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VARIEDADES: A explosão de conteúdo espetacular que você precisa! 💥💯✨
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Transcrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30Você acha que eles são burros, padrinha?
00:32Burros eles são.
00:35Eu não sei se tanto.
00:36Eu só escrevi com batom porque eu não tinha caneta.
00:39Confessa, meu amor.
00:41Confessa que você me ama, vai.
00:43Cala sua boca.
00:45Você é mesmo um traste.
00:48Um idiota, um boboca, sem ira nem beira.
00:52Eu só escrevi o bilhete porque eu fiquei com pena.
00:55Mas quer saber?
00:56Eu quero a mais é que você fique preso pelo resto da vida.
00:59Miserável.
00:59Pode falar.
01:00Pode falar que no fundo eu sei que você...
01:03Quer dizer, que a senhora se amarra na minha.
01:06Pelo visto, o senhor não tem muita confiança no negócio, né?
01:11O negócio até que é bom.
01:12O problema reside na administração.
01:15Que deixa muito a desejar.
01:18Eu posso lhe garantir.
01:19Se o dito e a glorice me ouvissem, a coisa estaria bem melhor.
01:23Eu estou lhe dizendo essas coisas...
01:27em caráter confidencial.
01:29Não precisa se preocupar, senhor Virgílio.
01:31Descrição é comigo mesmo.
01:33O importante agora, senhor Joca, é que o senhor conte como descobriu o manifesto da tal conspiração.
01:41Escuta, eu queria fazer uma interrupção aqui.
01:43O seguinte, o meu cliente se chama João Carlos.
01:45Joca é uma prerrogativa sempre para os mais íntimos, que eu acredito que não seja o seu caso, né?
01:51O senhor entendeu a pergunta, senhor João Carlos Pelago?
01:55O Jornal da Cidade afirmou que foi o senhor que passou para eles a informação.
01:59De onde o senhor tirou isso?
02:02E como o senhor entregou aos jornalistas, visto que estava preso aqui na delegacia?
02:07Você pode falar a verdade, meu jovem.
02:09Aproveitando que está aqui sua excelência, o promotor, é bom que ele saiba toda a verdade.
02:14É, verbo ad verbum.
02:18Palavra por palavra.
02:19Bom, onde eu achei o manifesto, o senhor já sabe.
02:23Foi no computador na casa da Heleninha.
02:25Foi lá que ele foi preso, doutor.
02:26Ele disse que estava só bisbilhotando.
02:29Mas eu acho que ele estava mesmo destruindo as provas de que foi ele que executou o senador.
02:36Eu não estou entendendo.
02:39É o senhor que está depondo ou é o meu cliente, João Carlos, que está depondo?
02:44Eu estava só esclarecendo o promotor.
02:47Esclarecendo?
02:49Você estava envenenando o depoimento do meu cliente.
02:51Qual é mais uma dessa que ele se cala, não fala mais nada, só fala em juízo.
02:57Entendeu, né?
02:58Hein, Joca?
02:59Está bem, está bem.
03:01Vamos continuar.
03:02Então vamos para o seguinte.
03:03Você conta para o promotor como é que você passou as informações para o jornalístico.
03:09Eu copiei a mensagem do manifesto no pendrive.
03:12Eu não entreguei para a polícia, porque se a mensagem veio da Secretaria de Segurança...
03:15Falhamos na revista.
03:17Já sei.
03:17O senhor engoliu o pendrive, depois botou para fora?
03:21Não, seu delegado.
03:23Não foi preciso fazer isso, não.
03:24Eu escondi na minha meia.
03:27E como passou para o seu língua?
03:29Desculpa a intromissão.
03:31A tela da graça estava solta.
03:33Eu empurrei por ali.
03:35Ele pegou do lado de fora.
03:35Essa é a nossa polícia, doutor promotor.
03:39Dessa vez, felizmente, a incúria serviu à justiça.
03:43Porque se esse pendrive tivesse caído nas mãos do delegado, nessa hora, quem sabe, a nação
03:51não teria tomado conhecimento do que se passa dentro da Secretaria de Segurança.
03:55Apenas estou defendendo o gesto heróico do meu cliente.
04:01É um mártir que devia estar solto imediatamente.
04:05E que mais?
04:06Deveria receber as maiores honrarias que a nação reserva aos seus heróis.
04:12E não ficar aqui preso desta pocilga como um delinquente.
04:16Jura de fato.
04:18De direito de fato.
04:25Alô?
04:32Por favor, a dona Célia.
04:35Ah, é você?
04:37Eu até que eu reconheci a voz, mas não quis arriscar.
04:40Doutor Teixeira?
04:43Por que não apenas Walter?
04:47Walter.
04:48Ok, Walter.
04:50É um nome muito agradável de se dizer.
04:52Ah, já o seu é assim tão delicado.
04:58Lembra uma flor de maracujá.
05:02Nossa, mas...
05:04Que poeta.
05:05Aqui devo a honra do seu telefonema.
05:07Bom, eu queria agradecer o jantar.
05:11Afinal de contas, sua casa, um ambiente tão acolhedor, tão charmoso e...
05:16Eu nunca me senti tão bem ultimamente.
05:20Imagina.
05:21Eu que tenho que agradecer.
05:26Foi um imenso prazer.
05:28Ah, eu pensei em mandar umas flores pra você, mas...
05:31Achei que podia criar um certo embaraço com o Bruno.
05:34Ele poderia me entender mal.
05:36Bom, mas de todo modo...
05:37Eu ficaria muito contente se nós nos encontrássemos outras vezes.
05:42Eu adoraria.
05:43Aí nós poderíamos conversar mais sobre aquela sua ideia do salão de chá.
05:49De quando dizer um toque de glamour numa cidade tão pobre em elegância.
05:54Quando você quiser.
05:55Na verdade, eu te liguei porque eu queria muito ouvir a sua voz.
06:01Fiz bem?
06:02Claro que sim.
06:04Eu também...
06:06Eu também queria muito ouvir a sua voz.
06:09A voz sim, você me liga?
