- 15/06/2025
O senador Carlos Viana (Podemos) classificou como "completamente equivocada" a posição do governo brasileiro sobre a guerra entre Israel e o Irã. Segundo o parlamentar, o governo Lula (PT) pratica uma "diplomacia seletiva" ao não condenar de forma contundente o regime iraniano.
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NotíciasTranscrição
00:00Olha aí, o Grupo Parlamentar Brasil-Israel emitiu uma nota de indignação à postura do governo brasileiro diante do conflito com o Irã
00:08e fez um gesto de solidariedade à Israel.
00:12Sobre isso, nós vamos falar agora com o presidente do grupo, o senador Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais.
00:19Bom dia, senador. Obrigada por conversar com a gente.
00:23Bom dia, Beatriz. Bom dia, Nanato. Bom dia a todos que nos acompanham pela Jopim Pá.
00:27Senador, por favor, queria que o senhor se posicionasse, então falasse um pouquinho qual é a posição do grupo
00:34e a principal crítica ao posicionamento do governo federal.
00:37Vocês tiveram contato com o governo de alguma forma sobre esse assunto?
00:43Bem, nós temos sequentemente nos manifestado contra a posição da política externa brasileira,
00:51externada principalmente pelo presidente Lula, nas falas que tem feito, nas viagens,
00:56em que coloca a situação de Gaza como genocídio, o que na verdade é o direito de defesa de Israel.
01:04O Brasil está completamente equivocado nesse posicionamento.
01:09É até ilógico diante de tudo aquilo que a esquerda defende no Brasil,
01:14direitos humanos, proteção às mulheres, direitos dos homossexuais.
01:18O Irã, que hoje é o grande financiador do Hamas, do Hezbollah, dos grupos terroristas do Oriente Médio,
01:26é uma nação ditatorial, religiosa nesse aspecto xiita, em que a religião está acima de qualquer coisa,
01:32inclusive da vida das pessoas, e que ataca constantemente, de forma velada, a outros países,
01:39inclusive o Brasil.
01:40Nós temos investigações aqui em nosso país que revelam agentes do Hezbollah
01:46lavando dinheiro na fronteira do Brasil com a Argentina, na região de Foz do Iguaçu,
01:52comandados pelo Irã, e o Brasil faz vista grossa, faz uma espécie de diplomacia seletiva.
01:59E nós temos denunciado o nosso posicionamento, principalmente em relação ao chanceler Celso Amorim,
02:06que, ao nosso ver, tem sido o homem que tem orientado incorretamente o presidente da República.
02:13Nesse caso, por exemplo, que vocês acabaram de falar sobre as comitivas que estão em Israel,
02:19a maior dificuldade para o diálogo é que o Brasil não tem um embaixador em Israel.
02:25O Brasil é considerado um país hostil a Israel nesse momento em relação à política externa.
02:31Portanto, as negociações, inclusive, para retirar os nossos irmãos brasileiros que estão lá,
02:36elas são dificultadas exatamente pela falta de diálogo e pela forma como o Brasil assumiu essa posição.
02:44E nós temos criticado, temos colocado com clareza a toda a população brasileira,
02:50como representantes que somos do parlamento,
02:53de que o Brasil está na contramão do mundo,
02:57apoiando uma nação que financia o terrorismo, que é o Irã.
03:00O ideal, na sua avaliação, seria um alinhamento automático com Israel, senador?
03:07Não, Nonato.
03:08A nossa posição é de que o Brasil reassuma a sua isenção,
03:13o seu equilíbrio democrático, que sempre foi a marca da diplomacia brasileira.
03:19Por que é que o presidente Lula, ao contrário de dizer que há um genocídio em Gaza,
03:23por que Hamas usa a população civil para se defender dos ataques,
03:28por que o presidente não pede que o grupo liberte os reféns,
03:32que entregue os corpos das vítimas que ainda estão lá em Gaza?
03:36Por que eu estou fazendo essa ponte entre o Irã e o Hamas?
03:41Porque o Hamas atacou Israel em 7 de outubro,
03:44a mando do Irã, para que Israel não conseguisse finalizar os chamados acordos abrâmicos,
03:51o acordo de paz com as nações árabes.
03:54É bom lembrar que o Irã não é árabe, o Irã é persa,
03:59é um inimigo de Israel há muito tempo pelos ayatolás,
04:03não pela população do Irã.
