- há 2 dias
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00:00TAL MANCHA QUE O SEU FILHO TEM NAS NÁDIGAS
00:11Se é que ele está vivo e se a mancha não desapareceu
00:14No bebê era um sinal enorme que curiosamente tinha forma muito parecida com o mapa do Brasil
00:22Um sinal nas nádegas parecido com o mapa do Brasil
00:27Você tá lembrado daquele lance que você tá me pedindo faz um tempo de saltar de paraquedas?
00:32Vai me dizer que...
00:34Digo, que falei com o Tito e ele liberou, você vai saltar com ele, moleque?
00:39Eu não ia suportar se acontecesse alguma coisa com você naquele maldito paraquedas
00:44Nossa, eu não ia suportar isso, eu aquilo
00:46Eu não tô acreditando que eu tô ouvindo esse monte de grosseria da boca do meu próprio filho
00:49Não se preocupa, daqui a pouco você não vai ter que ouvir mais nada
00:52Ah, não? Como?
00:53Quando eu não estiver mais aqui
00:54Vai estar onde?
00:55Na casa do meu pai
00:56Eu vou ficar muito nervosa
01:00Nervosa? Por quê?
01:03Se tivermos saltar, não vai ser legal
01:06E você vai ficar preocupada comigo, é?
01:09Com medo do paraquedas não abrir e eu morrer?
01:12Não é isso
01:12Não quero ver, só isso
01:14Ah, então quer dizer que você se preocupa comigo?
01:18Quer dizer que você gosta de mim?
01:21Pode ser bobo, Guilherme
01:22Vai lá dar seu salto e me deixa em paz
01:25O que que é isso aqui?
01:27Não dá pra ver não
01:28É um autorretrato
01:30Eu vim aqui pintar pra botar os meus sentimentos negativos pra fora
01:34A arte serve pra isso
01:36A empresa precisa ser mais simpática ao povo da cidade
01:39Eu acho bom
01:40E seria mais simpática com
01:42Eu não defini bem ainda
01:44Mas eu pretendo recorrer às figuras
01:46Mais pitorescas
01:48Mais populares de Ribeirão
01:49Ah, de repente promovendo algum evento com elas
01:53Sei lá, alguma coisa desse tipo
01:54O que que você acha?
01:55Eu acho uma ótima ideia
01:56É uma ótima ideia
02:00Longe eu vou, morrer no mundo, e vou mais longe eu vou.
02:30Oi. Qual é seu nome? Peraí! Quero ser seu amigo!
02:52Cara, é muito irado, você nem imagina.
02:55Algum dia eu vou saltar também.
02:57Tá, vai sim.
02:58E aí Guilherme? Fala.
02:59Curtiu, gostou?
03:00Muito irado.
03:02Conta aí como é que foi, cara.
03:04Ah, eu peguei, a gente saiu do avião, eu digo.
03:10Põe aqui, por favor, senhora.
03:15Olha, trouxe mais comidinha pra você. Coisa fina, viu?
03:19Você tá se alimentando direito?
03:21Só o que a senhora traz mesmo, né mãe?
03:23Porque o rango daqui nem rato come.
03:26Tá conseguindo dormir?
03:27O moral tanto alto, o sono vem, né mãe?
03:29É, pois eu não consigo dormir direito com você engaiolado aqui.
03:33É um pesadelo atrás do outro.
03:35Você tá me parecendo ótima, bem disposta, bem mais alegre de que quando eu tava solto.
03:41Um dia que você concordar comigo em alguma coisa, o Ribeirão vai correr pra cima.
03:46Tá, tá bom, eu não quero discutir, tá bom?
03:48Você tem falado com o professor?
03:50Tô louco.
03:52Ah, eu ia esquecendo, ele me adiantou o teu salário.
03:55Salário não, mãe.
03:56Eu não sou empregado, eu sou contratado, é honorário.
04:00Salário, honorário, gratificação, brinde, pra mim tanto faz, contanto que seja grana.
04:06Guarda bem essa grana, hein mãe?
04:08Pois é.
04:09Então, o doutor Ventania, ele já me levou quase tudo.
04:13Mas, quem foi que disse que era pra você, pra você pagar o Ventania?
04:18O cara não me tira dessa jaula e ainda pede a grana?
04:21Que explorador!
04:22Tá lá baixo.
04:24Ele foi lá em casa e ameaçou levar a televisão e o DVD pra vender.
04:28Chegou a juntar os dois.
04:30O que que eu podia fazer lá sozinho assim?
04:32Ah, é?
04:33Por que que você não me contou isso antes, hein mãe?
04:36Ah, meu Deus.
04:37Esse camarada vai se ver comigo, viu?
04:39É bom, desgraçado, advogado de Araque.
04:42Deixa só eu sair daqui pra ele ver uma coisa.
04:44A Ventania vai soprar pra dentro.
04:46Se acalma, Joca.
04:47Se acalma porque, por enquanto, você precisa do cara.
04:50O importante é que as coisas continuam acontecendo.
04:53Acontecendo o que, mãe?
04:54Que coisas?
04:55Aqui não acontece nada.
04:56Tô falando de lá de fora.
04:58O que que tá acontecendo?
04:59Onde?
05:00Na praça.
05:01Eu deixei essa notícia pro final.
05:13Oi, pessoal.
05:14Oi, Carmen.
05:15Tudo bem?
05:16Tudo bem. E aí, como é que tá o movimento?
05:17É, a gente já conseguiu umas vinte e poucas assinaturas.
05:19Não é muito, mas já tá bom pra começar, né?
05:21É claro que tá.
05:22Muitos impeachment começaram assim.
05:23E depois a gente não tá sozinho, né?
05:25Tem a campanha do jornal, né Joaquim?
05:26Lógico.
05:27Deixa eu ver.
05:29E aí, Sereno?
05:30Vai assinar?
05:31Deixa eu ler primeiro.
05:32Esse aqui é assim?
05:33Chegou, assinou?
05:34Não.
05:35Então lê, forma sua opinião, porque aqui não tem ninguém forçando nada.
