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Transcrição
00:00Então, nessa ação penal 506-31-30-17,
00:08apoiamento do senhor ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
00:12Senhor ex-presidente, boa tarde.
00:13Boa tarde.
00:14Senhor ex-presidente, o senhor foi acusado de um crime pelo Ministério Público Federal.
00:20Na condição de acusado, pela nossa lei, o senhor tem o direito de permanecer em silêncio.
00:25Também pela nossa lei, se o senhor fizer uso desse direito,
00:28isso não lhe traz nenhum prejuízo.
00:31Mas também, senhor ex-presidente, é a oportunidade que o senhor tem de falar no processo.
00:35O que o senhor falar vai ser considerado para o julgamento.
00:38O senhor ex-presidente prefere falar ou prefere ficar em silêncio?
00:40Doutor Moura, apesar de entender que o processo é ilegítimo e é injusto, eu pretendo falar.
00:48Perfeito.
00:49Eu, talvez, eu seja a pessoa que mais queira a verdade nesse processo.
00:55Perfeito.
00:57Senhora presidente, eu não quero aqui cansá-lo com perguntas que já foram feitas na outra oportunidade.
01:03Consta que o senhor prestou um depoimento aqui mesmo perante esse juízo, em 10 de maio de 2017,
01:10na ação penal 504.65.12, relativamente àquele apartamento triplex.
01:14Naquela ocasião, eu lhe fiz diversas perguntas mais genéricas sobre Petrobras, sobre a administração.
01:23Eu vou aproveitar essas perguntas, não vou renovar essas perguntas,
01:26o que eu não vejo que seja necessário, já que eu posso aproveitar aquilo que o senhor disse na outra ação penal.
01:31Eu só gostaria de colocar ao senhor presidente a oportunidade,
01:35se o senhor ex-presidente gostaria de retificar alguma coisa que o senhor disse naquela oportunidade.
01:39Excelência, antes, pela ordem, eu teria uma questão de ordem a colocar a vossa excelência.
01:46O Ministério Público apresentou uma manifestação na data de ontem,
01:52na qual reafirma que desde o dia 22 de março de 2017,
01:58tem acesso ao sistema DROSES da Odebrecht,
02:02e também tem acesso ao sistema MyWebDay, igualmente da Odebrecht.
02:07Esse material, lamentavelmente, não foi franqueado à defesa.
02:14Há, inclusive, aqui a notícia de que uma parte do material teria sido depositado em cartório,
02:22só que não há, inclusive, despacho de vossa excelência,
02:26permitindo, franqueando acesso à defesa.
02:30De modo que a defesa está, neste momento, sem conhecer documentos que o Ministério Público reconhece ter à posse,
02:41e faz referência na denúncia, assim como há referências ao longo de toda a instrução.
02:48Então, a defesa entende, com devido respeito,
02:52que não está sendo observada a garantia da paridade de armas.
02:55E, por isso, pede à vossa excelência, mais uma vez,
03:00que seja dado acesso à defesa a esse material,
03:05inclusive para permitir que a defesa esteja com o mesmo nível de informação do Ministério Público,
03:13para poder orientar os trabalhos,
03:15e também para que o próprio depoente possa realizar a sua autodefesa,
03:21conhecendo tudo aquilo que a acusação dispõe.
03:25Então, eu pediria à vossa excelência
03:27que suspendesse esse ato
03:30e desse acesso à defesa a esse material,
03:35a fim de que fosse possível, efetivamente,
03:38o exercício do contraditório
03:40na extensão que a Constituição Federal prevê,
03:43assim como nos acordos internacionais que o Brasil se obrigou a cumprir.
03:48Então, é esse pedido que eu faria à vossa excelência.
03:52Excelência, pela ordem, eu faria apenas uma...
03:56Excelência, antes do Ministério Público se manifestar,
03:58eu peço licença à vossa excelência
03:59para subscrever na íntegra as manifestações do eminente advogado,
04:04inclusive reiterar o quanto a defesa de Branislavo Conti,
04:07que já ponderou na audiência anterior,
04:09até para que não se alegue futura preclusão.
04:12Certo, Ministério Público.
04:12Eu faria apenas um registro, mais uma vez,
04:17como já exaustivamente dito nos autos desse processo,
04:21o sistema MyWebDay foi recebido em 8 de agosto de 2017
04:28e encontra-se na Procuradoria Geral
04:30o levantamento do seu conteúdo,
04:33essa retificação que eu faria no que o senhor disse.
