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O presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu um decreto para retirar dos estados o direito de regulamentar a crescente indústria da Inteligência Artificial, gerando um grande conflito interno. O Morning Show debate a polêmica: essa decisão é uma estratégia vital para o domínio global da IA, ou um erro que ignora a falta de controle sobre uma tecnologia perigosa?


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Transcrição
00:00Mas ele tá preocupado, sabe com o quê?
00:02Com a questão da inteligência artificial.
00:04Ainda há pouco a gente tava apurando informação
00:05que acabou de sair, né? O presidente dos Estados Unidos
00:08anunciou, agora há pouco, que emitirá
00:10um decreto pra retirar
00:11dos estados o direito de
00:14regulamentar a crescente indústria
00:16de inteligência artificial.
00:18O que isso significa na prática, mano?
00:19Pois é, primeiro tem um conflito federativo, né?
00:21Porque ele tá dizendo que com um decreto
00:23presidencial ele vai tirar a
00:25prerrogativa dos estados americanos
00:28de fazerem a
00:29regulamentação da inteligência artificial.
00:32Então, isso por si
00:33já deve gerar um conflito
00:35interno entre os
00:37americanos e suas diferentes esferas
00:39de poder. Em segundo lugar, tem a
00:41visão de Trump de que
00:43não é necessário
00:45regulamentar
00:47a inteligência artificial, porque
00:49ele coloca o desenvolvimento
00:52da indústria da inteligência artificial
00:54como um ponto
00:55vital na estratégia
00:57americana de
00:59manutenção do seu
01:01domínio comercial
01:02nas relações
01:04econômicas com o resto
01:05do mundo. Então, Trump tá
01:07apostando mais uma vez
01:09na sua aliança com setores
01:11do Vale do Silício, aliança
01:13que por muito tempo foi simbolizada
01:15pela presença de Elon Musk
01:17como um secretário
01:19dentro do seu governo.
01:21Agora, mais uma vez,
01:22muito se falou sobre a
01:24relação entre Trump e as
01:26big techs e as gigantes
01:28de rede social, mas também é muito
01:30importante a relação de
01:31Trump com os gigantes
01:33da tecnologia no setor de
01:35inteligência artificial.
01:37Esvaldo.
01:39Eu sou professor
01:39dessa área, eu leciono
01:41no mestrado de direito
01:42digital e tô escrevendo um livro
01:43inclusive sobre isso, sobre
01:45direito digital. E quando
01:46se fala de inteligência
01:47artificial, não há como não se
01:49falar de regulação e isso não é
01:50interferência de Estado na vida
01:52privada. Eu acho que o modelo
01:53mais ponderado que nós temos,
01:55aliás, no mundo hoje nós temos
01:56três modelos. O modelo
01:57americano que tudo permite,
01:59inclusive, regulamentação de
02:00rede social, o modelo
02:02chinês que em tudo
02:03interfere, e o modelo
02:04europeu, que tem sido
02:05inclusive o padrão para
02:07modelos brasileiros. A
02:08lei geral de proteção de
02:09dados brasileira segue o
02:10modelo europeu e nós
02:12provavelmente seguiremos
02:13também o modelo europeu de
02:14regulamentação da
02:15inteligência artificial. A
02:16inteligência artificial é uma
02:17transformação muito grande na
02:18vida do cidadão e na vida do
02:20mundo de um modo geral. Nada
02:22pode deixar de ser regulado e é
02:24imperioso que haja assim
02:25regulação. Regulação não
02:26significa proibição, significa
02:28impor responsabilidade e impor
02:30limites que sejam legítimos.
02:32Gesualdo, censurador.
02:33É complexo isso. Longe
02:35disso, longe disso. É
02:36assim, até onde pode ir a
02:38liberdade para não interferir
02:39o crescimento de uma
02:40indústria? Esse é o debate
02:42que reina, impera sobretudo
02:43dessa nova economia digital,
02:45a questão da inteligência
02:46artificial, a questão dos
02:47integradores, entregadores de
02:48aplicativo. Então é isso, a
02:50gente ainda está se
02:50debatendo em relação a isso.
02:52Eu acredito que, inclusive,
02:53ano que vem, a questão do uso
02:55das deepfakes, ano eleitoral,
02:57tanto aqui quanto dos
02:58Estados Unidos, isso vai ser
02:59muito perigoso. Imaginem a
03:01imagem de pessoas públicas
03:02podendo ser colocadas aí,
03:04onde for, fazendo o que for,
03:05é muito, muito perigoso. Então
03:07é importante sim trazer o
03:09debate para o âmbito
03:10político. Acredito que o Trump
03:11deu aí uma escorregada em
03:13relação a isso.
03:14Para o pessoal que nos
03:15acompanha pelo rádio, nós
03:16vamos para um rápido break,
03:17voltamos já.
03:19Isadora Brizola, está com o
03:20microfone levantado?
03:21Eu estou aqui com a
03:22mãozinha aqui.
03:23Legal que às vezes fica igual
03:25escola, né? Todo mundo levanta
03:26o dedinho assim, tipo, deixa eu
03:27falar.
03:27Estamos concordando bastante
03:28hoje, nós estamos concordando.
03:30Que bom, Isadora, um prazer
03:31concordar com você.
03:32Eu acho que é legal a gente
03:33trazer um ponto, inclusive,
03:35colocando a consideração do
03:37que aconteceu ontem, né? A
03:38gente teve protesto no Brasil
03:40inteiro ontem, por conta dos
03:41casos de feminicídio, e que
03:43cresceu nos últimos anos, 10% a
03:46gente saltou do ano passado para
03:47esse ano, e se discute a
03:49questão da regulamentação, eu
03:50vejo aqui um ponto além, como
03:52mulher, a gente vê os debates de
03:54discurso de ódio, principalmente
03:56em redes como o Twitter, que não
03:57tem a regulamentação, em
03:58algumas redes que não tem
03:59regulamentação, então, a gente
04:01tem essa inflamação dos
04:03discursos de ódio nas redes
04:04sociais, essa abertura para um
04:07extremismo, uma violência que
04:08está ali nas redes, mas que ela
04:10acaba transpassando para o
04:12cenário real também.
04:12Então, quando a gente discute
04:13regulamentação, é importante a
04:15gente entender esse contexto
04:16também do impacto que isso tem.
04:18A gente está falando de jovens,
04:19jovens cometendo crimes e tudo
04:20mais, são coisas que se
04:21interligam.
04:22Então, falar de regulamentação
04:23de inteligência artificial, de
04:24redes sociais, também é
04:25entrar nesse debate de um ponto
04:26que a gente está vendo na
04:27prática acontecer.
04:28O aumento de casos de
04:29feminicídio, o aumento de
04:31ódio, de violência contra a
04:32mulher, não tem como a gente
04:33não falar e não olhar para
04:34isso e não saber que existe
04:35uma influência das redes
04:36sociais e da não
04:37regulamentação das redes
04:38hoje.
04:38Você entra no Twitter, eu
04:40não sou professora como você,
04:42mas uso o Twitter e o
04:43Twitter, assim, por várias
04:44vezes é assustador.
04:46Os certos comentários, certos
04:47conteúdos que tem lá por
04:48conta de ter completamente
04:50erros.
04:50inclusive contra a nossa, pega
04:52agora no YouTube e vocês vão
04:53ver o que estão falando da
04:53gente.
04:54Só falando bem, rapaz.
04:55É, liberdade de expressão para
04:57o nosso público, mesmo que seja
04:59para nos xingar, mas eu acho que
05:01também é muito perigoso que a
05:03gente entre num discurso como se
05:05criar a regulamentação fosse
05:07simplesmente resolver as coisas
05:08magicamente, porque diversas
05:10questões já são crime e a gente
05:13não consegue fazer com que a lei
05:15seja de fato aplicada.
05:17Há muitos crimes que são crimes
05:18na vida real e também são
05:20crimes na vida digital e passam
05:22em branco.
05:23O Estado segue incapaz de
05:25fazer.
05:26Então eu vejo com muita
05:27preocupação o fato de que
05:29muitas vezes existe o chamado
05:31efeito Bruxelas.
05:32A gente dá um ctrl-c,
05:34ctrl-v na regulamentação
05:35europeia, como se isso fosse
05:37símbolo de uma boa regulação e
05:39muitas vezes ela é inadequada
05:42para a nossa realidade
05:43econômica, o que faz com que
05:45a gente seja um país, por
05:46exemplo, que tem níveis de
05:47informalidade e de mercado
05:49ilegal muito maiores, porque
05:52a gente faz uma regulação que
05:54é bonita no papel, mas que
05:55não dialoga com as condições
05:57reais da nossa economia e aí
05:59temos 38% do mercado de
06:01trabalho, da mão de obra,
06:03completamente informal, porque
06:05a regulamentação do trabalho é
06:07bonita no papel, mas não
06:09dialoga com a necessidade real
06:11da nossa economia.
06:12Então eu vejo com muita
06:13preocupação quando a gente
06:14transfere esses debates,
06:16inclusive, enfim...
06:18Importar modelo, né?
06:19Importar modelo é sempre
06:20equivocado.
06:21O livro tem um estudo sobre
06:22esse efeito Bruxelas, que é
06:23essa importação de modelo
06:25acriticamente, como se trazer a
06:27resposta europeia com ctrl-c,
06:29ctrl-v fosse resolver o nosso
06:31problema e muitas vezes o que
06:33gera é um descolamento entre o
06:35Brasil real e o Brasil oficial,
06:37que é muito bonito na teoria,
06:39mas que gera efeitos perversos.
06:41Você sabe, mano, só rapidinho...
06:42Não, é porque eu tô rindo
06:43aqui, a minha quinta série é
06:44duro, viu?
06:45O mano falando assim de ctrl-c,
06:46ctrl-v, existe um levantamento
06:48que os jovens hoje nem sabem
06:50o que é isso, ctrl-v, ctrl-c,
06:53ctrl-v.
06:54Aí você tá discutindo...
06:55Daí você tá discutindo
06:56inteligência artificial, que faz
06:58tudo hoje, ctrl-c, ctrl-v.
07:00Mas a revisão...
07:01O mano, você tem tanta razão
07:02nessa questão da importação de
07:03modelos, que nós incorremos
07:05esse erro faz muito tempo.
07:06Em 1900, a Alemanha faz o seu
07:09código civil, que chama de BGB,
07:11e em 1916 a gente importa o
07:13código civil alemão pra aplicar
07:15no Brasil.
07:16Qual a chance disso dar certo?
07:18E continuamos a seguir nos
07:20mesmos padrões de importação
07:21de modelo.
07:22É, eu acho que você quis aí
07:23endereçar alguma coisa
07:24relacionada ao ministro, que
07:25estudou constituição, não vou
07:27entrar nessa polêmica, não.
07:29Constituição, inclusive, na
07:30Alemanha, né, com base nos
07:32moldes alemães, mas...
07:34Você que tá dizendo.
07:35Vamos deixar quieto, entendeu?
07:36Eu não tô dizendo nada, meu
07:38amigo.
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