Advogado especialista em direito ambiental diz ter "sentimento agridoce" sobre a COP30

Jovem Pan News

A COP30, sediada no Brasil, enfrenta desafios com a baixa presença de líderes das maiores nações poluidoras do mundo. No Visão Crítica, o advogado especialista em direito ambiental Rafael Guimarães expressa ter um "sentimento agridoce nesse início de COP".

A ausência dessas potências, que representam a maior parte das emissões, enfraquece a credibilidade do evento e dificulta o avanço dos compromissos climáticos.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

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00:00Há muitas expectativas, mas em termos do que você está vendo agora, teve a abertura,

00:06você acha que, dentro do que é possível saber, nesse momento, está caminhando bem a COP30?

00:13Bom, boa noite a todos.

00:16Olha, professor Marco, eu confesso que tenho um sentimento um pouco agridoce nesse início de COP,

00:23porque ela vai ter que se provar bastante, no nosso país, essa COP.

00:27A gente vê uma COP que está um pouco, vou dizer que com certos falques, mas, quero que não,

00:37nós temos os países, em tese, maiores poluidores do mundo, que seria quem teria que ter mais obrigações a cumprir.

00:46Estamos falando de China, Estados Unidos, Índia e Rússia, sendo que desses países,

00:52somente a China, que enviou ainda um vice-primeiro-ministro para a COP.

00:57Então, a questão política da COP está um pouco comprometida, mas o que nós temos visto de ideias que o Brasil está propondo,

01:07ideias, eu digo, por exemplo, a fomentação do mercado de carbono, aquele financiamento que se chama TFFF,

01:12algumas situações envolvendo inteligência artificial para fins de ajuda, até na orientação e também na quantificação dos dados de emissões.

01:27Eu acho que é algo que o governo vai ter que ter muita habilidade, e o presidente da COP, o André Correia, com certeza tem,

01:34porque ele está nesse meio desde a ECO 92, para ser bem hábil, para conseguir realmente algum resultado mais prático.

01:41Carlos Bucuí, a mesma questão, é possível, pelo que se vê até agora, ter algum otimismo?

01:47Olha, eu não consigo ver a COP sem olhar o contexto geopolítico global,

01:54que a gente sabe que a gente mergulhou num processo praticamente de backlash, de retrocesso das conquistas sociais,

02:04e a maior prova disso é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,

02:08e esse processo, ele traz uma fragilização do multilateralismo colaborativo,

02:15que foi o que construiu o Acordo de Paris, foi aquele impulso positivo, solidário entre as nações.

02:23E isso, infelizmente, se perdeu muito, né?

02:27Então, nós temos uma perda de protagonismo dos países e de participação nas conferências climáticas,

02:35já faz alguns anos, e principalmente na COP 29 do Azerbaijão e agora na COP de Belém.

02:44Então, essas conferências, elas estão num cenário político que não é realmente favorável.

02:50A gente está num processo de retrocesso ainda.

02:55Mas eu entendo que, em função da emergência climática, não resta à humanidade outra solução,

03:01a não ser implementar as medidas da Conferência de Paris e avançarmos aí no sentido de enfrentarmos

03:09essa crise humanitária que vem se instalando, né?

03:12Então, nesse sentido, eu acho que o Brasil calibrou bem o discurso, né?

03:17O Itamaraty tem um acúmulo de experiência desde a Rio 92, a escola do Itamaraty se desenvolveu bem

03:26e André Corrêa do Lago é muito hábil.

03:30Então, essa parte da configuração do posicionamento brasileiro está muito bem, né?

03:35Com exceção da questão que é a ambiguidade brasileira da extração de petróleo no Amazonas, né?

03:43Que na foz do Amazonas, que isso é uma situação realmente que coloca o Brasil numa situação política bastante delicada

03:51e aconteceu às portas da conferência.

03:54Agora, o que se percebe é a velha equação.

03:57Você tem ainda os petroestados, os países que têm a ligação umbilical econômica com o petróleo

04:05tentando obstacularizar o processo principalmente de mitigação, né?

04:12Da redução de lançamento de gases de efeito estufa.

04:15Então, essa vai ser a grande queda de braços, né?

04:18E apesar da não presença dos Estados Unidos, da Rússia, no caso também, Putin, a China coloca aí um mandatário,

04:31mas também a Índia não se representa muito bem nesse processo do ponto de vista de gestores de primeiro escalão.

04:40Então, o que nós temos é esse enfraquecimento por um lado e uma enorme necessidade de fazer valer aquilo que a humanidade precisa.

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