04:05E o Irã, quando percebeu que Israel conseguiria fechar uma rodada de negociações de paz
04:12com a Arábia Saudita, com os Emirados Árabes, com as nações que são primas dos judeus,
04:17o Irã, então, mandou que o Hamas fizesse aquele ataque absurdo de 7 de outubro,
04:23que feriu profundamente o povo de Israel,
04:27e que levantou toda uma questão sobre a segurança do Estado de Israel.
04:31Atacou-se hoje Gaza, o Hamas está praticamente eliminado,
04:37só não está eliminado porque há pressões internacionais que defendem o grupo
04:42e eles usam os quase 2 milhões de palestinos para poder se defender,
04:47ou seja, como o Irã, eles não usam algos militares, eles usam algos civis.
04:53E isso fez com que Israel também levantasse a questão sobre a segurança
04:59em relação às armas nucleares do Irã.
05:02Eu tenho conversado diariamente com o embaixador de Israel no Brasil,
05:06tenho conversado com autoridades israelenses do Knesset, que é o parlamento israelense.
05:11O Irã, enquanto fazia negociações de paz com os Estados Unidos
05:16e com o próprio Israel, com a ONU, sobre a questão nuclear,
05:19o Irã acelerou o programa de desenvolvimento de armas nucleares.
05:24Ou seja, ele estava usando as negociações para poder ampliar o seu potencial nuclear
05:30e fazer ameaças a toda a região do Oriente Médio.
05:34Porque não é só Israel, o Irã ameaça é toda uma região
05:38e isso foi percebido pelo governo de Israel,
05:41que fez esse ataque que vocês estão vendo como forma de eliminar essas armas.
05:46E nós, como grupo parlamentar Brasil, apoiamos o governo de Israel
05:51porque eles não estão somente protegendo Israel,
05:55eles estão protegendo o mundo de uma ditadura religiosa
05:58que coloca toda a sua visão teológica acima da vida, acima das pessoas.
06:05Vejam o ataque do Hamas.
06:06O Hamas atacou de uma forma tal em que, com gritos da forma como eles entendem a religião deles,
06:14eles estupraram, eles mataram crianças, eles mataram pessoas queimadas,
06:18tudo isso dentro de um sentido religioso, que não é o sentido muçulmano.
06:24É bom eu esclarecer aqui que, no mundo muçulmano, nós temos duas visões muito distintas.
06:30Os sunitas, cuja visão é de que a religião foi feita para que as pessoas sejam felizes,
06:37por isso é que as cidades da Arábia Saudita, o Dubai, o Emirado dos Árabes,
06:41são cidades lindas, são uma civilização, eles respeitam as pessoas
06:46e eles têm uma relação de interreligiosidade muito forte de respeito a todos.
06:53Diferentemente do Irã, que é xiita.
06:55Os xiitas entendem que a religião está acima de qualquer coisa.
06:59Eles podem matar, eles podem estuprar, eles podem fazer qualquer tipo de atrocidade
07:04justificados pela religião.
07:05Você imagine um país que tem essa visão com armas atômicas.
07:10Então esse é o nosso posicionamento de defesa a Israel
07:14e de contrariedade à política externa brasileira,
07:17que ao nosso ver está totalmente desalinhada ao mundo moderno.
07:22Perfeito. Conversamos com o senador Carlos Viana,
07:25o presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel.
07:28Senador, obrigada pela sua participação.
07:30Obrigado, bom dia a vocês, à disposição.
07:34Nove horas e vinte e oito minutos, vou passar a palavra aqui para o Zé Maria Trindade,
07:38nosso comentarista, nesta manhã de domingo.
07:41Zé, essa questão da diplomacia do Brasil veio à baila,
07:45veio à tona agora, principalmente por causa do conflito com o Irã,
07:50que vai se estendendo.
07:51A gente já tinha falado disso a respeito das ações de Israel
07:54em represália ao ataque do Hamas.
07:58E a questão de falar que é um genocídio ou um massacre lá em Gaza,
08:03não é só o governo brasileiro que fala.
08:05A gente tem uma série de outros analistas
08:07que também entendem que a mão pesa demais para a população de Gaza
08:11por parte do governo de Israel.
08:13E vamos combinar que o Benjamin Netanyahu também não é nenhum santo ungido
08:18para a gente também ter esse alinhamento absolutamente completo
08:21sem ter algum tipo de ponderação.
08:24Acho que a diplomacia tinha que se manter do jeito que a nossa diplomacia sempre foi,
08:30atuando de uma maneira mais equilibrada.
08:33Mas eu queria te ouvir nesse sentido, Zé Maria.