06:11Acho que não teria tanta ousadia.
06:14Me liga você sempre que quiser.
06:16A tarde pra mim é a melhor hora.
06:18O Bruno tá na obra, a Karina na loja.
06:21É quando eu tenho mais tempo pra mim.
06:22A gente pode falar mais à vontade.
06:23Alô, Walter?
06:26Você me desculpa, eu vou ter que desligar.
06:28E a gente fala outra hora.
06:30Tá bom?
06:30Tchau.
06:32Eleonora.
06:33Não precisava desligar.
06:35Podia ter esperado.
06:36Não, não.
06:37Problema nenhum.
06:38Vamos embora, né?
06:40Vamos.
06:41Professor Flores, vamos entrar, por favor.
06:58Eu vejo que ficou surpresa com a minha visita.
07:01Talvez inoportuna.
07:02Não?
07:02Que isso?
07:04Imagina.
07:05Eu não vou demorar.
07:05Vim apenas manifestar a minha solidariedade nesse momento tão difícil.
07:10Eu agradeço, professor.
07:12E fico muito honrada com a sua visita.
07:14Eu gostaria de ir à delegacia ver o Joca, mas não seria prudente.
07:18Poderiam saber da ligação entre nós e ninguém pode saber que ele trabalha pra mim.
07:21Eu compreendo, professor.
07:23O senhor tem toda a razão.
07:24Não vai lá, não.
07:25Não vai lá, não.
07:26Eu, quando for, digo que o senhor teve aqui fazendo uma visita.
07:29O Joca vai ficar muito contente.
07:30E transmita a ele minha total solidariedade.
07:34Professor, eu não contei pra ninguém da investigação que o Joca faz pro senhor.
07:40Ótimo.
07:41Vejo que se trata de uma mulher muito discreta.
07:43Deu pra perceber.
07:45Olha, nem pra Sancha eu contei.
07:47Quer dizer, Sancha é a minha melhor amiga.
07:49Nem pra ela eu disse.
07:50Olha que pra Sancha eu conto tudo.
07:52Muito bem.
07:54Mas o motivo da minha visita também é outro.
07:57Eu gostaria de saber se precisa de alguma coisa.
08:00Alguma ajuda.
08:01Alguma ajuda?
08:03Assim, o senhor quer dizer...
08:06Não fique encabulada.
08:08Eu vou ser mais objetivo.
08:09Ajuda financeira.
08:11Ah, bom.
08:12Um caso de pobre.
08:13Sabe como é.
08:15Tá sempre no vermelho.
08:16E às vezes até escorrega um pouco pro roxo.
08:21Eu devo parte dos honorários do Joca.
08:24Como eu não posso encontrar, eu vou deixar com a senhora.
08:26Ai, que bom.
08:27Sou mesmo eu que cuido das contas da casa.
08:30Assim, compras, pagamentos.
08:33Tudo eu.
08:34Além de discreta, eficiente.
08:39Obrigada, professor.
08:41Assim eu só me deixo um pouco encabulada.
08:45O senhor não aceita um cafezinho feito na hora?
08:48Ai, eu não conseguiria recusar.
08:51É curioso, mas eu me sinto tão bem aqui nessa casa.
08:54Aliás, eu me sinto muito bem na sua companhia.
08:57Que bom.
09:00Professor, eu nem mandei o senhor sentar.
09:02Vem, por favor, senta aqui.
09:04Enquanto eu vou coar o café.
09:06O senhor pode ficar à vontade, viu?
09:08Muito obrigado.
09:09Sim, não.
09:16Mas pode ser que seja de repente a minha frente.
09:20Bem na tua frente, tudo muito rente, quente.
09:24Tente o drama, é tudo ser assim tão envolvente.
09:26Amor, é tudo ser assim tão de repente.
09:29Tente agora.
09:30Sim.
09:32Eu preciso tomar previdências urgentes quanto a isso.
09:35Boa tarde a todos.
09:36Boa tarde.
09:37Boa tarde.
09:38Boa tarde.
10:08Boa tarde.
10:38Eu imagino que a senhora tenha ficado muito preocupada com a prisão do seu filho, né?
10:57Mãe é mãe, né?
10:58Eu fiquei muito nervosa, sim.
11:01Mas já estou melhor.
11:03Ainda mais agora com a sua visita, eu me acalmei mais ainda.
11:06É, para ser coerente com as minhas posições políticas, o ideal seria que eu ficasse à frente da defesa do seu filho.
11:13Mas o momento não é adequado. Eu já tenho inimigos demais.
11:18Eu compreendo, professor. E o Joga também.
11:21Só o processo que eu estou movendo contra o maldito resort vai me dar muita dor de cabeça ainda.
11:28E despesas também.
11:30Despesa? Quer dizer que o senhor tem que pagar para processar essa gente?
11:34É, se a madame do réu vencer essa ação, eu vou ter que pagar todas as despesas.
11:39E ela pode me processar de volta alegando prejuízo.
11:42É, o Joga já tinha me explicado esse caso, mas eu não entendi bem.
11:46Mas muito bem.
11:48Não deveria ocupar a sua linda cabecinha com isso.
11:53Professor, essa tal de conspiração, é verdade isso?
11:59Infelizmente.
11:59E o senhor acha que o Joga vai estar bem protegido com o doutor Ventania?
12:03O Ventania é um advogado de porta de xadrez, mas por isso mesmo talvez seja melhor do que muito medalhão que anda por aí.
12:11É, tem razão.
12:13Esse aí é um que eu não sei como vou pagar.
12:16Eu me encarrego disso.
12:17Não se preocupe.
12:18Não.
12:19O que é isso?
12:20Imagina, é nossa obrigação.
12:23Eu faço questão.
12:24Isso fica por minha conta.
12:26Eu sei muito bem como é essa preocupação com dinheiro.
12:31Aliás, viúvos como nós, solitários, deveriam ter direito a um pouco de paz e sossego, não é mesmo?
12:39Quem me dera.
12:49Professor?
12:51O que é isso, professor?
12:53O que é isso?
