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Transcrição
00:01Estou nessa ação penal 506-31-30-17, continuidade do depoimento do Sr. Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
00:08O Ministério Público falava então dessa matéria.
00:10Eu refiro a essa matéria, está na nota de rodapé 386 da denúncia, é uma matéria veiculada no portal UOL,
00:18dizendo que já havia um espaço físico reservado para ser a sede do Instituto, localizado perto do Parque do Ibirapuera,
00:23o imóvel da Rua Berbeck exatamente fica nesse local, Lindeiro, Avenida 23 de Maio, próximo ao Parque do Ibirapuera,
00:30e que esse projeto era tocado por um grupo de apoiadores.
00:33O Sr. Ex-Presidente saberia explicar como a imprensa já sabia isso em 2010?
00:38Tem tanta coisa que a imprensa já sabe que a senhora não sabe, doutora.
00:43Tem tanta coisa, doutora.
00:46Então, doutora, é o seguinte, a senhora pode abrir um processo contra o jornalista do UOL que escreveu isso,
00:52se ele pode explicar para a senhora.
00:54Pois não. A matéria diz, um prédio de três andares, próximo ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo,
00:59está reservado para ser a sede.
01:05A mesma matéria diz, segundo a fonte, Lula e Marisa já visitaram o local.
01:09Em princípio, o presidente avaliou que o prédio seria muito grande,
01:12já Marisa, que deverá dar a palavra final, gostou do espaço.
01:17Essa matéria é uma disfarçadez.
01:19Eu visitei o prédio com a dona Marisa, em junho de 2011,
01:24para dizer que nós não íamos adquirir aquele prédio,
01:27que não tinha nenhuma utilidade daquele local para fazer,
01:31e que a gente iria pedir o terreno.
01:33Certo. Quem marcou essa visita?
01:35A que o senhor está fazendo referência de 26 de julho de 2011.
01:38O Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula.
01:41Que data venda já foi referido aqui, já foi esclarecido,
01:44por isso eu pediria à vossa excelência que observasse as respostas que já foram dadas,
01:49a fim de que não haja repetição das perguntas.
01:52Pois não.
01:52Nas respostas escritas que o senhor ex-presidente prestou nas investigações,
01:57evento 1, anexo 273,
01:59o senhor ex-presidente disse que não houve nenhum contato com o Grupo Adebrecht,
02:03e reafirmou isso aqui hoje,
02:05com respeito ao imóvel da rua Doutora Berbeck.
02:07Eu gostaria de mostrar ao senhor esses e-mails,
02:10e-mails juntados aos autos,
02:11trocados entre Paulo Camoto, que o senhor disse que era a única pessoa que conhecia,
02:15com quem o senhor tratou, da questão do terreno,
02:18e João Alberto Louveira,
02:20empregado da Odebrecht,
02:21agendando a visita do dia 26 de julho de 2011 no imóvel.
02:25É o evento 1, anexo 248.
02:29O senhor quer ver o e-mail?
02:31O companheiro Paulo Camoto já esteve aqui.
02:34Deixa eu lhe falar.
02:34A senhora não pode ficar perguntando para mim
02:36e-mail de João falando com Maria,
02:39se eu sou o Lula.
02:40Não, é porque, como o senhor disse,
02:41não, tem algum e-mail para mim?
02:43Doutora, tem algum e-mail para mim?
02:45Tem algum e-mail para mim, doutora?
02:46E houve uma troca de mensagens com relação ao imóvel?
02:48Doutora, tem algum e-mail para mim?
02:50E a pergunta do Ministério Público?
02:51Doutora, tem algum e-mail para mim?
02:53A senhora pode esperar o depoente fazer a resposta?
02:55Eu estou respondendo a pergunta, inclusive.
02:56É que você lê isso aqui aí.
02:58Doutor, vamos aqui.
03:00A questão colocada, o senhor é o seguinte,
03:02o senhor tinha conhecimento dessas mensagens?
03:04Não tinha conhecimento, doutor.
03:06Eu só queria que a senhora perguntasse de coisas que foram direcionadas a mim.
03:11Certo.
03:12Mas aí, veja, senhor ex-presidente, é uma pergunta normal.
03:16Olha, teve conhecimento disso ou não teve conhecimento disso?
03:18Pronto.
03:20Tem necessidade de...
03:21Mas, doutor, o senhor sabe que uma coisa é repetida muitas vezes.
03:24É, é uma pergunta normal que o senhor tem que se defender.
03:26Então, a pergunta é normal.
03:27Olha, tem e-mails do fulano X que o fulano Y.
03:30O senhor teve conhecimento disso?
03:32Não.
03:33É que já foi respondida, né, excelência?
03:34O que é normal é a repetição.
03:36Não, essa pergunta não foi feita.
03:38Doutor, mas deixa eu fazer só a pergunta para entender.
03:40Não, não, não.
03:40Vamos seguir aqui as indagações.
03:43O senhor me permite, por favor...
03:44Permito.
03:45O senhor, esse presidente, permite uma colocação?
03:47O que a minha colega estava dizendo é que o senhor, até o presente momento, tem apontado
03:52o senhor Paulo Okamoto como sendo a pessoa, o seu interlocutor para esses assuntos.
03:58E estes e-mails eram justamente dirigidos ao Paulo Okamoto.
04:01Deixou.
04:01E é só essa que é a questão.
04:03Pode corrigir.
04:03Não foi apontado como interlocutor.
04:05Acho que a afirmação de vossa excelência não corresponde com o que foi dito pelo depoente.
04:10O depoente disse que foi informado da visita pelo senhor Paulo Okamoto.
04:15Não usou a palavra interlocutor, que foi usada por vossa excelência.
04:19Mas não era o Paulo Okamoto que tratava desse assunto?
04:20Não, mas deixa eu falar, doutor.
04:21É que o Paulo Okamoto é presidente do Instituto Lula.
04:25Pois é.
04:25Ele é o presidente.
04:27As pessoas não tinham nenhuma obrigação de conversar comigo sobre o Instituto.
04:31O Instituto tem uma diretoria.
04:33O Instituto tem conselho fiscal.
04:36Eu só estou querendo dizer, o Paulo Okamoto era o presidente...
04:40Não, aliás, é o presidente do Instituto, que tem um conselho, sabe?
04:43Que tem uma direção e que, portanto, o Paulo não estava lá me representando.
04:49O Paulo estava discutindo as coisas em nome do interesse do Instituto.
04:53Quando o Lula morrer, que não existe mais...
04:56Todo mundo fala que não vai morrer, eu espero demorar muito.
04:59Ou seja, o Instituto deve continuar.
05:01Não vão tirar o meu não porque eu morri.
05:03Então, se o Paulo for por dentro, ele vai continuar tratando do Instituto Lula do mesmo jeito.
05:07Mas seguimos adiante aí na questão.
05:09Nas respostas escritas que o senhor prestou durante as investigações, anexo 273, evento 1,
05:14o senhor ex-presidente disse que o imóvel da Rua Berbeck teria, então, sido oferecido ao Instituto da Cidadania,
05:21mas que recusou a aquisição conforme deliberação da diretoria.
05:24O item é da resposta desse anexo a que fiz referência.
05:27O senhor ex-presidente poderia explicar quando a diretoria se reuniu para deliberar sobre isso?
05:31Não sei, querida. Não sei.
05:33Como ocorreu essa deliberação?
05:35Na deliberação, no dia que eu fui lá, pelo menos.
05:38Houve uma reunião específica para isso?
05:40Não, eu não. Eu fui convidado a ir visitar o terreno,
05:45que era um terreno que estava sendo oferecido para compra,
05:48e nós fomos lá e achamos inadequado.
05:53E essa deliberação foi formalizada de alguma maneira?
05:56Não.
05:57Deve ter sido depois, na reunião da direção, deve ter discutido que não aceitou.
06:01O senhor tem conhecimento da formalização?
06:03Não, não tenho, querida. Não tenho.
06:07Também pediria que o senhor ex-presidente referisse ao membro do Ministério Público
06:13pelo tratamento protocolar devido.
06:16Como é que seria? Doutora...
06:19A senhora ex-presidente, eu vou pedir realmente, até peço escusas,
06:23não percebi isso de maneira tão clara.
06:28Sei que, evidentemente, o senhor ex-presidente não tem nenhuma intenção negativa
06:33em utilizar esse termo, querida, mas peço que não utilize.
06:39Pode chamar de doutora.
06:40Também.
06:41Senhora procuradora.
06:42Também.
06:43Perfeito.
06:44O senhor Alexandrino Alencar relatou aqui em juízo que o Grupo Odebrecht continuou procurando imóveis
06:52para o Instituto Lula depois da visita feita em julho de 2011 ao imóvel da Rua Doutora Berbeck.
06:59Foi, inclusive, apresentado um projeto feito pela Odebrecht para a reforma do atual prédio do Instituto Lula,
07:06aquela sede localizada no Ipiranga.
07:09O senhor teve conhecimento disso?
07:10Eu não tenho conhecimento, doutora, e acho que é mentira.
07:15Porque depois que nós fomos ver e achamos inadequado, nós fomos à Prefeitura de São Paulo
07:22falar com o prefeito Kassab, que aceitou mandar um projeto de lei para a Câmara de Vereadores
07:28doando um terreno na Cracolândia para que nós fizéssemos o Instituto.
07:33A Câmara de Vereadores aprovou o terreno e, com base nesse terreno, nós começamos a elaborar
07:40um projeto do que seria o futuro Memorial da Democracia.
07:45Eu não me refiro, na pergunta que fiz, ao projeto apresentado pelo Escritório de Arquitetura
07:51de Marcelo Ferraz para o terreno da área central de São Paulo.
07:56Eu me refiro aos projetos que estão juntados nos autos, no evento 928, que são projetos
08:02produzidos pela Odebrecht, segundo Alexandrino Alencar, a pedido, e que houve grande prospecção
08:10de imóveis durante mais de dois anos para o Instituto Lula após a desistência.
08:15O senhor confirma esse fato?
08:17Não, eu não confirmo e não acredito nisso.
08:20O senhor tem conhecimento?
08:21Não.
08:22Não.
08:23Pois não.
08:25Qual a relação do senhor com Alexandrino Alencar?
08:28Ele era empregador do Odebrecht e andava com o Emílio Odebrecht.
08:33Ele o acompanhava nas reuniões com o senhor na presidência?
08:36De vez em quando.
08:40Com relação à referência que o senhor fez ao fato de ter mantido diversas reuniões
09:05com o Emílio Odebrecht, e agora o senhor disse que, às vezes, acompanhadas de Alexandrino
09:09Alencar, o senhor poderia esclarecer a sua relação com o grupo Odebrecht?
09:16A mesma relação que eu tinha com todo o empresariado brasileiro.
09:20Se a doutora se lembrar bem, eu fui o presidente que mais fui ao Ministério Público.
09:29Eu fui o presidente que mais reuni empresários de todos os setores desse país.
09:33fui o presidente que mais viajei no mundo, fui o presidente que mais viajei no país,
09:39e, portanto, fui o presidente que mais tive contato com empresários.
09:43Muitos, mas muitos, com todos.
09:46E o Emílio era um grande empresário, como era grande empresário, a Camargo Correia,
09:49a OAS, os produtores de etanol, o pão de açúcar, as indultas automobilísticas,
09:55toda a gente conversou comigo todo o tempo.
09:58Não tinha preferência a Odebrecht.
10:02Mas nessas reuniões, Emílio Odebrecht levava pedidos de interesse do grupo Odebrecht?
10:07O Emílio era um empresário organizado, e eu passei a adotar...
10:11Sabe, todo empresário que conversasse comigo tinha que dizer antes qual era o assunto.
10:16Porque você não pode fazer uma reunião com o empresário,
10:18e chegar lá, o empresário chegar com uma pauta, e você não tem informação.
10:22Então, Emílio levava a pauta do setor.
10:27Sabe, levava a pauta da Abitibe, levava a pauta do Sindicato da Condição Civil.
10:32E assim levava. O etanol levava a pauta do setor de etanol.
10:36A indulta automobilística levava a pauta da indulta automobilística.
10:40Levava questões relativas à Petrobras?
10:43Relações ao desenvolvimento do Brasil.
10:46E a Petrobras era uma empresa que tinha muita importância no desenvolvimento do país.
10:52Pois não.
10:53Há uma outra audiência, um documento relativo à audiência com o presidente Luiz Inácio.
11:03Além daquela que fiz referência anteriormente, é um documento que consta do evento 928, anexo 13.
11:13A audiência com o excelentíssimo senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Brasília, 5 de agosto de 2005.
11:20Dentro de diversos pontos desta pauta, há referência no item 6, diversos.
11:25Relação com a Petrobras versus importância do diretor PR.
11:31Seria Paulo Roberto? O senhor tem conhecimento?
11:34Antes, pela ordem, eu gostaria de esclarecer...
11:35O senhor gostaria de examinar o documento dos autos?
11:37Eu gostaria de esclarecer pela ordem que esse documento é objeto do incidente de falsidade também.
11:43Certo. A pergunta é se o senhor se recorda dessa reunião...
11:46Certo. Mas é que me parece...
11:48Se teria havido essa reunião e se foi tratado de ser...
11:50É que a defesa, eu gostaria só de ter a palavra.
11:53O doutor intervém toda hora no interrogatório novamente.
11:55Tudo bem, mas é...
11:56A ordem é um engano.
11:56Tudo bem, só que a lei me dá esse direito de formular a questão de ordem.
12:00Estou levando ao juízo a questão de que este documento é objeto de incidente de falsidade que ainda não foi processado.
12:10Perfeito. Mas isso impede de ser feita a pergunta sobre ele ao seu cliente?
12:13Isso impede, sim. Impede.
12:16Por uma simples questão, porque há, inclusive, informações que foram juntadas aos autos a respeito disso...
12:22O doutor já colocou o seu ponto, agora sim.
12:23Sim, mas se vossa excelência puder...
12:25Não, eu já ouvi o senhor.
12:26Eu não terminei o meu raciocínio.
12:28Eu não terminei o raciocínio.
12:29É que vossa excelência aqui é contada a defesa.
12:31O senhor ex-presidente, o incidente não impede as perguntas,
12:35e a pergunta se recorda de uma reunião em que houve esse tema, só isso.
12:39Tem medo que o seu cliente tenha que responder?
12:41Não, medo não tem.
12:42Medo nem tem.
12:44Vossa excelência não respeita a defesa.
12:46Vossa excelência não respeita a defesa.
12:48Mas está mais uma vez claro que vossa excelência não respeita a defesa.
12:52Vossa excelência não respeita a defesa.
12:55Então, se vossa excelência seguir a lei e processar o incidente de falsidade, a defesa agradece.
13:01Agora, se a lei é diferente, então a defesa vai não só lamentar, como tomar as providências legais.
13:07Está indeferida, doutor.
13:08O doutor está errado, o incidente está sendo encaminhado,
13:12e nós podemos indagar o seu cliente sobre esse objeto dessa reunião.
13:16Se ele não se recordar, ou se isso não aconteceu, isso é perfeito.
13:19Doutor, não precisa intervir na audiência a todo momento,
13:22que isso é perturbador, perturba a ordem normal da audiência.
13:25Fareia as intervenções sempre que necessário e vossa excelência não poderá me impedir.
13:30Doutor Moro, eu só queria dizer o seguinte, vamos voltar à normalidade aqui ao seguinte,
13:36vocês têm o direito de perguntar, ele tem o direito de não concordar,
13:40o juiz Moro tem o direito de indeferir, ele tem o direito de falar ou não falar.
13:45Então está definida a questão.
13:47Então peço para o senhor responder.
13:49Nunca, nunca, o Emílio discutiu comigo o cargo da Petrobras.
13:55Nunca.
13:56E não ousaria discutir, nem ele e nem o outro empresário.
14:01Essa pauta de audiência é de agosto de 2005,
14:05quando Paulo Roberto Costa já ocupava o cargo.
14:08Eu não sei.
14:09Tratavam sobre a atuação?
14:11Eu não sei.
14:11A pessoa não sabe dizer.
14:12Pois não, agradeço.
14:13Há também um documento nos autos, evento 928, anexo 34,
14:19é um e-mail de Marcelo Odebrecht para Pedro Novis, para o seu pai Emílio.
14:24Eu não sei se o senhor conhece o teor desse documento que está nos autos.
14:28É um e-mail de 31 de outubro de 2006,
14:31em que Marcelo Odebrecht, dirigido ao seu pai e a Pedro Novis,
14:36com o seguinte teor.
14:37Pedro, meu pai, nas conversas com Lula, equipe,
14:41acho importante mencionar em termos de pessoa.
14:43E aí tem o texto.
14:44Manutenção de Guido e equipe no Ministério da Fazenda.
14:47Estão afinados e jogando.
14:49Garantia de não paralisação.
14:52Tem o apoio de grande parte do setor produtivo e certa reação dos bancos.
14:57Manutenção de Damian e equipe do BNDES.
14:59Estão afinados.
15:01Inclusive com o MF, imagina o Ministério da Fazenda,
15:03o que é importante.
15:06E jogando com efetividade.
15:08Uma das melhores equipes em anos no BNDES.
15:10Márcio Fortes, um dos quadros mais eficientes e leais do governo.
15:13Conhece como poucos e sabe tratar a burocracia do governo.
15:17Marta Suplicy, dos quadros mais eficazes do PT.
15:20Petrobras, Gabriele, Duque e Paulo Roberto.
15:23Eficientes e de muita lealdade e compromisso com as necessidades do governo,
15:27sabendo conciliá-las com os interesses internos corporativos.
15:31E segue ministérios executivos de infraestrutura, integração e transportes principalmente.
15:35Precisa um choque de gestão para pôr em andamento projetos, inclusive PPPs.
15:40Eu indago o senhor especificamente com relação à referência a Petrobras,
15:45Gabriele, Duque e Paulo Roberto, nessa época, outubro de 2006.
15:51O senhor tratou desses assuntos, senhor?
15:52Doutora, por favor, não pinça apenas o Paulo Roberto a Petrobras.
15:57O senhor só quer ver o documento?
15:58Ou seja, a primeira vez que eu vejo alguém elogiar um conjunto de pessoas do governo,
16:04elogiar o ministro da Fazenda, elogiar o presidente do BNDES, elogiar tudo.
16:10E a senhora tenta escolher ir na Petrobras.
16:13Eu vou lhe dizer uma coisa.
16:15O Paulo Roberto era um técnico que foi escolhido por ser competente.
16:21O Zé Sérgio Gabriele era o presidente da Petrobras por competência.
16:25Portanto, as pessoas elogiarem não é demérito, não.
16:30É motivo de orgulho para quem era presidente da República.
16:34Era motivo de orgulho.
16:36Portanto, eu tenho orgulho se as pessoas elogiaram gente do meu governo.
16:40Certo. A pergunta objetiva é se o senhor Emílio Odebrecht elogiou as pessoas ou tratou das questões dos diretores com o senhor ex-presidente.
16:50Eu vou repetir. Eu pensei que eu tinha respondido, doutor Mouro.
16:53Não é exatamente como ela quer que eu responda, mas como eu sei responder.
16:58Nunca, vou repetir, nunca o Emílio Odebrecht ou qualquer outra pessoa, sabe, de empresário discutiu comigo diretor de empresa pública.
17:10Na pauta de reunião, também juntada aos autos, é uma pauta do dia 17 de janeiro de 2007?
17:19Só registra um papel apócrifo e que também é objeto de incidentes de falsidade ainda não processado.
17:27Pois não. Trata-se do documento juntado pelo colaborador Emílio Odebrecht, que está no evento 928, anexo 8.
17:36Não sei se o senhor quer olhar o documento.
17:37Doutor, Emílio é colaborador de quem? Do Ministério Público?
17:40Celebrou acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República como logado pelo Supremo Tribunal Federal.
17:46Sabe que eu poderia utilizar uma fala do doutor Mouro.
17:51Sabe que não é correto ficar utilizando pessoas que são acusadas, que já prestaram declaração, para acusar um inocente.
18:00Neste documento a que fiz referência, há um tópico que diz orientação como EO, Emílio Odebrecht, proceder com JD, José Dirceu, mais AP, Antônio Palocci, e R, semanal versus J.
18:17O senhor, ex-presidente, orientava Emílio sobre como proceder com José Dirceu.
18:22Essa leitura é textual que a Vossa Excelência fez?
18:25É fruto da colaboração.
18:27Mas a leitura que a Vossa Excelência fez é textual, entre aspas, ou a Vossa Excelência inseriu informações na leitura?
18:34Orientação como EO, proceder com JD, mais AP e R, semanal versus J.
18:41A leitura interior, então, não era textual.
18:43Não.
18:44Agora, a leitura é textual.
18:45É, trata-se de documento apresentado por Réu Colaborador.
18:49O senhor...
18:50A pergunta.
18:52A pergunta.
18:54Refaço a pergunta ao senhor.
18:57O senhor orientava Emílio Odebrecht sobre como proceder com relação a José Dirceu e Antônio Palocci?
19:02Doutora, por que que eu haveria de orientar o Emílio como conversar com qualquer pessoa?
19:12Parece que ele negou o conteúdo dessas atas todas e nega o contato.
19:17Essa questão já encerrei com relação às atas.
19:21Só para ganharmos tempo.
19:22Pois não.
19:32A construtora Norberto Odebrecht fez doações de 4 milhões para o Instituto Lula entre o final de 2013 e 2014.
19:43São recibos nos eventos 1008, anexo 3.
19:46O senhor ex-presidente sabe por que que essas doações foram feitas?
19:50Doutora, eu já respondi, mas vou responder outra vez.
19:53A Odebrecht não tinha que pedir a opinião do Lula para fazer doação, porque o Lula não é diretor do Instituto Lula.
20:05Se ela fez alguma doação, essa doação está contabilizada no Instituto.
20:12Antônio Palocci disse que pediu essas doações para Marcelo, atendendo solicitação de Paulo Camoto.
20:18O senhor tinha conhecimento disso?
20:19O senhor Marcelo Odebrecht disse que essas doações foram deduzidas de uma conta corrente geral de propina
20:32mantida pelo grupo Odebrecht para beneficiar o governo do Partido dos Trabalhadores.
20:42Doutora, essa é a peça de ficção mais hilariante que eu ouvi na fala do Palocci.
20:53Eu, sinceramente, não sei qual era a relação que o ex-ministro Palocci tinha com o doutor Marcelo Odebrecht.
20:59Eu não sei.
21:01Os dois têm mais de 35 anos de idade, têm autonomia, conversavam e nunca me pediram para conversar.
21:08Se eles conversavam coisas, se tinha afundo, se não tinha afundo, o doutor Palocci que explique.
21:17O Marcelo que explique.
21:20O dado concreto é que nem o Marcelo, nem o Emílio Odebrecht, eu nunca...
21:26Doutora, se eu responder e a senhora não prestar atenção, eu vou achar que não tem sentido.
21:32O que a senhora me perguntou?
21:33O seu depoimento está gravado, senhor presidente.
21:36Sabe, eu queria que a senhora ouvisse, porque quando a senhora perguntasse, eu fico olhando para a senhora.
21:40Até por uma questão de respeito.
21:42Certo, mas o senhor estava respondendo, né?
21:44Eu estava lhe falando que nunca o Marcelo Odebrecht, nunca o Emílio Odebrecht, nunca nenhum empresário nesse país discutiu finança comigo.
21:54Nunca.
21:54Alguma vez lhe referiram sobre a existência de uma provisão de valores denominada conta amigo ou subconta amigo, que está registrada em planilha...
22:05Não, eu fico sabendo disso porque a imprensa escreve.
22:07Planilha, programa especial italiano...
22:09Eu tratava os empresários como empresários.
22:15Portanto, eu vou repetir, porque eu não sei se tem mais perguntas, doutor.
22:18É o seguinte, eu tomei posse em janeiro de 2003 com o presidente da república, deixei a presidência dia 30 de dezembro de 2010.
22:25Eu continuo desafiando um empresário que diz o seguinte, eu conversei de dinheiro com o Lula, seja 10 centavos ou 10 milhões.
22:35Eu nunca autorizei, nunca permiti, porque eu não queria nem perder o respeito com relação a eles e não queria que eles perdessem o respeito com relação a mim.
22:45Era por isso que esse país não dava certo.
22:49Porque o país era tratado como se fosse uma coisa pessoal.
22:52Certo, mas o senhor já respondeu isso aí.
22:53Eu tenho uma questão adicional com relação à empresa DAG.
23:00O senhor conheceu a empresa DAG?
23:02Doutora, eu não conheço a empresa DAG.
23:06Nem antes, nem durante e nem depois.
23:10Tudo que eu sei da empresa DAG é o que vocês falam pela imprensa.
23:14É o que a imprensa publica.
23:17Certo.
23:21Deixa, por favor.
23:23Consta que a empresa DAG efetuou custos com o afetamento de uma aeronave que foi cedida para uso do senhor ex-presidente em viagem realizada à República Dominicana,
23:42o que é o objeto de uma ação que corre na décima vara federal, posso citar o número, 0016-093-96-2006-401-3400.
23:54Consta dessa ação que a empresa DAG já afretou a aeronave.
24:00O senhor tinha relação com essa empresa DAG?
24:04Como acabei de perguntar anteriormente.
24:06Doutora, eu fiz 76 viagens nesse mundo para fazer palestra.
24:12Eu não contratava palestra.
24:15E eu não contratava avião.
24:17As pessoas que me contratavam tinham obrigação de me pegar em São Paulo, me levar onde é a Sapalete e me trazer de volta para São Paulo.
24:25Eu nunca fui saber, sabe, quem é que pagava.
24:28Porque nos contratos meus, a empresa que me contratava era obrigada a garantir o direito de ir e vir meu.
24:35Portanto, eu não sei se quem pagou foi a DAG, o Itaú, o Bradesco, o Bamerindos.
24:43Não tem a menor noção.
24:45Agora, se tiver, deve estar no contrato.
24:48O senhor tem conhecimento que a empresa DAG fez pagamento da ordem de 800 mil reais para o senhor Glaucus da Costa Marques
24:55no bojo da contratação deste imóvel da rua Doutora Berbeck Brandão?
25:00Eu vi no depoimento do Glaucus ele dizendo isso.
25:04Agora, pelo que ele disse, ele tinha direito de receber?
25:08É a participação dele no negócio, na venda?
25:11Qual é o erro?
25:12O senhor sabe se ele empregou recursos na compra?
25:13Eu não sei, eu não sei.
25:21Por favor, eu queria que o senhor ex-presidente respondesse só três ou quatro questionamentos aqui,
25:27até porque já estamos nos alongando no tempo e cansando a todos.
25:32Primeiro, o senhor quando depôs na outra ação penal, o senhor mencionou de um encontro com o Renato Duque
25:40num hangar, num aeroporto em São Paulo em 2014.
25:46O senhor se recorda desse momento?
25:47Me recordo.
25:48Tá.
25:49O senhor não ocupava mais a presidência da República, nem tinha cargo na direção do Partido dos Trabalhadores.
25:55Qual foi o objeto dessa discussão, dessa conversa?
25:59Eu já disse no meu depoimento da outra vez.
26:01Pois não.
26:02Eu já disse no meu depoimento.
26:04É.
26:05Pela ordem, excelência, esse fato também não consta na denúncia.
26:08Quer dizer, vossa excelência está...
26:10Mas ele diz respeito à contextualização dos fatos...
26:12Sim, mas não é objeto da denúncia, é isso que eu estou afirmando.
26:16Se não é objeto da denúncia, já foi esclarecido no depoimento anterior, não é objeto da denúncia.
26:25Então, diante disso, a defesa técnica orienta que o depoente não responda, não é objeto da denúncia.
26:31Tem alguma questão complementar, doutor, sobre esse conteúdo que gostaria de fazer, ainda que a orientação seja para não responder?
26:37Não, eu queria só que ele esclarecesse qual é a razão pela qual ele conversou com o Renato Duque, até porque, doutor, se o senhor me permitir concluir, por favor,
26:46o senhor ex-presidente disse aqui que não tinha relações com ex-diretores da Petrobras, que não lidava com eles corriqueiramente no dia a dia.
26:58Então, eu queria saber por que, qual é a razão de, neste momento, ter encontrado o Renato Duque.
27:03Mas se a orientação é de não responder...
27:05Esta questão, como eu já disse, não é objeto da estação penal.
27:11Então, aqui o depoente está para fazer a sua autodefesa em relação ao objeto da estação penal.
27:18O objeto da estação penal são oito contratos firmados pela Petrobras.
27:22Com o consórcio da empresa Debrecht e dois imóveis.
27:28Então, este...
27:28O senhor ex-presidente não pretende responder a esta questão?
27:30Não, ele poderia fazer como o senhor fez no começo.
27:33Certo.
27:33Mas, assim, doutor, tem alguma questão adicional relativa ao que ele já respondeu?
27:37Porque ele já respondeu, realmente, sobre esse fato e eu estou aproveitando o depoimento.
27:40Então, vamos aproveitar.
27:40Se tiver algum ponto adicional, sim.
27:42Se não, daí...
27:43Vamos deixar.
27:44Mas, só mais um esclarecimento aqui.
27:45O senhor usou uma expressão quando falou do apartamento contigo ao seu apartamento lá em São Bernardo,
27:52que houve o falecimento do proprietário e a aquisição.
27:57O senhor utilizou uma expressão que foi lógica sequencial.
28:01Que a lógica sequencial foi comprar para continuar a poder utilizando aquela...
28:06Não, não foi feita essa afirmação.
28:07A lógica sequencial...
28:09Pois não.
28:09A lógica sequencial foi continuar pagando aluguel.
28:14Porque eu já havia pagando desde 1998, quando eu comprei.
28:18Certo.
28:19A presidência da República.
28:23Então, a lógica sequencial era continuar ocupando e que o aluguel continuasse a ser pago.
28:28Era isso.
28:29Mas quem fazia o pagamento dos alugueles era a presidência da República?
28:33Doutora, de 2007 para diante, quem pagava isso até o dia 31 de janeiro de 2010,
28:40era a figurança da presidência da República.
28:43A União Federal, a presidência da República, a União.
28:46Isso está documentado nos autos, excelência.
28:48Várias vezes foi feita essa afirmação.
28:50A União Federal acabou de dizer que ele vinha pagando.
28:52Certo.
28:52É que já...
28:53Conça documentos dos autos.
28:54O que eu tenho que pagava antes.
28:55Não, o ponto só que eu queria esclarecer aqui é que o senhor não cogitou da compra do imóvel...
29:03Não cogitei da compra do imóvel porque a dona Marisa não queria morar mais lá.
29:08O terceiro aspecto que eu queria que o senhor, que vossa excelência, por favor, esclarecesse
29:15é o seguinte.
29:15O senhor...
29:16Antônio Palocci foi seu ministro, foi seu companheiro de partido.
29:23O senhor o demitiu como ministro.
29:25Ele foi eleito deputado federal.
29:28O senhor o conhecia talvez melhor do que qualquer uma das pessoas nessa sala.
29:32Ah, eu pergunto, o senhor nunca identificou essa faceta que o senhor, tão negativo que
29:39o senhor está...
29:39Não, eu terminei elogiando o Palocci.
29:44Eu disse que o Palocci foi o ministro da Fazenda muito competente, que ajudou muito esse
29:49país.
29:51Eu disse que eu não conhecia, era essa simulação que ele fez aqui a semana passada.
29:58Ele veio, doutor, me desculpe, mas ele veio para cumprir um ritual.
30:05Quem conhece o Palocci como eu conheço, percebeu que ele estava cumprindo um ritual.
30:10Eu já vi o Palocci em situações difíceis na área econômica.
30:14O Palocci veio preparado para dizer, sabe, que tinha um fundo que eu sabia, para dizer que
30:21o doutor Emílio tinha me procurado para conversar, para dizer que eu tinha tentado bloquear a justiça,
30:27que eu chamei ele para conversar, para bloquear a justiça, sabe?
30:32Então, foi um conjunto de simulações que o Palocci fez, por isso que eu utilizei a
30:38palavra simulador, tudo com o objetivo de duas coisas, sabe?
30:43Que é o objetivo de diminuir a pena dele, ganhar os benefícios da delação e, quem
30:48sabe, ficar com um pouco dos recursos que foi bloqueado, que ele ganhou como consultor.
30:54É isso, isso ficou claro quando ele disse, estou aqui para ter os benefícios da lei.
30:59Eu lamento, porque eu sou um cara que gostei muito do Palocci, tive boa relação com o
31:05Palocci, acho que o Brasil deve ao Palocci, sabe?
31:09Mas, lamentavelmente, sabe, o Palocci se prestou a um serviço, sabe, pequeno, porque
31:16inventar inverdades para tentar criminalizar uma pessoa que ele sabe que não cometeu os
31:25crimes que ele alegou é muito desagradável.
31:28Eu fico pensando como é que está pensando a mãe dele agora, que é militante do PT e
31:31fundadora do PT.
31:33Eu fico imaginando como é que estão as pessoas que militavam com ele no PT.
31:37Então, é lamentável.
31:38Eu, sinceramente, não tenho raiva do Palocci.
31:43Não leve essa imagem que eu estou a raiva do Palocci.
31:46Eu tenho pena dele ter terminado uma carreira tão brilhante da forma que ele terminou.
31:52Certo, vamos interromper pelo tamanho do áudio.
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