08:35O que você pensa a respeito desse cenário envolvendo a diplomacia brasileira especificamente?
08:42Pois é, é um momento importante em que é preciso diferenciar
08:46o que é relacionamento pessoal e relacionamento de Estado.
08:50A Constituição brasileira, ela privilegia o relacionamento internacional
08:56com dois pontos importantes.
08:58Na Constituição está lá que o Brasil defende sempre uma saída pacífica,
09:03a paz e a autodeterminação dos povos,
09:06ou seja, que cada país deve decidir o seu destino e o seu futuro.
09:10Então está na Constituição brasileira.
09:13Esse relacionamento do presidente Lula com o primeiro-ministro Netanyahu não vai bem.
09:19Lula é considerado persona non grata em Israel pelas declarações comparando o que está acontecendo lá ao Holocausto,
09:26que não tem nada a ver, é outra coisa, né?
09:29Mas as críticas são de que é desproporcional a resposta.
09:34É, mas o que é desproporcional? O que seria desproporcional?
09:38Porque Israel teme, estamos falando sobre a faixa de Gaza,
09:42teme manter um vizinho como o Hamas,
09:46incrustado ali na faixa de Gaza e decidiu resolver o problema de uma vez por todas, né?
09:51E através de um ataque maciço está mesmo provocando morte de civis.
09:58A guerra é assim.
09:59Eu, desde o início, eu via essa guerra da comunicação.
10:03E o grupo Hamas tinha organização para vencer a guerra de comunicação.
10:07Por quê?
10:08Tem imagens terríveis, sangramento, destruição, porque a guerra é assim.
10:13Mas quem provocou o início da guerra foi exatamente o Hamas,
10:17que invadiu o Israel, matou inocentes, jovens, uma rave, crianças, idosos,
10:25colocou fogo em pessoas, sequestrou idosos, para se terem uma ideia,
10:30e retém corpos, né?
10:31Em vez de liberar os reféns e os corpos para terem um enterro digno.
10:37Então, essa é a situação, esse é o quadro.
10:39E o Brasil precisa definir ali o que é a relação pessoal
10:43entre dirigentes e chefes de Estado, né?
10:46E a relação entre países.
10:49A gente vê que esse grupo que iria a Israel mostraria exatamente isso,
10:55de que o Brasil não é contra Israel.
10:57É apenas o governo atual do presidente Lula,
11:01que fez declarações de que o presidente Lula é considerado persona não grata.
11:06São deputados de oposição,
11:09Bia Kicis, o Pazuello, o Alberto Fraga,
11:11que iriam a Israel tentar demonstrar exatamente esta dubiedade.
11:16É muito complexo, né?
11:19Você levar o relacionamento pessoal a esse ponto.
11:23Israel está sofrendo críticas diante de uma guerra de comunicação que era prevista.
11:299h32.
11:32Repita.
11:339h32.
11:37Acácio, vamos continuar então girando, falando sobre esse assunto.
11:42Qual deveria ser a posição do governo brasileiro?
11:46Apesar do presidente Lula e de Benjamin Netanyahu
11:49não terem uma boa relação já desde que Lula assumiu o terceiro mandato,
11:54o governo brasileiro deveria ter assumido um posicionamento mais neutro neste momento?
12:00Bia, o Itamaraty notoriamente sempre foi neutro,
12:06sempre teve uma posição intermediária.
12:09E o Brasil, ao longo do tempo, acabou conciliando diversos países,
12:15interferindo em diversas questões mundiais,
12:19exatamente por conta da capacidade da nossa diplomacia
12:22de manter-se equidistante dos aspectos ideológicos das confusões.
12:30É óbvio, existem algumas questões que precisam ser indicadas.
12:33Primeiro, Hamas atacou Israel.
12:37Mas é fato também que Benjamin Netanyahu, o líder de Israel,
12:43se mantém no poder muito por conta deste conflito.
12:46Não foram poucas as vozes que disseram que,
12:50no momento em que o conflito na faixa de Gaza terminar,
12:53Benjamin Netanyahu terá que prestar contas internamente.
12:57Então, há quem diga que ele mantém essa chama acesa
13:01exatamente para que ele se mantenha no poder.
13:05Diante disso, e diante de outro aspecto que é muito atual em geopolítica,
13:11todas as guerras são guerras por procuração, são proxy wars.
13:15Existem outros atores por trás dos envolvidos.
13:20Então, no momento em que o Brasil se mantém equidistante,
13:24o Itamaraty se mantém equidistante dos aspectos ideológicos,
13:28há a possibilidade de nós não criarmos confusão,
13:33nós não termos problemas com nossos parceiros em outros aspectos.
