Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o professor de relações internacionais da UniCeub, Danilo Porfirio de Castro Vieira, avaliou a entrada dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã. O especialista também debate quais serão as implicações políticas mundiais após a ofensiva dos norte-americanos.

Assista à integra: https://youtube.com/live/-mCT6hl2l9s

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#JornalDaManhã

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Seguimos no assunto, o Jornal da Manhã recebe agora o professor titular de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília,
00:07professor Danilo Porfírio de Castro Vieira.
00:10Professor, bom dia, obrigado por atender a Jovem Pan essa manhã.
00:14Bom dia a todos, estou à disposição.
00:17...de que os Estados Unidos pudessem efetivamente entrar no conflito,
00:21mas o Trump tinha dito que resolveria isso só daqui duas semanas,
00:25que seria um prazo realmente bem extenso para um conflito de troca que a gente tem acompanhado desde o primeiro dia.
00:34Não te surpreendeu ou te surpreendeu a entrada agora, Danilo, e esse ataque às instalações nucleares por parte do Trump,
00:41já que também era uma promessa de campanha de não atacar ou não participar de guerras que não fossem em seu território?
00:48Eu não me surpreendi, e por duas razões.
00:53A primeira razão é que estava claro que os americanos tinham ciência e estavam dando apoio aos israelenses na ação contra o Irã,
01:11justificado em relação à preocupação com o programa de armas nucleares.
01:15Também temos que lembrar, em função disso, que havia já uma cadeia de tratativas
01:24sobre a questão de uma busca de acordo mediado por agentes em Oman.
01:33Entretanto, de um lado, o Irã alegava que as condicionantes eram impositivas e unilaterais,
01:45e do outro lado, os americanos alegavam que o Irã estava numa situação de intransigência.
01:50Ao mesmo tempo, vemos que tudo isso é um processo de resposta retaliatória, também israelense,
02:02contra o regime iraniano, em função da ação próximo do Irã em relação ao conflito do Hamas e Israel em outubro de 2023.
02:16Se os americanos não estivessem cientes disso, os israelenses não teriam agido.
02:26Isso, essas pretensões de Netanyahu e de alguns sucessores de Netanyahu, já aconteceram.
02:34Em 99, ao longo do ano 2000, 2009, até 2021, e sempre houve o quê?
02:41Uma política de freios e contrapesos dos americanos no agir.
02:48Então, realmente, essa pretensão é uma pretensão que estava dentro do programa de Trump.
02:53Sobre o adiantar da ação, também não surpreende, porque, primeiro,
02:59é uma ação que deveria ser vista como uma ação de surpresa, para surpreender o Irã.
03:07E, no segundo ponto, nós temos que contar sempre com o discurso viril do presidente Trump.
03:14Tanto que a única questão, propriamente política, que deve ser levantada aqui,
03:21é que Trump não avisou as lideranças legislativas.
03:26Diga-se, a liderança do Partido Republicano e as chefias das Casas Legislativas.
03:32Mas devemos lembrar que, em ações pontuais e emergenciais,
03:37a prerrogativa do chefe, do comandante-chefe das Forças Armadas, é, obviamente, do presidente.
03:46Justamente sobre isso que eu ia comentar com o senhor, primeiramente, bom dia.
03:50Se Trump colocou os Estados Unidos em uma guerra sem a devida autorização,
03:54é isso que alguns comentaristas políticos têm falado.
03:57Ele cometeu uma inconstitucionalidade?
04:00Eu não vejo ainda, porque não houve uma declaração de guerra.
04:06É a lógica, ainda um pouco nebulosa, contestável, de ações preventivas.
04:15Ações que estão justificadas numa política de segurança.
04:20Mas não houve, propriamente, uma declaração de guerra.
04:24Para que haja guerra, uma declaração formal de guerra,
04:29o presidente deve, sim, pedir a autorização do Congresso.
04:34Ainda não estamos nessa fase.
04:36Estamos na fase de conflitos pontuais.
04:38Do contrário, outros presidentes anteriores a Trump também cometeram inconstitucionalidades.