04:37Perfeito.
04:37Essa é uma questão, na verdade, que já foi enfrentada, doutor.
04:40Então, acho que nós podemos prosseguir com o interrogatório.
04:43De todo modo, como o juízo já colocou,
04:45até proferiu um despacho hoje no processo,
04:50será deferindo um requerimento da defesa,
04:53será feita uma perícia sobre esses elementos
04:56e, se for necessário, depois nós podemos fazer o reinterrogatório.
05:00Mas esses elementos, assim, pelo menos na opinião do juízo,
05:03nem são, assim, tão relevantes para o julgamento dessa ação penal.
05:07Mas está lá a decisão.
05:09Eu lembro que a defesa já tentou suspender esse interrogatório
05:13sem sucesso perante o Tribunal Regional Federal,
05:15que também entendeu que não havia prejuízo
05:17à realização do interrogatório,
05:20à ausência desses elementos,
05:21que o juízo ainda não tem.
05:22Não existe nenhum depósito,
05:24ao que me consta, desse material perante esse juízo.
05:27Uma perícia com acesso prévio à defesa, Excelência?
05:30Não, aí eu vou remeter ao doutor, vou pedir escusas,
05:33mas vou remeter ao despacho que eu proferi na presente data,
05:36e daí eu peço que o doutor leia,
05:37e daí, eventualmente, discussões em cima disso,
05:40nós podemos fazer depois. Perfeito?
05:41Então, vamos prosseguir aqui.
05:45Senhor presidente, então, só para deixar claro,
05:47eu vou utilizar aquele depoimento que o senhor prestou anteriormente,
05:50certo?
05:51E o senhor mencionou agora que o senhor não teria nenhuma retificação a fazer
05:54em relação àquilo.
05:56Não, por isso que não tem.
05:57Perfeito.
05:58Então, vou fazer mais perguntas mais específicas aqui,
06:00relativos ao objeto dessa acusação apenas.
06:02Se bem que eu deveria mudar tudo, né?
06:04Porque o senhor me acusou.
06:05Não, eu não acusei, não acusei.
06:07Eu quero fazer um novo depoimento.
06:09Tá certo.
06:10Senhor presidente, objetivamente,
06:13algumas questões são um tanto quanto óbvias,
06:16mas o senhor pode confirmar,
06:18o senhor reside nesse apartamento 122, bloco 1,
06:22Avenida Francisco Prestes de Maia,
06:24Edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo?
06:26Desde 98.
06:27Perfeito.
06:28O senhor é proprietário desse imóvel?
06:30Sou proprietário desse imóvel.
06:31O senhor, esse presidente, pode confirmar se também ocupa
06:35o apartamento vizinho, o 121, desse mesmo edifício Green Hill?
06:40Ocupo.
06:41O senhor...
06:41Desde 2000.
06:44Acho que desde 98.
06:47Perfeito.
06:48O senhor, esse presidente, pode informar que título o senhor ocupa esse...
06:54Consta aqui no processo, no evento 44, no processo Conexo 504-2689,
07:01um contrato de locação de 1 de 2 de 2011,
07:06que teria sido celebrado entre o senhor Glauco da Costa Marques
07:10e a senhora, a sua esposa.
07:13Eu posso lhe mostrar aqui esse documento, se for necessário,
07:16mas acredito que o senhor ex-presidente tem conhecimento dele.
07:21O senhor ex-presidente pode informar se conhece o senhor Glauco da Costa Marques
07:26e explicar a sua relação com ele, se existente?
07:29Eu não tenho relação com o Glauco.
07:30Segundo ele disse, eu não me lembro, eu conheci ele em 2002,
07:35por ocasião da gravação de um programa de televisão do PT
07:38para a campanha presidencial daquela época.
07:40Ele disse que estava lá.
07:42Eu não o conhecia porque tinha gente da produtora,
07:45tinha gente da fazenda e tinha o pessoal do PT lá do estado do Mato Grosso.
07:49Eu ouvi ele dizer que ele me conheceu lá, eu não sabia.
07:53Depois ele disse que me conheceu duas vezes
07:56num jantar na casa do Zé Calo Boulay.
07:58Eu também não me lembro, porque não era um jantar entre eu e ele,
08:01era um jantar entre centenas de pessoas na casa do Zé Calo Boulay.