13:38O Brasil depende.
13:39Nós seguimos aqui no Jornal da Manhã e estamos acompanhando com os nossos comentaristas
13:43também uma análise a respeito desses temas.
13:45E a gente segue acompanhando aqui o Acácio Miranda.
13:49O Acácio trazia aqui uma reflexão sobre o atual momento do conflito
13:55entre Irã e Israel e a diplomacia brasileira.
13:59Acácio, você dizia que agora a gente tem muito do conflito por procuração,
14:04algo do gênero e a respeito do comportamento que a gente tem que ter nesse cenário.
14:08Eu queria que você retomasse um pouquinho para a gente.
14:11Exatamente isso.
14:12Então, como hoje as guerras são por procuração,
14:15existem atores diretamente envolvidos e atores indiretamente envolvidos.
14:20E o Brasil tem relações com todos esses, tem relação com a União Europeia,
14:25com os Estados Unidos, com Rússia, com China,
14:28talvez não seja tão prudente nós colocarmos o dedo diretamente na ferida.
14:34E é importante que se frise.
14:36O presidente Lula é o nosso chefe de Estado.
14:39Mas as opiniões dele, por mais que afetem o nosso país,
14:44não necessariamente refletem o nosso contexto de atuação internacional.
14:49Por isso que é importante esta distinção.
14:53É importante essa separação.
14:57Eu vou passar a palavra aqui para o professor Marcos Vinicius.
15:00Professor, ainda falando de diplomacia brasileira e do grupo parlamentar Brasil-Israel,
15:07que é absolutamente contrário àquilo que o presidente Lula tem falado ou propagado.
15:12Como é que o senhor imagina que deveria ser essa atuação da nossa diplomacia?
15:16Dá para chegar em um consenso ali entre um cenário diplomático, como o Brasil sempre foi,
15:23ou tem que ter um alinhamento absolutamente direto com um dos lados?
15:28Nonato, essa é a pergunta de um milhão de dólares, que é realmente relevante.
15:33Porque a grande questão é a seguinte, há um genocídio em Gaza ou não?
15:39Essa é a primeira questão e, aparentemente, nós vemos aí que na semana passada, Reino Unido,
15:47França e outros países, inclusive a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional
15:53disseram que existe um genocídio em Gaza.
15:55Então, se isso de fato é constatado internacionalmente, talvez o Brasil tenha que assumir aí uma posição diferente
16:05com relação àquilo que acontece no seu relacionamento bilateral.
16:10Então, é muito importante que a diplomacia reflita também se ela pretende dar algumas respostas,
16:18se ela pretende se posicionar, porque a equidistância, ela é válida desde que você não tem aí
16:26alguns outros elementos por detrás e que prejudiquem até mesmo o seu reconhecimento internacional.
16:33Não vamos nos esquecer que o Brasil já foi chamado também pelo Estado de Israel,
16:37por um diplomata israelense, de anão diplomático.
16:39Então, existe aí uma história meio complicada.
16:42Mas, obviamente, que é necessário um relacionamento positivo,
16:46até para que os brasileiros que estão lá sejam removidos do país.
16:52Eu creio que vai acontecer ali pela ponte do Rei Hussein,
16:56que é o ponto mais próximo entre Israel e Jordânia.
17:00E é por essa razão que você precisa manter o diálogo aberto,
17:04embora, muitas vezes, você não precisa necessariamente estar 100% de acordo
17:10com aquela ação ou no apoio que você tem.
17:13Veja, por exemplo, no caso do presidente Trump,
17:16está muito claro que os Estados Unidos apoiam visceralmente o Estado de Israel.
17:21Só que o presidente Trump não deu, ainda não facilitou para o primeiro-ministro de Israel,
17:28aquelas bombas que poderiam atingir os bunkers,
17:31onde ficam as bombas, as bombas não, o desenvolvimento máximo nuclear.
17:37Então, você vê que mesmo os Estados Unidos, que é o grande financiador de Israel,
17:41que é o grande vendedor de armas para Israel,
17:45também entende que não pode fazer tudo aquilo que o primeiro-ministro israelense quer.
17:51Justamente porque, se você tiver um acidente nuclear ali,
17:56nós teremos aí uma reprodução de Chernobyl e Fukushima,
17:59mas muito pior do que poderia acontecer.
18:02E é por essa razão que os presidentes anteriores, norte-americanos,
18:06que tiveram muitos problemas com o Netanyahu,
18:09não permitiam que a guerra acontecesse.
18:11Mas Trump, por motivos políticos, faz essa dança nesse sentido.
18:16Agora, é importante dizer que países têm esse tipo de relacionamento.
18:21E, claro, nem sempre você vai estar de acordo do ponto de vista diplomático.
18:25Até porque existe uma coisa muito importante, viu, Nonato?
18:27A informação, ela vem muito...
18:32As narrativas são muito controladas.
18:34Você vê, por exemplo, eu descobri recentemente,
18:36que existe uma censura por parte do Estado de Israel
18:39quanto à informação de ataques que aconteceram em bases militares
18:43ou pontos estratégicos.
18:45Então, você vê que existe uma costura, uma construção de narrativas
18:50que nós nunca podemos saber 100% daquilo que acontece,
18:54mas, em princípio, o governo brasileiro tem aí um pouco mais de informação
18:58a respeito disso e, por isso, deve se posicionar.
19:02Fabrício, a gente traz você aqui também para a conversa.
19:06Para você, o governo brasileiro deveria ter uma posição mais neutra
19:10sobre o assunto e, como outros países que estão se envolvendo,
19:14como a gente já vem falando desde o início do jornal da manhã
19:17e querem mediar essas negociações, devem iniciar essas conversas.
19:21É um momento bastante delicado, Bia.
19:24O governo brasileiro, historicamente, sempre teve essa postura neutra
19:27que funcionou até então, incluindo em outras épocas,
19:30como, por exemplo, no período militar,
19:32onde o Brasil já defendia, por exemplo, a criação do Estado palestino
19:35vivendo em coexistência pacífica com o Estado de Israel.
19:40Ou seja, a nossa postura sempre foi extremamente moderada.
19:44Isso não quer dizer que você chamar um genocídio de genocídio
19:50ou qualquer outra ação do tipo, seja para um lado ou seja para o outro,
19:54necessariamente indique um desalinhamento dessa postura moderada
19:59que o Brasil sempre adotou.
20:01Hoje, faltam países com uma força diplomática grande ao redor do mundo
20:07para estabilizar, para ancorar situações delicadas como essas,
20:11como a gente mencionou aqui anteriormente.
20:13Em 73, no Yom Kippur, na Guerra do Yom Kippur,
20:16era período de Guerra Fria, existiam dois países que ancoravam a política internacional.
20:22Os Estados Unidos, muito mais bem posicionados
20:24e com um presidente definitivamente estadista, que era Richard Nixon,
20:29e a União Soviética também, que sempre teve uma política de Estado
20:33muito bem definida, uma política de relações internacionais também
20:36muito bem definida.
20:37Hoje, você olha para os principais países do mundo,
20:41os Estados Unidos não têm um líder estadista,
20:44têm um líder populista, que é Donald Trump,
20:47e que se alinhou completamente a Israel,
20:50abrindo mão de qualquer possibilidade de mediação desse conflito,
20:54que não seja através da força, através da chantagem.
20:58A União Europeia não tem hoje uma força, uma representatividade,
21:02também capaz de assumir para si essa responsabilidade.
21:05E o governo chinês não tem tanto esse interesse assim,
21:09porque isso, de fato, não mexe muito com os objetivos chineses nesse momento,
21:14enquanto não houver nenhum problema direto, por exemplo,
21:17na exploração, na compra e venda de petróleo do Irã,
21:20que é um ponto muito importante para a China hoje,
21:23mas que não seria uma questão de sobrevivência para os chineses.
21:27Então, acaba faltando esse país capaz de mediar esse conflito.
21:34A gente tinha uma expectativa de melhora nas relações no Oriente Médio,
21:39a partir ali, mais ou menos, da visita de Donald Trump à região no mês passado,
21:45se não me falha a memória, no comecinho de maio, na virada de abril para maio,
21:48quando Trump, inesperadamente, retoma relações com a Síria.
21:54Um pedido do governo da Arábia Saudita e também do Catar,
21:59para que os Estados Unidos retomassem a relação com a Síria.
22:03Isso aconteceu.
22:04E aí houve uma pequena expectativa de regularização também das questões nucleares com o Irã,
22:12o que permitiria, por exemplo, que a Arábia Saudita também desenvolvesse melhores relações com o país.
22:18Hoje, os governos saudita e americanos estão muito bem alinhados em questões internacionais.
22:23E isso tudo acaba sendo dificultado nesse momento.
22:26As vias diplomáticas foram muito comprometidas nas últimas 72 horas.