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  • 21/06/2025
O mundo assiste com apreensão ao agravamento do conflito entre Irã e Israel. A possibilidade de ataques a usinas nucleares, o risco de vazamentos radioativos, a ausência da ONU e os impactos sobre os refugiados e a diplomacia internacional são temas urgentes — e o Brasil também está envolvido. A bancada do Linha de Frente debateu sobre a guerra.
Apresentadora: Beatriz Manfredini
Comentaristas: Alex Vargem, Isadora Brizola, Manuel Furriela e Maria de Carli

Assista ao programa na íntegra: https://youtu.be/kBh9gnZ6sNc

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Transcrição
00:00Mas é muito complexo esse bombardeio às usinas nucleares, porque você tem várias formas de desenvolver uma tecnologia nuclear para fins não pacíficos, construção da bomba nuclear.
00:12Um dos caminhos é via desenvolvimento de usinas nucleares e a partir dali começa a se enriquecer o urânio e desenvolve-se numa sequência a tecnologia.
00:22E esse é um caminhamento que o Irã tem dado. Só que Israel conseguiu bombardear várias dessas usinas de forma superficial, porque se você fizer um bombardeio em larga escala, na maior parte delas, pode provocar um vazamento nuclear, gerar uma enorme contaminação radioativa em toda a região, algo extremamente indesejado.
00:46Então imagine só o que a gente já observou em Chernobyl, Fukushima, as várias usinas nucleares que tiveram vazamentos pelo mundo, imagine uma sendo bombardeada.
00:56Então é complexo o processo. E nessa que foi mencionado, o que você tem adicionalmente é que como ela é construída no subsolo, em região rochosa, aí mesmo que se quisesse propriamente chegar a um bombardeio mais eficaz, também não haveria essa possibilidade.
01:15E os Estados Unidos teriam melhor condição de dar esse tipo de encaminhamento.
01:21Agora a ONU, ela vive historicamente um movimento onde ela, infelizmente, ela tem diminuído o seu protagonismo.
01:28Eu digo infelizmente porque essa questão de desenvolvimento nuclear do Irã, que evidentemente que coloca em risco a segurança internacional,
01:39até porque é por esse motivo que existem sanções internacionais do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã,
01:46deveria a ONU estar atuando para impedir esse desenvolvimento ou tomando decisões do que fazer contra o Irã,
01:54nesta questão específica da energia nuclear.
01:57Em outras, ali na região, também mediando a questão dos palestinos com Israel, que também é um conflito importante e que tem um envolvimento do Irã.
02:07A ONU, ela está ausente dessa função.
02:10Uma parte é questão de agenda dela, que desde 1948, quando esse assunto surgiu, deveria ter atuado e não atuou,
02:19mas principalmente ela tem perdido nos últimos anos força internacional, porque as decisões multilaterais, elas têm caído em descrédito.
02:28Desde principalmente de 1991, quando os Estados Unidos viraram a principal potência, acabaram decidindo tomar decisões por conta própria.
02:38Haja vista, por exemplo, a invasão do Iraque, que a ONU não autorizou, eles invadiram do mesmo jeito.
02:43Então, você percebe que não se leva para a ONU a tomada de decisão.
02:49Então, ela está num momento muito frágil.
02:52Mas eu concordo aqui num aspecto que, na questão de refugiados, via a CNUR, que é a organização internacional que trata do tema,
03:02ela vai ter uma atuação importante se houver um fluxo de refugiados.
03:07A Isadora queria complementar?
03:09Sim, eu queria complementar o que a Maria estava falando sobre o Trump.
03:13Eu acredito que os Estados Unidos, ele está numa posição, acho que não somente o Trump, como o Putin também,
03:20estão numa posição muito de relações diplomáticas.
03:23Então, essa é uma guerra que, diferente de outros conflitos que têm performado ali no Oriente Médio,
03:30ela tem uma necessidade de posicionamento maior, porque envolve relações econômicas e diplomáticas muito mais importantes para o mundo como um todo.
03:40Então, tem uma questão dos Estados Unidos, ele está presente ali no fortalecimento da parte naval,
03:46da parte de equipamentos de Israel, inclusive da militarização ali do mar Mediterrâneo.
03:52Isso já está acontecendo, esse cenário já existe, essa consolidação.
