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O 3º Congresso promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (ABRAMILHO) ocorreu esta semana em Brasília, discutindo sustentabilidade, inovação, cenários macroeconômicos, preços e armazenagem. Um destaque do evento foi a abertura de mercado de DDG para a China. Glauber Silveira, diretor executivo da ABRAMILHO, detalhou os pontos debatidos em entrevista ao Hora H do Agro.

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Transcrição
00:00Se você acompanha a gente, está percebendo que o cenário está um pouquinho diferente,
00:04mas é porque a gente está aqui em Brasília, porque essa semana aconteceu o Congresso da Abramilho,
00:09a Associação de Produtores de Milho e Sorbo, e a gente veio acompanhar o Congresso
00:15e hoje trouxemos um entrevistado que vai falar sobre milho e as diferentes perspectivas para o setor
00:22quando a gente fala não só de produção, mas exportação e o quanto que esse mercado está crescendo
00:27em produtividade no Brasil, então a gente agradece muito a participação do Glauber Silveira,
00:33muito obrigada pela participação.
00:35A gente está aqui no estúdio em Brasília trazendo informações fresquinhas do Congresso.
00:41Ele é o diretor executivo da Abramilho.
00:43Glauber, muito obrigada pela sua participação aqui, por estar nos nossos estúdios.
00:48E eu gostaria de começar esse programa, começar a nossa entrevista perguntando um pouquinho para você
00:54a sua avaliação da produção de milho, da produtividade no país.
00:58A gente está acompanhando aí níveis satisfatórios, os produtores eles estão empolgados,
01:04mas a alta produtividade também acaba impactando um pouquinho no preço.
01:08Então eu queria começar, por gentileza, te perguntando a sua avaliação,
01:12até porque o Congresso foi muito recente e aí tem vários insights ali que saíram dessa programação, né?
01:18Tá certo. A produção, na verdade, desse ano, ela é bem positiva, né?
01:23A gente passou pela safra do ano passado, a gente teve uma queda de produção,
01:28a gente, principalmente, porque aconteceu, foi um ano climático muito complicado.
01:31Eu lembro que a gente acompanhou, principalmente no Mato Grosso, foi uma tragédia, né?
01:35A gente nunca imaginou que pudesse ter tanta complicação e tanta perda,
01:39principalmente na soja, então, que atrasou muito, né?
01:42Teve um problema pela soja.
01:43E depois a gente acabou tendo também, numa perspectiva um pouco pior no milho,
01:49e principalmente quando a gente teve um problema de cigarrinha,
01:51nas últimas duas safras a gente teve muita cigarrinha.
01:55E, graças a Deus, nessa safra a coisa está um pouco mais tranquila.
01:59O produtor está respirando um pouquinho mais.
02:00Está respirando um pouquinho mais.
02:01Então, houve um plantio bem acelerado, por exemplo, da soja,
02:06e a gente conseguiu plantar a safra de milho muito positiva.
02:10Então, as estimativas estão falando mais de 100 milhões de toneladas,
02:13algumas falam em 110, da segunda safra, você veja que maravilha.
02:17Juntando com a primeira safra, a gente tem um recorde de produtividade.
02:22E, como você disse, o produtor acaba sendo vítima da sua eficiência,
02:27o produtor brasileiro, né?
02:28Apesar de você ter no cenário internacional uma queda na produção mundial,
02:34mas, mesmo assim, o Brasil mais uma vez vem para...
02:37E aí a gente acaba vendo preços que estavam até bons, tendo uma certa queda.
02:44Mas vamos ver, né?
02:46A gente teve alguns cenários que falam que vai continuar caindo.
02:49Eu, como dizia, eu não sou analista de mercado,
02:51então acho que quem...
02:52E não gosta de fazer previsão porque é fria, né?
02:55Mas o que a gente espera é que realmente o produtor tenha pego essa oportunidade
03:00e tenha travado.
03:01Então, mas a safra realmente está boa.
03:03É claro que a gente não começou a colher, né, Mariana?
03:05Então, a gente fala assim, poxa, mas é que...
03:08Por que pode falar que vai ser regra?
03:09Porque já se consolidou.
03:11Porque o milho já tem uma fase.
03:12Por exemplo, ele penduou, né?
03:14Aí ele começou o enchimento de grãos ali,
03:16ele precisou ali de mais uma ou duas chuvas que já deram.