08:05Depois ele disse também que me encontrou no aniversário do meu filho,
08:10ou no aniversário meu, na insômena do campo.
08:13É possível que seja verdade, mas eu não lembro.
08:15Certo. O senhor participou da celebração desse contrato de locação?
08:21Não, eu não participei. O senhor deve perceber.
08:23O primeiro contrato foi feito com base em manter a segurança,
08:29porque eu era candidato a presidente em 2098.
08:33Depois continuou o contrato, porque eu fui candidato e fui eleito presidente em 2002.
08:39Depois a segurança da presidenta da República resolveu assumir a responsabilidade
08:44por garantir o contrato, até porque a segurança da presidência utilizava parte
08:51e utilizava também a garagem do prédio para tomar conta da segurança presidencial.
08:58Pelo que eu sei, o dono, o seu Augusto, morreu em 2010.
09:03Estava discutindo a questão do inventário, a dona herdeira queria vender.
09:10E como a prevalência é do inquilino, procuraram a minha casa para perguntar se a gente queria alugar.
09:18A dona Breda disse que queria manter o aluguel e fez o contrato dia 1º de fevereiro.
09:23Certo. Mas e como surgiu o senhor Glauco Costa Marcos nessa história?
09:28Porque ele era dono do apartamento.
09:30Ele adquiriu da senhora Elenice?
09:31Ah, eu não sei. O fato concreto é que ele é dono do apartamento.
09:37O senhor ex-presidente ocupa esse imóvel com qual finalidade?
09:43A finalidade é fazer segurança, fazer reuniões políticas para não ocupar o meu apartamento.
09:50O apartamento onde eu e minha família não queriam ocupar.
09:53Perfeito. Esse apartamento é ocupado pelos seguranças que lhe dão proteção
09:58ou pelo senhor ex-presidente diretamente?
10:00Agora não. Agora ele é um apartamento que está lá à minha disposição.
10:03Perfeito. E o senhor ex-presidente faz reuniões ali?
10:05Se me permitirem que eu seja candidato em 2018, ele voltará a ter uma função política muito forte.
10:12Certo. Consta aqui no processo que, pelo menos segundo o Ministério Público,
10:17o senhor Glauco Costa Marcos adquiriu esse apartamento em agosto ou setembro...
10:22Agosto e setembro de 2010. Pagamento, escritura pública, dessa senhora Elenice Silva Campos.
10:28O senhor ex-presidente acompanhou essa aquisição?
10:31Não, eu acompanhei. Eu só tinha relação de amizade com o senhor Augusto.
10:35Porque, segundo a informação do prédio, o senhor Augusto era um homem muito duro.
10:39Era um senhor português que não tinha relações muito boas com todo o conjunto.
10:45E eu nunca conhecia a mulher dele. Eu conheci ele só.
10:50Consta a afirmação do Ministério Público que o senhor Roberto Teixeira e o senhor José Carlos Costa Marcos Bunlay
10:56teriam participado dessa aquisição, dessa venda da senhora Elenice para o senhor Glauco Costa Marcos.
11:02Eu não sei se participaram, mas o Roberto Teixeira, todo mundo sabe, é meu advogado.
11:08Mas o senhor não ficou sabendo disso na época, em 2010?
11:10Talvez não, porque como eu era presidente da República e estava muito lá em Brasília,
11:16e a minha mulher vinha mais para São Paulo para cuidar dos filhos, para ver a casa,
11:20possivelmente é por isso que só ela assinou o contrato em fevereiro.
11:24Porque a minha ausência era constante e o contrato foi assinado pela minha mulher
11:29e pelo representante da dona do apartamento.
11:35Perfeito. O senhor ex-presidente solicitou de alguma forma ao senhor José Carlos Bunlay
11:41ou ao senhor Roberto Teixeira que, vamos dizer, adquirissem esse apartamento?
11:46Não, não.
11:46Eu acho que foi quase que uma lógica sequencial de uma coisa que vinha acontecendo desde 1998.
11:53Era manter o apartamento em função da mesma visão de que, por eu ser uma figura de projeção nacional,
12:03era preciso que aquele apartamento não fosse ocupado por um terceiro,
12:07porque tinha muita facilidade de ver o apartamento que eu moro.
12:11Inclusive tem uma mesma laje, que se alguém subir na laje vai ver o meu apartamento.
12:16Mas quando houve o falecimento do senhor Augusto, então, e esse imóvel, não sei se foi posto à venda ou não,
12:21o senhor chegou a externar alguma preocupação nesse sentido, de que o imóvel fosse adquirido por um conhecido?