03:56Então, por mais que o Trump ainda não tenha 100% se posicionado como vamos apoiar uma invasão ou não,
04:02ele acaba já por estar ali do lado nessa parte de financiamento militar e armamento de Israel.
04:07Mas, ao mesmo tempo, existe a questão da parte diplomática,
04:11porque a gente está falando de um conflito que envolve muitas diretrizes econômicas e relações internacionais
04:17e coloca até o Putin na mesma posição.
04:19Ninguém quer entrar numa briga, a gente está falando, o Irã faz parte do BRICS desde 2024,
04:24isso tem uma força muito grande, inclusive no ano passado,
04:28vindo até o Brasil para discutir sobre fóruns empresariais e novas parcerias tecnológicas.
04:33Então, é literalmente um conflito que coloca em xeque muitas frentes diferentes.
04:38Inclusive, o Trump sendo pressionado por um momento em que as políticas dele internas também estão sendo questionadas.
04:44Tiveram alguns protestos em Los Angeles e nos Estados Unidos como um todo.
04:47Então, eu acho que essa falta de posicionamento parte um pouco por esse lado
04:50de todos os presidentes estarem tentando manter uma posição mais diplomática perante o mundo.
04:56Eu vou adicionar uma outra informação e aí já jogo até para o Alex completar.
05:01Porque, de acordo com informações do Itamaraty, atualmente entre 180 e 190 brasileiros vivem no Irã.
05:09Já em Israel, são cerca de 12 mil.
05:11Mas eles dizem que é um número difícil de contabilizar,
05:15já que boa parte tem cidadania dupla e está bem integrado à comunidade de Israel.
05:20Por isso, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, até o momento,
05:24não fez planos de retirada dessas pessoas, de nenhum dos dois países.
05:29E aí, Alex, queria saber um pouco de você, por parte dos brasileiros que estão lá.
05:35A gente não tem, então, essas informações até o momento de ninguém pedindo para voltar.
05:39Tem uma recomendação do Itamaraty para que os brasileiros, por exemplo, no Irã permaneçam em casa.
05:44Qual é a situação de pessoas do nosso país, nesse momento, que estão em locais de conflito?
05:50A gente não está acostumado com isso no Brasil.
05:53Isso, exatamente.
05:55Nós temos hoje uma comunidade brasileira no exterior,
05:59aí, obviamente, são estimativas, mas, enfim, mais de 4 milhões de pessoas,
06:02mais de 4 milhões de brasileiros vivendo em diversos países.
06:05E brasileiros retornados, quando vem...
06:08Nós tivemos já experiências, o Brasil teve experiências,
06:10brasileiros que retornam, depois de uma vasta experiência nos países que residiram durante um longo tempo,
06:16encontram dificuldades de se reintegrar à sociedade brasileira.
06:20Isso é uma dificuldade, do ponto de vista cultural, empregatício, produção de renda, enfim.
06:24E brasileiros que estão em situação de conflito, geralmente não se tem esses dados.
06:28Mas é de suma importância o governo federal, capitaneado,
06:33a Casa Civil coordena essas ações.
06:35Então, a Casa Civil coordena, junto com o Ministério da Justiça, Itamaraty,
06:38Ministério dos Direitos Humanos, fazer esse levantamento dessas pessoas que estão em situação de conflito,
06:44porque também podem ter suas vidas ceifadas.
06:46E pensar também, se tivesse fluxo de brasileiros retornados aqui para o Brasil,
06:52quais são as políticas públicas que serão estabelecidas?
06:55Esse é um ponto central, né?
06:56Porque são pessoas, como eu já disse, que viveram durante muito tempo fora.
06:59Então, se por acaso vierem, o Brasil tem que se preparar.
07:01Tem que se preparar para dar um respaldo para essas pessoas,
07:05do ponto de vista de políticas públicas, acolhimento, inserção na sociedade brasileira,
07:10dado que viveram muito tempo fora.
07:13Então, é um planejamento que o governo tem que fazer.
07:17É urgente, né?
07:19Não só para os brasileiros, né, Isadora, te chamo de volta para esse assunto,
07:23mas a gente leu, por exemplo, um relatório recente da ONU,
07:27que diz que o número de mortes aumentou 40% por conta de confrontos,
07:31de conflitos desse tipo.
