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Transcrição
00:00O que é o Tito?
00:30A situação da pousada não estaria tão ruim
00:35Se não fossem as retiradas de uma certa pessoa
00:39Qual é, Virgílio?
00:42Queria tirar mais dinheiro nenhum, não
00:43Você é que me obriga
00:45Acontece, meu bem
00:48Que nós somos sócios
00:50E eu apenas sugiro
00:53Eu não obrigo
00:54Gostou do jantar?
00:57Maravilhoso
00:57Aliás, vindo de você não podia ser diferente
01:00Classe
01:01É um atributo que se estende a tudo que a pessoa toca
01:05Assim eu vou enrubecer
01:08O Ajoricaba aceita o meu conselho
01:10Sai do meu pé
01:11Falta pra tua delicacia
01:13Porque você deve ter algum trabalho a fazer
01:15Afinal de contas, o povo te paga pra isso
01:18Isso é desacato, autoridade
01:20Não vai ser o meu jornal que vai te ajudar a desvendar essa situação
01:24Você tem que a obrigação de esclarecer essa tal de conspiração azul
01:30Desmantelar o bando
01:32E botar todo mundo na tua cadeia
01:35Ela não é o senhor que vai me ensinar a minha obrigação
01:38Viu, seu livro?
01:39Qual o seu nome, rapazinho?
01:41Tião
01:41Da madame eu já sei
01:43É Arminda, né?
01:44Também com essa roupa bacana, com esse cabelo
01:46Chama logo a atenção
01:47Não é tão que faria o dago ficar mole que nem mingau quando a senhora passa
01:51Tião
01:56Tião, será que você me faria um favor?
01:59Claro, faço baratinho pra senhora
02:01Será que você pode levar um bilhetinho pro Farinha d'água?
02:07Mas...
02:08Lá na delegacia?
02:09Onde pode ser?
02:10Não é lá que ele está?
02:13Não, é que eu...
02:14Esse negócio de cana eu não gosto muito
02:16Prefiro ficar longe
02:17Eu ia te dar uma gorjeta bem interessante
02:20Mas...
02:21Não, não, pode deixar
02:22Eu faço o bilhete chegar até ele
02:24Tenho certeza?
02:26Tenho?
02:26Pode mudar
02:27Segura, por favor
02:30Aqui está
02:45Nossa, quando o Farinha d'água souber que o bilhete é da senhora
02:49É capaz dele sair voando pelas grades
02:51Valeu
02:57Bom dia, doutor Bruno
03:11Doutora Arminda
03:12Bom dia
03:13Então, a senhora já soube da reviravolta que aconteceu no caso do assassinato do senador?
03:18Sim
03:19Eu já li o jornal local
03:20Realmente, Ribeirão do Tempo é surpreendente
03:23Conspiração política
03:24Quem diria?
03:26E eu não consigo nem imaginar quem possam ser esses conspiradores
03:29Ah, muito menos eu, doutor Bruno
03:31Entre as lendas de Ribeirão
03:32Tesouro, Desaparecido, Caça-cuecas
03:35Eu acho que nada mais me surpreende nessa cidade
03:37Então, agora
03:38Se esse joca não for mesmo um assassino
03:40Aí é que a coisa fica ainda mais complicada
03:42Tem razão
03:43Seria muito mais fácil se o assassino fosse o Gocó da praça
03:46Bom, vamos trabalhar
03:48Eu tô na minha sala
03:49Se precisar de mim
03:49Aqui
03:50Tô pedindo
03:50Fala, Guilherme
04:04E, tudo bem?
04:05Tudo, e você?
04:06Ótimo
04:07Escuta, cara
04:07Você não quer me quebrar um alho, não?
04:09O quê?
04:10Sim
04:10Vou entregar um bilhete com o mané que tem o cano
04:13Como é que é?
04:14Pra um preso?
04:16Não vai me dizer que é esse pra um jornal, né?
04:18É esse mesmo
04:19Ficou malu
04:20Cara
04:21Tô fora dessa, viu?
04:24Lá que se otário, moleque
04:25Tem medo de tudo
04:26Nunca vi
04:27Bom, por que você mesmo não entrega, hein?
04:30Não
04:30Da delegacia eu quero distância
04:32Sempre desconfia
04:35Que você tinha uma inquireca com a polícia, não tem?
04:38Se amala pra caramba, viu, Guilherme?
04:40Eu não quero ir lá porque vão se invocar comigo
04:43
04:43Fazer perguntas
04:44Mas qual o seu lance com o cara que tá preso?
04:47Porque você quer mandar um bilhete pra ele
04:48Olha só, Guilherme
04:49Mas se você não pode ajudar, tudo bem
04:51Eu me viro
04:51Não
04:54Espera
04:56Eu entrego pra você
04:57Só que eu vou ter que correr pra não chegar atrasado na escola
05:00Dá um bilhete aí
05:02Valeu
05:04A gente se vê depois da aula
05:05Tchau
05:06Tchau
05:07Olha aqui o que você fez
05:32Ainda ficou a marca
05:34Olha
05:40É um arranhão
05:42Doeu muito?
05:45Doeu
05:45Doeu muito
05:47Chega mais perto pra você ver como é que ficou
05:51Sou fã do seu jeito
05:53Sou fã da sua roupa
05:57Sou fã desse sorriso estampado em sua boca
06:03Sou fã dos seus olhos
06:07Seu fã sem medida
06:10É desgraçado
06:11Eu sou fã número um e com você sou fã da vida
06:17Sala
06:19Quero convencer seu coração
06:23Que o meu amor foi feito pra você
06:29Quero te dizer que essa paixão
06:35Não encontra outra forma pra dizer
06:40Sai daqui
06:48Sai
06:49Sai
06:49Sai
06:49Sai daqui
06:52Sai
06:55Sai
06:55Sai de mim
06:55Sai de mim
06:57Seu ímútil
06:58Sou fã
07:02Sou fã dos seus olhos
07:06Sou fã sem medida
07:09Sou fã número um
07:13E com você sou fã
07:15Da vida
07:18Claro, afinal de contas, o senhor é o chefe de polícia
07:30E eu compreendo perfeitamente que a cobrança cai em cima do senhor
07:34Eu compreendo perfeitamente
07:36Mas é o que eu estava dizendo
07:38A empresa é infernal
07:40Se fosse em outros tempos, eu ia lá e...
07:43Desculpe, eu nem devia ter falado nisso
07:46Desculpe
07:47Só fique tranquilo que...
07:49Quero muito a frente
07:50Quero muito a frente
07:51Quero muito a frente
07:55Nós estamos apurando
07:57Sim
07:58Claro
07:59Imagina, doutor
08:00É
08:00Eu vou lhe apresentar resultados
08:05É, claro
08:06Brasília fica pegando no seu pé
08:08Até os pessoal de gabinete
08:11É algo aloprado lá, doutor
08:13O que você quer, rapazinho?
08:15É, eu quero entregar uma encomenda
08:17Para um cara que está preso aqui
08:19O seu Joca
08:20Encomenda?
08:22É, é isso aqui
08:23Será que eu posso ir lá entregar?
08:33O caso é que na última decolagem
08:34Eu cheguei a sentir um cheiro de queimado dentro da aeronave
08:37Depois desapareceu
08:38Silvio, eu dei uma geral em todo equipamento
08:41Inclusive na parte elétrica
08:42Está tudo perfeito, cara
08:43Não consigo imaginar
08:45De onde saiu esse cheiro de queimado
08:46Será que não foi impressão sua?
08:50Às vezes
08:50Onde eu estou?
08:52Eu já tenho um tempinho de voo nessa vida, meu irmão
08:54E também te garanto
08:55Que ninguém acendeu o cigarro nem da aeronave
08:57Então de algum lugar
08:58Esse raio de cheiro saiu
08:59Mas se você tem certeza
09:01Tenho certeza sim
09:02Mas vou verificar de novo
09:04Responsável pela manutenção sou eu, não sou?