12:27Não, porque não chegou a mim a morte de senhor Augusto.
12:31Ou seja, o que chegou a mim foi que comunicaram a segurança da Presidência da República,
12:36eu não sei se o general Gonçalves já prestou depoimento,
12:39mas chegou a segurança da Presidência da República de que o apartamento ia ser vendido
12:44e a preferência era para quem morava lá.
12:48E aí houve recusa dessa preferência?
12:50E aí houve recusa para comprar, porque eu não tinha interesse em comprar.
12:54Aliás, a dona Marisa brigou comigo a vida inteira para mudar desse apartamento,
12:59porque ela queria mudar para São Paulo.
13:00E quando o senhor ex-presidente ficou à par que esse imóvel havia sido adquirido pelo senhor Glau Costa Marques?
13:06Eu fiquei à par quando foi feito o contrato com a dona Marisa.
13:10Quando veio a proposta da alugada, disseram que o Glau tinha comprado o apartamento,
13:14e o Glau estava disposto a alugar.
13:16Quando lhe informaram isso, o senhor relacionou o senhor Glau com o senhor Bunlai, ao parentesco?
13:21Não, eu sei que eles são parentes, mas não tinha nenhuma relação.
13:24O senhor chegou a conversar com o senhor Glau Costa Marques a respeito desse contrato?
13:29Não, não.
13:29Dessa alocação?
13:30Não, não, não.
13:31E o senhor ex-presidente mencionou então essa alocação em fevereiro de 2011,
13:36esse contrato entre o senhor Glau e a senhora, a sua esposa.
13:42O senhor ex-presidente, salvo engano, me disse que não participou dessa negociação e dessa celebração.
13:48Não, eu participei.
13:49Tá certo.
13:52O senhor ex-presidente sabe explicar como foi pago o aluguel desse imóvel a partir de fevereiro de 2011?
13:58Deixa eu lhe dizer uma coisa, doutor Moro.
14:00Eu já disse em outro depoimento, eu casei em 1974, em 1975 eu virei presidente do sindicato.
14:10E aí eu comecei a viajar muito o Brasil.
14:12Eu odiava saber que uma mulher tinha que levantar todo dia e pedir 10 reais para o marido para ir na feira para eu comprar alguma coisa.
14:19Então eu abri, em outubro de 1975, uma conta conjunta com a dona Marisa,
14:26para deixar a dona Marisa administrar as questões da casa.
14:31Eu penso que eu fiquei próximo de 30 anos sem assinar um cheque na minha vida,
14:36porque a dona Marisa, primeiro, era muito séria no trato de dinheiro.
14:41Era muito econômica.
14:42Eu nunca tive medo de deixar um cartão de crédito com ela,
14:46porque eu tinha consciência que a dona Marisa não gastaria nada que fosse essencial.
14:51E a dona Marisa ficou com a responsabilidade de fazer o contrato e acertar aluguel, condomínio, IPTU e outras coisas da casa.
14:58Era tudo ela que fazia.
15:00Então o senhor ex-presidente não tem conhecimento de como era feito esses pagamentos?
15:03Não, pagava no banco, pagava, sabe?
15:07Eu não tenho noção como era feito, mas devia ter pagado no banco.
15:10O senhor Glauco, da Costa Marques, foi ouvido aqui em juízo,
15:15declarou que somente passou a receber o pagamento do aluguel do imóvel a partir do final de 2015,
15:21logo após a prisão do senhor José Carlos Bunlai.
15:24Essa é a afirmação dele.
15:26O senhor ex-presidente tinha conhecimento disso?
15:28Não tinha conhecimento e fiquei surpreso com o depoimento dele,
15:32porque nunca chegou a mim qualquer reclamação de que não estava se pagando aluguel.
15:38porque ele declarava no imposto de renda dele que pagava aluguel,
15:42e eu declarava no meu imposto de renda, que a dona Marisa mandava para o procurador,
15:46o pagamento do aluguel.
15:48Então, para mim, nunca chegou.
15:49Chegou, acho que a dona Marisa já estava doente,
15:54chegou uma carta para mim, uma carta em nome da dona Marisa,
15:57pedindo para que o pagamento fosse efetuado no Banco do Brasil.
16:01Mesmo nessa carta, não se fala de atraso, não se queixa de atraso.