07:34No ano passado, a maior parte das pessoas mortas são civis,
07:38e me parece que a gente viu uma escalada desses momentos, né?
07:41É, esse movimento de refugiados no mundo todo, né?
07:45A gente passou, inclusive, um dos dados da Acnur, né,
07:48que é a agência da ONU de refugiados,
07:51é que o ano passado foi o recorde de refugiados no mundo todo.
07:56E esse movimento tem acontecido tanto por alguns países terem passado por guerras civis,
08:01como no Oriente Médio, Sudão, Síria.
08:03Esse movimento aconteceu aqui, na América Latina,
08:05então, na Venezuela também, com essa migração para o Brasil.
08:09Então, é um movimento que tem acontecido no mundo inteiro por completo,
08:12não somente por conflitos armados e guerras civis ao mesmo tempo,
08:17mas também por crises econômicas, por momentos inflacionários de alguns países.
08:21Então, o mundo todo tem passado por esse movimento de migração.
08:25A gente vê que o refugiado, ele já é um caso extremo,
08:28ele é um caso de uma migração compulsória,
08:31mas isso acontece como movimento no mundo todo,
08:33em casos também de oportunidades melhores,
08:35em caso de questões inflacionárias em outros países vizinhos.
08:39Então, tanto os países que têm esse recebimento,
08:42têm que ter políticas específicas para atender essa população que chega,
08:46com um acolhimento, um processo burocrático mais facilitado para a entrada em alguns países.
08:52Uma questão também que envolve migrantes que chegam,
08:55refugiados que chegam no mundo todo.
08:57É questões de falta de estrutura, de xenofobia.
09:00A gente vê isso aqui, inclusive, no Brasil, acontecendo com nós que recebemos.
09:05Ano passado, a gente recebeu 77 mil venezuelanos.
09:09Então, é um processo que envolve diretrizes de políticas públicas
09:12e também um processo de acolhimento.
09:15Olhando por um viés aqui um pouco mais sociológico,
09:19a gente tem a percepção também do que é a construção da narrativa do refugiado,
09:23porque ele perde a essencialidade, a identificação dele,
09:28ele falta um senso de pertencimento.
09:30Você imagina o que é você sair de onde você mora,
09:33de onde você tem sua história, sua vida, sua cultura,
09:35e você parte para outro lugar para começar uma vida do zero.
09:38Então, o processo de integração e pertencimento constrói muito essa parte.
09:43A gente tem que entender que o mundo como um todo,
09:46num cenário globalizado,
09:47ele funciona muito mais como uma ruptura desse tradicionalismo de fronteiras que a gente tem.
09:52O mundo globalizado de hoje, nós temos uma facilidade para ir e vir,
09:56morar em outros lugares, migrar,
09:58inclusive acesso tecnológicos ao mundo todo.
10:01Então, aquela fronteira tradicional, ela tem se quebrado.
10:04É uma ruptura que a gente tem passado.
10:06E entender que as pessoas passam tanto refugiados quanto migrantes pelo mundo todo
10:10tem essa questão de pertencimento, de culturalismo, de integração ao espaço.
10:16E a gente vê isso principalmente em espaços como cidades urbanas,
10:19cidades mais urbanas.
10:21A gente vê o quanto isso é pertinente,
10:23o quanto o espaço cultural é muito mais multifacetário,
10:26envolvendo culturas e países diferentes.
10:28Então, entender o refugiado no Brasil e no mundo com a pluralidade...
10:32Desculpa, pluralidade...
10:34Pluralidade...
10:35Pluralidade...
10:36Também rolei, é difícil, gente.
10:38Com o seu pluralismo lá, com sua parte multifacetária
10:41e se concebendo no mundo inteiro,
10:43também faz parte de um processo de uma globalização
10:46e um novo cenário cultural, econômico e globalizado para o mundo todo.
10:50Pensei aqui até com essa variedade de pessoas,
10:52para a gente não ficar insistindo,
10:55que às vezes a gente enrola mesmo a língua.
10:57E, professora, aproveitando esse tema dos brasileiros,
11:00queria falar do posicionamento do Brasil
11:02em relação, então, a esse conflito.
11:05O Brasil condenou a posição de Israel.
11:10A gente tem parlamentares falando de forma contrária
11:13ao que disse o governo no federal,
11:15inclusive o governador Tarcísio de Freitas,
11:17nesse feriado aqui em São Paulo,
11:18apareceu ali abraçado a uma bandeira de Israel,
11:21num evento.
11:23Como que a gente está nesse cenário aqui dentro do país?
11:27O Brasil que sempre adotou uma posição mais neutra, né?
11:30Sim.
11:30O Brasil, tradicionalmente, principalmente desde os anos 70 do século passado,
11:35ele usa o posicionamento de pragmatismo.
11:38E utiliza mesmo, né?
11:39A gente pode pegar os mais variados governos, né?
11:42Começou ali no governo militar, por exemplo,
11:45onde houve o restabelecimento de relacionamento, por exemplo,
11:48com países comunistas no governo militar brasileiro.
11:51Por que pragmatismo?
11:53Então, essa foi uma linha tradicional que o Brasil adotou desde sempre.
11:58Eu acho que este é o melhor caminho.
12:01Nós temos uma posição do Brasil importante.
12:04O Brasil é uma potência regional.
12:06Isso não nos diminui.
12:08Nós temos uma potência regional e não global.
12:10Isso nos coloca bem num cenário internacional,
12:13onde eu acredito que a gente tem importância em muitas discussões,
12:17por exemplo, na do meio ambiente.
12:19Não dá para ter uma agenda internacional de discussão, por exemplo,
12:22de questões ambientais sem chamar o Brasil.
12:25O Brasil é protagonista global nesse assunto, por exemplo.
12:29Agora, eu acho que neste em específico,
12:32a posição neutra é mais importante do que nunca, por vários motivos.
12:36Um, porque esse posicionamento é tradicional brasileiro.
12:39Outro, porque ele nos é útil.
12:41Entrar em algum tipo de desgaste, ou com Israel, ou com Irã,
12:45não só não nos interessa,
12:47como a gente também não colabora para resolver o problema deles.
12:50Se a gente fosse útil nesse aspecto de poder colaborar,
12:54ou a gente conseguisse trazer algum resultado positivo para nós ou para eles,
12:58eu acho que valeria um posicionamento para um lado ou para o outro.
13:01Mas não é o caso.
13:03Então, eu acho que tem que se manter neutro.
13:04Até porque a questão é muito controversa.
13:06Então, se a gente pegar os dois lados, tem, assim, os seus argumentos.
13:10Se a gente pegar o lado do Irã, juridicamente,
13:13houve uma intervenção de um país externo, no caso Israel,
13:17ingressou no seu território ou atacou em vários dos alvos,
13:22matou diversas das suas lideranças.
13:25Então, posicionamento deles.
13:27Se você pegar o posicionamento israelense,
13:30como a gente falou aqui da ONU,
13:32a ONU não está atuando para impedir o desenvolvimento do programa nuclear iraniano.
13:38E, a partir do Irã, vem ataques hostis a Israel há muitos anos,
13:42conforme eu mesmo mencionei aqui,
13:44indiretamente por vários grupos armados pelo Irã,
13:47Israel também tem seu motivo para a intervenção.
13:50Então, veja só.
13:51Você tem os dois com seus argumentos.
13:53Não estou nem, neste momento, pesando nenhum dos dois.
13:56Só dizendo que eu acho que o Brasil, ele tem que ter essa posição neutra.
14:00E, caso ele queira ser um pouco mais assertivo,
14:04embarque numa posição multilateral.
14:05Então, se você tem um posicionamento da ONU,
14:09de uma organização da qual o Brasil participa ativamente como essa,
14:13ele pode seguir esse posicionamento.
14:15Mas, do contrário, utilizar o discurso de que as partes têm que se compor,
14:20que é um discurso importante,
14:21que elas têm que ter um acerto que acabe com essas hostilidades
14:25e resolver outras questões próximas, como a dos palestinos, por exemplo,
14:29eu acho que é um bom discurso do Brasil.
14:31assumir posicionamento de um lado ou do outro
14:35não serve para nós, não é útil para o Brasil,
14:39fere a forma como a gente conduz tradicionalmente
14:41a nossa diplomacia, que é admirada no mundo todo.
14:45A gente tem uma das melhores escolas diplomáticas do mundo,
14:48que é o Instituto Rio Branco do Itamaraty,
14:49e nem o problema das partes.

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