- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Então, perfeito. Então, nessa audiência, na ação penal 504-6512,
00:07senhores presidentes, retomando o seu depoimento, do depoimento do senhor
00:10ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva, para essa questão do triplex, só para
00:15finalizar então, deixar claro, o senhor decidiu que não iria ficar com esse
00:19triplex já na primeira visita que o senhor fez em fevereiro de 2014, foi isso?
00:23E foi isso, e repetiu o que eu falei aqui três vezes. Nunca solicitei e nunca
00:31recebi apartamento. Eu imaginei, ou imagino, que o Ministério Público, na hora que for
00:36falar, vai apresentar as provas. Ele deve ter pelo menos algum documento que prove o
00:42direito jurídico de propriedade, para poder dizer que é meu apartamento.
00:47Perfeito. O senhor já declarou que o senhor não quis ficar em fevereiro de 2014,
00:53e, então, aquela visita em agosto de 2014, só para entender, já não lhe dizia
01:01respeito, isso? A visita que a senhora, a sua esposa, teria feito?
01:04Eu nem sabia que tinha tido a visita, doutor.
01:06Não sabia?
01:07Não sei se o senhor tem mulher, mas nem sempre elas...
01:09Certo. E ela também não lhe relatou em seguida.
01:11Nem sempre elas perguntam para a gente o que vão fazer.
01:14Mas ela também não lhe relatou em seguida.
01:16Dez dias depois, dez ou quinze dias depois, ela me relatou.
01:19A relatou que teria visitado.
01:20Aí eu falei, e na outra pergunta, que ela me relatou, é que disse que não tinha gostado.
01:25Isso.
01:25Não estava acontecendo nada.
01:27E nessa ocasião, o senhor reiterou que não ficaria com o apartamento.
01:29Ela já sabia que eu não queria o apartamento.
01:31Tá.
01:33Perfeito.
01:34Então, não sei se o senhor percebeu que o apartamento foi comprado em nome da dona Marisa.
01:39Eu entendi.
01:40Tá.
01:40Vou retornar agora a primeira parte da acusação.
01:44O Ministério Público afirma na denúncia que o senhor teria conhecimento desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras.
01:52E vou lhe fazer algumas perguntas relativas a esse tema.
01:54Isso é relevante porque tem a relação com o próprio tema do triplex.
01:58O Ministério Público afirma que o triplex seria uma espécie de propina desse esquema que vitimou a Petrobras.
02:04Certo?
02:05O Ministério Público descreve na primeira parte da denúncia um esquema criminoso que teria vitimado a Petrobras com ajuste de fraude de licitação,
02:13pagamento de propina a agentes públicos, agentes políticos e partidos políticos.
02:17O Ministério Público Federal afirma que o senhor presidente tinha conhecimento desses crimes.
02:22E que nesses crimes eram figuras centrales os diretores da Petrobras.
02:27A fim de esclarecer, senhores presidentes, o senhor pode descrever como era o processo de nomeação do presidente e dos diretores da Petrobras?
02:35Doutor Moro, quando o Ministério Público levanta essa tese, no fundo, no fundo, o Ministério Público está querendo discutir como é que se monta um governo nesse país.
02:49Aliás, o presidente Fernando Henrique Cardoso veio aqui e deu uma explicação.
02:54Eu espero que em outros processos o Ministério Público tenha aprendido uma lição.
02:59Quanta pergunta é específica. O senhor pode responder como era o processo de nomeação do presidente e diretor da Petrobras?
03:04Vou responder a pergunta. Poderia repetir as palavras do Fernando Henrique Cardoso, poderia repetir de outros presidentes, mas vou dizer a minha.
03:10Veja, primeiro, quando você ganha uma eleição nesse país, você ganha...
03:15Só houve um momento em que um presidente ganhou uma eleição sozinho, que foi o presidente Sarney em 1985.
03:26E depois todos os outros presidentes são obrigados a fazer aliança política.
03:29Se é aliança política, você não governa esse país e nem ganha eleição.
03:34Eu ganhei as eleições de 2002 com a base de partido que compunha a base eleitoral, que eu nem me lembro bem.
03:40E depois você tem que montar a sua maioria para você governar.
03:44E você, quando faz uma composição, primeiro os partidos participam do governo.
03:47Eu participo. Quem duvida disso vai ver agora que teve uma eleição na França, o presidente teve a maior votação que o presidente já teve na França.
