho que a sociedade brasileira tem que parar para pensar.
15:55Onde nós estamos colocando esses valores da família?
16:01Onde é que nós estamos falhando na preservação desses valores?
16:07Então não é porque as escolas militares colocam esses valores na cabeça dos militares, não.
16:12É porque a maioria traz de casa.
16:14E nós temos a sorte dos rigores da carreira, não sei o quê.
16:19Normalmente os que são atraídos para a carreira militar,
16:23lógico que tem milhares, milhões de pessoas que não são militares
16:27e que têm valores até mais arraigados do que os nossos.
16:31Mas no nosso caso a carreira atrai.
16:34Normalmente o camarada que está propenso a viver uma vida sem grandes luxos, não sei o quê.
16:42Então quando aparece uma situação estranha, rapidamente o sujeito é plotado.
16:48E eu tenho certeza, você cobriu e sabe que a própria instituição faz questão de cortar na sua carne.
16:58Ela não acoberta isso, não é uma atitude que seja,
17:05ah não, não faz mal, deixa por isso mesmo, não.
17:08É dura, na repressão é isso aí.
17:10E tem que ser, tem que ser.
17:11Não pode aceitar.
17:12Para finalizar, só uma dúvida.
17:14Eu imagino que, com o que o senhor falou aí do Bolsonaro,
17:21o senhor possa até vir a ser ministro do Bolsonaro.
17:25Mas aí me dá o gancho para lhe perguntar sobre o Ministério da Segurança Pública.
17:30O senhor acha que é necessário uma nova estrutura para cuidar desse tema?
17:36Inclusive uma estrutura que pode vir a ter a Polícia Federal debaixo do seu guarda-chuva ali.
17:46Como é que o senhor analisa essa criação, que é uma das ideias dentro desse pacote lançado pelo Temer?
17:56Eu tenho a impressão que nós já temos uma quantidade de ministérios acima do necessário.
18:05Eu acho que nós temos, houve uma proliferação de ministérios.
18:09E isso aí não é só o que o ministério faz.
18:13É o que o ministério representa de gastos.
18:16Porque o que o ministério faz, ele pode ter as mesmas, os mesmos setores vinculados a um outro ministério.
18:26Tem que analisar o seguinte, esses setores serão muito mais eficazes se eu tiver um ministério exclusivamente para cuidar deles?
18:33Ou apenas vou criar mais uma cabeça com mais um monte de DAS, de cargos comissionados e não sei o quê?
18:42E não vou alterar em nada o quadro de atuação desses órgãos que estão pendurados nesse novo ministério.
18:49Eu espero que tenham feito essa análise.
18:51Eu não disponho de informações suficientes para julgar essa decisão em termos mais profundos.
19:00dizer, não, essa decisão realmente a polícia federal vai estar melhor, as polícias militares vão estar melhor,
19:07a Secretaria de Segurança Pública vai ser mais bem aqui em uma hora.
19:14Não sei.
19:15Eu acho que o país está numa situação financeira, orçamentária difícil.
19:21Qualquer criação de cargos é pesado, né?
19:26Eu estou falando em reforma da Previdência, eu devo evitar criar cargos.
19:30Então, me parece que há umas certas incoerências aí.
19:33Mas, diante da situação que nós estamos vivendo, pode ser até que o Ministério da Segurança Pública traga algum benefício.
19:39Na minha opinião, agora não me parece, não me pareceu ainda, pelo que eu li, pelo que eu me informei,
19:46alguma coisa que possa ser louvada de imediato.
19:50Vamos aguardar um pouquinho os resultados.
19:53General, muito obrigado pela sua presença aqui, por esse bate-papo.
19:58Agradeço a audiência sempre conosco.
20:01E é isso.
20:03O general Augusto Heleno, aqui no Antagonista, ele compartilhou a experiência do Haiti,
20:10suas visões da política, suas visões da intervenção, né?
20:16Sua análise sobre o que precisa acontecer, o que precisa ter.
20:21Agora, tem uma coisinha que eu acho que é importante até para esse sentido de urgência, general,
20:29que me veio à mente agora, que é que a gente não fez preparação para a entrevista.
20:36A missão de paz no Haiti durou 13 anos, a nossa participação lá.
20:41A ONU permanece.
20:43É, a ONU hoje tem uma missão jurídica, né?
20:45Uma coisa lá.
20:45Mas, assim, você levou 13 anos para entender que não era mais necessária a presença militar
20:51para garantir a segurança, para garantir as condições mínimas lá de segurança no Haiti.
20:59É por aí?
21:00A gente tem que pensar a situação do Rio para uma coisa de uma década
21:06ou para algo mais urgente, de um ano?
21:10Porque as pessoas, elas querem o resultado imediato, né?
21:14Você declara a intervenção, você imagina que até o fim do ano,
21:17ainda mais uma intervenção que tem data, né?
21:19Até dezembro, né?
21:21Deste ano, as pessoas imaginam que até dezembro vai estar resolvida a situação da segurança no Rio de Janeiro.
21:29Como é que fica?
21:30Difícil, né?
21:31Que isso aconteça.
21:32Resolvida a situação, muito difícil.
21:35Eu acho que essa missão, ela tem que ser encarada com dois aspectos.
21:42Ela tem uma urgência na sua primeira fase, que é meio colocar a casa em ordem, né?
21:52Mesmo que seja com alguns processos que não podem se eternizar nem se prolongar no tempo.
22:00E a partir daí, buscar que tenhamos uma situação próxima da normalidade,
22:07não vai ser totalmente normal, mas próxima da normalidade,
22:11e que eu passe a pensar em como estender isto para todo o Brasil,
22:18sem medidas de exceção.
22:20Porque não é viável que você saia decretando intervenção em dez estados da federação.
22:27Deve ter muitos pedidos.
22:28É lógico, já estão começando a acontecer pedidos de governadores pela intervenção.
22:33Então, não é uma situação corriqueira, não é uma situação normal,
22:36e ninguém quer que isso se estenda a toda a federação.
22:41Mas acho que os ensinamentos escolhidos no Rio de Janeiro
22:43podem se estender para outros estados que também estão sendo seriamente afetados.
22:49O Rio de Janeiro é foco, é onde está muitas vezes o brilho do turismo, é bastante...
22:58Mas só acho que dez meses você consegue ter uma situação, pelo menos uma primeira etapa...
23:04Eu vou torcer muito para que isso aconteça, porque é difícil...
23:10Quando vocês conseguiram resolver a principal situação crítica no Haiti, levou quanto tempo?
23:17O senhor que ficou lá um ano e três meses?
23:19Eu acho que levou pelo menos quatro anos para nós termos o domínio do fato, que está na moda.
23:26O domínio do fato, acho que levou quatro anos para o que acontecia.
23:32Porque resolvia um problema, aparecia outro, não sei o quê.
23:35Nós fomos aprendendo muito.
23:38Aí o que aconteceu foi que, infelizmente, quando nós tínhamos o domínio do fato,
23:43nós fomos surpreendidos pelo fato altamente inesperado.
23:51Não digo que seja inesperado, porque aquela área volta e meia é vitimada por isso.
23:55Mas o ato é altamente indesejado do terremoto.
24:01Ah, sim.
24:02O terremoto foi uma regressão enorme.
24:04Eu estive lá, inclusive.
24:05Naquela época, quando me perguntavam, eu falei, olha, cheguei no Haiti, era menos um.
24:09Saí do Haiti, era dois.
24:12E hoje, quando me perguntavam antes do terremoto, eu digo, o Haiti está no cinco ali.
24:17Pelo menos é um país que está se tornando viável no cenário que a gente espera de um país
24:23que pode crescer, pode usar um pouco mais as suas vocações econômicas, não sei o quê.
24:29E, de repente, o terremoto jogou para menos dois.
24:33Então, praticamente, se começou tudo de novo.
24:36Eu me lembro, parecia que era um cenário de guerra.
24:39Antes era um cenário de falta de inscrição de terra arrasada.
24:43Não era nem de guerra, era guerra depois de um bombardeio do inimigo.
24:47Depois de um bombardeio.
24:48Eu via aquela história do Haiti e eu me lembrava da situação da Normandia, depois do desembarco.
24:55Você passava no meio das ruínas pegando fogo, aquela coisa, aquela situação.
24:59Peraí, como é que vai...
25:01Não, e depois a população andando pela rua sem rumo.
25:04Sem rumo.
25:05Já era uma população...
25:07O Palácio do Governo desmoronado foi simbólico.
25:10Sim, a catedral, o Palácio do Governo.
25:12A catedral.
25:13O hotel que serviu de...
25:16O montante.
25:16De sede para vocês.
25:17Isso foi um abalo muito forte nessa progressão que vinha criando na população haitiana aquela esperança.
25:24Agora nós vamos...
25:26E aí foram mais.
25:27Você vê, isso foi em 2008, foi o terremoto.
25:31Quatro anos depois foi exatamente o que eu disse como prazo para dar uma boa regularização.
25:35A partir daí começou a reconstruir tudo que já tinha sido feito.
25:39Então a gente está diante da seguinte situação, quer dizer, você tem uma situação de emergência
25:45com a intervenção, ela dura até o fim do mandato do atual presidente e o próximo
25:51deve manter a mesma, vamos dizer assim, a mesma dedicação à solução do problema.
26:01Não pode desmobilizar, senão você não resolve.
26:04É uma situação que pode levar aí três, quatro anos para realmente chegar a um...
26:06E eu às vezes, na palestra que eu faço, até sobre a Amazônia, sobre...
26:12Às vezes sobre o Haiti, às vezes sobre segurança pública, eu sempre digo, olha, se vendesse
26:16na farmácia um xarope com um rótulo escrito vergonha na cara, aí a gente tinha um prazo
26:25curto para sair desse negócio, se vendesse esse xarope era bem mais fácil.
26:31Tá certo.
26:32É isso aí, gente.
26:33Obrigado.
26:33Obrigado, Renato.
26:34Obrigado.
26:34Obrigado.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado