O Antagonista entrevista Olavo de Carvalho – Teaser 1: O boicote - Vídeo Dailymotion

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Transcript

00:00No filme, não tenho a pretensão de apresentar a minha obra inteira, o conjunto do meu pensamento, nada disso.

00:06E dentro da sua proposta, o filme foi maravilhosamente realizado.

00:10Agora, um tema aí do filme que eu achei muito importante é o contraste entre o que é a vida no campo,

00:18onde você está em contato com o universo físico, e a vida na cidade, onde você não está no universo físico,

00:24você está no universo de normas, leis, costumes, pressões, você está no universo construído pelo ser humano.

00:30E o sujeito que está aí na cidade trabalhando, de vez em quando ele sai, vai para a praia, vai para a montanha,

00:36ele acredita que aquilo é apenas um descanso, e que na segunda-feira ele volta para a realidade.

00:40Mas, na verdade, ele está voltando para um mundo construído, não para o mundo real.

00:44O mundo real é o mundo físico, meu Deus do céu.

00:47O que nós construímos em cima só é real relativamente.

00:50E esse filme, O Jardim das Aflições, ele sofreu um certo boicote, quer dizer, indireto, na verdade.

00:56Sete cineastas retiraram os seus filmes.

01:00Em protesto contra a exibição do Jardim das Aflições, num festival de cinema.

01:05Isso aí, como é que é? Essa é a hegemonia tornada visível.

01:08Se você ver a lista de jornalistas, comentaristas, conservadores, ou de direita,

01:13que foram expelidos da mídia já no tempo dos militares,

01:16como Gustavo Corção, Lenildo Tabosa Pessoa, Nicolas Boer, o mundo da Mera Pena, António Olinto,

01:23todos eles foram banidos.

01:25Então a esquerda se queixava da censura, mas ela estava fazendo uma censura muito mais drástica

01:29dentro dos terrenos que ela dominava.

01:31O próprio Lula, em duas eleições, ele celebrou o fato de que todos os candidatos eram de esquerda.

01:36Pela primeira vez, companheira, pela primeira vez, nós não vamos ter um candidato de direita na campanha.

01:45Não é fantástico isso?

01:46Vocês querem conquista melhor do que numa campanha neste país a gente não ter nenhum candidato de direita?

01:54Quer dizer, não havia representação da opinião conservadora, direitista, ou como queira chamar.

02:00Não havia nada.

02:01Você não tinha um único canal, você não tinha um único jornalzinho alternativo.

02:05Não tinha um jornalzinho nanico.

02:06Não tinha um rádio, um programa de rádio.

02:08Não tinha absolutamente nada.

02:09Era o silêncio total.

02:11Ou coisa que, durante o regime militar, jamais aconteceu.

02:14A revista de mal prestígio, que era a revista realidade, era todinha.

02:18Era o Partido Comunista encarnado.

02:20Então, eles tinham muito mais espaço no tempo da ditadura militar do que eles concedem aos seus adversários hoje.

02:28Num país de maioria conservadora, você não tem um jornal diário conservador, um canal de TV conservador,

02:35uma universidade conservador, um partido conservador.

02:39Não tem absolutamente nada.

02:41Então, pessoal, o conservador acaba votando naqueles que ele considera menos pior.

02:45Você vota no mal menor.

02:48Há anos, há décadas, votamos no mal menor.

02:50E não tem representação nenhuma.

02:53E esse é o ideal buscado pela estratégia grubxiana.

02:57Ocupar todos os espaços.

02:58Não deixar espaço para mais ninguém.

03:01Então, é claro que é um sistema ditatorial.

03:04Não se declara ditatorial, evidentemente,

03:07mas se exerce de uma maneira muito mais drástica do que a ditadura militar exerceu.

03:12Muito mais drástica e intolerante.

03:14No caso do Janenza Frições, a mesma coisa.

03:16Os rapazes se sentiram intimidados e ameaçados pela presença de um filme.

03:23Eles não tinham visto ainda, mas que eles ouviram dizer que é de direita.

03:27Não pode tolerar.

03:30É um terror pânico.

03:32É uma coisa impressionante.

03:34É um terror pânico.

03:38É um terror pânico.

03:50É um terror pânico.

O Antagonista entrevista Olavo de Carvalho – Teaser 1: O boicote

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