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No Visão Crítica, o ambientalista Fábio Feldmann traça um paralelo histórico das 30 COPs realizadas, destacando a evolução e os fracassos das negociações climáticas.

Ele comenta o impacto e o desafio atual imposto pela indústria petroleira, que é o principal obstáculo para o avanço da pauta ambiental e a transição energética global.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

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Transcrição
00:00Mas, doutor Rafael, como é que justamente fica isso?
00:03Quer dizer, essa provocação à justiça que qualquer cidadão pode fazer,
00:07uma entidade organizada, de alguma questão, de alguma empresa que coloque em risco aí
00:11a questão do ambiente e que leva por tabela as mudanças climáticas.
00:18Como é que fica assim a ação do operador de direito?
00:22A gente começou essa discussão falando sobre o otimismo da COP.
00:26Você, logicamente, que em termos práticos, todas as COPs não vêm tendo seus objetivos realizados,
00:34implementados de fato.
00:36Nós analisamos a COP lá de 1990, a primeira delas, na verdade em 1990 não foi feita uma COP,
00:42mas pelo menos o acordo, a Convenção das Partes foi feita em 1990,
00:46ela determinava umas reduções obrigatórias lá que até hoje não foram cumpridas.
00:51Então, até que esse acordo que foi hoje feito na União Europeia,
00:53já está mitigando essa redução que não conseguiu se fazer até agora.
00:58Mas as COPs, a gente imaginar que teve 30, então precisando ter 30 COPs,
01:03quer dizer que pelo menos dá uma indução de que não está sendo suficiente.
01:09Consequentemente, mas essas COPs todas, elas foram, talvez não o objetivo almejado,
01:16mas elas foram muito úteis sim, estabeleceram princípios para a humanidade de preservação,
01:23de obrigação e de preocupação, que as atividades práticas dos governos,
01:29seja financiamento, seja trocas de queda de carbono,
01:33não conseguiram defetivar os resultados práticos almejados,
01:36mas o judiciário tem sido um bom braço disso.
01:39O ex-dembargador aqui, na linha de introdução essa questão da justiça climática,
01:47tecnicamente, assim, sei que é um termo até um pouco à luz até mais do direito dizer,
01:52mas a justiça climática justamente seria a justiça que ela é provocada
01:55pelo não cumprimento dos acordos climáticos.
01:58Então, esse não cumprimento dos acordos climáticos tem forçado o judiciário,
02:02o doutor Dalí entrou-se muito bem na Corte de Direitos Humanos lá da Europa,
02:08já começaram a existir ações, acho que Clima, o nome é Clima Serioninen,
02:13que foi feito na Suíça, por quê?
02:15Porque um grupo de idosos da Suíça entrou com uma ação contra o governo suíço,
02:20dizendo, ó, você se obrigou a fazer várias coisas e não fez.
02:23Então, eu vou acionar a Corte de Direitos Humanos para te obrigar.
02:28E se fez isso, essa ação foi ganha na Corte Interamericana da Europa.
02:35Nós temos N outras demandas, pelo mundo, 3 mil demandas já de entes,
02:42que sejam ou essa entidade, que era uma entidade de idosos lá na Suíça,
02:46mas várias outras, né, ajuizando várias ações estritamente climáticas no mundo.
02:52Temos, assim, o STF já chamado umas 3, 4 vezes, né,
02:55temos ações para discutir o fundo amazônico, para discutir as queimadas,
03:00que o doutor Fábio trouxe isso muito bem,
03:02em que o STF está, sim, agindo, provocado por entidades,
03:07sejam entidades ligadas especificamente a Clima, mas também o Ministério Público,
03:12alguns entes governamentais,
03:14para obrigar o governo a cumprir algo que ele se obrigou a fazer.
03:18Porque o acordo, a gente diz, esses acordos não valem nada?
03:23Não, esses acordos, claro que valem, né,
03:25existe, no nosso sistema jurídico, nós temos a Constituição,
03:29mas logo abaixo da Constituição estão esses acordos firmados pelo Brasil com outros países,
03:37que não passam pelo crivo do Senado.
03:39É o que a gente chama de direito supralegal,
03:41ele está entre a Constituição e todas as outras normas do Brasil.
03:45Então, o justiciário é chamado para fazer, sim, cumprir esses acordos.
03:50O acordo de Paris, né, que também o doutor Fábio trouxe aqui,
03:54foi uma, talvez um grito contra o descumprimento das outras COPES anteriores,
04:01a COPES de, se não me engano, a COPES de Paris foi em 2015.
04:05Existem alguns artigos ali em que se consegue se interpretar
04:08que as grandes empresas dos países deveriam se realizar as suas reduções de emissões.
04:14Então, o judiciário acaba sendo provocado,
04:18às vezes as ações são ajuizadas contra as empresas,
04:20às vezes sempre, quer dizer, às vezes sempre não, né,
04:22muitas vezes também com um ente governamental junto,
04:26para que se cumpra, estabeleçam multas, estabeleçam,
04:30como o doutor Nalim trouxe, pesadas indenizações,
04:33para quem não está cumprindo um acordo global,
04:35que tem consequências para os governos,
04:37e principalmente para os grandes agentes privados dos países.