16:06Então, para mim, estava tudo normal, a não ser que alguém falou para o seu Glauco,
16:10olha, você não precisa receber o aluguel que o Papa vai pagar,
16:15porque não tem outra explicação.
16:17Mas alguém falou isso?
16:18Não, não sei.
16:19Estou insinuando aqui.
16:21O senhor ex-presidente tem os comprovantes de pagamento desse aluguel
16:28entre esse período de 2011 e a final de 2015?
16:31Deve ter, querido, deve ter.
16:33O senhor ex-presidente apresentou isso aos seus advogados?
16:38Eu, se for mexer na arca, sabe, do baú que está lá em casa,
16:42eu posso achar esse documento.
16:44Mas isso deve estar no meu imposto de renda.
16:48Deve estar no meu imposto de renda.
16:50O senhor ex-presidente sabe se, por exemplo, foram feitos os depósitos bancários
16:53entre 2011 e 2015, esses lugares?
16:55Eu acho que foram feitos os depósitos bancários, não sei como, mas foi feito.
16:58Foi pagamento.
16:59Não, em princípio, os seus advogados não apresentaram esses depósitos
17:04até o momento, o senhor ex-presidente tem conhecimento?
17:06Não, porque certamente eles não sabiam que não estava sendo pago,
17:11ou seja, depois que o Glauco falou, porque o dado concreto é que,
17:16na minha cabeça, até hoje, o aluguel estava sendo pago normalmente.
17:22Porque nunca houve uma reclamação de que não estava sendo pago.
17:26E por que a dona Marisa iria alugar um apartamento
17:29para a gente ficar como estava desde 1998 e não ia pagar?
17:33Qual é a lógica?
17:35O senhor ex-presidente tem recibos do pagamento desses aluguéis?
17:38Deve ter recibos.
17:40Deve ter.
17:40Posso procurar o contador e saber se tem recibos.
17:45Salvo engano do juízo, esses recibos não foram apresentados ainda,
17:48o senhor ex-presidente sabe o motivo?
17:49Eu não sei.
17:53Nem sei se já foi pedido para os advogados apresentarem.
17:57Essa acusação contra o senhor foi formulada no final do ano passado,
18:02também recebida no final do ano passado,
18:05desde então não foi possível levantar isso aí?
18:07Se foi pago ou não foi pago?
18:09A questão já foi respondida,
18:11o ex-presidente já respondeu a vossa excelência
18:14que não era ele que cuidava desta questão.
18:19Então, já foi respondida,
18:20a vossa excelência insiste numa pergunta,
18:23aparentemente para tentar obter uma mudança
18:28do fato real que já foi explicado aqui pelo depoente.
18:31E mais importante, doutor Moro,
18:33eu acabei de dizer para o senhor que nunca,
18:35nunca, nunca, o seu Glauco
18:38disse em algum momento para mim,
18:41ou para a dona Marisa, que estava atrasado.
18:43Pelo menos eu nunca soube,
18:45só fiquei sabendo no depoimento dela que,
18:48sabe, que ele não tinha recebido o aluguel
18:50até 2015.
18:53Certo.
18:54Senhor ex-presidente,
18:54ele nunca se queixou.
18:55Eu compreendo que o senhor é um homem bastante ocupado
18:59e nos seus afazeres provavelmente não cuida dessas questões do cotidiano,
19:04mas, por exemplo,
19:05depois de formular dessa acusação no final do ano passado,
19:08não foi possível levantar isso com as pessoas ao seu redor?
19:12Como isso foi pago?
19:13Se não foi pago ou foi pago?
19:15Eu estou dizendo para o senhor que para mim estava pago.
19:18Para mim não foi levantado o ano passado,
19:21para mim foi levantado um depoimento que o Glauco fez aqui,
19:24porque até então havia normalidade para mim.
19:28Até então o apartamento estava sendo pago mensalmente,
19:32declarado um imposto de renda,
19:33declarado um imposto de renda dele,
19:35até aí não tinha nenhuma notícia de que não estava pago.
19:39Mas o Ministério Público faz uma acusação contra o senhor
19:41de que esse imóvel, vamos dizer, seria do senhor
19:45e que os aluguéis não foram pagos.
19:47Isso não foi levantado?
19:48Mas o Ministério Público não é dono da verdade,
19:51mas não houve uma preocupação do senhor ex-presidente
19:55desde a formulação dessa acusação em levantar essas provas do pagamento do aluguel?
19:59Eu estou levantando agora e vou repetir para o senhor.
20:02Nunca houve qualquer denúncia que o apartamento não estava sendo pago.
20:06Seu Glauco nunca levantou,
20:08seu Glauco nunca cobrou,
20:09seu Glauco nunca me telefonou.
20:12Nem ele e nem ninguém.
20:14Pois bem, eu estou dizendo para o senhor
20:15que tinha uma relação da dona Marisa,
20:17sabe, no contrato do aluguel,
20:19porque a dona Marisa cuidava de forma responsável
20:21das coisas da casa.
20:24Eu só fiquei sabendo que não estava sendo pago
20:27agora, quando o Glauco prestou depoimento.
20:30Certo, mas aparentemente ele falou isso,
20:32o senhor ex-presidente,
20:34já no final do ano de 2015.
20:37Não falou para mim.
20:38Que esses honorários estariam,
20:39que esses aluguéis estariam sendo compensados.
20:41Excelência, não existe essa afirmação.
20:44Eu peço que a vossa excelência indique onde está essa afirmação.
20:47Porque essa afirmação não existe.
20:49Eu posso ser indicado.
20:50Podemos verificar nos autos,
20:51mas não existe essa indicação do senhor Glauco.
20:54O senhor Glauco declarou em depoimento no inquérito
20:57e antes da Receita Federal,
20:59isso ainda em 2015,
21:01que esses alugueis estavam sendo compensados
21:04com honorários com o senhor Roberto Teixeira.
21:06Certo, então, a vossa excelência fez uma afirmação,
21:09então, que me dá razão.
21:12Porque o senhor Glauco não disse à Receita
21:16que não estaria recebendo esses aluguéis.
21:18Se tem outra afirmação, eu peço que a vossa excelência indique.
21:21Porque essa, para a Receita, não fala isso.
21:23É o que ele afirma, que não estaria recebendo os aluguéis
21:24porque os seus alugueis estavam sendo compensados
21:26com os honorários do Roberto Teixeira.
21:28Então ele está dizendo que estava sendo pago.
21:31Estava sendo compensado com os honorários do Roberto Teixeira.
21:34Compensação é pagamento, excelência.
21:36Pela lei é isso.
21:37Então, senhor ex-presidente,
21:38depois que o senhor Glauco falou que os honorários
21:41estavam sendo compensados com o Roberto Teixeira,
21:43o senhor Roberto Teixeira negou esse fato expressamente
21:45no final do ano passado.
21:47O senhor é acusado pelo Ministério Público
21:49desde o ano passado
21:50de dizer que esse apartamento
21:52seria segundo o Ministério Público do senhor
21:55e que o senhor não pagaria o aluguel.
21:57Não foi possível levantar...
21:58O Ministério Público é muito engraçado.
21:59Graças a Deus, como Deus escreve certo por linhas tortas,
22:04as coisas estão virando verdadeiras.
22:06Nós estamos vendo o que está acontecendo com o Janot,
22:08estamos vendo o que está acontecendo com o Mille.
22:11E a força-tarefa da Lava Jato aqui em Brasília
22:13está tratando de forma a destruir o Ministério Público,
22:18contando em verdades.
22:19Eles inventaram que o triplex era meu,
22:21porque o Globo disse e não é,
22:23e o senhor sabe disso.
22:24Eles agora inventaram que o apartamento é meu e não é,
22:27e eles sabem disso,
22:28como inventaram a história do sítio que é meu e não é.
22:31Ou seja, três denúncias do Ministério Público
22:33por ilação.
22:37Porque eles têm a ideia de tentar transformar o Lula
22:44no powerpoint deles.
22:47E eu poderia ficar zangado, nervoso,
22:50mas eu quero enfrentar o Ministério Público,
22:54sobretudo a força-tarefa,
22:55para provar a minha inocência.
22:57Eu só espero que eles tenham a grandeza
22:59de um dia pedir desculpa.
23:01Eu não sei se o seu Mille vai pedir desculpa
23:03com a palhaçada que foi feita em Brasília,
23:05com o João Wesley,
23:06e que agora está sendo desmontado.
23:08Eu, por exemplo, vi o Ministério Público
23:10me incluir na denúncia do Delcídio.
23:14Tem mais de 20 perguntas do Delcídio
23:16comigo nesse processo.
23:18E o Delcídio é um mentiroso.
23:20descarado, que foi solto num pacto
23:22entre o Miller e a Globo
23:24para fazer denúncia contra mim.
23:26Então, eu só quero repetir para o senhor
23:28com todas as letras.
23:30Se essa moça vai escrever, eu não sei.
23:32É o seguinte.
23:33Eu nunca recebi do seu Glauco
23:35nenhuma denúncia que não estava sendo pago aluguel.
23:38Ponto final.
23:39O único dia que eu ouvi dizer
23:41que não estava sendo pago aluguel
23:42foi no depoimento que ele fez aqui
23:44a semana passada.
23:45Então, eu presumo que o senhor vai
23:48conseguir levantar, então, os comprovantes
23:50desse pagamento.
23:50Eu presumo que eu vou pagar esse dever para ele.
23:53Presumo que se não foi pago, eu vou pagar.
23:56É só isso.
23:59Então, o senhor não sabe dizer
24:00se foi pago ou não pago.
24:01O senhor não tem certeza.
24:02Na minha convicção, estava sendo pago
24:05porque nunca houve da parte do seu Glauco
24:09para mim um comunicado
24:11de que não estava sendo pago.
24:12Certo.
24:13E ele declarava no imposto de renda dele
24:15e declarava no meu.
24:18Então, senhor presidente, o senhor reclama
24:19dessas acusações de justos,
24:20mas eu recomendaria ao senhor, nesse caso,
24:23se foram pagos esses aluguéis,
24:26que o senhor providenciasse a juntada
24:28desses comprovantes.
24:29Ainda o processo ainda tem o seu período.
24:31Excelência, se não mudou ainda o modelo,
24:36cabe a acusação fazer a prova da culpa
24:39e não ao acusado fazer a prova da inocência.
24:43Então, as orientações de vossa excelência,
24:46eu agradeço as orientações de vossa excelência,
24:49mas eu prefiro o sistema constitucional.
24:52Perfeito. Vale para o doutor também
24:54para juntar esses comprovantes, se houver, ok?
24:57Eu agradeço...
24:57Mas eles é que tem que provar, doutor Moro.
24:59Eu estou cansado de mentira.
25:01E nunca a prova.
25:03Eu vi o que fizeram com o Paloça aqui a semana passada.
25:05Eu vi.
25:06Eu vi a cena.
25:08Nós vamos chegar lá, senhor ex-presidente.
25:10O senhor ex-presidente sabe informar
25:11se esse contato de locação foi aditado,
25:14se for reajustado os valores.
25:15Não sei, querido.
25:16Não sei.
25:17Outra parte da acusação, senhor ex-presidente,
25:21aqui segundo o Ministério Público,
25:24o Grupo Odebrecht teriam adquirido um prédio
25:27na rua Haberbeck Brandão 178,
25:29bairro de Anópolis,
25:31para instalação e implantação do Instituto Lula
25:33ou de alguma instalação do interesse
25:36do senhor ex-presidente.
25:39Eu vou fazer perguntas agora a respeito desse ponto.
25:43Consta aqui no processo que esse prédio
25:45foi adquirido pela empresa DAG,
25:47construtora,
25:48em 29 de nove de 2010,
25:50de uma empresa chamada ASA,
25:52Agência Sul-Americana.
25:54Consta também que antes,
25:56os direitos de aquisição
25:57foram adquiridos pela DAG
25:58do senhor Glauco de Costa Marques,
26:01esse mesmo que seria proprietário
26:03desse imóvel, desse apartamento.
26:05O senhor ex-presidente acompanhou
26:07esses fatos,
26:08essa aquisição específica?
26:10Não, doutor,
26:10eu vou apenas repetir uma coisa aqui
26:13para ficar bem claro
26:15que é o seguinte.
26:18Quando o procurador Dallagnol
26:21apresentou o ano passado
26:24uma peça de ficção
26:26num powerpoint
26:27que se transformou
26:29a nave-mãe dos processos contra mim
26:31e contaram uma inverdade deslavada,
26:35e se submeter à imprensa
26:37para poder continuar contando em verdade
26:39e à imprensa tentar transformar em verdade,
26:42inventaram também essa história,
26:45sabe, desse prédio.
26:49E eu vou lhe dizer com todas as letras,
26:51sabe, quando é que eu fiquei sabendo desse prédio.
26:54A única pessoa que falou comigo desse prédio
26:57foi o presidente do Instituto
26:59chamado Paulo Camoto.