03:57E se ele quiser governar, ele vai ter que construir uma mesa política.
03:59Entendi, senhor presidente, mas vamos tentar manter mais objetivos.
04:01Eu não quero ser rápido, eu quero ser conciso para que as pessoas que vejam sabem o que eu estou falando.
04:08Eu não quero meia-verdade, eu quero a verdade inteira nesse processo.
04:11Eu não quero ilações.
04:13Então, veja, eu montei o governo, eu escolhi o primeiro escalão.
04:18O meu primeiro escalão tinha vários ministros que não eram sequer de partidos políticos.
04:22Eu poderia citar o atual Meirelles, ministro da Fazenda do Temer.
04:25Poderia citar o ministro Furlan, poderia citar o ministro Roberto Rodrigues.
04:28Poderia citar o ministro Gilberto Gil, poderia citar o ministro Ciro Gomes, tantos quantos.
04:33E mostrei e montei ministro com partidos aliados.
04:37Ora, o presidente escolhe o primeiro escalão e o presidente delega a quem de responsável, no caso do Brasil,
04:45sempre foi a Casa Civil ou o Gabinete Institucional no tempo dos militares, o Goberi na época,
04:51monta o governo, monta o segundo escalão, discute quem vai fazer tal cara, quem vai fazer tal coisa e tal.
04:57E, obviamente, que essas pessoas vão discutindo com os partidos aliados e discutindo com as bancadas.
05:04Foi assim.
05:05E eu já disse em vários depoimentos que fiz.
05:08O diretor da Petrobras, eles são indicados pelas bancadas e pelos partidos, de acordo com os ministros da área.
05:14Isso vai para o Gabinete Institucional, que faz uma investigação para saber se as pessoas têm algum compromisso,
05:24se são corruptos, se tem alguma passagem pela polícia.
05:27O GSI, ao detectar que não tem, passa para a Casa Civil.
05:30A Casa Civil comunica à presidência e isso é enviado ao Conselho da Administração, no caso da Petrobras,
05:37para indicar as pessoas.
05:37É assim que funciona.
05:40E agora o Ministério Público poderia fazer um pique para ver como é que o Temer montou o governo dele.
05:46Me parece que o senhor já respondeu, mas para ficar claro, então,
05:49era a presidência da República que enviava e indicava o nome do presidente e dos diretores da Petrobras
05:54para o Conselho de Administração da empresa?
05:57O presidente da República, depois de ouvido os partidos, as bancadas e os ministros,
06:03indicava ao Conselho da Petrobras que indicava as pessoas.
06:09A palavra final era da presidência da República?
06:11A palavra final, não. A indicação final era dos Conselhos da Petrobras.
06:16A indicação para o Conselho da Petrobras, a palavra final nessa indicação, era da presidência da República?
06:21Era, porque senão não precisava ter presidente.
06:23Perfeito.
06:26Isso envolvia não só os presidentes da Petrobras, mas também os diretores?
06:32Toda a diretoria da Petrobras.
06:33O senhor ex-presidente pode dizer...
06:36E veja, doutor Moro, que coisa engraçada.
06:39Todos os diretores que eu indiquei passaram pelo crivo do GSI, foram os indicados,
06:46não houve um voto contra o do Conselho, não houve uma denúncia de nenhum trabalhador,
06:51não houve nenhuma denúncia da Polícia Federal, não houve nenhuma denúncia do Ministério Público,
06:56não houve nenhuma denúncia da imprensa.
06:58Isso aconteceu em 2003, 2004.
07:00Sabe, como eu não posso grampear ninguém e não tinha o CEF na minha vida, eu não podia saber.
07:07Certo.
07:08O senhor ex-presidente pode descrever as circunstâncias da indicação do senhor Paulo Roberto Costa,
07:13como diretor de abastecimento da Petrobras?
07:15consta aqui nos autos que ele ingressou nessa posição em 14 de maio de 2004.
07:22Ele foi indicado do jeito que eu acabei de explicar.
07:24O senhor ex-presidente se recorda das circunstâncias?
07:27Não, porque, doutor Moro, o presidente da República, ele não toma conta, sabe, de todos os cargos do governo.
07:35Nem é possível.
07:37Se um presidente da República tem confiança, e quando compõe o Ministério, ele compõe com o pessoal que ele confia,
07:43ele delega as pessoas.
07:44Quando você tem, num governo como eu tinha, um coordenador político,
07:50um coordenador político que, na época, era o ministro Lauro.
07:53Você tem um chefe da Casa Civil.
07:57Você tem um presidente de partido que conversa com os outros partidos políticos.
08:01Quando você recebe a indicação, você não vai ficar perguntando,
08:05houve duas reuniões, houve três reuniões?
08:07Você vai saber se a pessoa é idônea ou não.
08:10E se é de carreira, e se tem competência para o cargo.
08:19O senhor Paulo Roberto Costa tinha o apoio político do Partido Progressista para nomeação?
08:24Devia ter.
08:26O senhor ex-presidente se recorda de quais agentes políticos específicos do Partido Progressista?
08:31Quais agentes políticos do Partido Progressista?
08:34Não, quais agentes? O Partido.
08:36O senhor se recorda dos agentes políticos específicos?
08:38Não.
08:40Há notícias que foram juntadas...
08:42Quando o senhor fala agente específico, o que quer dizer?
08:45O agente, sei lá, o político do Partido Progressista.
08:48Ah, não. Tinha cinquenta e poucos deputados.
08:50Entendi.
08:52Há diversas notícias que foram juntadas aqui pelo Ministério Público no processo,
08:55que a pauta da Câmara dos Deputados estava trancada em abril de 2004,
09:00por obra da oposição e com apoio de partidos como Partido Progressista,
09:04que estariam insatisfeitos pela falta de nomeação dos cargos prometidos.
09:07O senhor ex-presidente se recorda desse fato?
09:09Se ela esteve trancada nesse período, doutor Moro, eu não me recordo.
09:15Agora, eu duvido que seja por conta de pressão de indicação.
09:20Há uma informação também juntada em notícias pelo Ministério Público,
09:25que nessa época, abril de 2004, o senhor ex-presidente teria recebido diversos políticos
09:30e um churrasco na Granja do Torto e tomado um café da manhã com 35 dos 53 deputados do Partido Progressista.
09:37O senhor se recorda e pode confirmar essa afirmação?
09:39Eu não me recordo, mas eu fazia reunião sistemática com os líderes.
09:45Se a presidenta Dilma tivesse me seguido, não tinha tido impeachment.
09:47Consta também que a pauta do Congresso foi desobstruída após esses encontros pessoais.
09:57O senhor ex-presidente se recorda e pode confirmar essa afirmação?
10:00O PP sozinho não teria condições de obstruir a pauta do Congresso.
10:04Ele não estava participando da obstrução?
10:06E eu jantei com o PP, com o PMDB, com todos os partidos da base aliada, eu jantava.
10:13O senhor ex-presidente se recorda se o Partido Progressista deixou de participar dessa obstrução
10:19por conta de indicações de cargos nessa ocasião?
10:22Não, eu nem sabia que ele estava fazendo obstrução.
10:26Porque o meu líder, tanto o ministro das relações políticas, das relações institucionais,
10:34quanto o líder do partido, poderia ter me comunicado.
10:36O presidente, eles estão fazendo obstrução.
10:38Não me comunicaram.
10:39O senhor ex-presidente se recorda se a nomeação, a indicação do Paulo Roberto Costa
10:43esteve envolvida nessa obstrução e nesses assuntos da reunião?
10:48Não acredito nisso.
10:49Excelência, pela ordem, como disse a vossa excelência,
10:53a pergunta, a vossa excelência trouxe um rol de perguntas que foram feitas anteriormente à audiência.
10:58A vossa excelência repete a pergunta, sendo que já houve resposta.
11:02Então, se ele já disse que não sabia e nem houve obstrução,
11:06a vossa excelência coloca como premissa da pergunta um assunto desnecessário.
11:11Certo, eu agradeço a consideração, doutor, mas as perguntas são relevantes.
11:14Que oportunidade para o seu cliente...
11:16Mas ele está esclarecendo a questão só de forma.
11:19Repito, a vossa excelência trouxe as perguntas feitas anteriormente à audiência.
11:23Precisa adequá-las à dinâmica.
11:26Certo, doutor.
11:26Fica registrada a sua observação, muito pertinente.
11:28Eu vou continuar fazendo as perguntas.
11:30O senhor ex-presidente conheceu o senhor Pedro Correia, ex-deputado federal?
11:35Olha, eu conheci e conheci a fama dele.
11:39Eu vou lhe contar uma fama dele, para o senhor, quando fizer pergunta, saber do que eu estou falando.
11:44O ex-governador Eduardo Campos era meu ministro.
11:49Ele dizia para mim o seguinte, olha, o Pedro Correia está na base do governo porque ele diz o seguinte,
11:56um político que usa terno branco, sapato branco e raibã verde não tem como ficar na oposição,
12:05quem quer que seja que esteja no governo.
12:08É por isso.
12:08Eu não tinha relação com o senhor Pedro Correia.
12:12Quando o senhor respondeu a indagações a respeito naquela condição coercitiva,
12:18o senhor mencionou essa história do raibã branco e o senhor acrescentou ali,
12:22esse cidadão era pernambucano.
12:24Eu tive o prazer de ver ele uma vez numa reunião de líderes dentro do Palácio Planalto
12:28para discutir as medidas provisórias de interesse do governo.
12:31Essa reunião seria, por acaso, essa nesse período, em abril de 2004?
12:36Deve ser, porque eu não me encontrava com esse cidadão.
12:40Ele não fazia parte das pessoas que eu tinha qualquer interesse de estar com ele.
12:46O senhor ex-presidente tem conhecimento se ele foi um dos parlamentares do Partido Progressista
12:50que pleiteava a indicação de Paulo Costa para a diretoria de abastecimento?
12:53Não.
12:54Não foi ou não sabia?
12:55Não, não sabia.
12:56E eu acho que quem foi foi a direção do partido.
12:59O senhor ex-presidente conheceu o ex-deputado federal José Janeni?
13:04Não.
13:06O senhor sabe se o deputado federal José Janeni foi um dos parlamentares do Partido Progressista?
13:11Ele era líder do PP. Certamente ele estava presente.
13:15O senhor se recorda se ele foi um dos parlamentares que pleiteava a indicação de Paulo Roberto Costa
13:19para a diretoria de abastecimento?
13:20Então eu vou repetir. Ele era líder do partido.
13:22Se o partido pleiteou, ele devia saber.
13:26O senhor se recorda dele estar presente nessas reuniões que o senhor mencionou, na Granja do Torto?
13:32Não. Eu não tive o prazer de ter nenhuma reunião com o Janeni.
13:39O senhor confirma então que a nomeação do senhor Paulo Roberto Costa foi um pleito do Partido Progressista?
13:44Foi a informação que eu recebi.
13:47Como eu disse para o senhor, essas coisas são feitas entre o ministro da área, entre a bancada, entre os partidos.
13:55Passa pelo ministro institucional, vai ao GSI, vai à Casa Civil e chega ao presidente da República.
14:04Para indicar ao Conselho.
14:06O senhor Paulo Roberto Costa foi condenado e preso por crime de corrupção e lavagem de dinheiro.
14:11Ele fez um acordo com o Supremo Tribunal Federal, devolveu cerca de 78 milhões que ele mantinha na Suíça.
14:19Ele confessou que havia um esquema criminoso na Petrobras de cobrança de propinas em grandes contratos,
14:24parte dela sendo destinada a agentes da Petrobras, parte dela sendo destinada a agentes políticos e partidos políticos,
14:30inclusive ao Partido Progressista.
14:32O senhor ex-presidente tinha conhecimento a esse respeito, dos crimes por ele praticados enquanto diretor da Petrobras?
14:38Não, não.
14:39E desse esquema de divisão de propinas?
14:40É o que eu disse, o que eu disse, doutor Moro, numa pergunta anterior.
14:44Eu fiquei oito anos na presidência.
14:47Já fazem 14 anos, desde que eu fui eleito até agora.
14:52Essa coisa só veio à tona depois do grampo da Lava Jato.
14:57O senhor ex-presidente pode descrever as circunstâncias, a nomeação de Renato de Souza Duque como diretor de engenheiro?
15:03O mesmo jeito, o mesmo jeito.
15:06O Duque era um funcionário de carreira como Paulo Roberto, de mais de 30 anos, empresa.
15:14Engenheiro da área competente, ninguém questionou.
15:17Passou pela bancada, talvez de mais partido do que o PT, mas também não é o caso porque não me informaram.
15:23Passou pelo ministro da área institucional, passou pela Casa Civil, pelo GSI e foi indicado ao conselho da Petrobras.
15:32Também contra ele, não houve nenhuma denúncia de nenhum funcionário da Petrobras.
15:36E olha, doutor Moro, que eu...
15:38Se juntar todos os presidentes da república, desde que o Brasil foi descoberto, ninguém foi mais na Petrobras do que eu.
15:45E nunca ninguém levantou qualquer suspeita sobre Paulo Roberto, sobre Duque.
15:51A imprensa nunca levantou.
15:53O senhor pode esclarecer essa afirmação do senhor?
15:55Ninguém foi mais na Petrobras do que o senhor.
15:57Ah, porque eu, depois que a Petrobras descobriu o pré-sal, eu vislumbrava, sabe, que esse país ia virar um país grande, soberano,
16:06que a gente ia pagar a dívida de cinco séculos de atraso na educação.
16:11Por isso é que nós fizemos a lei da partilha.
16:13O senhor acompanhava de perto os investimentos e os contratos?
16:16Não. A gente não acompanha de perto. O que acontece é o seguinte. Você discute na Petrobras o plano estratégico.
16:22O plano estratégico. Então você tinha discutido que investir tantos bilhões até 2020, que ia tirar tantos milhões de barris de petróleo.
16:31Esse é o projeto estratégico.
16:32A execução dele e o desdobramento dessa estratégia é um problema da Petrobras.
16:41A nomeação do senhor Renato de Souza Duque tinha o apoio de algum partido, por exemplo, do Partido dos Trabalhadores?
16:46Eu disse, eu disse agora, pela informação que eu tenho, deve ter sido do PT e de outras pessoas.
16:52O senhor ex-presidente se recorda de quais agentes desses partidos específicos?
16:56Não, não. Não chega, doutor, não chega para o presidente da república o nome, olha, o deputado falando de tal, o deputado...
17:03Não. Chega a reivindicação, sabe, de que foi indicado.
17:08Passou pelo GSI, não tem denúncia de corrupção contra a pessoa, é uma pessoa idônea, essa pessoa é indicada.
17:15Entendi. O senhor Renato de Souza Duque tinha alguma relação com o senhor José Dirceu de Oliveira e Silva?
17:21Pela imprensa tinha.
17:23Foi o senhor José Dirceu que apresentou o nome do senhor Renato de Souza Duque para a nomeação?
17:28Eu penso que não, porque o José Dirceu deve ter recebido, o José Dirceu era chefe da Casa Civil, ele deve ter recebido do Congresso a ideia.
17:37O senhor Renato de Souza Duque tinha alguma relação com o senhor João Vacari Neto?
17:41Eu não sei.
17:41O senhor, esse presidente não tem nenhum conhecimento de alguma relação entre os dois?
17:46Eu sei que tinha, porque não se aparece que eles tinham.
17:49Na época dos fatos, né?
17:51Não.
17:54O senhor Renato de Souza Duque...
17:55Porque, doutor Moro, o presidente da república, o presidente da república, nos oito anos que eu fiquei na presidência da república,
18:00a gente não tem reunião com a diretoria da Petrobras.
18:04Eu, em oito anos, tive dois momentos, quando descobrimos o pré-sal, para discutir o plano estratégico,
18:10e para decidir, sabe, que a gente não ia fazer leilão do pré-sal.
18:16Era até numa viagem que eu ia para a Argentina.
18:18Mas você não tem reunião específica com o diretor.
18:20Entendi.
18:21O senhor Renato de Souza Duque foi condenado e preso por crime de corrupção na vaga de dinheiro.
18:26Contas dele, secretas, foram bloqueadas com cerca de 20 milhões de euros.
18:30O senhor, esse presidente, tinha conhecimento a esse respeito dos crimes por ele praticados enquanto diretor da Petrobras?
18:35Não.
18:38O senhor, esse presidente, esteve pessoalmente com o senhor Renato Duque alguma vez?
18:41Tive.
18:42O senhor, esse presidente, pode descrever as circunstâncias?
18:45Eu estive uma vez no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória,
18:49porque tinha vários boatos no jornal de corrupção e de conta no exterior.
18:57Eu pedi para o Vacari, que eu não tinha amizade com o Duque, trazer o Duque para conversar.
19:03Isso foi aproximadamente quando?
19:05Ah, não tenho ideia, doutor, não tenho ideia.
19:07Eu sei que foi numa gala em Congonhas, e a pergunta que eu fiz para o Duque foi simples.
19:13Tem matéria nos jornais, tem denúncia de que você tem dinheiro no exterior.
19:19O cara está pegando da Petrobras, você tem conta no exterior?
19:25Ele falou, não tenho.
19:26Falei, acabou.
19:27Ele não tem.
19:28Não mentiu para mim, mentiu para ele mesmo.
19:31Isso foi em 2014?
19:32Eu não lembro a época, doutor, não lembro a época.
19:34Sinceramente, se eu falar aqui uma data, eu estou mentindo.
19:37Foi depois que saíram essas notícias sobre contas no exterior, isso?
19:40Depois tinha muita denúncia de contas no exterior, de Paulo Roberto e de muita gente.
19:44Entendi.
19:45O senhor pode esclarecer por que o senhor procurou o senhor João Vacari para procurar o senhor Renato Duque?
19:50Porque o Vacari tinha mais relação de amizade com ele do que eu, que não tinha nenhuma.
19:55O senhor tinha conhecimento, então, da relação de amizade entre os dois?
19:59Não sei se era relação de amizade.
20:01Eu liguei para o Vacari e falei, Vacari, você tem como pedir para o Duque vir na reunião aqui?
20:06Ele falou, tenho.
20:07Ele levou o Duque lá.
20:08Isso.
20:08Salvo o equívoco meu, o senhor ex-presidente, há pouco eu perguntei se o senhor conhecia,
20:14sabia se eles tinham alguma relação, o senhor falou que não.
20:17Então, o senhor tinha conhecimento que eles tinham uma relação?
20:20Eu pedi para o Vacari, eu pedi para o Vacari, se ele tinha como trazer o Duque.
20:25Ele disse que tinha.
20:25Isso não implica que ele tenha relação, implica que ele podia conhecer.
20:30Ele falou da resposta anterior, era da época em que, do governo.
20:37São momentos diferentes que vossa excelência parece estar se referindo.
20:43Eu estou dando oportunidade para esclarecer, porque aparentemente ele tinha falado uma coisa
20:46e falou outra agora.
20:47Mas eu estou respondendo a esses registros que eram momentos diferentes.
20:50Eu só quero lembrar o seguinte, relação de amizade é uma coisa.
20:53Sim.
20:54E relação é outra.
20:55Eu posso, eu vou sair daqui dizendo, olha, conheci o doutor Moura, tenho relação com ele.
21:00Na verdade, não tenho.
21:03Entendi.
21:04Mas o senhor, então, não sabia na época que o senhor João Vacari tinha alguma relação
21:08com o senhor Renato Duque?
21:09Sabia ou não sabia?
21:10Eu sabia que ele tinha relação, não sabia que ele tinha relação de amizade.
21:13E quando eu disse para ele chamar o Duque, é porque ele poderia ter o telefone do Duque,
21:18que eu não tinha.
21:19E que tipo de relação que o senhor tinha conhecimento que eles tinham?
21:21Ah, não sei, doutor.
21:22Não sei.
21:23O Vacari está preso, pode perguntar para o Vacari.
21:27O Duque está preso, pode perguntar para o Duque.
21:28Porque o senhor procurou o Vacari para chegar ao Duque, pelo que o senhor disse.
21:32Então, assim, fiquei tranquilo para esclarecer, eu não esclarecei, então, a questão é
21:38saber, assim, por que o senhor fez isso, procurou o Vacari para chegar ao Duque?
21:44O senhor tinha conhecimento de alguma relação?
21:45Porque o Vacari conhecia o Duque que eu não conhecia.
21:50Só isso.
21:51Que tipo de relação que eles tinham, eu não sei.
21:55E o senhor, esse presidente, tinha conhecimento que o João Vacari conhecia...
21:59Tinha conhecimento, tinha conhecimento.
22:01Que tipo de conhecimento que o senhor tinha?
22:03Conhecimento que o Vacari conhecia o Duque.
22:04Só isso?
22:05Só isso.
22:05O subordinado do senhor Renato Duque, gerente da Petrobras, Pedro Barusco, foi condenado
22:11por crime de corrupção e lavagem de dinheiro.
22:14Devolveu ele 204 milhões de propinas que ele tinha no exterior.
22:19Também ele falou que havia um esquema criminoso na Petrobras de cobrança de um percentual
22:23de propinas dos grandes contratos, parte dela sendo destinada a agentes da Petrobras, parte
22:28dela sendo destinada a agentes políticos e partidos políticos, inclusive ao Partido
22:32dos Trabalhadores.
22:33O senhor, esse presidente, tinha conhecimento a esse respeito?
22:35dos crimes por ele praticados enquanto gerente da Petrobras?
22:39E esse esquema de divisão de propinas?
22:41Quanto que ele devolveu?
22:43204 milhões.
22:45Roubou muito, hein?
22:46Um ladrão assim defetou um esperto, que só sabe se for delatado.
22:53Eu não conheci...
22:54Eu tive o prazer de não conhecer o Barusco.
22:57E o senhor tinha conhecimento desses crimes por ele praticados enquanto gerente da Petrobras?
23:01Não, não, não.
23:02O senhor ex-presidente pode escrever as circunstâncias da nomeação do ministro Cerveró como diretor
23:09internacional da Petrobras?
23:11Foi um pedido do PMDB.
23:15Pela imprensa, eu já vi dizer agora, depois da deleção de que foi o Delcídio, de que foi,
23:20não sei quem, na época a informação que eu recebi era que o Cerveró era uma indicação do PMDB.
23:26O senhor saberia dizer de quais agentes...
23:28Ah, não sei, não sei, não sei.
23:30O ministro Cerveró foi condenado, preso por crime de corrupção e lavagem, fez um acordo homologado pelo Supremo,
23:38se comprometeu a devolver milhões de reais de dólares, que teria se apropriado em propinas.
23:44Também ele confessou que havia um esquema criminoso na Petrobras de cobrança de um percentual de propinas nos grandes contratos,
23:49não, nem tinha amizade com o Cerveró.
24:05Nestor Cunat Cerveró deixou o cargo de diretor internacional da Petrobras em 3 de 3 de 2008,
24:11sendo substituído por Jorge Luiz Helada.
24:15O senhor ex-presidente pode escrever as circunstâncias da substituição de Nestor Cunat Cerveró
24:19por Jorge Luiz Helada como diretor internacional?
24:21Me parece que era uma reivindicação do PMDB.
24:26O senhor saberia explicar porque, segundo o senhor ex-presidente, também o Nestor Cerveró era do PMDB?
24:32Era também. Eu não sei porque quis trocar, mas o que eu sei é que foi reivindicado para que o Zelada assumisse,
24:40não sei se uma reivindicação do PMDB, de Minas Gerais pressionando o PMDB Nacional.
24:47Esse detalhe não, o presidente não decide.
24:49O Nestor Cerveró declarou em juízo que foi substituído para atender a indicação política do PMDB da Câmara.
24:56O ex-deputado Eduardo Cunha confirmou em juízo que Jorge Luiz Helada teria sido uma indicação do PMDB de Minas Gerais.
25:02O senhor ex-presidente tinha conhecimento desse fato?
25:04Não, ele deve saber mais do que eu. Ele era do PMDB?
25:09Os detalhes o senhor não tem, então.
25:10Não, não tenho.
25:12O Jorge Luiz Helada foi condenado e preso por crime de corrupção em lavagem de dinheiro,
25:16enquanto as secretas também foram bloqueadas por espada de Mônaco, cerca de 11 milhões de euros.
25:22O senhor ex-presidente tinha conhecimento a esse respeito dos crimes por ele praticados enquanto diretor da Petrobras?
25:27Não, não.
25:30O senhor é presidente, o senhor tendo nomeado, indicado, ou pelo menos dada a palavra final para indicação ao Conselho de Administração da Petrobras,
25:39de Paulo Roberto Costa, Renato Souza Duque, Nestor Cunat Cerveró e Jorge Luiz Helada,
25:44o senhor não tinha conhecimento de nenhum dos crimes por eles praticados enquanto diretor da Petrobras?
25:52Não.
25:53Ou desse esquema criminoso que alguns deles confessaram?
25:56Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal.
26:05Todos nós só ficamos sabendo quando foi pego no grampo a conversa do Youssef com Paulo Roberto.
26:11Eu indago ao senhor essa, porque foi o senhor que indicou o nome deles, né?
26:17O Conselho de Administração da Petrobras é uma situação diferente de minha, que eu não tenho nada a ver com isso.
26:21Nunca participei dessas indicações.
26:22Não, o senhor que soltou o Youssef e mandou grampiar, o senhor podia saber mais do que eu.
26:27Não, eu decreti a prisão do Alberto Youssef, é um pouco diferente.
26:31Doutor Mordense, eu disse uma coisa com o senhor.
26:32O senhor é ex-presidente.
26:33Mas, enfim, o senhor tendo indicado essas pessoas, o senhor não tinha conhecimento de nada disso.
26:38Nada, eu indiquei tanta gente.
26:39O senhor tendo nomeado todas essas pessoas, o senhor entende que o senhor não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos que eles praticaram?
26:47Nenhuma responsabilidade.
26:48A Petrobras?
26:49Nenhuma responsabilidade.
26:50Alguns dirigentes de algumas empresas periteiras do Brasil, Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC, Marcelo Baio da Aldebreche,
27:01Nel Pinheiro, da OS, Rogério Enola de Sada Andrade, Mutierres,
27:06admitiram que havia um esquema criminoso na Petrobras de pagamento de percentual de propina nos grandes contratos.
27:11Parte dela sendo destinada a agentes da Petrobras, parte dela sendo destinada a agentes políticos e partidos políticos, inclusive ao PT.
27:20O senhor ex-presidente não tinha qualquer conhecimento disso?
27:23Não porque quem monta cartel para roubar não conta para ninguém.
27:32O presidente da república não participa do processo de licitação da Petrobras.
27:38O presidente da república não participa de tomada de preço da Petrobras.
27:42É um problema interno da Petrobras.
27:44Desse esquema de corrupção, de divisão, de pagamento de agenda Petrobras e agentes políticos e agentes políticos, o senhor também não tinha conhecimento?
27:53Doutor, se eu tivesse conhecimento, nenhuma empresa dessa prestava serviço para a Petrobras.
27:59Alguns desses dirigentes citaram como responsável no Partido dos Trabalhadores pela regredação desses valores o senhor João Vacari Neto.
28:06O senhor não tinha conhecimento disso?
28:07Não.
28:07Veja que o Vacari é tesoureiro do PT há pouco tempo.
28:13Nós tivemos vários tesoureiros na história do PT.
28:17Alguns afirmam que ele fazia isso desde 2007.
28:21O senhor não tem conhecimento disso?
28:22Ele não era tesoureiro do PT desde 2007.
28:26Depois que vieram à tona as revelações acerca desse esquema criminoso da Petrobras,
28:31inclusive de valores sendo direcionados a agentes políticos e a partidos políticos,
28:37inclusive ao Partido dos Trabalhadores, o senhor ex-presidente tomou alguma providência a esse respeito?
28:42Repeta a pergunta para mim, por favor.
28:44Depois que vieram essas revelações à tona sobre o esquema criminoso da Petrobras,
28:49incluindo aqui repasses de valores a agentes políticos e a partidos políticos, entre eles o PT,
28:54o senhor ex-presidente tomou alguma providência?
28:57Eu já estava fora da presidência há quatro anos.
29:00Eles não sabem que um ex-presidente vale tanto quanto um vado chinês.
29:03O vado chinês é um vado bonito que você ganha quando você é presidente.
29:09Quando você deixa a presidência, você não tem que colocar ele.
29:12Você não sabe como cuidar de um ex-presidente.
29:14Você não sabe como cuidar do tal do vado chinês.
29:17Eu era ex-presidente em 2014 quando trouxe a denúncia da Lava Jato.
29:20O senhor ex-presidente, com sua influência no Partido dos Trabalhadores,
29:25o senhor é uma pessoa influente no Partido dos Trabalhadores,
29:28o senhor solicitou eventualmente para que fosse realizada uma apuração interna
29:31para verificar se os fatos afirmados pelos executivos ou pelos agentes da Petrobras eram verdadeiros?
29:38Sabe que essa influência dentro do Partido dos Trabalhadores é porque o Ministério Público não conhece o PT.
29:42Se ele conhecesse o PT, ele não falaria isso.
29:50Porque o PT é um partido em que eu não participo de nenhuma reunião do PT
29:56desde que fui eleito presidente da República.
30:00Isso em 2002.
30:03Até 2014, quando eu deixei a presidência, que eu comecei a participar.
30:07Então, eu não tenho nenhuma influência no PT.
30:10Eu tenho influência na sociedade.
30:13Quando eu falo, as pessoas me ouvem.
30:14Alguns ouvem, nem todos.
30:16Então, o senhor não solicitou nenhuma providência ao que o PT fizesse algum exame?
30:21Não, porque eu não era dirigente do PT.
30:23Perfeito.
30:24Eu vou interromper aqui pelo Tomar Eduardo e já retomamos.
30:26Então, eu vou interromper aqui pelo Tomar Eduardo e já retomamos.
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