12:53Perdoa.
12:57Eu fui tomado por um impulso irresistível.
13:02Eu não consegui controlar a enorme atração que eu sinto pela senhora.
13:07Quer dizer, por você e não é de hoje.
13:11Mas assim, não pode ser assim, assim, desse jeito.
13:17Sei lá, não pode.
13:20Por favor, não me leve a mal.
13:21Não, não, não levo.
13:23Não, não, não levo.
13:24É que eu não esperava.
13:26Então, assim, eu jamais poderia imaginar.
13:29Então aí eu fiquei...
13:32Você não...
13:34Não deve temer nada da minha parte.
13:37Não, não temo.
13:38Não temo, não.
13:40É que isso é uma coisa muito séria.
13:43E nervosa do jeito que eu ando com o meu filho engaiolado lá.
13:47Olha, eu tô até tremendo.
13:49Ficou zangada comigo, né?
13:50Não, não, não fiquei.
13:52Não fiquei.
13:53Não é isso, professor.
13:55Agora eu é que tenho que pedir.
13:58Por favor, não me leve a mal.
14:01Mas eu preferia que o senhor fosse embora.
14:04Porque eu preciso me acalmar.
14:07Eu fiquei até tonta.
14:08Um outro dia, talvez num outro dia, num outro momento...
14:14Eu vou.
14:14Eu lamento meu arrobo infantil.
14:19Não, o senhor não roubou nada, não.
14:22Fica tranquilo.
14:23Um beijo.
14:25Apenas um beijo.
14:26Quer dizer, já é muito, né?
14:29Ai, professor, até logo.
14:31Até logo.
14:31Até a próxima.
14:53Não é saber.
14:55Quem sabe faz a hora.
14:59Não espera acontecer.
15:01Ai, meu Deus.
15:04E essa agora?
15:07Ai.
15:07Coisa gostosa, na tela se dá, que simpatia tem.
15:13E coisa louca também, antipatia tal.
15:16Eu entro pela novela, que empatia tem.
15:18Saio na vida real, é fantasia tal.
15:21Vejo na tela você, da que cardia dá.
15:24Dizendo a cena final, a vida como ela é.
15:26Eu quero ver, bato o pé, pra botar moral.
15:30Trambique, politiqueiro, telecomunicado.
15:33A coisa fica pior, telecomunicó.
15:35Mas o que vai dar o nó, telecomunicado.
15:38É nosso amor vira pó, telecomunicó.
15:41Pois somos dois em um só, telecomunicado.
15:43Até a terra virar, teleco, nosso xodó.
15:51Eles creiam que já dissemos aqui tudo o que precisava ser dito.
15:55Vamos passar agora a fase da ação.
15:57Ah, não vamos esquecer que todas as preocupações daqui por diante
16:00devem focar na Secretaria do Meio Ambiente.
16:02Pois é, e o maior problema é a dona Ellen, a encarregada aqui em Ribeirão.
16:05Por tudo que os senhores advogados disseram, os pareceres dessa moça foram demolidores.
16:10Não há dúvida que foi por conta desses pareceres que a audiência foi convocada.
16:14Gostaria de saber mais sobre essa Ellen.
16:17Doutor Bruno, o senhor que é da terra pode mudar essas informações?
16:20Claro.
16:21A dona Ellen é uma pessoa competentíssima, ética, seríssima.
16:25Bom dia, quantos elogios para uma adversária.
16:28Reconhecer o valor dos adversários é sempre prudente, madame.
16:32Agora o senhor falou com sabedoria.
16:35Senhor Bruno, por favor, continue a falar o que o senhor estava falando.
16:39Além de tudo isso, ela é uma profunda conhecedora das questões ambientais.
16:42A natureba oficial de Ribeirão do Tempo.
16:45É uma pessoa lutadora, perseverante e radical.
16:48Mais um elogio, doutor Bruno, e eu vou me demolhar em lágrimas.
16:52O que ela pensa? Com quem ela anda? Qual o seu perfil político? E como gestora pública?
17:00Ela é uma grande amiga do doutor Flores, ela frequenta a casa dele, eles têm o mesmo círculo de amizade, eles pensam a mesma coisa.
17:06A única diferença é que a dona Ellen, ela se volta mais para as questões ambientais e de proteção aos animais, as coisas que são politicamente corretas.
17:15Então é preciso, com urgência, dar um jeito nessa natureba.
17:20Alguma coisa radical, que lhe cale a boca e a deixe de pés e mãos atados.
17:24Sem essa providência vamos ter muitos problemas, muito mais do que imaginei que teríamos.
17:29Madame, eu confesso que não faço a menor ideia do que fazer.
17:32Eu vou pensar em alguma medida e assim que tiver uma resposta eu falo para a senhora.
17:35Lembre-se de que não estamos mais em tempos a menos de cordialidade.
17:40Guerra é guerra.
17:41Um ganha, o outro perde.
17:43E eu gosto de ganhar.
17:44Pode confiar, porque eu vou resolver a questão, madame.
17:47É claro que eu confio em você, minha querida.
17:50Confio na sua sagacidade, na sua inteligência e principalmente na sua determinação.
17:55Você não vai nos deixar atolados no meio do caminho.
17:59Nunca deixou.
18:00Sendo assim, eu acho que não é nenhum exagero dizer que a própria existência do empreendimento está nas mãos de Armina.
18:09Concordo plenamente.
18:14Vou muito além do que possa parecer.
18:19Faço o meu mundo vivo hoje sem pensar.
18:23E amanhã crio algo pra fazer.
18:27Não há nada...
18:28Final de tarde incrível.
18:30Aí, rapaziada.
18:31Vocês vão fazer um salto incrível.
18:33Excepcional.
18:35Você, cara, como é que vai trazer o filhote pra um voo?
18:37A parada com azuleite pra cada dia é pior, meu amigo.
18:40Por pedir pra ela deixar o caso comigo naquela caminhada, não teve jeito.
18:43Ela encrencou de estalo.
18:44Nem a caminhada.
18:45Imagina o salto de paraquedas.
18:47Meu irmão, ex-mulher quando resolve jogar contra, não há quem segure.
18:52Parada duríssima.
18:53Você que teve sorte.
18:55A ela é excepcional.
18:56Pode crer.
18:57Você deixou eu escapar.
18:59Eu perdi tempo.
19:00Excepcional.
19:05Tito, não tô vendo o carro dele aí?
19:07Tá logo ali atrás.
19:09Acho que ele se atrasou naquela ladeira.
19:19Obrigada.
19:21Obrigada, não quero não.
19:23Ô, Nassinho.
19:24Não leva mal o que eu vou falar, hein.
19:25Mas, às vezes, o Nicolau é mole de dar dó, viu?
19:30Não fica preocupado que ele não vai demorar.
19:33Ah, não.
19:33Não se preocupa não, dona Beatriz.
19:34Eu conheço bem a figura, né?
19:36Felizmente, vocês são amigos.
19:38E a senhora, hein, dona Beatriz?
19:40Como é que a senhora tá, hein?
19:41Eu nem sei, meu filho.
19:44Na verdade, o que eu quero mesmo é sumir, viu?
19:47É, imagino.
19:48A morte do senador foi um choque tanto, né?
19:51Mas a senhora sempre foi uma mulher forte e tem certeza que vai superar essa barra.
19:55É o que eu sempre digo pra ela.
19:57Não pode se entregar, tem que tocar a vida.
19:58Larissa, você é engraçado.
20:00Você fala como se fosse só apertar um botão e pronto, né?
20:03A senhora acha que o senador foi vítima dessa conspiração que estão falando por aí?
20:08Olha, eu não sei, Nassinho.
20:10A verdade mesmo é que eu não quero saber.
20:13E eu tô cansada, sabe, de tanto mistério, viu?
20:18Ultimamente eu vim saber, assim, de muitos segredos.
20:22Eu quero paz.
20:23Só isso.
20:24É, Ribeirão do Tempo não é mais aquela cidade pacata em que eu e o Nicolau fomos criados.
20:29Não é mesmo, dona Beatriz?
20:30É verdade.
20:31Ô, Larissa, o Nassinho e o Nicolau, eles são amigos desde pequenos.
20:35Bom, agora ele trabalha no cartório de Ribeirão, né?
20:38Ah, é?
20:39Que interessante.
20:39Você não pode imaginar o que esses meninos aprontavam, viu?
20:44Naquela época, o maior perigo de Ribeirão do Tempo eram as maluquices dos dois, viu?
20:50Ai, meu Deus.
20:52Eu chego até a sentir saudade, viu?
20:54É, o Nicolau sempre foi brincalhão.
20:56Ele não era mole, não, hein?
20:57A senhora lembra quando ele tocou fogo na escola?
20:59Peraí, brincalhão?
21:00Botaram fogo na escola e chamam de brincalhão?
21:04Vocês dois, vocês eram dois capetas.
21:07Falando de mim ou a impressão?
21:08Falando capeta, olha o cheiro do enxofre aí, ó.
21:13Ai, Nicolau, a gente tava matando saudade, viu?
21:17A gente tava relembrando aquela época em que Nassinho e você eram o maior perigo de Ribeirão do Tempo.
21:24Eita, época boa.
21:26Não, nem me fala.
21:27Mas já passou, né, mãe?
21:28Já falei pra senhora esquecer o passado, pensar no futuro, arruma alguma coisa pra fazer, esfria a cabeça.
21:33Ah, meu filho, depois que o meu Érico se foi, eu não tenho vontade de fazer mais nada, viu?
21:39Fala assim, não, Beatriz, que horror.
21:41Mas é verdade, minha irmã, eu vou fazer o quê?
21:44Bora, Nassim, vamos deixar as duas prozeando aí, vamos pro escritório, vamos.
21:48Agora, Beatriz, muito obrigado pelo café.
21:52E a senhora pode ter certeza que o tempo vai cicatrizar todas as feridas, viu?
21:57Ai, obrigada, meu filho.
22:00Volte sempre.
22:00Pode deixar, eu vou voltar.
22:06Foi um imenso prazer em revê-la, dona Larissa.
22:16Até mais, Nassinho.
22:22Larissa, eu não aguento mais, viu?
22:25Deus do céu, até quando?
22:26Todo mundo que vem aqui tem que falar pra mim, tem que reagir.
22:30Fecha a porta aí.
22:33Meu Deus do céu.
22:36Marzinho, eu te conheço, sei que você não dá ponto sem ir, não.
22:38Agora tá essa que vim prestar homenagem pra velha, qual foi?
22:41É, o que é isso, parceiro?
22:42Tô com saudade do pessoal, saudade do meu velho amigo que agora vai se tornar uma excelência,
22:47um senador da república.
22:48Eu nem tomei posse, você já tá propondo a negociata, é isso?
22:50Ah, o que é isso, rapaz?
22:52Eu só trafego dentro da lei, tu sabe, né?
22:54É, é, não é isso não, rapaz.
22:58Eu vim trazer umas fofoquinhas que eu achei que iam te interessar.
23:02Fofoquinha?
23:03Qual é a parada?
23:03Sabe com o que?
23:04Eu tive um longo papo aí um dia desse.
23:06Penariz e jumento.
23:07Penariz e jumento o que é, rapaz?
23:08Tem mais o que fazer.
23:09Esse tal de virgílio.
23:11Sabe quem é?
23:12Um coroa que mora lá na pousada da bichinha radical.
23:15Você já deve ter visto já a figura por aí, né, pô?
23:16Mas qual é o interesse que eu posso ter no coroa que mora com a bichinha radical?
23:20Calma, rapaz.
23:23Então, o coroa foi lá no cartório para tirar uma série de dois,
23:26a gente engatou uma conversa sobre a pousada, a cidade e tal,
23:29até um papo agradável.
23:31E aí eu senti uma coisa, rapaz.
23:33Senti uma coisa, o papo é agradável, é?
23:36Meu amigo se interessando por homem.
23:38Não é de sacanagem.
23:39Escuta que o Lero te interessa?
23:41Presta atenção.
23:42Ele começou a falar as coisas dele lá,
23:44e aí eu senti que o coroa está na bronca com o moleque, entendeu?
23:49Eu estou achando que o moleque colocou ele de escanteio,
23:52e ele agora está guardando o maior rancor com essa história.
23:55Mas continua trabalhando lá?
23:57Continua.
23:58E apesar de tudo, como homem de confiança do bacana.
24:04É como o velho dizia,
24:05o babaca está guardando um escorpião embaixo do lençol.
24:08Exatamente.
24:10E o assente, der uma forcinha, rapaz,
24:12o escorpião vai lá e mete o veneno no garoto.
24:16Elas terras da pousada são nossas, você sabe disso, né?
24:20Melhor que ninguém, né, Nicolau?
24:21O meu trabalho, pai daquele babaca, aquele tito,
24:25tremendo grilheiro, safado.
24:26Não tinha documento nenhum,
24:27se apossou das nossas fazendas.
24:30Ficou lá um tempão.
24:31Um belo dia, largou de mão, foi embora, não sei por quê.
24:34Aquilo caiu nas mãos dos traficantes.
24:37Inclusive foram eles que construíram a pista de pouso que está lá.
24:40Me lembro, rapaz, os aviões chegavam lá,
24:41ninguém sabia de onde vinha, né?
24:42Então nós recuperamos a documentação e pedimos as terras de volta.
24:46Até que o vagabundo do tito
24:49apareceu lá com uma escritura fajuta
24:51e convenceu o juiz que a propriedade era dele.
24:54Rapaz, até hoje eu não entendo como é que ele conseguiu isso.
24:57Justiça aqui não vale nada, Nazinho.
24:59É.
24:59A gente recorreu, mas eu não estou convencido que vamos ganhar.
25:02O camarada lá do tribunal me falou
25:04para não ficar muito otimista não, viu?
25:06Você vai fazer o seguinte, Nazinho.
25:10Você vai se aproximar o máximo possível desse coroio.
25:13Qual o nome dele?
25:15Virgílio.
25:15Virgílio.
25:17Essa parada na justiça está difícil,
25:18mas eu não vou dar mole para o título.
25:22Você já tem alguma coisa em mente?
25:26Não, ainda não.
25:27Mas é sempre bom ter um amigo dentro das tropas inimigas.
25:32Não.
25:36Mas é sempre bom ter um amigo dentro das tropas inimigas.
26:06Não.
26:06Não.
26:17Poxa cara, não faz isso.
26:19Que vacilo.
26:20Ah, dessa vez eu te peguei, cara.
26:21Você tinha que ver a sua cara.
26:23Ainda posso uma vez te fritar com uma pedra na cabeça.
26:25Isso sim.
26:26Ah, para, você nem me viu chegar.
26:28Sou o Guilherme, o ninja da floresta.
26:30Palhaço.
26:32Eu que estava distraída vendo os malucos saltarem.
26:36Diz aí, o que cê veio fazer aqui?
26:39Fiquei bolado com aquele cara querendo te pegar.
26:41Qual é o lance? Por que ele tava na tua cola?
26:43Direitinho nojento.
26:45Ele tava atrás daquele maluco que anda por aí, aquele velho.
26:48Dei mó volta numa anéia. Depois disso ele me girou de morte.
26:51De morte?
26:53Menino exagera, né, cara?
26:55Não, cê não viu o jeito que ele veio pra cima de mim?
26:57Não, eu não fiquei pra saber qual era. Me mandei também.
27:00Mas diz aí, qual era aquele cara, o velho barbudão que anda por aí?
27:04Qual é a curada dele?
27:05Ah, o velho Bill?
27:07Dizem que ele era um cara normal até uns 30 anos atrás.
27:11Aí chegou um certo dia, ele pirou a geral.
27:13Se enfiou na floresta e passou a viver que nem bicho.
27:16Fugindo das pessoas.
27:18Nossa, que loucura. Por que ele ficou assim?
27:21Ah, o pessoal conta foi porque ele descobriu um segredo que pode acabar com a cidade de Ribeirão.
27:25Que segredo, cara?
27:26Eu sei lá, ué. Se eu soubesse, não seria segredo, né?
27:30Ah, mas escuta a conversa do pessoal.
27:32Mesmo a cascata do tesouro.
27:33Maldade de ficarem perseguindo o velho, né?
27:35É, mas o pessoal não livra a cara, não.
27:38Quando pegam ele, ficam querendo saber de tudo.
27:40Aí que o velho se apavora.
27:42Olha, vai ver, nem tem segredo nenhum.
27:43É só apuração na cabeça dele mesmo.
27:45Não, o pessoal diz que tem sim.
27:47Eu fico bolado com ele.
27:49Você era mais esquisito.
27:51Dá até arrepio.
27:52É só o jeito dele, coitada.
27:54No início eu também fiquei meio grulada, mas eu acho que foi ele que me deixou uma cesta com flores e frutas, sabia?
27:59Eu entendo, viu, cara?
28:00Sozinho, sem amigos, sem ninguém se preocupando com eles.
28:03Eu bati a tacanear um velho, né?
28:05É, mas os caras gostam de perseguir os ferrados.
28:08Se depender de mim, ninguém bota a mão nele.
28:11Mas você também fica sozinha aqui na floresta.
28:13Não tem ninguém pra cuidar de você.
28:15É essa que eu não sou maluca e tenho amigos, né?
28:19Tem sim.
28:21Se você deixasse, eu até cuidava um pouco mais de você.
28:23Me bateu uma fome, de repente.
28:31Vamos jantar comigo lá em casa.
28:33Precisa não, Guilherme.
28:34Eu pego umas frutas no mato, me viro.
28:36Ah, minha mãe falou que ia fazer uma lasanha de irresponsa.
28:39Tem certeza que você vai recusar?
28:41A minha solidão jogou-se fora, escondendo uma chama.
28:45Sem valor, escondendo o melhor que se viveu.
28:53Sônia?
29:22Tá podendo falar?
29:25Tô.
29:26Tô sozinha.
29:27O que foi?
29:28É que eu tenho uma novidade maravilhosa pra gente.
29:30O quê?
29:31É que minha mãe foi pra São Paulo
29:33e meu pai me ligou dizendo que vai chegar muito tarde.
29:37E é pra nem esperar ele pra jantar.
29:39E isso quer dizer que...
29:41Isso quer dizer que o campo tá livre.
29:44Chegou nossa hora.
29:45Vem pra cá.
29:46Ai, meu amor, eu acho que eu não vou, não.
29:49Não sei, tá muito arriscado.
29:51Não tem risco nenhum, meu amor.
29:53Vem logo.
29:54Vem.
29:54Eu já disse que eu não vou, tá?
29:55Por favor, não insiste.
29:56Mas a gente combinou que quando tivesse uma oportunidade...
29:59Não, olha, a gente não chegou a combinar nada.
30:01Eu entendi que sim.
30:02Tá, mas entendeu errado, tá?
30:05André, acabou.
30:06Fim.
30:06Fim?
30:07Fim do quê?
30:09Do nosso namoro?
30:10Não, não.
30:11Fim dos encontros arriscados.
30:13Sei lá, tá limpo agora, de repente suja, sabe?
30:16Aparece alguém...
30:16Você só parou pra pensar se nossos pais descobrem que a gente tá junto?
30:23Não gosto nem de imaginar.
30:26Eu vivo no sufoco.
30:27Então é o seguinte.
30:29Você decide e me liga.
30:31Se a resposta for não, quem vai pensar no assunto sou eu.
30:35André, você tá querendo dizer que se eu não for encontrar com você agora, você vai terminar o nosso namoro, é isso?
30:39Né, já que tá tão complicado, né, que virou um sufoco.
30:42Eu não gosto de ser ameaçada.
30:46Desculpa.
30:48Desculpa.
30:50É que eu tô...
30:51Eu tô, sabe...
30:54Bem...
30:54Foi mal.
30:56Eu não quis te ameaçar.
30:57É, mas ameaçou, né?
30:59Me deu um dá ou desce.
31:01Eu já te pedi desculpas, meu amor.
31:04Desculpa.
31:06Olha, dá um jeito de ver.
31:09Eu tenho uma coisa importantíssima pra te dizer.
31:11Eu vou pensar, tá?
31:14Beijo.
31:16Quem me fala em ponte
31:19Quando eu salto no escuro
31:22Num artefato, projeto, presente, passado
31:26E o futuro
31:28O que será de nós?
31:32Somos crianças tão velhas
31:35Voando nos lençóis
31:38Portados de psicotélias
31:41Oi, dona Marta.
31:46Boa noite.
31:47Boa noite.
31:49Eu vim visitar meu filho.
31:51Olha, por mim a senhora pode visitar o Joca quantas vezes quiser.
31:54Mas precisa da autorização do delegado.
31:57Ainda mais à noite, fora do horário.
31:58Tem horário?
31:59Tem.
32:00E já terminou por hoje.
32:01Eu estive aqui antes, não podia, porque ele tava depondo.
32:05Agora é porque é fora do horário.
32:08Eu quero falar com o delegado.
32:10O delegado está ocupado.
32:11O doutor Ventania disse que eu tenho direito de ver meu filho.
32:16E desde quando eu disse pra senhora que a senhora não tem esse direito?
32:20Olha aqui, ó.
32:21Eu entrei aqui falando direito, com educação, e eu fui destratada.
32:26A senhora nem sequer olhou na minha cara.
32:29Fique sabendo que eu conheço pessoas importantes...
32:31Não me interessa quem a senhora conhece ou deixa de conhecer.
32:33E se a senhora continuar gritando desse jeito aqui dentro...
32:37A senhora vai fazer companhia lá pro seu filho.
32:39Numa visitinha de 24 horas.
32:42Mas agora ouve.
32:43Eu vou deixar a senhora ver seu filho.
32:45Mas antes, eu quero que a senhora saiba o que está acontecendo.
32:49E o que está acontecendo que eu não sei?
32:51Este caso teve séria repercussão.
32:54Caiu como uma bomba lá em Brasília.
32:56E ótimo.
32:57Quanto mais explodir, melhor.
32:59Porque aí você...
33:00Ah, é?
33:00Pois saiba que estão mandando pra cá o pessoal da Federal.
33:04Polícia Federal.
33:06Já ouviu falar?
33:07Sabe pra quê?
33:08Pra dar uma prensa no seu filho.
33:11Pra ele largar de palhaçado.
33:13E curtir a verdade.
33:16O senhor está querendo me assustar.
33:18É bom se assustar mesmo.
33:20Porque agora ele não vai se entender com um coração feito de manteiga como eu.
33:23Vai ser com jeito sinistra, barra pesada, pesadíssima.
33:30O que eles vão fazer com o Jaca?
33:32Não sei.
33:33Eu só sei que eles conseguem fazer até mudo falar.
33:37E como este é um caso de segurança nacional...
33:40É, delegado, delegado, o senhor não acha melhor?
33:44Não, não me interrompa, Marta.
33:47E como o assunto é de segurança nacional,
33:51eles podem levá-lo para uma penitenciária de um outro estado.
33:55Segurança máxima, sem visitinha.
33:57Este rapaz, dona Léia, possivelmente, está metido em coisas cabelutas que a senhora nem desconfia.
34:09Marta, leve a mãe para ver o filho.
34:16Vamos.
34:27Pensaram que podiam chegar aqui e fazer o que bem quisessem na nossa cidade?
34:34Já se tocaram que não é bem assim, né?
34:36O buraco é mais embaixo.
34:38Depois da gente comer, a gente pode jogar videogame.
34:42Não, não.
34:43Para eu perder, você ficar me zoando.
34:45Não mesmo.
34:46Oi, mãe.
34:46Trouxe o chão para comer com a gente.
34:48Oi, filho.
34:49Tudo bem?
34:50Tudo.
34:50Claro.
34:51Pode ficar à vontade.
34:52Vai lá na cozinha.
34:53Tem lasanha no forno.
34:54Se serve lá mesmo, tá?
34:55Tá bom.
34:56Vamos.
34:56Inciença, dona.
34:57Fica à vontade, tchau.
35:03Oi, professor.
35:04Desculpa.
35:05Meu filho que acabou de chegar com o amiguinho para jantar.
35:08Mas o que você estava falando?
35:10Tá quase pronto, filho.
35:13Vai terminando o seu joguinho aí que a gente já vai jantar, tá?
35:16Teve lição de casa hoje?
35:17Não, eu já fiz.
35:19Ah, assim que eu gosto, meu filhote.
35:23E aí, teu pai te falou sobre uma caminhada maluca que ele vai fazer?
35:27Falou.
35:28Mas eu sei que você não vai deixar eu ir.
35:30Ele já falou isso também.
35:31Parece que o Newton faz de propósito também, né?
35:34Ele sabe que eu não quero você metido nessas roubadas.
35:36Ai, que roubada, mãe?
35:37É só uma caminhada.
35:38Não tem nada de mais.
35:39Eu conheço o teu pai.
35:41Pra ele ficar voando naquele aviãozinho, pulando de lá de cima, não tem perigo.
35:45Eu que sei.
35:45Ah, você reclama quando eu fico em casa jogando videogame.
35:48Ai, quando tem uma chance, eu sei que você não deixa eu ir.
35:50Mas eu só quero te proteger, filho.
35:51E quando teve aquele passeio na escola, você deixou eu ir.
35:54Mas agora se eu for o que é com meu pai, você quer ficar de bronca.
35:56Se eu tenho bronca do Newton, é porque ele merece.
35:59Um dia você vai entender.
36:01Eu sei que vocês ficam brigando e sempre sobra pra mim, né?
36:04Pô, caraca, mãe.
36:05Eu queria ir nessa caminhada.
36:06Agora eu só não vou porque você quer se acanhar com meu pai.
36:08Carlos.
36:09Ah, mas é verdade.
36:11Pô, eu tinha que ter escolhido ficar com ele, não pra você.
36:14O quê?
36:15Ah, é isso mesmo.
36:16Se tivesse um juiz aqui na minha frente e me perguntasse com quem eu ia ficar,
36:19eu ia ter escolhido ficar com ele.
36:20Como é que você fala uma coisa dessas?
36:22Você não fala isso nem de brincadeira, tá ouvindo?
36:24Nem de brincadeira.
36:26Tem noção de tudo que eu faço por você, menino?
36:28Não, eu não acredito.
36:30O irresponsável do teu pai, bancando o bonzinho e eu que fico a bruxa da história?
36:34Eu sou o que me faltava, meu Deus.
36:36Olha aqui, Carlos.
36:38Eu não fico andando por aí, não.
36:39Andando uma de radical.
36:41Eu trabalho duro.
36:41Eu lavo suas roupas.
36:42Eu passo.
36:43Eu cozinho pra você.
36:44Eu cuido de você.
36:45Você acha que é fácil pra mim ser a chata da história?
36:48Hein?
36:49Quanto tem gratidão, meu Deus.
36:51Quanto tem gratidão.
37:00Cara, essa lasanha tá demais.
37:10Não falei?
37:11Muito melhor que essas frutinhas aí do mato.
37:15Mas e aí?
37:16Tem certeza que você não vai querer jogar videogame depois?
37:18Não.
37:19Vai, eu te ensino.
37:20Não, cara.
37:20Eu não tenho sapo esses negócios, não.
37:22Chama o Carlos.
37:24Não é ele que é fera?
37:25Ih, a mãe dele é mó jogo duro, cara.
37:27Acho difícil ela deixar ele vir pra cá, viu?
37:28Não deixa o cara fazer nada.
37:30Só fica lá, ó, brigando com o pai dele.
37:31Mas também parece ser legal, né?
37:33É.
37:34Ela pega um pouco no pé, mas no geral ela é maneira, assim.
37:38Meu pai também.
37:39Meu pai é muito bacana.
37:41Cara, deve ser o máximo ter um pai piloto.
37:43Eu tenho muito orgulho dele, sabia?
37:45Quando eu crescer, eu quero ser que nem meu pai.
37:48Mas e você?
37:49Eu o quê?
37:49Como é que são seus pais?
37:51Meus pais?
37:52É.
37:52Você tem pai e mãe, não tem?
37:53Mas vem você com esse papo de novo, né, Guilherme?
37:56Tá, cara.
37:56Eles são legais.
37:57Eu não quero falar disso agora, não, tá?
37:59Eu terminei.
38:00É melhor eu ir embora.
38:01Não, espera.
38:03Você não vai querer dormir aqui?
38:04Eu não.
38:05Se eu ficar, sua mãe vai ficar fazendo um monte de perguntas.
38:08Tá bom.
38:09Mas então eu vou coercer até a sua barraca.
38:11E nem vem dizer que não precisa que eu vou te levar assim, viu?
38:16Vamos.
38:17É verdade mesmo, filho.
38:25Eles vão cair de pau em você?
38:28Conversa, mãe.
38:28Deixa falar.
38:29Que cair de pau é coisa nenhuma.
38:31Fiquei muito nervosa.
38:33É isso que ele quer, mãe.
38:34Para, para.
38:35O juricaba tá com raiva porque o doutor Ventania peitou ele legal bem na frente do promotor.
38:40A senhora precisava ver.
38:41Ele botou o galho dentro e o doutor Ventania tacou latim em cima dele.
38:46O doutor Ventania acha mesmo que pode soltar você?
38:49Bom, ele garantiu que o abas corpus não demora a sair.
38:52Nunca entendi direito esse negócio de abas corpus.
38:55Será que esse povo não pode falar direito?
38:57É latim, mãe.
38:58Latim.
38:59Quer dizer que cada um é dono do seu nariz, que o cara não pode ficar preso.
39:03Qualquer coisa desse tipo, entendeu?
39:04Mas o que importa é que esse troço vai me tirar daqui.
39:09Mas agora me diz aí, mãe.
39:10O que o povo anda falando de mim?
39:12O doutor Ventania disse que eu sou um herói, sabia?
39:15Ele disse que eu mereço as maiores honrarias que a nação reserva para os heróis.
39:21Eu nunca vou me esquecer disso.
39:22Você não vai ficar mentido, hein?
39:25Mas é isso mesmo que estão falando de você.
39:27Na rua, nos bairros, na praça, em tudo que é canto.
39:31Você é o herói de Ribeirão.
39:34E eu virei a mãe do herói.
39:36Até o professor Flores.
39:39Imagina.
39:40Eu fui lá em casa fazer uma visita.
39:42Disse que era para prestar solidariedade.
39:46Coisa fina, garota.
39:49Caramba.
39:51O professor gosta mesmo de mim de verdade, né?
39:53Me dá valor.
39:55E o que mais, mãe?
39:57O que mais?
39:57Mais o quê?
39:58Não chega?
40:00Me diz você.
40:01Como é que está aqui, nesse chiqueiro?
40:03Como é que se pode estar no chiqueiro, mãe?
40:05Mal, né?
40:06Mas o moral está alto.
40:07Nunca teve tão alto.
40:09Esse é bom.
40:10O perigo é subir demais para depois desabar.
40:14Desaba não, mãe.
40:14Desaba não.
40:16Eu disse que meu dia ia chegar.
40:17E chegou.
40:19Matei a cobra e mostrei o pau.
40:20E eu não disse que você ia parar na cadeia?
40:23Parou.
40:23Parou.
40:31Lincoln, por favor, aceita minha honra sincero congratulação por a repercussão internacional
40:40da conspiracia política denuncada em seu brilhante account em Folha da Corredeira.
40:47Oi.
40:49Oi.
40:50Não tinha nem visto entrar.
40:54Traduz para mim.
40:57Traduz.
41:00Lincoln, receba meus sinceros parabéns pela repercussão internacional da conspiração política
41:06denunciada em sua brilhante matéria na Folha da Corredeira.
41:10Nossa, que chique.
41:12Quem é o cara que escreveu isso?
41:14Ah, um colega da imprensa britânica.
41:16Ele morou muito tempo no Brasil.
41:19Ele mandou esse e-mail lá de Londres, lá da Inglaterra.
41:23Então quer dizer que o nosso modesto jornal não é mais modesto, né?
41:27Cara, me cita.
41:28Eu recebi mensagens dos Estados Unidos e de vários outros países da Europa.
41:34Bacana, né, chefe?
41:35Eu vou querer um aumento.
41:37Vai querer o quê?
41:39Aumento.
41:39Querida, ainda não enviaram dinheiro.
41:41Portanto, você pode tirar o seu cavalinho da chuva.
41:44Bom, chefe.
41:45Eu tenho que reconhecer que você é muito esperto.
41:48Eu não tinha entendido aquela coisa de golpe jornalístico,
41:51mas eu tenho que assumir que foi uma jogada de mistura.
41:54Presta atenção.
41:56Aprende.
41:57Não bastava publicar a história do manifesto, Carmen.
42:00Tinha que vir junto a foto do Joca preso, compreende?
42:03Olha.
42:05Vivendo e aprendendo.
42:07Hum.
42:08Hum.
42:09Hum.
42:0999% do que eu aprendi foi aqui dentro, no dia a dia da redação.
42:1599%.
42:16O resto é o resto.
42:24Escuta, deixa eu te perguntar.
42:26Você topa ir lá no Barajito tomar um shopping?
42:28O que você acha?
42:29No Barajito?
42:30Sim.
42:31Agora?
42:31Olha, eu acho melhor não, porque depois a sua mulher não vai gostar e vai ficar melhor do todo.
42:36Deixa eu te dizer uma coisa.
42:38A grande virtude da minha mulher, a Patrícia, é que ela não se mete na minha vida.
42:43E nem eu me meto na vida dela.
42:45E depois tem uma coisa.
42:46Ela tá em São Paulo, que é muito longe daqui.
42:48E também não tem por que se preocupar, né, gente?
42:50Então, então vamos.
42:51Não falei que a sua mãe ia mexer de perguntas?
42:59Se eu dormisse lá, não ia ter como escapar do interrogatório.
43:01É, mas mãe é tudo assim mesmo.
43:03Fica querendo saber de tu.
43:05É, mas eu não posso dar mole, né, Guilherme?
43:06É, mas também não vai dar pra você segurar essas mentiras durante tanto tempo, né?
43:12Tô sabendo.
43:14Vou levando até quando der.
43:15Se a barra ficar pesada demais, eu vaso.
43:17Mas você tá pensando em ir embora daqui?
43:20Não, eu gosto de Ribeirão.
43:22Eu consigo faturar uma grana pra pagar um rango, me divirto a besta zoando na praça.
43:26Ainda tem uma barraca super maneira só pra mim.
43:28É, mas isso não é uma casa de verdade, né?
43:30Não sei, mas pra mim tudo bem.
43:34Não se preocupe com isso, não.
43:36É que eu me preocupo com você, Diana.
43:38Sabe, todas essas mentiras,
43:42você dormindo no meio do mato sozinha,
43:45e você ter um nome tão bonito,
43:47ninguém pode te chamar assim.
43:50Você pode.
43:53Posso?
43:54Se não for otário pra falar na frente de todo mundo.
43:57Olha lá, hein, Guilherme.
43:59Diana.
44:00Você tem os olhos tão bonitos, sabia?
44:20Diana.
44:21Diana.
44:21Eu, queira.
44:22Она.
44:23Eu, queira.
44:24Essa verdadeira.
44:27Ela ter fama.
44:28E aí, quebra.
44:30Eu, queira.
44:31Carol Jeste.
44:32Daniel.
44:32Eu, queira.
44:41Deixa.
44:43Transcrição e Legendas Pedro Negri
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