O vice-presidente Geraldo Alckmin celebrou a retirada das tarifas norte-americanas sobre 238 produtos brasileiros, um avanço nas negociações bilaterais. Contudo, o governo mira agora na derrubada de sanções aplicadas a autoridades brasileiras pela Lei Magnitsky, como o ministro do STF Alexandre de Moraes, em um diálogo que aposta na força da economia. O 3 em 1 analisa o que está em jogo nessa reaproximação. Reportagem: André Anelli
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00:00Porque as negociações, elas devem continuar. E agora o governo e a diplomacia não querem falar apenas dos produtos, mas também das sanções impostas a ministros, a autoridades.
00:12Andréa Nelly, qual que é a estratégia do governo neste caso? Conta aí, bem-vindo.
00:16Sim, Evandro, o governo federal acredita que já tem um diálogo aberto e estabelecido com os Estados Unidos, inclusive agora há pouco o vice-presidente Geraldo Alckmin, ele que também é ministro do desenvolvimento da indústria, comércio e serviços, listou esse avanço de forma muito prática em relação a todos aqueles produtos que tiveram o seu tarifácio, então retirado por parte dos Estados Unidos.
00:44Segundo ele, nada menos do que 238 produtos. De acordo com o vice-presidente da república, antes dessa decisão que foi tomada ontem, publicada ontem, pelos Estados Unidos, 36% dos produtos brasileiros ainda tinham os 40% de incidência de cobrança de impostos, o chamado tarifácio.
01:06De ontem para hoje, esse número reduziu 14 pontos percentuais, então agora, de acordo com o vice-presidente da república, são apenas 22% dos produtos brasileiros que ainda contam com o tarifácio.
01:21A grande maioria desses 14 pontos percentuais que foram retirados do tarifácio pelos Estados Unidos foram produtos do agronegócio, como explicou agora há pouco Geraldo Alckmin.
01:33Quando começou, nós tínhamos 36% da exportação brasileira no tarifácio, 10% mais 40%.
01:46Gradualmente, tivemos já duas decisões anteriores, alguns produtos foram saindo.
01:53Então, celulose, ferro-níquel, suco de laranja, alguns passaram para a seção 232, por exemplo, madeira serrada e macia, alguns tipos de armário.
02:11Agora, nesta decisão de ontem, nós tivemos o maior avanço, 238 produtos.
02:23Então, 238 produtos foram, saíram do tarifácio.
02:29Café, cacau, frutas, açaí, manga, raízes, tubérculos, fertilizantes, um conjunto de produtos.
02:47O vice-presidente também afirmou que no último dia 4 de novembro, o Brasil fez uma proposta, enviou uma proposta comercial aos Estados Unidos,
02:59mas que até o momento ainda não teve nenhum tipo de retorno.
03:02E o vice-presidente não quis dar detalhes em relação a essa proposta que ainda é aguardada pela diplomacia brasileira.
03:09O vice-presidente também, nessa oportunidade, agora há pouco aqui no Palácio do Planalto,
03:14diz que as negociações com os Estados Unidos continuam e que, de acordo com o presidente Lula,
03:19não existe tema proibido no diálogo entre os dois países,
03:24que deve contar ainda com temas como mineração de terras raras, big techs e ainda exploração de energia renovável.
03:33Tudo isso no âmbito, então, de um acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos.
03:38E, paralelo a esse acordo que segue sendo negociado, para que haja, então, a retirada dos 22% de produtos restantes no tarifácio,
03:48o governo brasileiro também aposta nesse avanço do diálogo para retirar também as sanções que foram aplicadas a autoridades brasileiras,
03:58como, por exemplo, ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes,
04:02relator de todos os processos que envolvem ou que acusam o ex-presidente Jair Bolsonaro,
04:09principalmente no âmbito da tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder.
04:14Por conta desse contexto, na avaliação, pelo menos inicial, dos Estados Unidos,
04:19houve uma caça às bruxas, ou seja, uma perseguição política.
04:24A partir de então, isso foi utilizado como um dos argumentos, o principal deles,
04:28para a imposição dos tarifácios aos produtos brasileiros.
04:33Mas agora, essa questão deixa de ter força junto aos Estados Unidos.
04:37O Brasil já avançou em mais de 80%, retirando, então, o tarifácio dos produtos que são importados pelos Estados Unidos aqui do país.
04:46E, a partir de agora, restam 22% e também essas questões de sanções que o governo brasileiro vai seguir trabalhando
04:55para que sejam derrubadas também, agora, apostando em todo esse avanço no diálogo com o governo americano.
05:02Evandro.
05:03Muito obrigado pelas informações, André Anelli. Um abraço para você.
05:06Ô, Bruno Musa, a partir do que já acompanhamos da primeira decisão de Donald Trump,
05:10você acha que isso seria também estendido às decisões relacionadas a autoridades, a sanções, a lei Magnitsky?
05:19Vamos lá. Eu acho que, primeiro, nós temos que separar duas coisas.
05:22Nos foi vendido ou a gente passou a pensar e, uma vez que entra na nossa cabeça,
05:26a gente simplesmente passa a crer aquilo de uma maneira meio que automática.
05:31Na minha opinião, as duas coisas são separadas e devem ser separadas.
05:34Vou fazer aqui a minha análise bem objetiva e pragmática.
05:37Basicamente, eu discordo do ponto de vista que foi colocado até agora que a fatura para o Brasil vai chegar.
05:44Afinal de contas, na minha opinião, sequer estamos tendo, eu devo ser um dos milpes,
05:49sequer estamos tendo negociações efetivas bilaterais para derrubar as tarifas.
05:54Claro, os empresários foram lá, o governo fez o seu esforço,
05:58mas não acho que isso gerou qualquer tipo de efetividade.
06:04Eu sou da turma, e por isso falei, posso ser um dos milpes,
06:07que eu acho que se os empresários brasileiros não tivessem se juntado,
06:11talvez o resultado seria exatamente o mesmo agora.
06:14Porque eu acho que não há efetiva negociação que entre de verdade na cabeça do Trump.
06:20Segundo a CNI, Confederação Nacional da Indústria,
06:2263% ainda das exportações são taxadas, indústrias, máquinas, móveis, couro, calçados, aviação,
06:29como você falou.
06:30E como muito bem foi colocado em nossa reportagem, 37% dos isentos,
06:34café, carne, frutas, insumos do agronegócio,
06:38são produtos que estavam prejudicando a inflação americana.
06:42E aqui entra um ponto importante.
06:44Por que eu sempre me coloquei contra a tarifa?
06:47Repito, o que eu sempre falei,
06:49entendo o posicionamento do Trump de corrigir os déficits comerciais em déficit em conta corrente,
06:54mas a dívida americana continua subindo, o que eu não defendo.
06:58E tem uma definição que eu gosto muito, que é basicamente o seguinte,
07:03o respeito irrestrito ao projeto de vida do próximo,
07:08sempre respeitando o princípio de não agressão,
07:10para defender o direito à vida, à propriedade e à liberdade,
07:15utilizando o livre mercado,
07:18o mercado de livre concorrência estatal,
07:20o Estado não se intrometendo,
07:22e a propriedade privada.
07:24Essa é a definição de liberalismo,
07:26que é o que levou os países mais prósperos
07:29no mundo hoje a terem mais liberdade
07:31e ter uma economia mais eficiente e com mais renda,
07:34com pessoas mais livres,
07:36pró-empreendedoras.
07:37Ou seja, países mais livres têm os melhores índices,
07:40seja de liberdade e os menores índices de pobrezas.
07:44Acho que isso é meio que unânime,
07:46os números mostram justamente isso.
07:48Essa é a definição de Alberto Benegas Lynch.
07:50Portanto, eu sou contra as tarifas, sempre fui,
07:54mas a favor das sanções individuais,
07:56daqueles que não respeitam o direito do outro
08:00levar o seu projeto de vida.
08:02E no Brasil, são muitos hoje em dia
08:04que não estão respeitando.
08:05Portanto, acho que são coisas separadas, Ivandro.
08:07A Magnitsky, as sanções individuais,
08:11as sanções coletivas,
08:14como as tarifas que acabam punindo
08:16um setor como um todo,
08:18um país como um todo.
08:19Só que também pune os americanos.
08:21A inflação ainda não chegou em 2%,
08:23que é a meta do Banco Central.
08:25Os juros estão mais altos do que Trump quer.
08:27Tanto é que ele vem chamando de incompetente
08:30semana após semana,
08:31que eu não concordo com essa forma de adjetivar,
08:34o Jerome Powell,
08:35que é o presidente do Banco Central americano.
08:38Trump, portanto, parece,
08:40ele não gosta daquela pecha que pegou ele do taco.
08:44Trump always chickens out,
08:46que ele sempre recua.
08:47E para ele não parecer que está recuando,
08:50como de fato está,
08:51porque as tarifas estão prejudicando os americanos,
08:54como nós sempre colocamos aqui,
08:55ele usou a aproximação com o Lula
08:58para dizer que há uma negociação
09:00e nessa negociação,
09:01ele não parecer mais uma vez
09:04que está recuando das suas próprias tarifas
09:07que estão prejudicando os Estados Unidos,
09:09os americanos,
09:10e a sua popularidade,
09:11que atingiu a mínima desde as eleições,
09:13em 39%.
09:15Portanto,
09:15o Lula,
09:16na minha opinião,
09:17parece,
09:17sabe aquela,
09:18o meu filho e minha filha de 4 e 2 anos,
09:21quando eles estão no aniversário
09:22e querem apagar a velhinha que não é deles?
09:24E eu falo,
09:24filhos,
09:25é aniversário dos outros,
09:26não apague só a velhinha.
09:28Há muitos aqui,
09:29na minha opinião,
09:30e o Lula é um dele,
09:31que sempre quer apagar a velhinha que não é dele.
09:34Portanto,
09:35não tem nada a ver com definição do que o Lula fez,
09:38mas sim,
09:39é algo que o Trump já definiu há uns 10 dias atrás.
09:42Bruno Musa,
09:43deixa seus filhos apagar a vela dos outros.
09:45Tô brincando.
09:46No aniversário dela não, né, Evandro?
09:48Ela tem que respeitar o dos outros, né?
09:50Eu sei.
09:50No Brasil,
09:51as instituições já nos ensinam a não respeitar nada dos outros.
09:54Pelo menos dentro da minha casa,
09:55eu quero ensinar que ela respeite.
09:56Ah não, cara,
09:57era uma brincadeira pontual,
09:58não precisava nem me explicar tudo isso.
10:00Eu entendi, tô brincando.
10:01Diga.
10:03Olha,
10:03o presidente Lula,
10:05ele fez um golaço, sim.
10:06Ele dá um show nessas negociações,
10:08com todo o respeito.
10:09E veja,
10:10a direita brasileira,
10:11até hoje,
10:12não projetou um líder minimamente capaz disso,
10:15de enfrentar esses grandes desafios.
10:17E não é à toa que ele transita, né,
10:19por tantos fóruns já há tantos anos.
10:22Então, veja,
10:24um negociante,
10:25um negociador experiente como ele,
10:27e bem assessorado,
10:28sabia exatamente de muito disso que o Bruno falou.
10:31Ou seja,
10:32o problema das tarifas,
10:34em algum momento,
10:35iria impactar muito mais lá.
10:37Nós vamos tomar algum prejuízo no curto prazo,
10:40isso é verdade.
10:40Mas muitos dos exportadores do Brasil
10:43também já conseguiram novos mercados.
10:46E agora,
10:47além dos novos mercados,
10:48nós vamos recuperar o antigo.
10:50Então,
10:50pra esses exportadores,
10:52daqui a pouco,
10:53o cenário vai ser até melhor.
10:55Então,
10:56é óbvio que o presidente Lula
10:59também foi orientado sobre essa questão econômica.
11:03E ele sabe também muito bem
11:06que ainda tem um longo percurso a ser traçado,
11:10principalmente em relação ao fim das tarifas
11:13que inserem ainda sobre os produtos industrializados.
11:17Essas tarifas vão acabar
11:19sem nenhuma contrapartida do Brasil?
11:22É evidente que não.
11:23Agora,
11:25por que que eles também estão esperando aqui?
11:27Porque sabem que o Brasil tem, sim,
11:31cartas importantes que são cobiçadas pelo outro lado.
11:35Se o presidente Lula fosse um negociador
11:38menos experiente,
11:40enfim, precipitado, afobado,
11:42como alguns pelo mundo fizeram,
11:44de cara já teria entregue um monte de coisa
11:46e ainda por cima,
11:48pressionado aqui internamente,
11:49até mesmo o judiciário.
11:52Poderia ter tentado até
11:54algum tipo de intervenção nesse processo
11:56como parte da direita.
11:58Porque, vejam,
11:59uma vez o grande jornalista Jânio de Freitas,
12:02que o Zé certamente conhece muito bem,
12:04cunhou uma frase que é espetacular.
12:07Se,
12:08para consultar arquivos de jornais aqui no Brasil,
12:12deveria ser pedido porte de armas.
12:14Hoje,
12:15não tem mais arquivo de jornal,
12:16mas você tem o Google, né?
12:18Porque se a gente for consultar
12:20o que foi dito por parte dessa direita,
12:22bolsonarista sobretudo,
12:24em relação ao que ia acontecer ao Brasil,
12:27se o presidente Lula,
12:28naquele momento,
12:29não fizesse concessões,
12:30olha,
12:31tem muita gente que ia perder a credibilidade.
12:34Porque muita gente conectou uma coisa a outra,
12:37ou seja,
12:37ou alivia aqui,
12:38ou não vai ter alívio ali.
12:40O Brasil não fez isso.
12:42E não tem que fazer.
12:44Ninguém tem o direito
12:47e ninguém tem, inclusive,
12:50procuração para intervir
12:51no nosso ordenamento jurídico.
12:53O que foi, Gani?
12:54Não, não,
12:54isso que o Piperno falou é verdade, né?
12:57Muita gente,
12:58no início do tarifaço,
12:59defendeu,
13:00e aí eu estou falando de uma parte da direita,
13:02defendeu o tarifaço
13:03como uma espécie de processo revolucionário.
13:05Não,
13:06a liberdade está acima da economia,
13:08então a tarifa,
13:10e assim,
13:10numa engenharia,
13:12numa criatividade,
13:13a tarifa vai gerar uma pressão no Congresso,
13:18aí o Congresso vai pressionar a Suprema Corte,
13:22inclusive nesse programa,
13:23e aí vai mudar os rumos das coisas,
13:25do Poder Judiciário,
13:26tudo vai mudar por conta das tarifas,
13:28porque o poder econômico vai se sobrepor ao poder político,
13:33vai ter uma pressão dos empresários em cima do Congresso,
13:36e o Congresso vai agir em cima da Suprema Corte.
13:40Bom, para começar,
13:41isso é um argumento até marxista, né?
13:42Quando você acredita que é o poder econômico que determina tudo,
13:45é um argumento marxista.
13:47Muito bem.
13:48E nesse programa eu disse o seguinte,
13:50não vai mudar em nada,
13:52a tarifa protecionista não vai mudar em absolutamente nada
13:55os rumos do Poder Judiciário,
13:58muito pelo contrário.
13:59Os ministros da Suprema Corte vão matar no peito,
14:01falei isso daí,
14:02vão matar no peito e dobrar a aposta.
14:05O que aconteceu?
14:06Não mudou em absolutamente nada a questão tarifária.
14:09Então, assim,
14:10a correção de rota, né,
14:13de problemas da democracia brasileira,
14:15esqueçam essa ideia que o Trump vai salvar,
14:18porque o Trump está defendendo os interesses deles.
14:21O Trump não é o rambo do mundo,
14:23ele não é o salvador do mundo.
14:25Ele está defendendo os interesses dos americanos.
14:28Quem vai resolver os problemas dos brasileiros
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