03:19E a gente tem uma previsão para Mato Grosso.
03:22Estou falando muito Mato Grosso porque realmente...
03:24Vem dali o cérebro.
03:25O Mato Grosso, para você ter ideia, produz mais milho do que soja já.
03:30Entendeu?
03:30Olha que interessante isso.
03:32Então, lá é que realmente tem o suporte da produção, né?
03:36Na segunda safra, praticamente 50% da produção é lá do Mato Grosso.
03:41Então, lá já choveu e também choveu em Goiás, Mato Grosso do Sul.
03:44Então, realmente foi uma segunda safra tranquila.
03:48E aí, bom, você falou que é isso, não dá para ficar prevendo preços
03:53e também nem é o seu local de fala nesse sentido de acompanhar muito.
03:57Mas pelo que você está me falando, existe então uma...
04:00Não vou dizer uma preocupação, mas uma cautela dos produtores
04:03em acompanhar essa flutuação dos preços.
04:07Nesse sentido, qual que seria a sua sugestão?
04:10Qual que seria o seu conselho para os produtores que ainda não venderam,
04:16mas que estão olhando para esses bons resultados?
04:19Dá para falar...
04:20Você está me colocando em saia justa, né?
04:22Para dar conselho de comercialização.
04:24Realmente, eu acho que é muito importante cada produtor fazer a conta, né?
04:28Porque, que nem falei, eu mesmo, no Congresso, eu estava com aquela expectativa.
04:33Poxa, a gente...
04:34Eu ouvi falar que saiu o relatório do SDA e que caiu um pouco o estoque de milho.
04:41Eu falei, poxa, vai bombar, a gente vai vender bem.
04:43Até eu estava brincando com alguns produtores que estavam ali.
04:45Olha, quem não vendeu ainda, agora vai ganhar dinheiro.
04:48Mas aí, depois chegou lá, a gente teve uma apresentação, né?
04:52De uma consultoria que falou, poxa, não, agora quem vendeu, vendeu bem.
04:56Quem não vendeu, olha, já vende logo, porque vai cair.
04:59Então, eu acho que é importante...
05:00Todo produtor tem lá a sua consultoria que ele tem.
05:04Eu acho que é importante estar olhando para isso, fazer as contas e não esperar milagre, né?
05:08Porque a gente, realmente, nós estamos num cenário mundial, global...
05:11Delicadíssimo.
05:12Delicadíssimo. A gente vai para uma safra cheia no Brasil e, é claro, que você tem uma safra americana
05:18que a intenção americana também vai estar dando suporte para esses preços, né?
05:22E uma outra coisa que é muito complicado, Mariana, que eu queria dizer para você, qual que é o problema do Brasil?
05:27No Brasil, a gente tem um problema de armazenagem.
05:29Então, eu, por exemplo, sou um produtor. Eu vou colher milho agora em maio.
05:32Vamos supor que eu não tenho armazém, né?
05:35Vou colher milho no final de maio, em junho.
05:37Em junho, eu colho todo o meu milho.
05:39Aonde eu vou colocar esse milho?
05:40Essa é a grande pergunta.
05:41Isso.
05:42Isso foi falado muito no Congresso.
05:43Então, daí o que acontece? Qual que é o problema de tudo isso?
05:45Eu falo, ah, mas é só você depositar na trading.
05:48Não, mas se eu não vendi para trading, se você é uma trader, você fala assim, eu vou falar para você, olha, Mariana, eu quero entregar o milho para você.
05:56Você fala assim, tá, mas vamos negociar então já.
05:59Eu falo, não, mas eu não quero.
06:00Eu falo, não, então eu não vou receber seu milho, entendeu?
06:02Ah, então eu vou no cerealista.
06:04Ah, vou atrás do cerealista, beleza.
06:06Só que daí no cerealista, eu vou pagar por mês que fica armazenado o milho lá.
06:09Então, muitas vezes, vamos supor assim, que eu vou lá e armazeno o milho.
06:12Aí o preço, vamos supor, está caindo.
06:13E o preço continua caindo.
06:14Ou seja, eu vou pagar por armazenagem.
06:16E acontece muito vezes isso.
06:17E tem que colocar isso no custo.
06:19Se não colocou no custo, aí fica pior ainda.