04:40É, o Fábio Feldman, pegando justamente o gancho,
04:45tanto o doutor Nalim como o doutor Rafael,
04:49o Brasil cumpriu os acordos que assinou
04:54nos últimas grandes reuniões que trataram do meio ambiente,
04:58quer dizer, o Brasil pode falar com voz mais grossa,
05:01mais alta, no sentido popular,
05:03olha, nós cumprimos e você não cumpriu?
05:05Olha, o Brasil tem sido comparado com os outros,
05:10quer dizer, eu falo comparado com os outros,
05:12porque, infelizmente, quer dizer, nós estamos caminhando
05:15para não cumprir o acolo de Paris,
05:18que estabeleceu que a meta de aumento da temperatura média do planeta
05:23não alcançaria 2 ou 1,5 graus Celsius.
05:26Tem muita gente, inclusive da comunidade científica,
05:28que acha que essa meta já é impossível de ser cumprida,
05:34e as Nações Unidas lançou, inclusive ontem,
05:37um relatório chamado Gab Report, muito interessante.
05:40Agora, o Brasil, perto dos outros, está indo muito bem,
05:43porque tem uma matriz energética baseada na hidro,
05:47quer dizer, o Brasil tem experiências muito bem sucedidas,
05:51o nosso calcanhar daqui continua sendo o desmatamento
05:54da Amazônia, do Cerrado e dos outros biomas.
05:58A gente fala muito pouco, a gente fala muito da Amazônia,
06:01mas a gente esquece que a Caatinga está sofrendo problemas,
06:05o Cerrado, que é muito importante,
06:07que o Cerrado é onde nós temos o nascimento das grandes bacias hidrográficas.
06:13Agora, o nosso calcanhar daqui, eles continuam sendo a Amazônia.
06:18Só explicando um pouco, o Acordo de Paris,
06:21ele determinou que cada país apresente uma NDC,
06:25quer dizer, uma contribuição nacional determinada,
06:28que mudou, inclusive, em relação ao protocolo de Kyoto,
06:31ou seja, os países têm que apresentar o que eles vão fazer
06:35e a cada cinco anos tem que aumentar o que a gente chama de ambição climática.
06:40Acho que o Brasil, de maneira geral, está indo bem.
06:43Poderia ir muito melhor e nós temos aí grandes discussões,
06:47inclusive em relação ao petróleo.
06:49Quer dizer, eu acho que a grande discussão no Brasil hoje
06:52é a exploração do petróleo na Amazônia Ocidental,
06:58quer dizer, que é uma discussão e que, inclusive,
07:01tornou mais vulnerável a posição brasileira,
07:03porque, quer dizer, o desafio é, o maior desafio é o combustível fóssil.
07:09Tem que substituir o combustível fóssil.
07:11Agora, você pega o caso do Brasil,
07:13eu acho que não é uma discussão fácil.
07:16Quer dizer, eu tenho minha posição, mas não é uma discussão fácil,
07:20porque, à medida que os outros países não abrem mão do combustível fóssil,
07:24e o Brasil já é um grande exportador do petróleo,
07:28a discussão se coloca,
07:29eu vou abrir mão do petróleo e os outros não abrem mão do petróleo.
07:32Mas o fato é que eu, nisso, eu sou muito pessimista.
07:37Eu acho que a indústria petroleira mundial
07:39vai explorar o petróleo até a última gota.
07:43E daí surge essa discussão que foi levantada aqui pelo Rafael Pelinalini.
07:47Eu mesmo estou participando de uma discussão sobre isso.
07:51Eu acho que a solução é a litigância climática.
07:54Quer dizer, nós temos que ir para os tribunais contra a indústria petroleira
07:59e com medidas muito drásticas, porque elas não vão abrir mão.
08:03Como, aliás, Vila, eu estou me estendendo um pouco.
08:07Não.
08:07Quer dizer, a indústria petroleira, alguns anos atrás,
08:10ela, sentindo a pressão da opinião pública,
08:13ela acabou se colocando para o mundo.
08:14Eu não sou indústria de petróleo.
08:16Eu sou indústria de empresa de energia.
08:19E agora estão abrindo mão de todos esses compromissos.
08:22Isso é muito interessante.
08:23Mesmo no governo Trump,
08:25mesmo nos Estados Unidos, face ao governo Trump,
08:30fundos internacionais abriram mão dos seus compromissos climáticos
08:34e as empresas que tinham anunciado com grande repercussão
08:40que atingiriam o Net Zero em 2040, 2050,
08:44estão abrindo mão.
08:45Então, eu acho que o único caminho, aliás, eu vejo dois.
08:48Um é a litigância climática e outro é a mobilização popular.
08:52A sociedade tem que ir para a rua,
08:54porque eu já fui deputado,
08:57eu espero que você seja na próxima eleição,
08:59mas o deputado, o que ele sente mesmo, o político,
09:04é o povo na rua.
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