27:01Nós já tínhamos visitado outros prédios
27:04para alugar
27:04ou para pegar oferta de compra,
27:07tínhamos visitado um prédio do Correio,
27:10tínhamos visitado um prédio de uma escola
27:12que tinha lá,
27:13perto do Ipiranga,
27:13tínhamos visitado
27:14uma espécie de castelinho
27:16que tem naquelas coisas velhas do Ipiranga,
27:19que até era um precinho barato
27:20porque aquilo está tombado.
27:23Aí o Paulo falou,
27:24olha, estão oferecendo para comprar
27:26um prédio
27:27que me parece que era um antigo shopping,
27:30não sei.
27:32Aí eu fui uma única vez,
27:34uma única vez,
27:35e cheguei lá,
27:36a primeira coisa que eu disse é a seguinte,
27:37não interessa,
27:39é inadequado,
27:40isso aqui não é uma zona
27:41que pode frequentar muita gente,
27:43nós vamos procurar outro lugar.
27:45E fomos ao Kassab,
27:46pedimos o Kassab
27:47para mandar um projeto de lei,
27:48o Kassab mandou,
27:50nos deram um terreno na Cracolândia
27:52que o Ministério Público,
27:53como é corrompador comigo,
27:55entrou com um pedido
27:56para impedir que eu recebesse o terreno.
27:58É isso.
27:58Essa é a minha história
27:59com relação ao prédio.
28:01Voltando ao prédio,
28:02o senhor ex-presidente se recorda
28:04quando foi aproximadamente
28:05essa visita?
28:06Ah, eu acho que foi
28:08em junho,
28:11junho,
28:12ou julho de 2011.
28:14O senhor ex-presidente
28:15se recorda
28:17não de todos,
28:20mas algumas pessoas
28:20que o lhe acompanharam
28:22nessa ocasião?
28:22Olha, eu sei que o Paulo Camoto,
28:23eu sei que minha mulher,
28:24eu sei que a diretora
28:26do Instituto,
28:27a Clara Ante,
28:28que já prestou depoimento,
28:31eu acho que o arquiteto,
28:34acho que foi isso.
28:35E quanto tempo
28:36após,
28:38quanto tempo
28:39essa visita foi feita
28:40após a primeira informação
28:41que o senhor recebeu
28:42do senhor Paulo Camoto?
28:43Ah, eu acho que eu demorei
28:44um tempo para ir,
28:45acho que eu demorei
28:46dias,
28:47acho que um mês
28:48mais ou menos para ir.
28:49E qual foi
28:50o relato
28:51que o senhor Paulo Camoto
28:52fez ao senhor ex-presidente
28:53na ocasião?
28:54Que tinha um terreno
28:55sendo oferecido
28:56para compra,
28:58sabe,
28:58se a gente queria ver
28:59se ia comprar um terreno
29:00ou não.
29:02Sabe,
29:02você ia ver o terreno,
29:03como fui ver os outros
29:04terrenos,
29:05se você tivesse um prédio
29:06em condição de alugar,
29:08você alugaria,
29:09e se você não tivesse,
29:11você então iria discutir,
29:13sabe,
29:13como fazer uma campanha
29:14de finanças
29:15para comprar o terreno.
29:17Essa ocasião
29:18que o senhor Paulo Camoto
29:19relatou esses fatos
29:20ao senhor,
29:21havia outras pessoas
29:22ex-presidente
29:22ou foi ao contato
29:23por telefone,
29:24como foi?
29:24Não, o Paulo falou
29:25porque eu vou no instituto.
29:27Havia outras pessoas
29:28nessa reunião,
29:28se é que o senhor
29:29ex-presidente se recorda?
29:31O senhor ex-presidente
29:32havia recebido
29:33antes desse contato
29:35algum documento
29:38relativo a esse mesmo prédio?
29:41O senhor ex-presidente
29:42havia recebido
29:43algum projeto
29:43arquitetônico
29:44relativo a esse mesmo
29:46prédio?
29:47Não.
29:47E o senhor ex-presidente
29:49relatou que não,
29:52que entendeu
29:53que o prédio
29:54era inadequado,
29:56pode explicar melhor
29:59as razões?
30:00O senhor ex-presidente
30:01mencionou,
30:02mas só um minutinho,
30:03ex-presidente,
30:03pelo tamanho do áudio
30:05eu vou interromper
30:05e nós retomamos
30:06com a sua resposta.
30:08O senhor ex-presidente,
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