05:36Tá?
05:37Pô!
05:38Para.
05:39Não fica me pressionando não, hein?
05:40Que figura.
05:41Olha.
05:42Olha.
05:43Avisa o formigueiro.
05:44Avisa o formigueiro.
05:45Vem aí.
05:46Tamandoar.
05:47Avisa o formigueiro.
05:48Vem aí.
05:49Tamandoar.
05:50Avisa o formigueiro.
05:51Vem aí.
05:52Tamandoar.
05:53Avisa o formigueiro.
05:54Vem aí.
05:55Tamandoar.
05:56Avisa o formigueiro.
05:57Vem aí.
05:58Vem aí.
05:59Tamandoar.
06:00Vem aí.
06:01Segui.
06:25Vem, rapaziada.
06:27E aí?
06:28Como é que foi o saldo?
06:29Ah, foi ótimo.
06:31O Guilherme mandou super bem, ficou tranquilo.
06:33Que legal.
06:35Vem cá, a gente pode ter aquele papo agora?
06:37Claro. Estou à sua disposição.
06:39Bom, vou deixar vocês aí à vontade, que eu tenho umas reservas pra confirmar.
06:42Tá bom, vai lá.
06:48Olha, Tito, antes de mais nada, eu quero te dizer que a Cloriz me entendeu mal.
06:53Eu fui fazer uma brincadeira inocente e a reação que ela teve foi um despropósito.
06:57Tudo bem, Vigília, eu compreendo, mas a bronca é mais antiga.
06:59Como mais antiga? Eu nunca desrespeitei a Cloriz, nunca?
07:02Eu nunca achei isso, fica tranquilo.
07:04Só que na nossa conversa vai por outro caminho.
07:06Então, encarrilha logo esse trem.
07:09Vigília, a gente se conhece desde que eu era moleque.
07:11Você foi amigo do meu pai a vida inteira.
07:13Eu acho que existe uma história atrás da gente, então...
07:16Acho que eu devo e acho que eu posso ser franco contigo.
07:19Pelo amor de Deus, conta a volta, né?
07:21Calma, não estou dando volta, só quero te demonstrar o meu apreço.
07:24Só isso.
07:25A minha mãe acha que você ficou ressentido porque eu não te ofereci sociedade aqui.
07:29A Cloriz está completamente enganada.
07:33Não só não tenho ressentimento, como esse negócio de sociedade não me diz respeito.
07:38Quando eu vim pra cá, eu sabia que ia ser apenas um funcionário.
07:42Não é tão simples assim, Vigília.
07:43Você foi sócio do meu pai.
07:45Sua relação com as empresas dele era outra.
07:47Eu compreendo que você não se sinta à vontade atuando apenas como diretor administrativo.
07:51Ah, Tito, pelo amor de Deus, Tito.
07:53Pelo amor de Deus, eu acabei de declarar...
07:55Vigília, deixa eu terminar.
07:56Senão essa conversa não vai acabar nunca.
07:57Calma, eu só quero te dizer uma coisa.
07:59Eu quero te dizer que a decisão de não abrir sociedade foi minha e não da minha mãe.
08:03Eu queria que esse negócio ficasse em família.
08:05Até porque ela colocou muita grana aqui.
08:08Então, antes de tudo, é um compromisso meu.
08:11Você entende?
08:12E por acaso eu pedi alguma coisa a vocês?
08:15Você não pediu nada.
08:16Mas eu não sei, de repente aí na sua cabeça você tem a ideia de que eu possa te oferecer uma sociedade.
08:21Depois que eu quitar as dívidas com a minha mãe.
08:23Isso não vai acontecer.
08:24Ah, me desculpa, mas você não pode entrar na minha cabeça pra saber as ideias que eu tenho ou que eu deixo de ter.
08:30Vigília, eu tô te falando isso com todo respeito.
08:32Com todo carinho.
08:34Eu só não quero que você alimente ilusões.
08:36Só isso.
08:40Isso aqui é um empreendimento de pequeno porte.
08:42Você sabe disso.
08:42Mesmo que cresça e apareça, enfim, aqui não tem espaço pra mais de um proprietário.
08:48Acabou?
08:50Acabei.
08:51Não queria que você ficasse magoado.
08:53E quem disse que eu estou?
08:54Queria que você soubesse também que eu tenho consciência da sua importância na gestão do negócio.
08:58Mesmo agora, com tudo já implantado, eu não consigo imaginar a toque dos extremos sem a tua competência, sem a tua dedicação.
09:03Queria que você soubesse disso.
09:04Não, não, pelo amor de Deus.
09:04Vamos parar por aí, Tito.
09:05Por favor, para por aí, tá?
09:07Não me trate como um adolescente aborrecido.
09:10Tá tudo bem, cara.
09:12Olha, eu tenho a pele curtida.
09:16Precisa muito mais que uma declaração dessa pra me magoar.
09:21Estou bem.
09:23Se você não me quer como sócio, ponto.
09:25Não precisa esticar.
09:27Estou bem como estou.
09:29Eu não tenho altas ambições na vida.
09:31Com a minha aposentadoria e o que eu ganho aqui na pousada, me garante uma vida tranquila.
09:37Eu trabalho com prazer.
09:39Eu faço o que eu gosto.
09:40E isso é tudo que eu quero na vida.
09:42Eu fico feliz de saber isso.
09:50Aí, vamos botar uma pedra em cima disso tudo, vamos?
09:53Várias.
09:54Então, senta aí que eu tenho uma boa notícia pra te dar.
09:58Manda lá.
09:59Sabe que a gente tem condições de sediar um evento de paraquedismo aqui no mês que vem?
10:03Maravilha.
10:04É fantástico.
10:06Olha só, muito obrigada, Ana.
10:08Tá?
10:08Se precisar trocar, 30 dias, só não tirar etiqueta.
10:12Tá bom?
10:12Obrigada.
10:13Tchau.
10:13Tchau.
10:17Suleide.
10:19Olha só quem chegou.
10:21Tudo bom?
10:22Nossa, quanto tempo a gente não se vê.
10:24Pois é, né?
10:25Como se Ribeirão fosse Nova York.
10:28Mas e aí?
10:30Me conta, como é que tá a sua vida?
10:32Bom, pela elegância posso deduzir que tá tudo indo muito bem, né?
10:35Afinal, a mulher quando não tá legal despenca.
10:37Mesmo maquiada e produzida.
10:38É, não, é...
10:40Mas é o meu uniforme mesmo.
10:42Lindo.
10:43Eu vou bem, sim.
10:44Nada de novo, né?
10:45De extraordinário, mas...
10:47Esses dias eu ando em paz.
10:48Hum, então tá explicado.
10:50Um pouco de paz sempre faz bem pra pele, né?
10:52E teu filho, Guilherme?
10:54Você não soube?
10:55O quê?
10:56Hum, saltou de paraquedas hoje.
10:58Ai, queria não ter sabido.
10:59O que eu ouvi por causa desse salto?
11:01Ah, que isso.
11:02E aí, ele gostou?
11:03Ah, adorou.
11:05Suleide, vem cá.
11:06Por que você não deixa o Carlinho saltar?
11:08O Guilherme me falou que foi uma experiência decisiva na vida dele.
11:11Ai, além, eu não posso nem imaginar o Carlos pulando de um avião no meio do nada.
11:15Deus me livre, nossa.
11:16Se eu tivesse deixado, você não estaria falando comigo aqui agora.
11:19Eu estaria internada numa clínica de repouso, isso sim.
11:21Ai, Suleide, como você é exagerada.
11:25Ai, esse daqui.
11:28Olha só esse vestido.
11:30Olha a sua cara.
11:32Ai, mas essa gola, não é muito cheguei.
11:34E quando você chega em algum lugar, tem pra mais alguém?
11:37Não tem, né, Helen?
11:39Olha só, essa cor combina com o teu tom de pele.
11:42Vai valorizar a cabeleira, vai arrasar.
11:45Acho que eu vou levar.
11:46Olha quem tá lá.
11:50Oi, Tião.
11:52Muito gosta da parte desse carinha.
11:54Você não?
11:55Oi, Guilherme, e aí?
11:56Como é que foi o sol?
11:57Não vi a hora de te encontrar pra saber.
11:58Cara, foi muito irado.
12:00Coisa mais irada que eu já fiz na minha vida.
12:03Fala aí.
12:04Ah, não sei nem por onde começar, cara.
12:06Tipo assim, é uma parada esquisita.
12:09Porque, de repente, não tem mais chão embaixo do teu pé, sabe?
12:12Só aquele azulão ali, na tua cara.
12:16Tudo fica bem pequenininho lá embaixo.
12:18Mato, rio, as casas.
12:21Quer dizer, enquanto eu tava de cada livre, não consegui ver nada, né?
12:24Mas é assim que o paraquedas abriu que eu consegui me situar.
12:28Como é que ele abre?
12:29Ah, ele dá um puxão assim, ó.
12:30Parece que você vai ficar esmagado.
12:32Mas depois fica calmo.
12:33Aí você começa a flutuar pelo ar.
12:35Deve ser a coisa mais linda desse mundo.
12:38E você, cara?
12:40Saltou também?
12:41Não.
12:42A mãe dele não deixou.
12:43Que mala, hein?
12:46Desculpa.
12:47Foi mal.
12:48Chamei sua mãe de mala.
12:49Mas ela é mala mesmo.
12:51Só que você não pode dizer isso.
12:53Foi mal.
12:53Desculpa de novo.
12:54Mas alguma hora ela deixa eu soltar.
12:56É, cara.
12:57Relaxa.
12:58Um dia você não vai precisar da autorização dela.
13:00Mas tomara que ela deixe antes de eu ficar maior, né?
13:02Depois eu não sei se eu vou querer soltar.
13:05Pô, Guilherme.
13:06Fiquei com medo de na hora e agar você ficasse no avião e se borrasse de medo.
13:09Já imaginou o mico?
13:11Que isso, cara.
13:12Preciso de me borrar, não.
13:13Parabéns.
13:18Obrigada.
13:19E você tem visto o Newton?
13:22De vez em quando.
13:23O Silvio que tá sempre com ele.
13:25Esses dias ele jantou lá em casa.
13:27E vocês?
13:28Estão se dando melhor?
13:29Cada vez pior.
13:32Na verdade, a gente nunca se deu bem, Ellen.
13:35É, foi um longo desentendimento.
13:38E o Newton sempre esteve em outra.
13:40Não era eu a mulher com quem ele queria viver.
13:43Oi.
13:59Oi, Marisa.
14:01Tudo bom?
14:02Tudo.
14:02E você?
14:02Ah, na relação de sempre, né?
14:05Eita.
14:05Quer beber alguma coisa?
14:07Não, obrigada.
14:08Quer dizer, eu até pensei em fazer um lanchinho.
14:10Mas eu nem sei se eu tô com fome não, viu?
14:12Na verdade, eu vim até aqui porque eu queria ter notícia do teu pai.
14:15Como é que ele tá lá, hein?
14:17Você quer saber se ele sobreviveu à noite de ontem, é isso?
14:20Mas por quê?
14:20O que que houve?
14:21Seu amigo, né?
14:22Tomou um corre federal pra variar um pouco.
14:25Não que seja nenhuma novidade, mas dessa vez ele se machucou.
14:28Machucou?
14:29É.
14:29Como assim, Filó?
14:30Fala logo, o que que aconteceu?
14:31Meu pai.
14:33Ficou naquela coisa de esconder que tava bebendo?
14:35Colocou o copo no bolso de trás da calça.
14:37Ah, é, pois é.
14:38Daí quando eu cheguei, ele ficou naquele teatrinho de sempre.
14:40De ai, tô sóbrio, tô sóbrio, desequilibrou.
14:43Caiu de bunda no chão, quebrou o copo lá dentro, se cortou todo.
14:47Ai, coitado.
14:48É.
14:48E como é que ele tá?
14:49Vocês foram no posto de saúde?
14:50Não, não, a dona Sancho já fez um curativo, tá tudo bem.
14:53E só tinha que ficar descansando.
14:54Só que tem moço do jeito que é, foi até o ateliê.
14:57Falou que tava triste, que a tinta tinha que chorar por ele na tela.
15:02Enfim.
15:03Oh, meu Deus, que coisa chata.
15:04É.
15:05Eu vou até lá falar com ele.
15:06Tchau.
15:07Tchau.
15:10Valeu, velho.
15:14E aí, vamos lá, gente, ensinar, hein?
15:15Pra ajudar o Joca.
15:16Oi, oi, gente, vamos lá ajudar o Joca, né, nosso amigo.
15:18Tudo bem?
15:19Tudo bem.
15:19Vamos lá.
15:21Ei, Marisa, vem cá, ensinar.
15:23A gente tá fazendo um abaixo-sinado pra libertação do Joca, nosso herói de Ribeirão do Tempo.
15:27Ah, com o Joca, claro, onde é que eu ensino?
15:29É, é uma injustiça que eu tô fazendo com ele.
15:30Aqui, ó, vem cá.
15:31É verdade.
15:31Pra ensinar?
15:32Oi.
15:32Aqui, ó, só botar aqui embaixo.
15:36Espero que vocês consigam soltar aí.
15:38O Joca é meu amigo.
15:39Obrigado, viu?
15:41Boa sorte pra vocês e pro Joca.
15:43Tchau.
15:44Mais uma.
15:47Oi, madame.
15:49Olá, figurinha.
15:50Não tem como passar por essa praça e não tropeçar em você, não é mesmo?
15:54Já viu?
15:55O povo tá agitando pra tirarem o Farinha da prisão.
15:58Pelo visto, esse pessoal não tem mesmo o que fazer.
16:00Imagina perder tempo por causa daquele traste.
16:03Ah, madame, pode não dar o braço a torcer, mas o Farinha agora é o cara.
16:06Podia até se candidatar a prefeito de Ribeirão.
16:10Pelo nível do atual prefeito, não seria nada impossível.
16:13Iam trocar um jumento por uma anta.
16:15Não, mas agora falando sério, a senhora não vai assinar?
16:19Tá todo mundo entrando nessa?
16:21Tudo bem.
16:22Vou assinar esse negócio aí.
16:24Mas é só pra ver se aquele abobalhado sai da prisão e para com esse drama de se fazer de mártir.
16:28Me acompanhando?
16:30Claro.
16:31Ela é aquela, ela é a tal, vive na tela, e não lhe dá moral.
16:38Oi, é você.
17:02Não queria te atrapalhar?
17:04Você sabe que eu adoro te ver pintar, né?
17:05É, eu precisava trabalhar um pouco, botar umas coisas pra fora.
17:12Filomena me contou que você se machucou, eu fiquei preocupada.
17:15Não foi nada demais, coisinha tua.
17:18Só não tá dando pra sentar.
17:21Cortaram teu mapa do Brasil, foi?
17:23Pois é, tentei fazer uma reforma agrária, mas parece que não deu muito certo.
17:29E a sua tia melhorou?
17:31Ah, por favor, querendo, vamos falar disso, não.
17:34Então você reconhece que não tem tia nenhuma.
17:36Você sabe muito bem da vida que eu levo.
17:39Você gosta de mim, tem que gostar do jeito que eu sou.
17:41Eu gosto, só não gosto quando você mente pra mim.
17:44Eu só minto quando você pega no meu pé.
17:47Tem hora que não dá.
17:49Eu não tenho sangue de barata, não.
17:51Eu sei, meu amor, eu sei.
17:53Mas você tem que aceitar, porque é assim que as coisas são.
17:55Você sabe que tem a melhor parte de mim, não sabe?
18:05É.
18:25Eu vou te deixar trabalhar agora.
18:40Vou mais cedo pra boate, hoje a gente tá ensaiando um número novo.
18:43Ah, tudo bem, eu vou continuar pintando.
18:46Tá bonito, mas tá muito triste, viu?
18:49É, a gente só consegue pintar o que tá sentindo.
18:52Passa lá pra me ver mais tarde.
19:02Se eu tiver terminado aqui.
19:04Eu vou ficar te esperando.
19:08Saudade.
19:08Saudade.
19:22Por favor, quem é o Querencio?
19:33Obrigada.
19:43Seu Querencio?
19:45Eu mesmo.
19:48A senhora não é a dona do resort?
19:50Não, eu sou apenas uma funcionária.
19:54Eu estou aqui porque eu quero contratar os seus serviços.
19:56É possível?
20:04Ô, dona Sancho, como é que vai?
20:06Muito trabalho aí?
20:07É médio hoje.
20:09Tô vindo do lado do ateliê.
20:10Ai, meu pai, como tá?
20:11Ah, recalmando, dizendo que tá sofrendo, tá sufocado.
20:16Ah, tá bem.
20:16Meu pai é o rei do drama, não tem jeito.
20:18Ele vive enrolado, coisa de coração.
20:21O coração pode até estar sofrendo, mas aquele corte no traseiro, você nem se preocupa,
20:25aquilo vai estar lá bem depressa.
20:27O que tá me preocupando é uma outra coisa.
20:30Dá pra gente sentar ali pra conversar um pouco?
20:32Tá.
20:32Eu quero ter uma conversa com você e tomar um refresco.
20:46Ai, o que que aconteceu, dona Sancho?
20:48Acha mais algum problema?
20:50Eu sou uma pessoa franca e direta.
20:52Meu jeito, né?
20:54Fala logo, por favor.
20:55Eu tô ficando agoniada.
20:56E você tem que arrumar um canto pra morar com seu pai?
20:58Ai, pensa nisso toda hora.
21:00Pensa só, não adianta, Filomena.
21:03Tem que agir, né?
21:04Eu não quero te afobar, né?
21:06Pra hoje nem pra amanhã, mas tem que acontecer.
21:09O que que é?
21:10Eu gosto muito do Querencio.
21:12Você sabe disso.
21:13Mas a minha casa é muito pequena e virou um circo depois que vocês foram pra lá.
21:18Eu sabia disso.
21:19Falei com o Romeu.
21:21Mas também não podia largar vocês na rua da amargura.
21:23É, eu não vou deixar nunca de agradecer a senhora por isso, viu?
21:27Tem mais, viu?
21:29Eu aprendi a ver vocês de um outro jeito, depois dessa convivência.
21:34Mas não pensa que eu esqueci que você me aprontou lá no enterro da sua mãe.
21:37Eu já pedi desculpas, dona Sancho.
21:40Eu já desculpei, mas eu não vou mentir.
21:42Aquilo tá aqui até hoje.
21:44A senhora quer um refresco de quê mesmo?
21:45De nada.
21:46Vamos acabar a conversa primeiro.
21:48Olha, a senhora foi franca e direta e você também.
21:50Eu penso todo dia em poder sair da sua casa.
21:55Eu agradeço de coração o que vocês fizeram pela gente.
21:58Mas é que pra mim também tá difícil.
22:01É que o problema é que eu não sei como conseguir um outro lugar, entendeu?
22:05Com que dinheiro?
22:06Peraí, dona Sancho.
22:08Os trocados que meu pai ganha vendendo alguma coisa,
22:10não mal dão pra ele comprar a cachaça que ele toma.
22:13E quando ele consegue uma boa grana, o que ele faz?
22:15Ele paga tudo pra todo mundo.
22:17Aqui a senhora sabe que eu ganho uma merreca.
22:19E o pouco que eu ganho, eu acabo dando quase tudo pra ajudar na casa.
22:22Eu não sei.
22:24Vocês estão acostumados a viver assim, né, Filomena?
22:27E ainda assim, vocês conseguiam alugar aquela casa do maldito ou do nazi.
22:31É, a gente foi poço na rua porque falta de pagamento, né?
22:34Bom, o que eu sei é que eu trabalhei minha vida inteira pra ter meu canto,
22:39meu sossego, que eu prezo muito.
22:42Filomena, desculpa, Filomena, mas minha casa não é hotel nem pensão, minha filha.
22:47Sabe, eu entendo o seu problema, mas você tem que entender, o meu também.
22:50Mas eu entendo, dona Sancho, você fica tranquila, eu realmente entendo.
22:53Eu só peço um pouquinho mais de tempo, de paciência.
22:57Eu não sei como, mas eu juro que eu dou um jeito nisso.
23:00Tá bom, eu vou ter esse pouco de paciência.
23:05Mas você sabe que paciência de pouco em pouco, um dia ela acaba, né?
23:08Melhor avisar do que acontecer de repente.
23:12Ah, pega lá, meu refleto de laranja.
23:15Tá bom, tô com você.
23:24A senhora quer contratar os meus serviços?
23:28Exatamente.
23:28O senhor não é o artista que pintou o quadro do enforcado
23:32que o prefeito ofereceu à Madame du Ré?
23:34Eu mesmo.
23:35Então, é o senhor que eu estou procurando.
23:37Eu gostaria de fazer uma encomenda muito especial.
23:39Está interessado?
23:41Olha, dona, eu sou um pintor, vivo da minha arte.
23:45Pagando, eu faço.
23:47Quer dizer, também não faço qualquer coisa.
23:50A Madame tá querendo o quê?
23:52Se tiver a fim de fazer uma surpresa pro marido, pro namorado.
23:55Eu já pintei muito nu, artístico.
23:58Sou muito bom nisso.
24:00Pode perguntar pro pessoal por aí.
24:01Não se trata disso.
24:02Não quero um retrato meu.
24:05Desculpe, eu não quis ofender.
24:06Falei com todo respeito.
24:09Mas então, qual é a parada?
24:11Eu gostaria de contratar o senhor pra pintar um quadro de Madame du Ré.
24:14A proprietária da nossa empresa.
24:16Como é que é?
24:17A chefona do resort quer que eu pinte um retrato dela?
24:22Mas ela gostou tanto assim do quadro do Enforcado?
24:26A sua obra causou boa impressão entre nós.
24:29Ah.
24:30Agora quem tá impressionado sou eu.
24:33Me disseram que o senhor é uma personalidade muito querida de Ribeirão.
24:36A nossa intenção é investir nos artistas locais e prestigiar a cidade.
24:40Eu posso garantir que o senhor será muito bem pago.
24:42Então, o que me diz?
24:45É uma graninha, sempre bem-vinda.
24:48Agora só entendi esse papo de prestigiar a cidade, incentivar os artistas locais.
24:55É muito simples.
24:56A Patrimônio Eterno quer promover o bem de Ribeirão.
24:59Inclusive incentivando as atividades artísticas locais.
25:03Olha, dona, tem gente que pensa que artista vive no mundo da lua, que não saca nada.
25:08Mas, até onde eu sei, esta empresa onde a senhora trabalha chegou aqui chutando a porteira sem perguntar onde o povo de Ribeirão queria amarrar a sua égua.
25:18Tem gente muito boa que diz que vocês vão fazer a desgraça da cidade.
25:23A senhora sabe disso, não sabe?
25:26Se eu queria isso, por favor.
25:27O senhor está falando de pessoas equivocadas.
25:29Gente ignorante, atrasada.
25:30Mas o senhor, como um artista, deveria ter uma visão muito mais ampla.
25:36Eu posso ser apenas uma minhoca da terra, mas gente como o professor Flores, a maior glória de Ribeirão do tempo, não pode ser chamado de ignorante.
25:47Tudo bem, não é um ignorante.
25:49Mas é atrasado.
25:51Vive das glórias do passado, ignorando o futuro.
25:54Olha, pra quem diz que quer ficar de bem com o povo da cidade, atacando uma pessoa tão querida, a senhora está pisando na bola geral.
26:03Se eu querer isso, não é a minha intenção.
26:05Também acho que não vem ao caso a gente ficar discutindo esse assunto.
26:08Eu vim aqui pra contratar o seu serviço.
26:10Se o senhor não está interessado, muito bem, eu vou procurar outra pessoa.
26:13Calma, madame, calma, calma.
26:15Eu não disse que eu não topo.
26:18É que eu preciso pensar um pouco.
26:21Eu não quero que saiam dizendo por aí que eu sou um traidor da cidade.
26:24Mas por favor, se eu querer isso, não diga uma bobagem dessas.
26:27O senhor não é um artista?
26:28A sua obra não está acima dessas questões?
26:30A gente só pode pintar o que sente.
26:33E eu não sou esse ignorante que talvez a senhora imagine.
26:37A artista também tem princípios.
26:39Não é assim, não.
26:41Bom, eu posso garantir pro senhor que a nossa empresa não é esse monstro de destruição que estão dizendo por aí.
26:48Eu tenho certeza que o senhor vai mudar de ideia quando conhecer a madame du Ré.
26:51Se recusar esse trabalho, vai estar perdendo uma grande oportunidade.
26:55Eu garanto.
26:56Então vamos fazer o seguinte.
26:57Eu aguardo a sua resposta até amanhã.
27:00Assim que o senhor tiver uma resposta, por favor, me procure na empresa.
27:07Está bem?
27:08Até breve.
27:09Tchau.
27:10Tchau.
27:11Tchau.
27:12Tchau.
27:13Tchau.
27:14Tchau.
27:43Pronto.
27:44Quem é?
27:45Célia.
27:47Teixeira.
27:47Walter Teixeira.
27:49Oi.
27:50Tudo bem?
27:51Tudo.
27:53Ainda muito ocupado?
27:54Eu acho que está dando para eu dar uma escapada.
27:59Está precisando de ajuda para a fuga?
28:02Ah, mas com certeza.
28:04Eu imagino que você conheça bem, Ribeirão.
28:06Razoavelmente.
28:07Por quê?
28:08Porque desde que eu cheguei à cidade eu gostaria de conhecer os arredores e sempre me faltou
28:13uma companhia que valesse a pena.
28:14Eu imagino que existam lugares bem bonitos e tranquilos.
28:19Está me contratando como guia?
28:22Estou.
28:23Olha, modéstia à parte, está contratando a pessoa certa.
28:31Conheço lugares lindos, encantadores aqui.
28:34Lugares encantadores com uma guia encantadora.
28:39É um perigo.
28:40A gente pode enfrentar o perigo juntos.
28:44Dá mais coragem.
28:45Claro.
28:46Mas e aí?
28:48Como é que a gente faz?
28:49Eu acho que a gente devia evitar o centro histórico.
28:51A cidade pequena.
28:52Eu acho que a gente não precisa dar margem para comentários.
28:55Eu também acho.
28:56Onde?
28:56Eu vou explicar.
28:57Anota aí.
29:00Falou com o Querencio?
29:01Falei.
29:02E como foi?
29:04Você acredita que o pé rapado, aquele morto de fome, teve a ousadia de dizer que vai
29:09pensar?
29:10Ah, isso não é possível.
29:11Até onde eu sei, ele deve para todo mundo aqui na cidade?
29:14Como é que ele pensou na hipótese de não aceitar esse trabalho?
29:17Eu precisei ter muito sangue frio.
29:19Você acredita que o camarada decorou direitinho a pregação daquele retardado do professor Flores?
29:24Ah, acredito.
29:25O professor Flores continua muito influente aqui na cidade.
29:28E parece que o sentimento contra o resort também é muito mais forte do que se imaginava.
29:33Sabe o que acontece, Armindo?
29:34É que tem muita gente que pensa que o que nós estamos fazendo aqui é obra do diabo.
29:38Mas isso é ignorância.
29:39Nós estamos criando empregos, melhorando a cidade.
29:42Será que as pessoas não percebem que o investimento como o nosso só traz benefícios?
29:46É a arrecadação de impostos para melhorar as escolas, os hospitais.
29:50Se os governantes aplicarem bem essas verbas.
29:52Hum.
29:53Sim, mas isso já não é responsabilidade nossa.
29:55Eu não entendo como as pessoas preferem acreditar nessas bobagens politicamente corretas e morrer de fome.
30:01Armindo, o povo é muito simples.
30:03Eles não tem noção que estão dando um tiro no próprio pé.
30:06Eu sei o que representou a vinda da patrimônio eterno para cá.
30:09Foi a salvação para mim e para a minha família.
30:11É.
30:12Ai, nós precisamos reverter essa situação, doutor Bruno.
30:16A gente não pode deixar que o professor Flores continue atrapalhando nossos planos dessa forma.
30:22Eu sei.
30:23Mas não vai ser fácil.
30:25E agora?
30:25O que é que nós vamos fazer?
30:26E se eu querenciar resolver não aceitar pintar o quadro da madame?
30:29Ah, ele vai aceitar.
30:31Você mesmo não disse que ele é um cachaceiro?
30:33Então, é só o infeliz ficar com sede.
30:37O nosso maior desafio vai ser convencer a madame a posar para esse pintor.
30:43Aliás, que figura, hein?
30:49Figura.
30:50Tá de conversa, querido.
30:53Ele tá de caúra.
30:54Aquela costosona, toda metida besta, foi lá no ateliê te procurar.
31:00Ah, vem encomendar um retrato para a chefona do resort.
31:04É isso aí.
31:05Veio com uma conversinha esquisita.
31:07Diz que a tal madame do réu gostou muito do quadro do Enforcado
31:10e que eles querem prestigiar os artistas de Ribeirão.
31:15É aquela gozação que tu fez botando a cara do nazinho com fuça de gambá.
31:21Tá esquisita essa história.
31:24Pode crer, também acho.
31:25Tem algum plano.
31:26Se a gente não bate prego sem estope, eu não tô afim de fazer papel de martelo, sacou?
31:31Ó, muita gente diz que esse pessoal tá por trás desses crimes que aconteceram na cidade.