09:07Tem pessoas que dizem que esse lance de ser esportista e mecânica
09:10Ao mesmo tempo é furada
09:11Me garanto as duas pontas
09:13Você sabe disso
09:14Sei sim
09:15Estou brincando, amigão
09:17Não
09:19De qualquer forma vou fazer outra revisão
09:22Sei lá, né?
09:23Vai que dá uma ziquezira aí
09:24Vai dar ziquezira coisa nenhuma
09:26Imagine um avião sendo pilotado por mim
09:28E tendo uma assistência técnica sua
09:30Vai dar ziquezira
09:30Mas olha, foi a maior sorte a gente estar trabalhando junto
09:34Eu, você e o Tito
09:35Não precisa de mais nada
09:36Também acho
09:37Antes do Tito me chamar pra cá, cara
09:39Minha vida profissional estava tão chata, tão enrolada
09:41Eu já estava pensando em partir pra outra completamente diferente
09:44Trabalhar com os amigos é outro lance, meu irmão
09:47Lógico
09:48Os amigos são competentes, né?
09:50Porque quando são perebas, meu irmão
09:52Aí a coisa fica mais sinistra, hein?
09:54Você se lembra daquele cara lá de São Paulo que dizia maneiro?
09:57Quase matou o jeito
09:58Porra
09:58E não mais longe eu vou
10:02O que você tá fazendo aí tão concentrada?
10:13Que susto, Carmen
10:14Poxa
10:16Tô finalizando aqui o relatório do resort
10:18Dessa vez esse pessoal vai se dar mal
10:21Quem?
10:22O pessoal do resort, claro
10:23Ah, eu resolvi trabalhar aqui porque lá no escritório toda hora tem alguém pra atrapalhar
10:28Isso não é uma indireta, ou é, irmãozinho?
10:31Deixa de ser ridículo
10:31Mano, eu posso te fazer uma pergunta?
10:35Claro
10:35Até que ponto uma mulher pode ir pra conquistar um homem?
10:40Por que essa pergunta?
10:41Não interessa
10:41Desembucha
10:42Ai, foi só uma curiosidade que me bateu
10:44E eu posso saber quem foi o cara que despertou essa curiosidade em você?
10:48Ninguém, Ellen
10:49Olha só, se você quiser responder, tudo bem, senão eu vou embora, tá?
10:52Ei, ei, ei, volta aqui, senta aí
10:54Nervosa
10:55Vamos pensar, porque é difícil falar assim
10:58Ai, acho que, acho que cada mulher tem seu limite, mano
11:02Mais da consciência, do desejo
11:05Tá aí
11:06Qual foi o seu limite pra fisgar o senhor?
11:09Que pergunta, hein?
11:13Sei lá, nem lembro
11:15Ai, talvez as mulheres tenham cada vez mais que ultrapassar seus limites pra conquistar
11:20Ou segurar esses babacas
11:22Eita, quanta amargura
11:24Se o casamento tá em crise, eu sempre achei que fosse a união perfeita
11:29Não existe a união perfeita
11:30Mas eu vou te dizer que se tivesse em crise, seria muito melhor
11:33Essa eu não entendi
11:34Quando a gente tá em crise, pelo menos a gente conversa, sabe?
11:37Pra tentar melhorar a relação
11:38Agora se fica nesse marasmo, tudo é mais importante que a relação
11:42É muito desgastante
11:44E perigoso
11:46Perigoso?
11:47Qual o perigo?
11:48O que que é, hein, Carmen?
11:50Vai ficar me enchendo de pergunta?
11:51O que que é isso?
11:52Tô trabalhando, dá licença, tá?
11:53Se você não tem nada pra fazer, eu tenho um relatório pra terminar
11:56Agora você botou mais dúvida na minha cabeça
11:58Bem feito
11:59Quem mandou me perguntar?
12:01Agora me deixa trabalhar, tá?
12:04Eu tô sozinho
12:05E você chegou
12:07Me dando carinho, amor e atenção
12:10Uh-huh
12:10Eu tô sozinho
12:12Eu tô sozinho
12:14Música
12:43O que foi, cara?
13:04O que foi? O que?
13:05Tô olhando o que?
13:06Mesmo que você? O que você tá olhando?
13:09Olha a tua conta. Pega as tuas coisas e vai.
13:13Você não manda em mim?
13:14Ninguém manda em mim.
13:16Não vai te catar, o marreco.
13:18Não vou. E marreco é a senhora sua mãe.
13:22Marreca.
13:24Você é esquisito pra danar, hein, cara?
13:27E você não é nada.
13:29O cara é maluco, mas até que é engraçado.
13:31Você tá morando na rua que eu sei.
13:34Tá comendo na rua. Moleque de rua, rua, rua, rua.
13:37Vem cá, você já nasceu assim ou foi susto que levou?
13:39Quer que eu chamo a polícia pra te prender?
13:45O que foi?
13:46O que é que tem lá?
13:50Vai lá ver e depois me conta.
13:53Maluco.
13:54É você.
13:56Doido, doido, maluco, maluco, doido, doido.
13:58Diz logo, garoto.
14:00É...
14:01Que bilhete é esse aí que você quer entregar pro preso?
14:03É só um bilhete, eu juro.
14:04Pode olhar, não é nada demais.
14:06Sei. Qual é seu nome?
14:08Guilherme.
14:09E aonde você mora?
14:10Aqui em Ribeirão mesmo.
14:11Sim, mas onde Ribeirão?
14:12Quem são seus pais?
14:13Isso é castigo de fim de carreira.
14:16Eles querem me detornar antes da minha aposentadoria.
14:19Mas o que foi, delegado?
14:21Você não faz ideia do que eu tive que ouvir do chefe de polícia.
14:25Lá na secretaria, eles têm certeza que fui eu que deixei vazar esse negócio aí do...
14:31desse manifesto aí, sei lá.
14:33Imagina.
14:34Pelo visto, a notícia já correu.
14:36É, e o culpado foi aquele miserável do Lincoln, dele e do jornalé com vagabundo que ele escreve.
14:42Ô, meu Deus.
14:43E como é que ele foi conseguir essa informação?
14:45Como?
14:46Como?
14:46Eu não faço ideia, doutor.
14:49Mas com certeza o preso deve saber.
14:52Eu vou descobrir.
14:53Eu vou descobrir.
14:55Mesmo que tenha que arrancar o pelo daquele vagabundo.
14:59Eu vou descobrir.
15:00Doutora Juricaba.
15:01O que foi?
15:02Olha o menino.
15:04O que é esse garoto aí?
15:06Andou roubando manga de algum que tal, moleque?
15:09Não, não, senhor. Não fiz nada.
15:11Ele disse que tem uma mensagem pro detido.
15:13Mensagem?
15:14Essa agora.
15:17Quer dizer, então, que eles estão aliciando conspiradores menins agora, é?
15:25Não, não, senhor. É só um bilhete.
15:27Eu não fiz nada disso.
15:28Calma, doutora Juricaba.
15:29Por favor, ele é apenas uma criança.
15:34É.
15:34Você não precisa ficar assustado, não.
15:36Viu?
15:37É que eu estou um pouco nervoso.
15:39Você não sabe, você não tem ideia das responsabilidades de um homem da lei.
15:45Entende?
15:46Mas eu não vou autorizar entregar nada ao preso.
15:50Ele continua incomunicável.
15:52Você sabe o que é incomunicável?
15:54Doutora Juricaba, olha, é apenas um bilhete.
15:58E depois o Joca, com essa exposição toda dele, o senhor não acha que é melhor a gente ser um pouquinho mais flexível?
16:06Sim, porque o homem virou praticamente uma celebridade.
16:09Celebridade.
16:14Celebridade.
16:15Um detetivinho de araque, um desocupado.
16:20Celebridade.
16:22Esse mundo está perdido mesmo.
16:24Tudo bem.
16:25Depois eu não quero que digam que eu não respeitei os direitos de um vagabundo.
16:32Lá, pega lá, pega.