04:45Professor, e qual é a sua expectativa em torno da reação da comunidade internacional?
04:50Até agora, a gente teve apenas o Kiri Starmer do Reino Unido se pronunciando,
04:54dizendo que o Irã não pode ter o programa nuclear.
04:57Mas há uma expectativa de que outros líderes possam se pronunciar a respeito dessa ação americana no dia de hoje.
05:03É mais para apoio aos Estados Unidos do que ao Irã?
05:07Os ocidentais, vamos dizer aí, a Grande Liga Ocidental,
05:14aqui estou falando da Europa Ocidental e outros aliados,
05:19estarão, obviamente, alinhados aos norte-americanos.
05:21Eu tenho que lembrar que o próprio chanceler da Alemanha,
05:25semana passada, veio dizer que apoiava Israel,
05:29porque Israel estava fazendo um trabalho sujo que o Ocidente não teria feito,
05:34que era bombardear o sistema nuclear, toda a estrutura nuclear iraniana.
05:40Então, haverá esse apoio.
05:43Vamos ver o quê?
05:44Talvez manifestações de protesto no palco, vamos dizer, concorrente.
05:53Vamos dizer, essa Liga Ocidental.
05:55Estou falando de manifestações por parte da Rússia,
06:01por parte da China e por parte de outros países,
06:07como, por exemplo, a própria Arábia Saudita.
06:09Eu gostaria de saber agora o posicionamento da Arábia Saudita
06:11e dos seus aliados periféricos sobre essa questão.
06:16Então, poderemos ter aí manifestações de condenação.
06:21Mas que ficaram nisso?
06:23Na verdade, as ações americanas buscarão o êxito esperado,
06:31que são dois.
06:33Que é a destruição da estrutura de desenvolvimento de energia atômica no Irã
06:40e o colapso do regime.
06:43E detalhe, existe sim uma oposição muito forte,
06:48porém reprimida sucessivamente dentro do Irã.
06:54Inclusive sobre lideranças de mulheres,
06:56que vêem seus direitos tolidos.
06:59O marco desse processo de instabilidades incitadas
07:03por forças de oposição vem desde 2009,
07:07com a chamada Revolta ou Revolução Verde.
07:10Então, nós temos que também observar como essas forças vão ressurgir
07:15dentro do espaço iraniano.
07:19Professor, o que esperar da resposta em relação ao Irã?
07:23Um ataque mais pontual ou envolvimento de outras potências globais?
07:29Nós temos que lembrar que o Irã,
07:31ele é um país que sofre sanções diversas
07:35desde o início, desde o estabelecimento do regime
07:39no final da década de 70 e início da década de 80.
07:43Ele desenvolve o seu próprio parque industrial bélico,
07:47ele deu foco ao desenvolvimento de tecnologia nuclear
07:52que vem de período anterior ao regime islâmico.
08:00Nós temos que lembrar que Israel era aliado do Irã
08:05revolução iraniana, Israel era aliada do regime paleve
08:09e transferiu conhecimento na área nuclear para o Irã de paleve
08:14e, posteriormente, os revolucionários tiítas se apossaram disso.
08:21E, em um segundo momento,
08:23entre o final da década de 90 e início dos anos 2000,
08:28o Irã também teve acesso a conhecimento
08:30por parte de Abdullah Khan,
08:34que é o pai da bomba atômica paquistanesa.
08:38Então, eles também tiveram esse, vamos dizer,
08:43esse acesso a conhecimento.
08:45Mas por que eu estou falando isso?
08:46O parque industrial iraniano,
08:48então, ele depende de si,
08:50depende de algum apoio pontual dos russos,
08:53chineses,
08:55mas é um parque industrial,
08:56uma estrutura, vamos dizer, amamentista,
08:59defasada em relação ao potencial israelense.
09:03Em termos tecnológicos, ele está atrás.
09:05Vimos isso claramente, né?
09:08Com os ataques israelenses,
09:10o domínio do espaço aéreo inteiro.