31:37E até dos caça-cuecas.
31:39Vocês já repararam que só começou a ter disso aqui em Ribeirão
31:43depois que esse tal do rei Zorte veio pra cá?
31:47Ué, mas que interesse?
31:48Tem os bacanas do estrangeiro nas cuecas do povo daqui de Ribeirão?
31:52E eu é que sei, lorota.
31:53Aí é que tá um mistério.
31:57Você acredita nisso?
31:59Sei lá.
32:00Bota mais uma, lorota.
32:02Só achei muito esquisita a conversa da tal da dona Armida.
32:06Como diz o povo, quando a esmola é demais, o santo desconfia.
32:12Ó, querida, você vai me desculpar, mas você não tem condições de ficar discutindo se pega ou não pega trabalho.
32:18Que é isso?
32:19Tu vive ferrado de grana.
32:20Todo dia mesmo você pagou a conta.
32:21Agora já tá devendo um monte.
32:23A pendura, ó, já até entortou o prego de novo e faz tempo, hein?
32:28Isso aí, o amigo tem razão.
32:30Tu tem que pensar na precisão.
32:33Tu sabe que pode contar comigo, mas...
32:36A chancha está reclamando de vocês ficarem lá em casa a vida toda, sabe?
32:41Tô sabendo, tá certo.
32:43Vocês receberam a gente na hora do sufoco, mas agora eu e Filozinha temos mais é que arrumar um canto pra morar.
32:48Gerecio, antes de você tomar qualquer atitude, converse com tua filha.
32:57O Gerecio é meu amigo do coração, cara.
33:00Quanto tempo faz que você não vende um quarto?
33:03Madame, está?
33:08Está, mas ainda não saiu do quarto.
33:10Então, por favor, vá chamá-la.
33:12Sim, senhora.
33:13Seria bom que o Teixeira estivesse aqui pra nos ajudar.
33:17Doutor Teixeira está?
33:18Não, o doutor Walter saiu.
33:20Ele disse hoje em dia?
33:21Disse nada não.
33:22Com licença, eu vou chamar a madame.
33:23É, você está certo, Bruno.
33:29Seria bom que o Walter estivesse aqui.
33:31Ele tem muita influência sobre a madame.
33:33Com certeza ia nos ajudar a convencê-la.
33:36Pois é, vamos ver como é que a madame reage.
33:39Pra mim, ela é sempre surpreendente.
33:41Oi, pai.
33:54E a ferida, como é que está?
33:56Ainda dói, mas dá pra aguentar.
33:58Você não acha melhor a gente ir ao hospital, não?
34:00Eu sei que a dona Sancha falou que não precisa dar ponto,
34:02mas não sei, é a primeira vez.
34:03É a doença é tua filó, a Sancha entende disso.
34:06Coisa tua já está sarana.
34:07Falando em Sancha, a implicância,
34:09a gente está precisando conversar.
34:10Calma aí, antes deixa eu te contar
34:12quem foi lá no ateliê me procurar.
34:14Você não vai acreditar.
34:15Ah, não vou.
34:16Depois o senhor me conta.
34:16A gente precisa conversar um negócio sério, tá?
34:18Mas é muito sério que eu tenho pra te contar.
34:19O teu pai foi procurado pela louraça do resort.
34:23Aquela gata que anda por aí
34:25com o nariz mais empinado do que o traseiro de bebê.
34:28Peraí, pai, peraí, peraí.
34:29O senhor está falando daquela tal dona Arminda?
34:31Ela procurou o senhor?
34:32É.
34:32Meu Deus do céu.
34:33O que o senhor fez agora, pai?
34:35Shhh, que vergonha, Filomena.
34:37Minha própria filha não me dá o menor crédito.
34:39Nem eu, nem o comércio inteiro de Ribeirão, né?
34:41Calma, fica quieta, tá?
34:43Escuta o que teu pai tem pra falar.
34:44Quer saber ou não quer o que a mulher queria comigo?
34:46Fala.
34:47Ela quer me contratar pra pintar um quadro.
34:50Que quadro?
34:51O retrato daquela madamona bacana,
34:53tal madame do réu, dona do resort.
34:56Me desculpe.
35:19Eu demorei muito?
35:21O bastante vai me deixar ansiosa.
35:23Ansiedade boa ou ruim?
35:25Adivinha.
35:27Ruim?
35:27Errou.
35:29Vamos?
35:31Garanto que você vai adorar o passeio.
35:33Floresta é um lugar mágico, uma força.
35:36O rio, então?
35:37Pois eu já estou adorando.
35:41E você pode ter certeza disso.
35:42Eu vou dizer que foi uma ideia nossa.
35:52Mas a ideia foi sua, Aminda.
35:53Eu estou só apoiando.
35:54Não, por favor, calma.
35:55Eu sei o que eu estou fazendo.
35:57Ideia de dois tem muito mais valor que ideia de um.
36:00Sobretudo se esses dois têm, digamos,
36:03diferenças em outras áreas.
36:05Hum, os dois por aí, a esta hora,
36:08já vi que temos problemas.
36:10Vocês não estariam aqui em comitiva a esta hora
36:13para falar do tempo.
36:15Nenhum problema, madame.
36:16Trata-se de uma solução.
36:18Doutor Bruno veio comigo para ajudar a expor a ideia que tivemos.
36:21Como vai, madame?
36:22Vamos vivendo.
36:23Agora fiquei realmente preocupada.
36:26Se você está precisando de ajuda,
36:28é porque a ideia é mirabolante
36:30ou, no mínimo, inusitada.
36:33Vamos sentar, por favor,
36:34que não quero me assustar de pé.
36:35Bom, qual é a grande ideia?
36:41A senhora já concordou comigo
36:42que a audiência pública que vai acontecer
36:44é de máxima importância para nós, não concordou?
36:46Concordei.
36:47Mas se você está pretendendo que eu vá assistir,
36:51desista, porque eu tenho horror a essas coisas.
36:53Não, não é isso.
36:55O que eu quero dizer é que, por isso,
36:57a gente precisa cair nas boas graças do povo de Ribeirão.
37:01Ah, a ideia tem uma introdução.
37:04Muito bem, vamos adiante.
37:06A nossa proposta vai exatamente nessa direção.
37:09Mas exige que a senhora fique mais um tempinho por aqui,
37:12que não volte logo para a Europa.
37:13Eu já estou detestando esta ideia antes de ouvi-la.
37:17Aliás, onde está o Walter?
37:19Eu quero ele aqui do meu lado
37:21para empatar o jogo.
37:29Isso que você está dizendo é um absurdo, Milton.
37:31Onde já se viu uma revolução sem as massas, sem o povo?
37:33Há muito tempo que as massas não são mais revolucionárias, meu caro.
37:37O proletariado está totalmente corrompido, bovinizado.
37:40Se a tua teoria está certa,
37:42se as massas estão satisfeitas,
37:43para que revolução?
37:44Ou você acredita que uma revolução
37:46que altere o esquema de poder na humanidade
37:48é a única alternativa?
37:49Ou estamos falando linguagens diferentes?
37:51Não estamos no mesmo barco?
37:53Você sabe que eu acredito nos mesmos princípios que você.
37:56Mas vamos desenvolver o teu raciocínio.
37:58Se não existe mais povo revolucionário,
38:00me explique, então, que forças são essas
38:01que vão fazer a revolução?
38:03Uma revolução no século XXI
38:05só é possível com uma nova vanguarda.
38:08Uma elite de pessoas conscientes,
38:11como nós,
38:12como o nosso grupo.
38:14Só que a maior parte do grupo
38:15não concorda com as tuas posições,
38:18muito menos com os teus métodos.
38:19Engano seu?
38:20Se fizermos uma votação,
38:23eu teria a maioria,
38:25uma parte significativa do grupo que apoia.
38:30Inclusive o general
38:31e o pessoal dele.
38:33Cadê o delegado?
38:48Ele está lá dentro.
38:50Eu vou chamar para o senhor.
38:55E aí, pessoal?
38:59A barra anda pesada, hein?
39:00Nicolau!
39:02Obrigado por ter atendido o meu chamado.
39:04Não faço nada a mais do que a minha obrigação.
39:07Vamos entrar.
39:07Uma dúvida, delegado.
39:09Quanto tempo o povo tem que ficar sentado aqui
39:11esperando para ser atendido?
39:14E por que eu vou entrar primeiro
39:15se eles chegaram antes?
39:17Sabe o que é?
39:18O caso deles é com a dona Marta, né?
39:22Nós temos pouco pessoal,
39:23pouca verba.
39:24Se a dona Marta não chegar logo,
39:28depois da gente conversar,
39:30eu venho
39:31e eu mesmo
39:32atendo vocês.
39:34Viu?
39:34Um pouquinho de paciência, por favor.
39:37Eu acho bom vocês
39:38tratarem melhor as pessoas,
39:40porque a partir de agora
39:41eu vou ficar de olho
39:42nas repartições públicas de Ribeirão.
39:44No que depender de mim,
39:46nunca mais o povo vai ser sacaneado,
39:48como é costume.
39:49Aqui na minha delegacia,
39:51ninguém nunca foi sacaneado.
39:53Não é costume.
39:54Assim espero.
39:56Mas o que o senhor quer de mim?
39:57Por favor, vem.
39:59Eu preciso do seu depoimento
40:00para o inquérito
40:02para o assassinato
40:04do senhor, seu pai.
40:06Eu cobrei resultados desse inquérito
40:08no meu discurso de posse no Senado.
40:09Eu sei, eu sei.
40:11Por favor.
40:11Logo adiante,
40:39tem uma cachoeira maravilhosa
40:40que você vai adorar.
40:42Por que a gente não dá
40:43uma paradinha por aqui mesmo?
40:45Acho que esse passeio
40:46está de bom também.
40:47Cansou?
40:48Não, eu não estou cansado.
40:52Não, é que eu prefiro
40:53ficar com você
40:53um pouco mais de tempo
40:54por aqui mesmo.
40:56Calma.
40:58Então,
41:00vamos sentar por aqui mesmo.
41:01Foi.
41:18Estou ouvindo o silêncio.
41:21Dizem que o silêncio
41:22tem sua própria voz.
41:24que só os apaixonados
41:29podem.
41:44Posso romper o silêncio?
41:45Não pergunto.
41:48Pode.
41:51Sem nada sobre você.
41:52Se você é casado,
41:55se você tem alguém
41:55esperando na Europa.
41:58Só sei que você trabalha
41:59para a madame do réu.
42:01Você está sendo muito indiscreto?
42:04Não.
42:05Eu não tenho nada
42:06para esconder.
42:08Mas também não tenho
42:09nada de muito interessante
42:10para contar.
42:12Fui casado
42:13com uma francesa.
42:15Nós moramos na França.
42:17Nós moramos no Brasil.
42:19O casamento em si
42:21durou pouco.
42:23Terminou mal.
42:26Mas eu prefiro
42:27não falar desse assunto agora.
42:30Para que a gente
42:31vai estragar
42:32esse momento tão bom.
42:36Mas eu vou te contar
42:41um segredo.
42:42Conta.
42:43Eu adoro segredos.
42:44desde o primeiro momento
42:48que eu te vi.
42:51Eu senti uma atração
42:53muito forte.
42:56Tentei evitar
42:57por causa do Bruno.
43:00Mas não deu.
43:04Não está dando.
43:04Também me senti
43:09irresistivelmente
43:10atraída por você.
43:13Fiz tudo o que eu pude
43:14para evitar isso,
43:15mas...
43:17também não está dando.
43:19O que eu sei
43:20é que eu fiquei
43:22na chuva.
43:24Me molhei
43:25até sentir
43:26na alma
43:27esse frio
43:30que ninguém
43:31consegue
43:32aquecer.
43:37Sem amor
43:39as mãos
43:40não acham
43:40a luva.
43:41...
43:42Então.
43:46Amém.
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