16:35Agora tem o seguinte, irmão.
16:36Tem o seguinte.
16:36Verifica direitinho se não tem nenhum código, nenhuma mensagem secreta aí ou coisa que não fale.
16:43Deixa eu ler, garota.
16:50O que diz aí?
16:53Não, não é perigoso não, doutor.
16:54Louvagem.
16:55Mas é melhor o senhor nem saber pra não ficar mais irritado.
17:06Levanta aí, Joca.
17:21Correspondência pra você.
17:25Correspondência?
17:25É, mandaram entregar isso aqui pro senhor.
17:28Quem mandou?
17:30Um amigo meu.
17:31Ele mandou dizer que...
17:33Disse que era pra falar pro Farinha d'água, que é a dona Rosquinha Doce, lá da cidade, que mandou entregar.
17:38Rosquinha Doce?
17:40Ah!
17:43É que é uma parenta minha.
17:45É brincadeira de família.
17:47Bom, você já entregou o bilhete, menino.
17:49Pode ir embora.
17:50Valeu, Farinha d'água.
17:51É, você tá famoso, seu Joca Pelago.
18:00Eu? Famoso?
18:02Você vai entender quando ler o jornal.
18:04Eu saí no jornal?
18:06Eles tão falando de mim, é?
18:07Muita coisa.
18:08Você virou celebridade em Ribeirão.
18:11Agora você não faz ideia como o delegado ficou satisfeito com tudo isso.
18:16Inclusive, daqui a pouquinho ele deve vir aqui, cumprimentar você.
18:21Guarde o seu sorriso só pra mim.
18:49Eu te dou o universo em meu olhar.
18:56Coisa gostosa na tela se dá, que simpatia tem.
19:01E coisa louca também, antipatia tal.
19:04Eu entro pela novela, que empatia tem.
19:06Saio na vida real, é fantasia tal.
19:09Vejo na tela você, tá que cardia dá.
19:11Dizendo a cena final, a vida como ela é.
19:14Eu quero ver, bato o pé pra botar moral.
19:17Trambique, politiqueiro, telecomunicado.
19:21A coisa fica pior, telecomunicado.
19:23Mas o que vai dar o nó, telecomunicado.
19:26É nosso amor virapó, telecomunicado.
19:28Pois somos dois em um só, telecomunicado.
19:31Até a terra virar, teleco, nosso xodó.
19:35Claro, doutor Enio, claro.
19:48Vamos fazer a reunião.
19:50Não se preocupe.
19:52Eu aviso o madame de Red.
19:53Estaremos esperando pelos senhores.
19:55Até logo.
19:56Dá licença, doutora.
20:00Escuta, só pra avisar que as planilhas que você pediu já ficaram prontas.
20:03Está muito bem.
20:04Obrigada.
20:05Acabo de falar com os advogados que estão cuidando da ação
20:08movida pelo doutor Flores contra o Resort.
20:10Ah, sim.
20:11Eles ligaram pedindo uma reunião urgente.
20:13Estão vindo do Rio de Janeiro só pra isso.
20:14Reunião urgente?
20:15E pra quando foi marcada?
20:17Eu adoraria participar.
20:18Eu ainda vou confirmar o horário com a dame do Cal, mas eu te aviso.
20:21Ótimo.
20:21Claro, se ela achar por bem que você deva participar.
20:24Ah, claro.
20:25Ótimo.
20:25Então, por favor, doutora, se informe e depois me comunico que a madame decidi.
20:29Com certeza.
20:30Pode deixar que eu te comunico.
20:34Ai, diabos.
20:36Foi comigo?
20:37Está nervosa comigo?
20:38Não.
20:40Me perdoe, doutor Bruno.
20:41Não tem nada a ver com o senhor.
20:43Sabe quando às vezes a gente tem um gesto irrefletido e depois se arrepende?
20:48Eu não sei porque às vezes a gente é tomado por piedade por pessoas que não valem o prato que comem.
20:52Problemas pessoais.
20:57Eu vou ligar pra madame.
20:59Tá.
20:59Tá.
20:59Guarde o seu sorriso só pra mim.
21:11Eu te dou o universo em meu olhar.
21:16Se sentir na pele um arrepio.
21:25São meus dedos te tocando pra te contar.
21:32Eu sou fã do seu jeito.
21:38Eu sou fã da sua roupa.
21:41Eu sou fã desse sorriso só pra mim.
21:45O que é isso?
21:47Foi um acidente.
21:49Foi um acidente.
21:50A senhora não precisa se assustar.
21:55Ela me ama!
21:57Ela me ama!
22:00Ela me ama!
22:02Ela me ama!
22:02Ela me ama!
22:04Ela me ama!
22:05Ela me ama!
22:17Vagabundo está gritando lá dentro.
22:19Belegado, eu acho que é cama.
22:21Ou então cana, né?
22:23Deve estar querendo uma cana.
22:27Cala a boca aí, vagabundo!
22:29Você vai ver a cana que vai beber.
22:31Delegado, você quer que eu vá até lá dentro
22:35pra dar um sossego lá no elemento?
22:37Não, não, não.
22:38Não precisa não, virado.
22:39Agora, se ele não calar a boca,
22:41eu quero que você echa um balde de água
22:43estupidamente gelado.
22:45Vai lá dentro e joga nele.
22:47Pode deixar.
22:53Tudo bem, Arminda.
22:55Mais uma chatice.
22:56Mas o que você há de fazer?
22:57Confirme a reunião para o final da tarde.
23:01Até logo.
23:07Elsa?
23:08Sim, senhora.
23:09Por favor, chame o Walter pra mim.
23:11Sim, senhora.
23:12Com licença.
23:20Estou aqui, madame.
23:21Ah, Walter, temos que dar um jeito.
23:24A situação está muito mal parada,
23:25como vocês dizem.
23:26O que a senhora está falando?
23:27De tudo.
23:29Estou perdendo a paciência.
23:31Hoje é a ação que o Palerma,
23:34do doutor Flores, move contra nós.
23:37Vão fazer uma audiência pública
23:39para determinar o impacto
23:41do nosso empreendimento na cidade.
23:43Agora, você pode imaginar
23:44o que vai acontecer, não é?
23:46Os nossos adversários vão se mobilizar
23:48e a coisa vai pegar fogo.
23:50Se pelo menos o motivo principal
23:52da minha vinda a este cafundó
23:53estivesse avançando,
23:55mas não, nós estamos aqui
23:57parados no lugar.
23:58A senhora está falando
23:59da busca pelo seu filho.
24:00E o que mais podia ser?
24:01Depois das intermináveis confusões
24:04que têm ocorrido aqui na cidade,
24:07ficou inviável.
24:08Ah, Valter, eu estou tão cheio
24:09de dúvidas agora.
24:12Me diz uma coisa.
24:14Você tem certeza
24:16de que aquele que procuramos
24:18está realmente aqui na cidade
24:20de Ribeirão do Tempo?
24:21E é agora que a senhora vai pôr dúvida.
24:26Valter, por favor,
24:27não fique zangado comigo.
24:29Eu não estou menosprezando
24:30o seu trabalho,
24:31mas é que eu não tenho
24:32mais paciência.
24:34Nunca tive muita.
24:36E sempre que alguma coisa
24:37empaca muito,
24:38eu acabo perdendo a paciência
24:39de vez e tenho vontade
24:41de largar tudo para lá.
24:42Eu contei para a senhora
24:43toda a minha investigação,
24:46todo o caminho percorrido
24:48para chegar à conclusão
24:50de que seu filho,
24:53se vivo ou for,
24:55mora em Ribeirão do Tempo.
24:57Não se aborça,
24:58mas conte de novo.
25:01Vamos analisar tudo outra vez.
25:06Você não pode engatar
25:08na tristeza desse jeito, querida.
25:12Todo mundo morre, Marisa.
25:15Não tem jeito.
25:16Eu, você,
25:17esse povo todo
25:18que está andando
25:18nessa praça agora,
25:20um dia todo mundo
25:20vai morrer.
25:22Não tem jeito.
25:24Se a gente ficar pensando nisso,
25:25a gente não vive.
25:27Você sabe quantos anos
25:28eu fui amiga da Eleninha?
25:30Eu já até perdi a conta.
25:33Não é assim, não.
25:34Morreu, acabou.
25:35Eu nem disse que morreu, acabou.
25:38Eu também gostava da Eleninha.
25:41Porra,
25:41mas só que a Eleninha morreu,
25:43está enterrada,
25:43você está aqui, viva.
25:45Tem que viver, mulher.
25:48Bola pra frente.
25:50Eu não valho nada.
25:53Eu não sou teu amigo também,
25:54não estou aqui com você.
25:56É, sim.
25:57Tem razão.
25:58Você sabe de uma coisa
26:03que me ajudou nisso tudo?
26:05Que me fez bem?
26:06O que é?
26:07Foi a Rika sair desse tal de resort
26:09e ter ido jogar aquelas flores
26:10na cova da Eleninha.
26:12Aquela coroa lá
26:12ganhou meu coração,
26:13querê?
26:14Fora, no mais,
26:16eu só sinto uma baita solidão.
26:20Eu vou te dizer uma coisa,
26:22presta bem atenção, hein?
26:24É uma pergunta.
26:27Você quer casar comigo?
26:29O único dado concreto
26:34que a senhora tinha
26:35era o nome da moça
26:36que a senhora tinha dado
26:37ao seu filho,
26:37a tal de Maria Auxiliadora.
26:40E a informação
26:40de que ela tinha se mudado
26:42logo em seguida
26:42para uma cidade vizinha,
26:44Cabreira.
26:44É, isso foi a última vez
26:47que eu tive uma notícia
26:48da Maria.
26:51Naquela época
26:52eu estava na Europa,
26:53tinha acabado de me separar
26:54do sujeito
26:55que me tinha levado para lá.
26:57Minha vida estava
26:58muito complicada,
26:59não podia pensar
27:00em menino que larguei.
27:02E o que eu descobri
27:04em Cabreira
27:05é que Maria Auxiliadora
27:06morreu ainda muito jovem.
27:08Eu encontrei uma senhora
27:09que havia conhecido
27:11e essa senhora me disse
27:12que o menino
27:13tinha sido entregue
27:14a um orfanato.
27:15Certo.
27:16E do orfanato
27:17não se tem mais
27:17nenhuma notícia.
27:19Acabou décadas atrás,
27:21não deixou nenhum documento,
27:22nenhum registro,
27:24nada.
27:24Mas então como foi
27:25que você chegou
27:26à conclusão
27:26de que o menino
27:27tinha voltado
27:28para Ribeirão do Tempo?
27:29Porque essa senhora
27:30que conhecia
27:31Maria Auxiliadora
27:32sabia que o menino
27:34tinha sido adotado
27:35por um casal
27:36mais idoso.
27:37E esse casal
27:38uma vez foi visto
27:39na cidade
27:39com o menino.
27:41Aí ela entendeu
27:42que eles moravam
27:43aqui em Ribeirão do Tempo.
27:44Mas ela não se lembrava
27:45do nome desse casal,
27:48do nome que foi dado
27:49ao menino,
27:50nada?
27:51Nada.
27:51Disso tudo
27:52ela não se recordava
27:53mais nada.
27:56Walter,
27:58os indícios que temos
28:00são muito poucos.
28:02Isso eu disse
28:03para a senhora
28:03antes da senhora
28:05resolver vir para cá.
28:06eu adoraria
28:08tomar um uísque
28:08neste momento,
28:10mas como ainda
28:10é dia claro,
28:12eu vou pedir um chá
28:13para nós dois.
28:17Vamos nessa?
28:18Espera aí,
28:19eu estou ouvindo direito,
28:20você quer que eu case
28:21contigo?
28:22Quero.
28:22onde é que está a graça?
28:33Ué,
28:33a graça,
28:34querido,
28:34a graça está aqui
28:35em você de marido,
28:36só pode ser piada,
28:37né?
28:38Eu imagino muito bem
28:39o que a tua falícia
28:40de mulher deve ter passado
28:41na tua mão.
28:42Não fala da minha mulher
28:43que eu não gosto
28:44desse assunto,
28:45eu já falei
28:45mais de mil vezes.
28:47Ué,
28:47mas você vive
28:48falando dela.
28:49Ué,
28:50eu posso,
28:50né?
28:52Tá certo.
28:53Mas não é só como marido,
28:54não,
28:54é como pai também.
28:56Eu sei o perrengue
28:56que é a vida da Filomena
28:57por tua causa.
28:59E como filho,
29:00você também não deve
29:00ter dado muitas alegrias
29:02ao papai e à mamãe,
29:03né?
29:04Até que os meus pais
29:05se davam bem.
29:06Às vezes ele enfiava
29:08o braço nela
29:09e ela dava o troco.
29:11Quem separava
29:12os dois era eu.
29:14Depois vinham os dois
29:15chorando,
29:15pedir desculpa,
29:16me agradecer,
29:18até que eu fui
29:18um bom filho,
29:19sim.
29:20e sou um bom pai também.
29:23Eu poderia ser
29:24um bom marido
29:26pra você.
29:30Quer casar ou não quer?
29:31Não vou perguntar de novo, hein?
29:35Muito obrigada,
29:36mas eu tô cheia
29:37de sarna pra me coçar.
29:41Mas,
29:41me diz uma coisa,
29:44você casa comigo
29:45sabendo da vida
29:45que eu levo?
29:47Ué,
29:47é claro que eu casaria.
29:48caso,
29:51só você deixar
29:52de levar essa vida
29:53e parar de sair
29:54com esses babacas
29:55por aí.
29:56Tá.
29:59Tudo bem.
30:00Vamos fazer um trato,
30:01então.
30:02No dia em que você
30:03parar de beber,
30:04não puser mais uma gota
30:05de álcool na boca,
30:06nesse dia
30:07eu também paro
30:08de sair com outros caras
30:09e a gente casa.
30:10nem uma gotinha?
30:13Não uma gotinha.
30:15Ai,
30:16é covardia,
30:18tá forçando a barra,
30:19meu amor.
30:21Ei,
30:22querência,
30:22você não tá mais jeito,
30:24não.
30:25Vamos deixar do jeito
30:25que tá.
30:26muda de assunto.
30:29Oi.
30:30Oi.
30:31Passeando?
30:32Fica aqui com a gente.
30:33Não posso,
30:33eu tô sem tempo.
30:35Tô pensando em visitar o Joca.
30:36Soltaram o Joca?
30:37Não.
30:38Não soltaram,
30:39tô pensando em ir na cadeia mesmo.
30:40Caramba,
30:41o Joca ficou famoso,
30:42gente.
30:43Será que eles deixam visitar?
30:44Não.
31:10Para.
31:11Ah,
31:11é só um carinho.
31:12Dispenso.
31:13O azar é seu.
31:15Mas e aí?
31:16Como é que nós ficamos?
31:17Fez a operação financeira
31:19que eu mandei?
31:20Claro que não.
31:22Pensei que você tivesse desistido.
31:24Olha,
31:24você não tem que pensar nada,
31:26Gracinha.
31:27Você só tem que obedecer.
31:29E aí?
31:30Como é que nós ficamos?
31:31Virgílio,
31:32vai ser um rombo muito grande,
31:33uma loucura.
31:34Dane-se.
31:35Eu estou sem grana.
31:37Não tem menor cabimento.
31:39Não tem cabimento.
31:40É eu ficar liso,
31:42feito uma prancha de surf.
31:44Com todos os meus diplomas.
31:47Depois de uma vida
31:48dedicada a toda essa gente,
31:50sem cabimento,
31:51é eu receber esse salário sórdido.
31:53Ai,
31:53que exagero,
31:54Virgílio.
31:55Acho que até para o começo
31:56eles estão te pagando muito bem.
31:57Puxa saco.
31:59Estão sim.
32:00Estaria se o Tito
32:01tivesse me dado sociedade.
32:03Mas não.
32:04Ele se acha mais bacanão
32:06que o pai dele,
32:07que me respeitava
32:08e me deu sociedade
32:09em alguns negócios.
32:12Sua energia está revirando
32:12o meu estômago.
32:14Mas esse moleque
32:15é muito ambicioso.
32:18Ele não quer dividir nada.
32:21Eu quero que ele e a gostosona
32:24da mãe dele se explodam.
32:26Isso para não dizer coisa pior.
32:28Meu Deus,
32:29como você é ressentido,
32:31Virgílio.
32:32Ninguém imagina o ódio
32:33que existe
32:34atrás desse seu sorrisinho falso.
32:37Cala essa sua boca,
32:39algracinha.
32:40Me culpe com a tua obrigação.
32:44Eu vou dar um giro.
32:46O patrão,
32:47ele quer conversar comigo.
32:49E quando eu voltar,
32:51eu quero essa parada resolvida.
32:53Entendeu?
32:53Troca.
33:09Estou perdida.
33:12O que eu faço da minha vida?
33:14E aí, meu amor?
33:34Recebeu o meu recado?
33:36Recado?
33:38É claro que eu recebi, né,
33:39pastel?
33:40Senão eu não estava aqui.
33:40É, engraçadinha.
33:41Então vem cá.
33:42Estou morrendo de saudade
33:43dessa boca.
33:46André, cuidado.
33:47Não é perigoso
33:48que pode aparecer alguém.
33:49Não vai aparecer ninguém,
33:50gatinha.
33:51Relaxa.
33:52Olha, se aparecer,
33:52não tem problema.
33:54Lembra da última vez
33:54que a Carmen pegou a gente?
33:55Lembro, claro que eu lembro, né?
33:57O nosso foco
33:57ficou mal pra caramba.
33:59Que sufoco o quê?
34:00Ela prometeu que não ia falar
34:01nada pra ninguém
34:02e não falou.
34:02Sorte que foi a Carmen, né?
34:04Porque se fosse outra pessoa...
34:05Relaxa, gatinha.
34:06Não vai aparecer ninguém.
34:06Vem cá.
34:08Não sei não, André.
34:11Tá, tá certo.
34:12A gente também precisa
34:13achar algum lugar tranquilo
34:14pra gente se ver, né?
34:15Porque não dá, assim.
34:16Não dá fugindo
34:16que nem dois assassinos.
34:18É.
34:19Melhor seria se a gente
34:21esquecesse um do outro.
34:23Não fala uma besteira
34:24dessa, Sônia.
34:25Você é o amor da minha vida,
34:27entendeu?
34:27Eu nunca vou esquecer você.
34:30Nunca.
34:31A verdade é que estamos procurando
34:39uma agulha no palheiro.
34:41Eu imagino que isso tudo
34:43deva ser muito desgastante
34:45pra senhora,
34:46mas desistir agora,
34:48depois de todo esse trabalho...
34:50Mas eu não quero desistir.
34:53O que me dá dos nervos
34:54é essa espera,
34:55sem fazer nada.
34:57E quer saber de uma coisa, Walter?
34:58Vamos retomar as buscas.
35:00Nada mais de esperar.
35:01A senhora diz retomar
35:02as buscas já,
35:04mesmo com esse clima
35:05pesado na cidade.
35:07Exatamente.
35:09Eu não posso ficar aqui
35:10no Brasil pra sempre.
35:11Eu tenho a minha vida
35:12na Europa,
35:12meus amigos,
35:13minha casa.
35:14No momento é muito arriscado.
35:17Eu não aconselho.
35:18Eu não pedi o seu conselho.
35:20E quer saber de uma coisa, Walter?
35:22Eu acho que toda essa confusão
35:24na cidade que está acontecendo
35:26pode ser até bom pra nós.
35:28Um sequestrozinho inocente,
35:31em meio a conspirações
35:32e sangueiras,
35:34não será nem notado.
35:37Madame Eleonora,
35:39só mesmo a senhora.
35:41Só que eu me lembro que,
35:43sendo o próximo
35:44a pessoa que é,
35:46eu acho que vai ter barulho, sim.
35:48Se for só barulho,
35:49não me incomoda.
35:52Nunca houve silêncio
35:53por onde eu passei, Walter.
35:54Vamos resolver esta parada
35:57de uma vez por todas.
35:59Eu não falo mais nada.
36:01A decisão é sua.
36:02Acho que você também
36:03deve estar louco
36:04para fugir deste fim de mundo
36:06como eu.
36:08Eu acho que eu até
36:09já tomei um certo gosto
36:11pela terrinha.
36:12Pois eu definitivamente
36:14não vou ficar no Brasil
36:15pra sempre.
36:17Eu espero
36:18que você não tenha
36:19se apaixonado
36:21por alguma
36:21dessas matutas,
36:23não é?
36:23A prata,
36:31você leva toda
36:31lá pra dentro
36:32e limpa tudo
36:33de uma vez só, tá?
36:34E pelo amor de Deus,
36:35cuidado com essa louça
36:36que eu lhe mostro, tá?
36:36Meu Deus do céu.
36:40Tô atrasada.
36:42Ah, deve estar indo
36:42assim correndo.
36:43Ué, pra loja, né, mamãe?
36:45Fiquei tempo demais
36:46lá na pousada,
36:47perdi a hora
36:47e tem cliente me esperando.
36:50Vê se minha blusa
36:50tá do avesso, mamãe?
36:51Não, não dá direita.
36:52Ah, então tá.
36:53Ah, e o jantar,
36:54como é que foi?
36:56Maravilhoso.
36:56Hum, dá pra ver
36:58pela tua cara.
36:59O que aconteceu
37:00de tão maravilhoso?
37:01Conta.
37:02Tão sendo.
37:02Ai, mamãe,
37:03eu tô com pressa.
37:04Não, rapidinho.
37:05Nada demais.
37:06Mas sempre é bom
37:08a gente constatar
37:09que ainda sabe receber
37:10com algum requinte, né?
37:12Depois de tanto tempo
37:12enfiada nessa roça,
37:14sei lá,
37:15achei que eu tinha esquecido
37:15como é que se oferece
37:16um jantar elegante
37:17pra um homem elegante,
37:19fino,
37:20especial.
37:22Elegante,
37:22fino,
37:23especial.
37:24Esse doutor Teixeira
37:25ficou bem na fita, né?
37:27Ficou.
37:27Hum, olha,
37:28um homem de classe,
37:30sofisticado, viu?
37:32Bem diferente
37:33desses matutos daqui.
37:35É, mas você não pode esquecer
37:36que o meu pai
37:37é um matuto daqui.
37:38Carina,
37:39seu pai
37:40não é um matuto.
37:41Seu pai nasceu aqui.
37:43Mas estudou
37:44e viveu no Rio de Janeiro
37:45muitos anos.
37:46Ai, meu Rio de Janeiro,
37:48capital do charme.
37:51Tava me referindo
37:51a essa pensada daqui.
37:52É, também não é assim, né, mamãe?
37:54Tem muita gente
37:54com grana aqui.
37:55Aliás,
37:56gente com muita grana.
37:57Queridinha,
37:58aprenda uma lição
37:59com a mamãe
38:00pra você nunca
38:01cair do cavalo.
38:02Na província,
38:03com muito dinheiro
38:04ou sem dinheiro nenhum,
38:06são todos caipiras.
38:08Hum,
38:08pé de bosta,
38:09como eles mesmos
38:10se chamam aqui.
38:11E pronto.
38:12Dona Sely,
38:13sua vocação metropolitana.
38:15É, isso mesmo.
38:17Ai, não me acostumo
38:18com essa vidinha daqui.
38:20Nossa,
38:20pra mim foi um golpe
38:21voltar a morar aqui,
38:22você sabe,
38:23nessa cidadezinha chifrinho.
38:24É, eu sei, mamãe,
38:25eu sei.
38:26Ai,
38:26mas não tinha mais emprego
38:27pro seu pai no Rio?
38:28Fazer o quê, né?
38:30Ai, mamãe,
38:31pelo amor de Deus,
38:32esse assunto
38:32já tá mais do que vencido.
38:34Conversa fora do prazo
38:35de validade
38:36da dor de cabeça,
38:37sabia?
38:38Bom,
38:38deixa eu ir.
38:39Ei, mocinha,
38:40ei, ei, ei, ei,
38:40não acabei,
38:41eu quero falar com você.
38:42Mamãe,
38:42se eu me atrasar
38:42mais um segundo,
38:43as minhas clientes
38:44vão se mandar.
38:45Eu vou ser breve.
38:46Acho um absurdo
38:48a senhorita dormir
38:48na pousada
38:49todos os dias.
38:50Ué,
38:50absurdo por quê?
38:51Eu não pago diária.
38:53O meu noivo
38:54é o dono da pousada,
38:56esqueceu?
38:56Falou tudo,
38:57noivo.
38:58Coisa de dormir junto
38:59todo dia
39:00é marido.
39:01Ai, mamãe,
39:02pelo amor de Deus,
39:03isso é que é ser caipira.
39:05Que papo mais antiquado.
39:06Isso é educação,
39:07Karina.
39:07Ah, é?
39:08E você tá cansada
39:09de saber que o Tito
39:10é o cara mais cobiçado
39:11do pedaço,
39:12não tá?
39:13Eu preciso marcar posse.
39:15Garantir o uso campeão,
39:17como disse o perfeito
39:18lá no velório,
39:19lembra?
39:19Sei.
39:20O uso campeão.
39:21É.
39:22Pé de bosta,
39:22não tô dizendo?
39:23Ah, mamãe,
39:24que humor.
39:25Tchau.
39:25Ai, Karina,
39:26juízo, Karina.
39:27Nessa cabeça,
39:28menina,
39:28eu preciso incutir
39:29o mínimo de bom senso
39:30nessa cabeça.
39:31Oh, meu Deus.
39:33Eu sei, meu amor,
39:34eu também nunca vou esquecer você,
39:35mas você parou pra pensar
39:37na nossa situação?
39:38Não, não quero pensar
39:39em nada agora, mamãe.
39:40Quero beijar você.
39:41É, tá,
39:42mas é bom pensar.
39:44Você tinha que ver
39:44a cara do meu pai
39:45quando saiu de casa
39:46hoje cedo
39:46depois que viu
39:47a publicação no jornal.
39:48Se ele descobre
39:50que a gente tá junto,
39:50o pior foi que eu vi
39:52a cara dele.
39:53O delegado bateu
39:54lá em casa
39:55querendo tirar satisfações
39:56com o velho.
39:57Você não tem noção,
39:57maior estresse.
39:58Mas você tá vendo?
39:59Você tá vendo, André?
40:00É melhor a gente desistir,
40:01parar com essa maluquice,
40:02terminar de uma vez.
40:03Amor, para com esse negócio
40:05de querer terminar.
40:06Que coisa?
40:07A gente não tem nada
40:08a ver com a história.
40:08André, mas eu não sei mais
40:09o que fazer.
40:11Eu sei.
40:11Porque assim não dá.
40:12Mas eu sei.
40:14O que a gente tem que fazer
40:15é achar um lugar tranquilo
40:16pra nós dois.
40:18A gente fica ligado, né?
40:19Ai, André,
40:19esse lugar não existe.
40:21Existe sim, amor.
40:22É só a gente ficar ligado.
40:25André, sério.
40:26Tá.
40:27Deixa aí.
40:28Não, vem cá.
40:30Vem cá.
40:32Fai, Aero, me deixa.
40:33Não, fica só um pouquinho.
40:34Só mais um pouquinho, pai.
40:36O último bicho.
40:38Tá?
40:44Depois a gente conversa, tá?
40:48Eu nunca vou desistir de você.
40:50Nunca!
40:53Tá ouvindo?
40:54Nunca.
40:55Nunca.
40:58Aí, Newton, papo sério.
41:01Salta com um bacana aí
41:02que eu vou levar a menina, beleza?
41:03Nem vem.
41:04Vou fazer o contrário.
41:05Você salta com o marmanjo
41:06e eu salto com a menina.
41:07É isso, rapaz.
41:07Você não vê que a menina tá nervosa?
41:09Olha a cara dela.
41:09Deixa ela aí comigo
41:10que eu passo mais tranquilidade,
41:12mais experiência.
41:12Ah, tô sabendo.
41:14Olha o que eu falo pra Karina, hein?
41:15Vai brincando.
41:15Aí, aí.
41:17Sem falar que a menina é mó gatinha
41:18que já tá me dando mole um pouco.
41:21Tipo, tipo, faz o seguinte,
41:22faz o seguinte,
41:23deixa o cara soltar com a garota, meu.
41:24Por que esse pobre coitado?
41:25Você parou que ainda chega perto de mulher.
41:27Tá carente, né?
41:28Vai nessa, bobão.
41:29Você não tá sabendo de nada, cara.
41:30E aí, galera?
41:31Todos prontos?
41:32E aí?
41:33Fala, Virgeno!
41:35Você tá me procurando, Tito?
41:37É, eu queria falar contigo.
41:37Pedi um favor, chega aí.
41:38Pode falar, patrão.
41:40O seu pedido é uma ordem.
41:41Que patrão aqui?
41:43Vai, diga aí.
41:44Quem quer?
41:44Eu queria que você resolvesse
41:45aquela parada da certidão lá no cartório.
41:47Como o advogado falou, né?
41:47Pro contrato novo, tá lembrado?
41:49Claro, claro que eu me lembro.
41:49Pode ficar sossegado, olha.
41:51Resolver pendência burocrática.
41:52Se você não fosse tão cagão,
41:56você poderia soltar com a gente.
41:57Que soltar?
41:58Olha, rapaz, o que é?
41:59O que é?
41:59Olha aí.
41:59A minha parada é outra, tá entendendo?
42:01Meu negócio é salto com vara.
42:03E em cima de um corpinho bem delineado.
42:06Fica sossegado que eu vou resolver
42:08essa parada aí, tá legal?
42:10E aí, cara, beleza?
42:14Levei Maldura por sua causa.
42:16Só acho que o delegado acabou
42:17deixando entregar o bilhete.
42:19Mas e aí?
42:19O farinha ficou contente?
42:21Sei lá.
42:22Mas quando eu falei que você mandou dizer,
42:23ele fez mó cara de bobo.
42:25Essa é a cara dele mesmo.
42:27Mas o farinha gente boa,
42:28eu me amarro nele.
42:29Sei não.
42:31Vai que foi ele que matou o senador e a mulher.
42:32Tá maluco, cara?
42:33Você não lê jornal, não?
42:35O cara é o maior herói.
42:39Ih, não é o carinha
42:40que tava tocando bubo na praça?
42:42Ei, cara!
42:43E aí, galera?
42:46Qual vai ser o próximo agito?
42:49Ainda não sei, né?
42:50Mas o próximo protesto que tiver,
42:52eu conto com vocês.
42:53Olha, eu dou a maior força.
42:54Quero ver.
42:55Mas eu não gosto de levar
42:56cacetada de polícia, não.
42:58É, eu que vou levar a maior bronca
42:59se não correr pra chegar na escola.
43:01Tchau, gente.
43:01Tchau.
43:01Valeu, cara.
43:05Valeu.
43:07Tchau.
43:18E aí, mãe?
43:19Ai, filhote, que surpresa.
43:22Surpresa o quê?
43:23Sempre vim te visitar?
43:24Ah, tá bom.
43:26Até parece.
43:28E aí, como é que tá por aqui?
43:30Por aqui tudo bem.
43:31Eu é que tô um pouco nervosa.
43:33É?
43:33Por quê?
43:35Impressionada ainda com essa...
43:37desses últimos acontecimentos, sabe?
43:39Essa história de conspiração.
43:41Eu acho isso uma história tão maluca
43:44que não faz sentido.
43:45Ai, mãe.
43:46É claro que faz, mãe.
43:49Olha, se você quer saber,
43:50é o que mais existe nesse país.
43:52Esse lance do senador
43:53com certeza foi algum golpista
43:55infiltrado nos altos cargos do governo.
43:57Mas, ó, o povo não vai deixar, não.
44:00O povo vai reagir, mãe.
44:01Mais cedo ou mais tarde,
44:02o povo vai reagir.
44:03Ouve o que eu tô dizendo.
44:04Ai, meu Deus do céu, André.
44:06Meu Deus, eu fico tão preocupada
44:07quando você fala assim desse jeito.
44:09Me lembra tanto o teu pai
44:11quando tinha a sua idade, sabe?
44:13Radical, exaltado.
44:15Relaxa, mãe.
44:16Eu sei me cuidar, tá?
44:18Então, larga esse negócio de política,
44:20pelo amor de Deus.
44:22Meu Deus, eu não basta o teu pai
44:23envolvido em confusão o tempo todo.
44:26Mãe, eu não vou deixar de lutar
44:28pelo que eu acredito.
44:29Tá bom?
44:31Uma hora.
44:32Foi você mesmo que me ensinou isso.
44:35Ai, eu sei, meu amorzinho, eu sei.
44:39Mas você promete?
44:40Pelo menos vai tomar cuidado.
44:42Prometo, mãe.
44:43Prometo.
44:44Tá bom.
44:44Não vou mais falar nisso, tá?
44:46Tá.
44:47Mudou de assunto.
44:48Tô indo pra São Paulo hoje, tá?
44:50Ah, é?
44:51Uhum.
44:51E vai fazer o quê?
44:52Vai passear.
44:53Ah, quem me deram.
44:55Ah, resolver lá uns assuntos.
44:58Conversar com distribuidores,
44:59só coisa chata.
45:00Ah, sei.
45:02Coisa boa, né, mãe?
45:03Viajar, esparecer a cabeça.
45:06Legal.
45:07Só se for pelo caminho, né?
45:08Porque quando chegar lá,
45:09vai ser pura aporrinhação.
45:11Então, já leu o jornal?
45:26Claro que li.
45:27As notícias são alarmantes, né?
45:30Deu certo, não deu, padrinho.
45:32Fala abaixo.
45:34As paredes, às vezes, têm ouvidos.
45:41Eu fiz bem feito, não fiz padrinho.
45:48Parabéns.
45:50Você trabalhou com muita competência.
45:52Ih, foi fácil.
45:54Muito fácil.
45:55Eu...
45:56Eu entrei na rede da Secretaria de Segurança.
46:00Foi moleza.
46:02Disparei a mensagem...
46:03Boa!
46:04Caiu, feito uma bomba.
46:06Todo mundo tá achando que foram eles que mandaram a mensagem.
46:09Mas em algum momento eles vão descobrir que a rede foi invadida, não vão?
46:13Ih, só se eles forem muito burros pra não descobrirem nem isso.
46:17Você acha que eles são burros, padrinho?
46:20Burros eles são.
46:22Eu não sei se tanto.
46:29E agora?
46:30O que é que nós vamos aprontar?
46:32Nada.
46:34Nós vamos ficar quietinhos.
46:36O momento é de se recolher, entendeu?
46:39Todo cuidado é pouco.
46:42O Sireno é cuidadoso.
46:44Muito cuidadoso.
46:46Não é, padrinho?
46:47É.
46:47Muito cuidadoso.
46:49Só esse negócio de padrinho que não tem jeito de largar, né?
46:52Vou levantar essa carcaça aí, ô vagabundo.
47:13O que foi?
47:14O delegado vai tomar seu depoimento.
47:16Eu não tenho nada a declarar.
47:17Você tá pensando o que, hein, Joca?
47:20Você tem muito o que se explicar com a lei, senhora essa.
47:22Eu só falo na presença do meu advogado.
47:25Olha a pompa do sujeito, Viriato.
47:28Olha só.
47:29Eu acho que ele andou vendo muito filme policial, né?
47:32Mas se o delegado deixar, eu posso mostrar um filmezinho sinistro pra ele.
47:37Eu tenho o direito de dar um telefonema.
47:39E se vocês não me deixarem ligar, eu não falo nada e ainda faço greve de fome.
47:43Você já é um morto de fome.
47:46Faça-me o favor.
47:47E olha aqui.
47:48Fica botando banca que a sua situação só vai piorar.
47:51A imprensa tá comigo, dona Marta.
47:53Você mesmo disse que meu nome tá no jornal.
47:55Tudo bem, Joca.
48:02Você pode fazer o seu telefonema.
48:04Agora eu vou dizer uma coisa.
48:05Depois não vai ficar avisando pro jornal que foi maltratado pela polícia.
48:10Tá bom assim?
48:11Vai.
48:12Abre.
48:25Peraí, mas eu vou telefonar daqui?
48:39E o que que o senhor quer?
48:41Um sofá com algumas almofadas pra ficar bem confortável?
48:46Pega esse telefone e liga logo.
48:47É, assim não dá, né?
48:55Eu preciso de privacidade.
48:57É pra particular.
48:59Ai, santo Deus.
49:01Haja paciência.
49:04Olha, a tua sorte é que o delegado deu uma saidinha pra tomar um lanche.
49:08Que numa dessas ele acaba com a tua raça.
49:09E eu ajudo.
49:11Vamos, Viriato.
49:12Não adianta ficar perdendo tempo, não.
49:14Estamos ali fora, entendeu?
49:15E fala rápido antes que o doutor Ajuricaba volte.
49:40Alô, eu poderia falar com a doutora Arminda, por favor?
49:45Oi, André.
49:51Pode passar.
49:56Alô?
49:57Arminda?
49:59Sou eu, Joca?
50:00Sim, como vai?
50:02Muito melhor depois que eu recebi o seu bilhete.
50:04Você nem sabe o bem que me fez, viu?
50:06Eu naquela masmorra fedorenta.
50:09Sem saber se eu sairia vivo ou morto.
50:11Como assim?
50:12Você foi torturado?
50:13Não.
50:14Quer dizer, sim, sim.
50:16De certa forma.
50:18Foi tortura psicológica.
50:20E eu também levei uns cachações.
50:22Entendi.
50:22O que importa é que quando eu li o seu bilhete,
50:25eu tive a certeza que eu vou sair dessa só pra ter você novamente nos meus braços.
50:28Por favor, meu caro, não confunda as coisas.
50:31Eu nunca te dei intimidade pra falar comigo desse jeito.
50:34Antes de tudo, guarde respeito.
50:38Deve me tratar só por senhora.
50:40Como assim?
50:41Se não foi intimidade, o que você...
50:43Quer dizer, o que a senhora me deu?
50:46E esse bilhetinho romântico?
50:47Que bilhetinho romântico?
50:49Ah, você não entendeu nada.
50:51Eu só escrevi por delicadeza.
50:53Porque a descoberta que você fez pode ajudar muito o resort.
50:57Essas baixarias atrapalham muito os negócios.
51:00Tá bom.
51:01Se foi só por delicadeza o que você...
51:03O que a senhora me deu,
51:06você não teria escrito o bilhete com batom.
51:08Sabe que deu até pra sentir o gostinho da sua boca no papel.
51:11Não seja ridículo.
51:13Eu só escrevi com batom porque eu não tinha caneta.
51:16Confessa, meu amor.
51:18Confessa que você me ama, vai.
51:19Cala sua boca.
51:21Você...
51:22Você é mesmo um traste.
51:24Um idiota.
51:25Um boboca, sem ira nem beira.
51:27Eu só escrevi o bilhete porque eu fiquei com pena.
51:31Mas quer saber?
51:32Eu quero a mais é que você fique preso pelo resto da vida.
51:35Miserável.
51:36Pode falar.
51:37Pode falar.
51:38Que no fundo eu sei que você...
51:40Quer dizer, que a senhora se amarra na minha.
51:45Cretino.
51:47Idiota.
51:50Miserável.
51:51Prontinho.
52:02Agora só faltam duas certidões e o registro do contrato social.
52:06Então me faça o favor.
52:07Eu não vou levar agora.
52:08Quando estiver tudo pronto, pede pra entregar lá na pousada.
52:11Pode ser?
52:12Sem problema nenhum.
52:13Obrigado.
52:14A propósito, seu Virgílio.
52:16Pensei que o senhor fosse sócio da pousada, né?
52:19Pois é, eu não sou.
52:22Eu fui sócio do pai do Tito em outros negócios e em tempos bem melhores lá em São Paulo.
52:27Aliás, modéstia à parte, eu ajudei o velho a ganhar muito dinheiro.
52:32Grana essa que o filhinho de papai aplica lá na pousada.
52:36E aplica mal.
52:37Ah, é?
52:39Ah, e pelo visto o senhor não tem muita confiança no negócio, né?
52:43O negócio até que é bom.
52:45O problema reside na administração.
52:47Que deixa muito a desejar.
52:51Eu posso lhe garantir, se o Tito e a Clorice me ouvissem, a coisa estaria bem melhor.
52:58Eu estou lhe dizendo essas coisas em caráter confidencial.
53:02Não precisa se preocupar, seu Virgílio.
53:04Discrição é comigo mesmo.
53:06Faz parte do ofício, né?
53:08Bom, eu vou deixar tudo pago.
53:10Quanto é que é?
53:11Espera aí, vou fazer um pontinho.
53:12Vamos ver.
53:16Vamos...
53:16Está aqui.
53:20Precinho especial, hein?
53:21Opa, obrigado.
53:23Está aqui.
53:25Está certinho.
53:26Bom, senhoras e eu já vou indo.
53:29Eu vou lhe acompanhar até a praça.
53:30Estou precisando mesmo dar uma esticada nas pernas.
53:33Isso é bom.
53:33Ana, Nadia, cuida de tudo aí, tá?
53:35Muito bem.
53:38Tchau, gente.
53:39Tchau pra vocês.
53:40Se não vier essa documentação pra mim, guarda aí direitinho.
53:43Tá.
53:44O que você acha dessa história, desse tal detetive, que de repente virou a sensação de Ribeirão?
53:52Isso é uma palhaçada, né, rapaz?
53:54Esse pilantra desde garoto, nunca deu pra nada, nem pra jogar futebol.
53:57Agora fica aí, enganando os turistas, fingindo que é guia, inventando a história da cidade.
54:03É, quer dizer que então ele...
54:06O nome dele é Joca.
54:08Vive às custas da mãe, da pensão da mãe, parasita.
54:11Agora me diz uma coisa, rapaz.
54:12Tu acha que um pascalhão desse vai ter condições de descobrir alguma conspiração política?
54:17Pelo amor de Deus, né?
54:18É, tem coisa esquisita aí, hein?
54:20Vou te falar uma coisa, rapaz.
54:22Se eu fosse da polícia, eu baixava o pau no safado até ele cuspir a verdade.
54:28Agora, esse delegado que tá aí, né, vamos combinar, né?
54:34É...
54:34Eu conheço muito pouco o Ribeirão, mas pelo que eu tenho visto, você está certo.
54:38Bom, meu carro tá logo ali, olha.
54:40Muito obrigado, viu?
54:41Mais uma vez, muito obrigado pelas incertidões e pelo papo.
54:44Ah, foi um prazer, Virgínia.
54:45Foi um prazer.
54:46Até amanhã.
54:55Vou nessa.
54:56O que foi?
54:58Pega esse moleque safado!
55:00O que é essa agora?
55:01Eu não sei, mas eu vou me mandar também, cara.
55:03Você tá aqui à frente, rapaz?
55:04Eu, hein?
55:05Caga esse desgraçado.
55:06Filho de uma égua desgraçada!
55:19Vem cá, vem cá!
55:30Vem cá, moleque!
55:31Não sei, não sei, eu te conheço.
55:33Vem cá, quero falar contigo.
55:34Cadê?
55:34Cadê aquele moleque safado que anda contigo?
55:36Onde é aquele seu maloca?
55:37Me larga!
55:38Responde primeiro!
55:39Responde primeiro!
55:40Não sei de nada, não.
55:41Se conhece ele aqui da praça.
55:42Tu tá mentindo?
55:43Tu toma cuidado comigo, moleque.
55:45Cuidado que é?
55:46Ih, qual é, cara?
55:47Pô, eu falei que eu não sei de nada.
55:49Pô, mesmo se eu soubesse, eu não ia te dizer, não.
55:51Avisa pra ele que ele vai pagar caro por isso, viu?
55:53Mardinha ou menos dia, pego ele.
55:54Pode lá avisar!
56:00Descente um minutinho.
56:05Escuta aqui, ô garoto.
56:06O que você quer aqui?
56:07Nada.
56:08É que eu tenho trabalho escolar pra fazer.
56:10Eu pensei em perguntar pra umas pessoas aqui.
56:11Trabalho escolar?
56:13Sobre o quê?
56:13Sobre...
56:16Sobre gente que trabalha, assim, que iniciou, sabe?
56:18Profissões.
56:19O senhor faz o quê?
56:21Trabalho escolar aqui, nada, garoto.
56:22Te vejo sempre desocupado aí na praça.
56:24Vai, vai andando, vai.
56:26Vai.
56:26Doutor Bruno, um minuto, por favor.
56:30O que que tá acontecendo aqui?
56:32Não, nada.
56:32Só esse menino aqui que fica inventando história.
56:34Pode deixar que eu cuido disso.
56:36Tá bom, como quiser.
56:38A reunião ficou marcada pro final da tarde e a sua presença será necessária.
56:41Ótimo.
56:44Então, nos vemos no final da tarde.
56:46Agora, doutora Amida, cuidado com esse menino.
56:49Vamos.
56:57O que que você tá fazendo aqui, rapazinho?
57:01Eu só queria dizer que a missão foi cumprida, viu?
57:04Eu sei, o Pascoalho me ligou.
57:06Ligou?
57:06Uhum.
57:07Mas como, lá da delegacia?
57:09É, mas não interessa.
57:10Eu não quero mais ficar perdendo meu tempo falando desse traste.
57:14Eu quero saber de você.
57:15Seu nome é Tião, não é?
57:17É, por quê?
57:18É que eu sempre vejo você zanzando aí na praça.
57:22Você não estuda?
57:23Escola não tem nada pra me ensinar, não, dona.
57:26O que eu tinha que aprender, já aprendi.
57:28O resto eu pego da vida.
57:30Hum, pega da vida.
57:33Onde você mora?
57:33E pra que tanta pergunta?
57:36Hum, não precisa ficar assim.
57:38Eu não vou fazer nada contra você.
57:40Eu só quero saber.
57:41Não tem nada pra saber sobre mim, não.
57:43A madame cuida do seu farinha d'água e me deixa em paz.
57:46Olha só, eu não faço mal a ninguém, não.
57:48Sou bandido.
57:51Peraí, menino.
57:52Vem aqui.
57:52Deixa eu falar com você.
57:53Deixa eu falar com você.
57:53Deixa eu falar com você.
58:03O importante agora, senhor Joca, é que o senhor conte como descobriu o manifesto da tal conspiração.
58:11Escuta, eu queria fazer uma interrupção aqui.
58:13O seguinte, o meu cliente se chama João Carlos.
58:16O Joca é uma prerrogativa sempre para os mais íntimos, que eu acredito que não seja o seu caso, né?
58:21O senhor entendeu a pergunta, senhor João Carlos Pelago?
58:24O Jornal da Cidade afirmou que foi o senhor que passou pra eles a informação.
58:31De onde o senhor tirou isso?
58:32E como o senhor entregou aos jornalistas isso que estava preso aqui na delegacia?
58:54O senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor, o senhor
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