06:20Agora, se eu tenho armazém, o que acontece?
06:22Se eu deposito o meu milho, no momento não está ruim, eu vou esperar o melhor momento.
06:27Entendeu?
06:28Agora, quando eu não tenho armazém, então, isso é o grande problema agora.
06:30Então, a gente já tem essa pressão de uma super safra.
06:33Tem que armazenar...
06:34Nós não temos armazenagem para esse milho, porque, primeiro,
06:37porque ainda tem soja nos armazenantes, então tem uma pressão, né?
06:40Então, realmente, essa pressão...
06:42Por isso que foi importante toda essa fala ontem da questão de armazenagem,
06:45que o Brasil armazena só 70%.
06:47A FAO fala em 1.3%.
06:48Eu acho que não é necessário isso.
06:50No Brasil, não.
06:51Porque a gente não fica com a safra armazenada.
06:53A gente comercializa ela.
06:55Mas, pelo menos, que a gente tivesse, pelo menos, 30% a mais de armazenagem do que a gente tem.
07:00Então, até hoje, nós não estamos conseguindo nem suprir o aumento de produção.
07:05A gente não está conseguindo nem manter a armazenagem para isso, né?
07:08E aí é complicado.
07:09Mas aí, você está trazendo um ponto, Glauber, que, claro, é muito importante a gente acompanhar essa discussão.
07:16Essa discussão de armazenagem, ela pega vários setores do agronegócio, né?
07:20Várias cadeias produtivas.
07:21A gente está falando de soja e milho aqui, mas a gente sabe que para o café também é uma questão.
07:26Enfim.
07:27Mas não é uma discussão nova.
07:29Não, é velha.
07:30Todos os anos e a gente vê o Brasil...
07:31E é eterna.
07:32Não, essa discussão é eterna.
07:33Assim como infraestrutura, Mariana, nos Estados Unidos...
07:36É ridículo, né?
07:37Quem já foi nos Estados Unidos ver aquela infraestrutura toda de transporte e mesmo de armazenagem,
07:43vai falar assim, nossa...
07:44Mas lá é uma discussão constante.
07:45Eles estão sempre precisando...
07:46Então, é uma coisa que sempre a gente precisa de uma logística, de uma infraestrutura de transporte maior,
07:52porque as coisas crescem, né?
07:54E sempre precisa evoluir.
07:56É natural.
07:56Vai ser eterna.
07:57Mas só que o problema do Brasil é que o Brasil é o país que menos investe no mundo, entendeu?
08:02Em infraestrutura.
08:03Do seu PIB, ele investe menos que 2%.
08:05Enquanto tem países, por exemplo, que são os Estados Unidos, investe 10%.
08:08Então, esse é o grande absurdo brasileiro, que a gente realmente, apesar de ter uma logística rodoviária ainda,
08:14em vez de ser ferroviária ou hidroviária, ou equilibrada que seja, a gente não é.
08:18E ainda a gente tem pouco investimento nesse setor.
08:21Mas vocês, enfim, vou perguntar como a Bramilha, mas eu sei que você acompanha outras cadeias produtivas, claro.
08:27Mas, de alguma forma, você entende que isso seria necessário do ponto de vista de política agrícola?
08:35Então, independente de governo, o país olhar para uma armazenagem que seja mais bem-sucedida enquanto política agrícola?
08:43Ou também o próprio produtor rural precisa se planejar mais, colocar isso no custo,
08:49entender que, dependendo da infraestrutura, vai levar um ano para ele ter um silo?
08:55Como que você avalia isso desse ponto?
08:58É mais governo, é mais produtor?
09:00Ou, de fato, o melhor dos mundos seria um equilíbrio entre os dois?
09:04Eu acho que esse equilíbrio, primeiro, não seria nenhuma política agrícola, seria uma política pública mesmo.
09:09Porque armazenagem é segurança alimentar.
09:12Então, você veja bem, se a gente, de repente, daqui a pouco não está segurando o milho aqui, está exportando,
09:17quantas vezes você já viu essa reclamação do pessoal que tem frango, que tem suíno, ou seja, do confinamento,
09:23falando assim, olha, está indo embora o milho do Brasil e tal.
09:25Agora, é claro, alguém precisa comprar.
09:28Eu sou produtor?
09:29Eu planto para quê?
09:30Para ganhar dinheiro.
09:31Eu não planto para fazer benesse.
09:33Então, eu preciso pagar as contas, porque alguém me financiou, eu tenho conta para pagar.
09:38Tem funcionário, tem borracheiro, tem óleo diesel, tem tudo.
09:42Então, o que acontece?
09:43Nesse momento, a importância disso, é claro que o produtor, ele gostaria de...
09:47Agora, o armazenagem, ela é cara, é um instrumento caro, não é uma coisa.
09:53Então, o que acontece?
09:54As pessoas não entendem que o produtor, ele adquire uma propriedade, ele tem todo um custo de abertura,
10:00de implantação, de correção de solo, aí depois ele tem que adquirir colheitadeira, plantadeira.
10:04Ele já tem uma alavancagem grande para poder plantar e para colher.
10:09Só para o plantio, só para o básico.
10:11A armazenagem, de uma certa forma, é uma outra história, entendeu?
10:16Que é um custo alto.
10:17Então, ele precisa, por exemplo, de 10 anos para pagar aquilo.
10:20Então, ele não tem...
10:21Porque se fosse simples, o produtor tivesse o dinheiro à vista, falasse assim,
10:24não, eu vou comprar uma armazenagem, não, mas ele, na verdade, ele vai ter que tirar uma parcela do lucro dele, entendeu?
10:30Para poder, ao longo do período, é claro que a própria armazenagem, ela se paga.
10:35Só que o produtor, muitas vezes, ele não tem capital para fazer isso.
10:38Então, por isso que é importante o financiamento, né?
10:41E o financiamento que, muitas vezes, ele vem pouco.
10:44Eu até conversando com o Wilson Weiss, que é o, acho que, o grande cara, né?
10:48Dessa, mentor desse plano safra aí, de todo plano safra, conversando com ele,
10:53ele até me falou assim, poxa, mas Glauber, está aqui, ó.
10:56Ó, teve um período que a gente liberou 5 milhões e pegou só 3.
11:00Eu falei, tá, Wilson, mas por que está acontecendo isso?
11:04Alguma coisa está errada, entendeu?
11:06Porque quando você fala, por exemplo, o nosso presidente, o Paulo Bertolini,
11:09que é da Abimac e tudo mais, que também é entendido e é fornecedor de armazenagem.
11:15Só para contextualizar e presidente da Abramilho, né?
11:18Presidente da Abramilho.
11:18O nosso presidente da Abramilho.
11:19É, ele é presidente de ser produtor e ele também tem uma indústria de armazenagem.
11:23Então, ele fala assim, não, o problema todo é que, realmente,
11:26o banco é ineficiente de dar esse crédito.
11:30Ele, na verdade, parece que não faz questão,
11:32porque, realmente, a avaliação, toda avaliação do projeto,
11:36de longo prazo, ele é um projeto mais complexo e não tem uma priorização.
11:40E o banco precisa entender tudo isso para desenhar um planejamento ali,
11:45para concessão de crédito.
11:46É, precisava de chicote de governo mesmo, sabe?
11:48Falar assim, ó, então distribuir mais isso aí, ó, coloca em outros bancos.
11:51Não bota só no Banco do Brasil.
11:52Põe na Caixa Econômica, põe no Santander, põe no Cicred,
11:56põe, sabe, distribui, faz linha direta com o BNDES.
11:59Ou seja, é preciso melhorar isso aí e é preciso, realmente, ter...
12:03A gente teve um ano, lá atrás, né, que teve, realmente, um...
12:10Quando tinha aqueles PAC, né?
12:13Acho que era PAC, não era?
12:14É o plano de aceleração.
12:16De aceleração, sim, sim.
12:17E aí, lembro que teve uma vez que ele foi de armazenagem.
12:20Funcionou legal.
12:21Nós precisávamos, realmente, de alguma coisa assim.
12:24Mas não era 5 milhões.
12:25É, tipo assim, vamos colocar agora 30, 40 bilhões...
12:29Estou falando milhões, é, bilhões em armazenagem, entendeu?
12:32Para poder, realmente, acelerar.
12:34Porque isso, o grande gargalo do Brasil,
12:36para a gente ser aquilo que o mundo todo espera,
12:38ser o grande celeiro, e até as pessoas têm perguntado para mim,
12:41assim, olha, mas falaram lá no Congresso que o milho vai ser...
12:45Vai superar a soja.
12:47Olha, é natural que vai superar a soja.
12:48É natural que aconteça isso, porque o mundo produz mais milho do que soja.
12:52E a ração animal é 3 para 1.
12:55Então, isso é natural.
12:56E o Brasil está começando essa brincadeira de ser agricultor ainda.
12:58Sim, os números estão cada vez mais equilibrados.
13:00Estão cada vez mais equilibrados.
13:02E é natural que a gente vai passar.
13:03E nós temos áreas para isso.
13:05E, sem falar que o milho produz o dobro ou o triplo,
13:07muitas vezes, da soja.
13:09Mas, agora, qual que é o grande gargalo para a gente poder atingir
13:12e atender essa demanda mundial e trazer riqueza para o país?
13:15É armazenagem.
13:16A gente já não tem infraestrutura adequada.
13:18E ainda não tem armazenagem?
13:19É o caos.
13:20Então, o produtor...
13:21A chave é o pós-colheita, né?
13:22Que tanto se fala.
13:23Porque o produtor, ele faz tudo muito bem feito.
13:26Entende muito.
13:27É a sua vocação o plantar e colher.
13:30Mas, o pós-colheita acaba sempre sendo o gargalo.
13:32E é por isso que a gente precisa dar essa segurança.
13:34Porque, senão, o produtor fica na pressão.
13:37Ele está sempre pressionado a vender.
13:39Está entendendo?
13:40Essa tem sido a grande dificuldade.
13:42Mesmo o cara do café ou o cara do algodão.
13:45O algodão é menos.
13:46Um pouco porque, realmente, eles botam aqueles fargos.
13:48É outro nível, né?
13:49Eu não estou falando assim.
13:50Mas, agora, o produtor, quando está nessas outras atividades,
13:53seja do arroz, seja do feijão...
13:55Feijão, então, é uma tragédia.
13:56Se você demorar para vender, tem aquela problema de cor e tudo mais.
14:00Então, mas você veja...
14:01Mas, no caso da soja, do milho, ou do trigo,
14:04ou seja, dessas culturas, arroz,
14:06você não tem armazenagem.
14:08Você está obrigado a comercializar com alguém.
14:11Com o cerealista, com alguém.
14:13E isso acaba prejudicando muito.
14:14Com certeza.
14:15Até para quem não entende, necessariamente,
14:17do nível, do grau de gravidade que a gente está falando aqui.
14:21E é isso.
14:22O produtor, ele acaba se esforçando para trabalhar com a melhor genética,
14:28para fazer tudo no timing certo, colher no tempo certo.
14:31Ele calcula a chuva.
14:33E aí, ele consegue colher numa boa produtividade,
14:36uma semente, um grão que tem ali algumas especificidades
14:41para atender as diferentes indústrias,
14:44mas se fica a céu aberto,
14:47tudo aquilo vai secando
14:48e essa produtividade em qualidade também é comprometida.
14:51Então, a gente espera que realmente surge alguma coisa,
14:54que surja um milagre aí,
14:56que a gente possa melhorar esse espectro.
14:59Apoio, sim, sem dúvida.
15:00Agora, uma das outras questões que eu queria trazer aqui no programa para a gente,
15:04lá no Congresso também foi falado muito, então,
15:06dessa aptidão do Brasil em exportar, é claro, né?
15:11A gente está falando de milho,
15:12mas, no timing corretíssimo,
15:15eu não sei se foi, inclusive, planejado,
15:17mas o Congresso da Abramilho aconteceu
15:20enquanto o governo brasileiro estava em missão na China,
15:24falando muito sobre ampliação de exportações,
15:27ampliação de mercado,
15:28e um dos mercados abertos, finalmente,
15:31porque o setor de milho tinha muito essa expectativa,
15:33é a abertura de mercado do DDG,
15:37que é um substrato ali, pós-etanol de milho.
15:41É um coproduto, que a gente chama.
15:42Coproduto, obrigada.
15:44Explica um pouquinho para a gente o que foi discutido lá no Congresso também,
15:48e mais do que isso, qual que é a expectativa da Abramilho
15:51a partir dessa abertura de mercado,
15:53porque a gente está falando da China, que não é pouca coisa também, né?
15:55É, abertura de mercado é uma coisa muito importante,
15:57a gente conquistou isso,
15:59se você for acompanhar, há dois anos atrás,
16:01a gente não exportava para a China,
16:02a gente tinha um protocolo que era impossível exportar,
16:05porque eles faziam exigências nesse protocolo
16:07que o governo brasileiro não conseguia testar.
16:10E aí eu lembro que quando houve uma certa discussão da China
16:13com os Estados Unidos lá atrás,
16:15há uns três anos atrás,
16:17aí a China rapidamente abriu o mercado brasileiro
16:21e cortou aquele protocolo,
16:22até abriu mão do protocolo,
16:24e a gente começou daí a exportar,
16:25tanto que, para você ter ideia,
16:27o nosso maior cliente era o Irã,
16:29o nosso maior cliente era o Irã,
16:33e o Irã comprava,
16:34e sempre tem comprado em torno de 5 milhões,
16:365 milhões e meio de toneladas,
16:37é o nosso maior cliente,
16:38porque o Brasil exporta para um monte,
16:39a gente exporta em torno de 35 a 45 milhões de toneladas,
16:43a 50.
16:44Então, mas a gente exporta para um monte de países,
16:47entendeu?
16:48Então, para uns 200 mil toneladas,
16:50para outro 1 milhão,
16:51outro 1 milhão 800,
16:52outro 3,
16:52o Japão 2,
16:54Irã,
16:55Vietnã,
16:56Espanha,
16:57na pandemia até a Espanha abriu o mercado,
16:59e assim por diante.
17:00Então, o nosso maior cliente era o Irã.
17:02A China vem e compra 7 milhões de toneladas,
17:04assim,
17:05da boa proposta,
17:05e aquela coisa assim,
17:07em um mês, muitas vezes,
17:072 milhões de toneladas,
17:08é uma coisa maluca aquilo, né?
17:10Aí o que aconteceu?
17:11No outro ano comprou 2,
17:13né?
17:13Diminuiu,
17:14porque é lógico que eles tiveram uma boa produção lá,
17:16aquela coisa toda.
17:17Mas, ou seja,
17:18a gente abriu um mercado muito importante, né?
17:21E aí depois a gente começou essa...
17:24Agora a gente produz etanol de milho aqui,
17:26e tem um coproduto que sai...
17:27Você pega o milho, sai etanol, né?
17:30Sai óleo e sai DDG,
17:32que é o farelo proteico, né?
17:35Que você concentra, né?
17:36Porque o milho tem proteína também,
17:38então quando você pega...
17:40Quando você começa aquilo,
17:41mas sobra a proteína.
17:43E aí vai vender para quem?
17:44Porque, na verdade,
17:45o Brasil produz também muito farelo de soja, né?
17:48Então, querendo ou não,
17:49para a gente poder expandir o mercado de etanol no Brasil,
17:53a gente precisa comercializar o DDG,
17:55porque o DDG é um...
17:57Ele praticamente é...
17:58Para pagar a conta,
17:59ele é quase que 50% de quem paga a conta.
18:02Entendeu?
18:02Está sentindo aí, né?
18:03Não é um produtinho assim, não, beleza.
18:05Não, ele é um produtão.
18:07Então daí é claro que quando você tem um mercado como a China,
18:10que pode importar 2, 3 milhões de toneladas de DDG,
18:14isso tem que se comemorar mesmo.
18:16Tanto que a gente viu o vice-presidente,
18:19o presidente de exercício geral do Alckmin,
18:21também comemorando isso.
18:22Isso é muito importante para o Mato Grosso.
18:25E aí ele falou de uma coisa importante,
18:26que é a ferrogrão.
18:28Porque, veja bem,
18:29esse DDG, ele tem que sair por porto.
18:31E aí foi a importância da ferrogrão
18:33para você também baratear, né?
18:35A exportação desse DDG,
18:37e que a maior parte dele é produzido em Mato Grosso.
18:40A logística.
18:41A logística, e aí você vai ter uma competição,
18:44porque os Estados Unidos é outro competidor, né?
18:46E falou em logística, falou com a americana.
18:48Então agora, se a gente tiver um ferrogrão
18:50para colocar, por exemplo, esse DDG, né?
18:52Sair ali de Lucas,
18:54sair, por exemplo, de Sorriso,
18:55sair de Sinop,
18:56sair de Nova Mutum,
18:58e isso ir lá para o porto...
18:59Fora para o porto de Meritituba.
19:01Nossa, isso é fantástico.
19:02A gente vai ser muito competitivo.
19:04E vai ter uma explosão, né?
19:06Sem falar que tem agora usina surgindo também,
19:08no Maranhão, surgindo em vários lugares.
19:10Então, realmente,
19:11essa é uma grande oportunidade,
19:13o mercado...
19:15Assim como o Japão também.
19:16O Japão está procurando a gente,
19:17também querendo comprar mais.
19:18Sim, Ásia, de uma forma geral,
19:19olhando muito para o Brasil.
19:20Muito.
19:20É que o Brasil, é que nem eu falei,
19:22os Estados Unidos,
19:23eles não têm como expandir mais produção.
19:25Ele é o maior produtor mundial de milho.
19:29Mas não tem como expandir.
19:30O Brasil,
19:31a gente tem como dobrar a produção
19:33na mesma área ainda,
19:34porque nós estamos ganhando em produtividade.
19:37Por exemplo, nós temos tecnologias novas
19:39que vêm por aí,
19:40que simplesmente vão fazer
19:42que hoje o produtor que está plantando,
19:44que ele está colhendo, vamos supor,
19:466 mil quilos,
19:47ele possa estar colhendo 8, 9, 10 mil quilos
19:50como o americano colhe na mesma área.
19:52Então, você imagine você,
19:53que hoje nós estamos colhendo 130 milhões de toneladas.
19:57Nós plantando a mesma área,
19:59com mais tecnologia,
20:00entendeu?
20:01Com mais eficiência,
20:03ou com melhorias ainda de tecnologias
20:04que a gente está por vir,
20:06nós vamos poder estar produzindo
20:07200 milhões de toneladas
20:09sem aumentar 1 hectare de milho.
20:11Agora, se você imaginar
20:12o quanto que nós temos
20:13para aumentar ainda nesse país,
20:15tanto de área de pastagem
20:17que pode ser ocupada,
20:18que a gente pode dobrar a área de soja.
20:19Imagina se nós dobrarmos a área de soja,
20:21que a gente pode dobrar
20:22sem falar em você ter deflorestamento nenhum.
20:26Sem falar,
20:27só aproveitando o que a gente já tem em aberto.
20:29Você imagina, então,
20:30o potencial que nós temos
20:31de produção de milho nesse país.
20:32É claro que todo mundo vai estar olhando
20:34e tem uma coisa, Mariana.
20:35Eu tenho que falar para você
20:36que o milho brasileiro,
20:37que eu fiquei sabendo agora,
20:39na China,
20:39uma coisa muito interessante.
20:41O milho brasileiro,
20:42ele é preferido pelos chineses
20:44e preferido pelo país exato.
20:45Sabe por quê?
20:45Porque o nosso milho é duro.
20:47Então, ele resiste muito mais
20:50na armazenagem
20:52do que o milho americano.
20:54Ou seja, dá menos carucho.
20:56Então, ele resiste,
20:58porque ele tem uns 6 meses
20:59mais de resistência.
20:59Por que ele não se colhe aqui,
21:01bota no navio,
21:02vai para lá,
21:02fica no armazém.
21:03Então, muitas vezes,
21:04o milho americano que eles comprem,
21:05quando chega na China,
21:06já está para o caruchado.
21:07O nosso, não.
21:08Então, ou seja,
21:09isso é uma coisa boa
21:11pelo nosso clima,
21:12pela genética que nós temos
21:14no milho aqui.
21:15Isso é uma coisa interessante
21:16que esse mercado
21:17fica se abrindo
21:18cada vez mais para nós.
21:19Muito obrigada.
21:20Muito obrigada pela aula.
21:21Acho que a gente conseguiu
21:22passar por vários assuntos
21:24dentro do setor do milho,
21:25embora, com certeza,
21:26desse para falar muito mais
21:28aqui de outras perspectivas.
21:30Muito obrigada, Glauber,
21:31pelas suas palavras.
21:32Espero recebê-lo aqui,
21:33inclusive para a gente falar
21:34depois de sorgo,
21:35de eucalipto,
21:36de outras indústrias.
21:36Com certeza.
21:37Obrigado aí pelo espaço.
21:39Muito obrigada.
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