09:13Só para você ver,
09:14enquanto os israelenses têm caças F-35,
09:21ainda os iranianos estão presos aos Tomcat F-14,
09:28aos F-4 Phantom.
09:29Eu estou falando da década de 80,
09:31da década de 70.
09:32Então, realmente, nós temos defasagem aí.
09:35Então, eu acredito que o processo
09:39de defesa e de autodeterminação militar iraniana,
09:44ela vai se esgotar ainda mais com a entrada dos americanos.
09:47Aí a minha preocupação está olhando a história.
09:50as ações terroristas de natureza jihadista chiíta.
09:56Isso já foi exercido na década de 80,
09:58com o apoio do Irã,
10:00ou é por meio do Hezbollah, por exemplo.
10:02Então, a minha preocupação são ações,
10:05agora, basicamente regionalizadas,
10:08em bases, em instalações norte-americanas,
10:12no Iraque, na Síria,
10:14obviamente, nos espaços israelenses,
10:19atingindo potencialmente até a população civil israelense,
10:24e os ruts, como braço próximo do Irã,
10:28agindo realmente no mar vermelho
10:30contra navios de bandeira norte-americano.
10:33agir dentro de uma lógica de jihadismo internacional,
10:40como vimos com o Al-Qaeda no início dos anos 2000,
10:45eu ainda não poderei afirmar se o Irã tem cacife
10:49para financiar medidas assim.
10:53Mas, em princípio, as minhas preocupações ainda são regionalizadas.
10:57Professor, para a gente fechar aqui a nossa conversa,
11:00eu vou pedir para o senhor responder até mais rápido,
11:02o senhor citou aí a Revolução Verde,
11:03falou que tem oposição interna no Irã,
11:05principalmente liderada pelas mulheres,
11:07Revolução Verde,
11:08quando daquela eleição do Ahmadinejad,
11:11que parecia que tinha sido fraudada,
11:12o Savi precisava ganhar,
11:14ou parecia que teria ganhado,
11:15e houve ali o Ahmadinejad no poder,
11:18e a partir daí a gente tem o protesto.
11:21Recentemente tivemos o protesto pela morte de uma menina,
11:23pela polícia secreta também,
11:25ela foi presa e acabou sendo morta logo depois,
11:29acreditado à polícia da moralidade lá no Irã.
11:33E há pouco a gente falava do filho do Shah Reza Palev,
11:35que vive nos Estados Unidos, vive em exílio,
11:38e que falou que o regime vai cair,
11:39que o Kamenei está fugindo como um rato,
11:42se escondendo embaixo da terra, e por aí vai.
11:46Ele poderia ser um líder de transição,
11:49ou é carta fora do baralho,
11:51à medida em que também a monarquia não era lá,
11:53essa flor que se cheire, professor.
11:56Quando se fala de monarquia,
11:59de Reza Palev, a gente lembra, né,
12:00meu caro, do Savi, né,
12:02do serviço secreto, implacável,
12:04iraniano, né.
12:05Então, assim, o regime não deixou saudade.
12:08Então nós temos que ver algo novo, né.
12:12O restauro da monarquia, ao meu ver,
12:15não será uma alternativa.
12:17Realmente nós teremos que buscar
12:20por uma transição democrática.
12:22Lembrando que o Irã é um paradoxo.
12:26Ao mesmo tempo que temos um regime autoritário,
12:29nós temos uma estrutura
12:31de valorização da intelectualidade
12:34por meio das gerações.
12:36Nós temos jovens universitárias.
12:39Nós temos grande quantidade de mulheres
12:43dentro dos espaços universitários.
12:46Então existe esse tensionamento
12:49entre a liberdade do conhecer
12:51e a repressão institucional.
12:53E é por isso que eu vejo
12:54nessas inconstâncias da oposição,
12:57ao longo desses últimos quase 20 anos,
13:01uma alternativa
13:02para uma busca de uma transição democrática.
13:05Vamos conferindo, professor Danilo.
13:07Muito obrigado pela gentileza.
13:08Um bom dia aí ao senhor.
13:09Obrigado.
13:10Obrigado.
13:11Obrigado.
13:12Obrigado.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado