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Neste sábado, no JP Sustentável Especial COP30, Patrícia Costa conversa com o gerente de sustentabilidade da ABAG, Giuliano Alves. O programa aborda como o agro tem sentido as mudanças climáticas, a carta em que o setor diz que pode ser parte da solução e os caminhos para superar essa visão de conflito entre agronegócio e meio ambiente.
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Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00O agronegócio brasileiro chega a
00:09COP30 sob pressão internacional,
00:12mas também com a ambição de se
00:13mostrar parte da solução para a
00:16crise climática. A Associação
00:18Brasileira do Agronegócio, a
00:20BAG, afirma que o setor tem
00:21potencial para liderar práticas
00:23sustentáveis desde a
00:25descarbonização até o uso mais
00:27eficiente da terra. Mas esse
00:29discurso acontece em paralelo a
00:31movimentos políticos no Congresso
00:32onde a bancada ruralista tenta
00:34derrubar vetos da nova lei do
00:36licenciamento ambiental em pleno
00:38ano da Conferência do Clima em
00:40Belém. E para falar sobre esse
00:42assunto eu recebo hoje o gerente de
00:44sustentabilidade da BAG, Juliano
00:47Ramos Alves, seja bem-vindo,
00:49obrigada por aceitar o nosso
00:51convite. Vocês reuniram aí todos
00:53os setores do agro pra fazer uma
00:55carta de intenções e de
00:57direcionamentos, né, que o setor vai
00:59fazer a partir de agora, a partir da
01:01COP30, pra tentar reunir como esse
01:03financiamento climático também vai
01:05ajudar o setor nessa agenda verde.
01:07Perfeito, obrigado, obrigado Patrícia
01:09pelo convite, pela oportunidade, um
01:11prazer estar aqui. Exatamente, a BAG,
01:14ela reuniu em abril desse ano, na
01:16realidade, diversos erros da cadeia do
01:19agronegócio, exatamente com o objetivo
01:21de desenvolver quais seriam as
01:23diretrizes principais dentro dos temas
01:25que são discutidos na COP30, que
01:29poderiam, de certa maneira, impactar o
01:30setor do agronegócio, sendo considerado
01:32obviamente um dos grandes propulsores
01:34da economia brasileira, exatamente em
01:37novembro desse ano, em Belém. Então,
01:39esse evento que aconteceu em abril, ele
01:43buscou discutir questões centrais, como
01:45a questão de adaptação às mudanças do
01:47clima, a questão da mitigação das
01:49mudanças do clima, financiamento, como
01:51você bem disse, que sem o financiamento
01:53não há boas práticas, não há ações que
01:55combatem as mudanças do clima e também a
01:57questão, obviamente, de mercado de
01:59carbono. A partir desse evento, nós
02:01desenvolvemos exatamente o que você
02:02comentou, essa carta, direcionando os
02:06governos, tanto nacional, até mesmo
02:08internacional e como que o Brasil deve
02:10se posicionar em relação ao setor
02:11privado, a todos esses temas que, como
02:14eu falei, são a agenda principal da
02:16COP30. E como é que o Brasil deve se
02:18posicionar? A partir dessas discussões, a
02:22gente conseguiu elencar três temas que
02:24são fundamentais para que o Brasil possa
02:26se posicionar de maneira bastante
02:28assertiva. Então, quando a gente pensa no
02:30setor do agronegócio, a gente está
02:32falando sobre temas como adaptação às
02:34mudanças do clima e, quando eu falo de
02:36adaptação, é importante mencionar que o
02:38agronegócio, ele é um dos setores mais
02:40impactados pelas mudanças do clima. A gente
02:42costuma dizer que é uma indústria de céu
02:43aberto. Então, qualquer tipo de mudança,
02:46a gente pode pegar, inclusive, os exemplos
02:48que tiveram no ano passado no Rio Grande do
02:49Sul, em relação às enchentes, impactaram
02:52milhares de produtores rurais. Ou a seca
02:54severa no centro-oeste no ano passado, né?
02:56Exatamente, Patrícia. Então, quais são
02:58essas ações de adaptação? São ações
03:00que o agronegócio, por meio de pesquisa,
03:03desenvolvimento e tecnologia, ao longo dos
03:05últimos 50 anos, pode exatamente
03:07proporcionar ao produtor rural, às
03:09empresas rurais, para que elas possam
03:12reduzir ou, de certa maneira, impedir
03:16que essas mudanças do clima afetem
03:18suas produções. Eu estou falando aqui
03:20sobre a questão de biotecnologia, sobre
03:22melhor uso dos recursos naturais, sobre
03:24melhor uso do solo. Então, tudo isso
03:27estaria dentro dessa questão de
03:29adaptação. Quando a gente fala de
03:31mitigação, e aí eu acho que todos os
03:33setores têm atuações importantes em
03:36relação a isso, nós estamos falando
03:37especificamente para o setor do
03:38agronegócio, ações para reduzir as
03:40emissões ou, eventualmente, sequestrar os
03:43gases que causam as mudanças do clima.
03:46Entrando, por exemplo, no mercado de
03:47carbono. Mercado de carbono é um
03:50instrumento dentro dessas ações de
03:51mitigação, mas eu estou falando
03:53especificamente quando a gente fala
03:54do setor do agronegócio, são de boas
03:56práticas, como, por exemplo, sistema
03:59de plantio direto, integração de
04:01culturas, conversão de pastagens ou de
04:04áreas degradadas. Todas essas ações
04:07que são viabilizadas, muito por conta
04:09também dos esforços do setor privado,
04:12são fundamentais para evitar essas
04:15mudanças do clima ou mitigar as
04:17seduções mitigadas culpadas, emissões
04:19de gases de efeito estufa. Vocês já
04:22sentem o efeito das mudanças
04:24climáticas no agronegócio como um
04:26todo. É visível isso, as ações da
04:29Embrapa, as pesquisas que existem já
04:31mostram que os eventos climáticos
04:34estão mais extremos, intensos e com
04:36período de espaço assim menor. Como
04:39você se posiciona diante dessa agenda
04:42como parte da solução e ao mesmo tempo a
04:45bancada ruralista defende dentro do
04:47congresso a derrubada de vetos
04:49importantes que trazem esse equilíbrio
04:51entre progresso e também proteção
04:54ambiental. Como é que você vê isso? Não é
04:57um pouco contraditório? Eu acredito que
04:59não, porque quando a gente, como você
05:02comentou, o agronegócio dentro desse
05:04nosso posicionamento se propõe a ser
05:07uma das soluções às mudanças do clima.
05:10Isso é importante porque o agronegócio, o
05:12setor da agropecuária é o único setor capaz
05:15de inclusive sequestrar carbono, sequestrar
05:18gases que causam esses efeitos, as mudanças
05:20do clima. Então, por meio dessas boas
05:23práticas, nós conseguimos, vou dar um
05:26exemplo, talvez seja um pouco técnico, mas
05:28um hectare de integração de vavor à
05:31pecuária floresta, que é a ILPF, ao longo
05:34do ano pode chegar até sequestrar cerca de
05:375 a 8 toneladas de carbono por hectare
05:41por ano, se você utilizar exatamente esse
05:43tipo de prática. Então, é o único setor que
05:47pode fazer isso. Os outros setores podem
05:49apenas reduzir as emissões. Então, o setor
05:52agropecuário, num país como o Brasil, que é o
05:55principal setor econômico em termos de
05:57escala, em termos de produtividade, de balança
05:59comercial, de PIB, de emprego, se nós não
06:02encontrarmos maneiras de seguir a produção,
06:06seguir a competitividade do setor, porque
06:08é importante, inclusive, para, como eu falei,
06:10geração de empregos, contabilizando todas
06:13essas ações, boas práticas, que ajudam
06:16também ao combate das mudanças do clima, o
06:18Brasil não vai conseguir atender suas metas
06:20estipuladas internacionalmente. E aí entra
06:22muito essa questão que você falou, dos
06:25temas que estão sendo discutidos no
06:27Congresso. Então, eu vejo que existe,
06:30obviamente, algumas contradições, ou
06:35talvez alguns debates políticos que
06:38colocam o agronegócio e a agenda
06:40ambiental como dois aspectos separados e
06:43muitas vezes contraditórios. O que, na
06:45visão da BAG, isso não é verdade. Essas
06:48agendas, elas andam lado a lado. E é
06:51claro que o debate em torno, como você
06:54comentou, de pautas no Congresso, como o
06:57caso do licenciamento, são muitas vezes
06:59mais técnicos do que políticos em relação a
07:01pautas como licenciamento. Mas, na
07:03realidade, os vetos, eles são unicamente
07:05técnicos. Se nós pensarmos que um dos
07:10vetos que foram estabelecidos vinculam a
07:14aprovação do CAR, que é o Cadastro Ambiental
07:16Rural, com o licenciamento ambiental, não
07:19significa que o setor da agropecuária
07:23seja contrário a isso. Só que, nesse
07:25momento, isso inviabiliza o licenciamento
07:28ambiental de diversas propriedades, porque a
07:31grande maioria dos CARs, dos Cadastros
07:33Ambientais Rurais, ao redor do Brasil, não
07:36foram aprovados por questões técnicas, por
07:38questões burocráticas, a nível, principalmente
07:42estadual, porque é a competência dos
07:43estados. Isso não tem nada a ver com uma
07:46questão de agenda política, de questão
07:48ambiental, ser contrário a essas questões.
07:50Mas aí não seria mais fácil aparelhar o
07:52setor, aumentar a fiscalização, o pessoal,
07:55que burocracia? Porque uma coisa é você
07:57diminuir a burocracia, outra coisa é você
08:00determinar que o CAR, por exemplo, não
08:02seja usado no dia a dia, que é o que
08:05protege as áreas ambientais, mitigações e
08:08tudo mais. Esse autolicenciamento e essa
08:11independência dos estados, dos municípios,
08:14na hora de facilitar esse processo, não
08:17pode acabar fragilizando ainda mais os
08:19sistemas hoje ambientais? Eu acredito que
08:22não, porque são coisas que são, que devem
08:25ser construídas de maneira, é um processo,
08:28de maneira processual. Então, estabelecer
08:31atualmente, como eu falei, a vinculação de
08:35aprovação dos CARs com licenciamento
08:37ambiental, atualmente isso vai impactar de
08:41maneira, assim, e aí eu acho que eu posso
08:44até trazer essa agenda ambiental, vai
08:45impactar muito a agenda ambiental, porque
08:47para você viabilizar financiamento em
08:49projetos, como eu falei, projetos de
08:52carbono, agricultura generativa, se você
08:56vincular isso à aprovação do CAR e para
08:58garantir o licenciamento ambiental, você
08:59vai impedir que esse financiamento chegue
09:01na ponta. E isso é algo que não é
09:03interessante tanto para a agenda
09:05ambiental quanto para a agenda econômica
09:07do Brasil. Se a gente entende que o
09:09agropecuário pode ser um setor, como eu
09:11falei, que contribui como uma das soluções
09:14para as mudanças do clima, mas que segue
09:15produzindo para atender, inclusive, o mercado
09:17internacional, que está cada vez mais
09:19exigente, se nós vincularmos, no dia de
09:22hoje, a aprovação do CAR com o
09:25licenciamento, você vai impedir que esse
09:27financiamento chegue na ponta, você vai
09:28impedir que o Brasil continue competitivo
09:30internacionalmente, vai impedir que o
09:32Brasil adote medidas sustentáveis dentro
09:36da sua produção, o que vai contrário a
09:38agenda ambiental. Então, só para dar alguns
09:41números, até o final do ano passado, cerca de
09:44dois a três por cento de todos os CARs a
09:47nível Brasil foram realmente aprovados, o
09:51restante e talvez o grande, a grande
09:54parte restante esteja ainda em vias de
09:57aprovação ou em análise. E de novo, são
10:00questões técnicas, muitas vezes por falta
10:02de padronização dos sistemas de análise
10:05dessas, dessas medidas de cadastro, seja por
10:10falta da falta de conhecimento ou de passar
10:13o conhecimento para os produtores rurais e
10:15a gente tem projetos, obviamente, como a
10:17questão do Silo Verde no Pará, que buscam
10:18seguir nessa linha e atender todos esses
10:20desafios, mas isso, como eu falei, é um
10:23processo, não é da noite para o dia que
10:24você vira essa chave. Então, eu não diria
10:27que são contraditórias, mas eu diria que
10:30são temas técnicos que precisam ser
10:32resolvidos para que a gente consiga
10:34caminhar lado a lado os dois setores.
10:37Exatamente para se manter economicamente
10:39viável, né? Porque o mercado internacional,
10:41como você disse, tem cobrado cada vez mais
10:43práticas mais sustentáveis na hora de
10:46produzir. A gente sabe que boa parte do
10:47Brasil tem práticas sustentáveis, até por
10:49isso que a gente consegue essa penetração
10:51em outros países, mas como acabar, tirar
10:54essa concepção, principalmente internacional,
10:56de que o agronegócio está muito atrelado
10:59ao desmatamento hoje no Brasil, que é o que
11:02mais se destaca, né? Nessas discussões
11:04fora daqui. Perfeito. A questão do
11:06desmatamento é importante, porque, primeiro,
11:08o setor do agronegócio, sério, ele é
11:11totalmente contrário ao desmatamento
11:12legal. Como vocês sabem, nós temos um
11:15código florestal, esse código florestal, ele
11:17distingue a questão do que é desmatamento
11:20legal daquele que é ilegal. Hoje, quando
11:22você pensa em termos de preservação
11:24ambiental e dentro de propriedade
11:26rural, quando a gente pega zonas da
11:28Amazônia, a gente está falando de cerca de
11:3080% de preservação. Quando a gente pega no
11:32centro-oeste, Cerrado, principalmente, a gente
11:34está falando de cerca de 35% que pode ser
11:38haver o desmatamento e, quando a gente
11:40pega nas outras regiões, são cerca de
11:4240%, se não me engano. Então, a gente tem um
11:47código florestal que é muito rigoroso
11:49quando nós pensamos em termos
11:50internacionais, talvez um dos mais
11:52rigorosos do mundo. A questão do
11:55desmatamento legal são ações de comando
11:58e controle que o Estado precisa adotar
12:00para evitar que esse desmatamento legal,
12:03que não tem a ver com o setor do
12:05agronegócio sério, correto, acaba
12:09pregando na prática. Então, e você disse
12:12muito bem, hoje em dia os mercados
12:13internacionais, eles estão trazendo
12:15medidas contrárias à importação de
12:19produtos que podem ser oriundos do
12:21desmatamento de maneira geral. Então,
12:23como que o Brasil garante essa
12:25rastreadibilidade, são boas práticas que
12:27as empresas vêm adotando por meio
12:29desses projetos de sustentabilidade nas
12:31suas cadeias, mas que, de novo, precisam
12:34de financiamento. Só que aí entra um
12:36outro desafio muito importante dentro
12:38dessa agenda. Para que a gente consiga
12:40viabilizar esse financiamento, nós
12:43precisamos garantir que as nossas
12:44métricas, as nossas metodologias, as
12:48nossas práticas sejam realmente
12:50reconhecidas a nível internacional para
12:54exatamente que o Brasil consiga sendo
12:56competitivamente ativo, mas também que
12:58nossa balança comercial siga sendo
13:02favorecida pelo setor do agronegócio.
13:04Coisas que, quando nós pensamos num
13:06critério geopolítico, isso pode não
13:09acontecer como não está acontecendo em
13:11conversas com a questão, com o próprio
13:14bloco europeu, com os Estados Unidos, mas
13:16que, na realidade, na visão da BAG, são
13:19muitas vezes medidas protecionistas
13:21disfarçadas de ambientais. Porque
13:25o Brasil, como eu falei, é muito
13:27competitivo. Como que, dentro de um
13:31cenário geopolítico, os outros países
13:32encontraram mecanismos de reduzir essa
13:34competitividade do Brasil? Exatamente
13:36não aceitando as métricas, as
13:39metodologias e as práticas brasileiras
13:41que são realmente sustentáveis, mas que,
13:44na visão de países de clima temperado e
13:47que talvez tenham outros interesses
13:48comerciais, não fazem sentido, não são
13:51interessantes. Então, com base exatamente
13:53nessas medidas, nessas justificativas,
13:55eles acabam barrando esses produtos
13:57brasileiros, que, na realidade, são, de
13:59fato, sustentáveis. Então, eu acho que
14:01esse cenário, como um todo, mostra a
14:02complexidade que a gente vem dando dentro
14:04da associação. É o que você acha que
14:06acontece, por exemplo, com os produtos
14:08franceses, essa pressão que existe dos
14:10produtores rurais lá do país, você
14:12acha que é mais protecionismo do que uma
14:14barreira realmente preocupada com a
14:16agenda ambiental? Eu imagino que,
14:18em alguns setores, sim, porque quando a
14:20gente pensa, obviamente, na própria
14:22questão do acordo Mercosul-Union
14:23Europeia, que é um acordo que vem há
14:25muitos anos sendo discutido, a França
14:28é um dos principais países que são
14:29contrários à assinatura desse acordo
14:31por questões ambientais. E quando nós
14:34pegamos exatamente os produtos
14:35franceses com os nossos produtos, a
14:38nossa competitividade é muito maior do
14:40que os produtores franceses. Então, é, de
14:42certa forma, uma maneira de proteger o
14:44mercado francês, principalmente o setor
14:46produtivo, contra essas importações de
14:49produtos brasileiros, que são mais
14:51baratos e que são, com certeza, mais
14:53sustentáveis. Agora, entender ou justificar
14:57que eles não são com base em métricas ou com
15:00base em justificativas que funcionam só
15:02para países de clima temperado, que são
15:06diferentes de países de clima tropical, não
15:08me parece ser uma justificativa muito
15:11razoável e muito equilibrada. Juliano, quais
15:14são os compromissos do agronegócio para
15:17a agenda 2035? O Brasil tem, dentro das
15:19MDCs, aí, diminuir a redução, a emissão
15:22de gases do efeito estufa. Quais são as
15:24contribuições que o agronegócio tem para
15:27conseguir atingir essa meta? Porque vários
15:29setores terão que se empenhar para que o
15:31Brasil realmente consiga fazer isso, né?
15:33Exatamente, Patrícia. Eu acho que, antes
15:35de responder a sua pergunta, é importante
15:37fazer uma contextualização em relação ao que a
15:40COP se propõe e quais são, ou quais foram os
15:43compromissos assumidos pelo Brasil até
15:462035, que, basicamente, é só a nova
15:48NDC. Então, a COP, ela visa, basicamente,
15:51criar mecanismos, instrumentos, para que os
15:54países, de maneira consensual, consigam
15:57trazer ações práticas para a redução das
16:01emissões de gases de efeito estufa, para
16:04evitar aquele aumento da temperatura até
16:062050. Então, grande parte dos países, ou
16:08grande parte das empresas também, setores
16:10privados, setor público, eles vêm assumindo
16:14compromissos até 2050, 2060, de net zero, ou
16:18seja, zerar suas emissões. O Brasil,
16:20obviamente, está dentro desse contexto e, ao
16:23longo dos últimos anos, ele vem apresentando
16:25NDCs, que são essas contribuições
16:28nacionalmente determinadas, que são as suas
16:30próprias metas, em busca do net zero até
16:332050. Então, a cada dez anos, cada cinco
16:37anos, desculpa, o Brasil, ele acaba
16:39renovando as suas NDCs e, até 2035, o Brasil
16:42apresentou uma NDC nova, que visa reduzir as
16:45emissões de gases, de maneira economy-wide, o
16:49que a gente chama, para todos os setores da
16:51economia, de 850 milhões de toneladas de gases
16:58de efeito estufa, até 1.5 gigatoneladas de
17:03gases de efeito estufa, o que é, de fato,
17:05bastante ambicioso. Se você for pensar que o
17:08Brasil, somando todos os setores, tem cerca
17:11de 2.2 gigatoneladas de emissão de carbono
17:15equivalente, principalmente. Então, como que o
17:19setor do agropecuário pode apoiar toda
17:22essa construção? É exatamente o que a gente
17:24traz no nosso documento. Ações, boas
17:26práticas, projetos verdes, agricultura
17:28regenerativa, conversão de passagem
17:30degradada, integração, lavoura-pecuária
17:32floresta, plantio direto, biocombustíveis,
17:35bioinsumos, todas essas práticas, elas
17:37hoje são vistas como ações que podem
17:42contribuir com aquela agenda de
17:45mitigação e adaptação. Então, nós
17:47trazemos, dentro desse documento, uma
17:50coletânea, digamos assim, de ações que
17:52podem ser compreendidas dentro do
17:55ambiente da COP, como ações realmente
17:57factíveis que o Brasil pode adotar
18:01dentro do setor agropecuário para
18:03contribuir com a agenda da COP. Então, eu
18:05vejo que é muito mais nesse sentido. Só
18:07que, ao mesmo tempo, a gente sabe que, como
18:09você mencionou na abertura, a agenda da
18:13COP é muito maior do que isso. A agenda da
18:15COP é de mudanças do clima, não é da
18:17agropecuária. A agropecuária é um setor
18:19importante para o Brasil. Talvez não seja
18:22para a grande maioria, porque quando a gente
18:24pensa em emissões globais, as emissões
18:27oriundas de combustíveis fósseis são
18:28muito maiores. Só que, quando você pega
18:31num cenário internacional, você percebe
18:33que grande parte dos países apresentam
18:36suas NDCs conectadas com ações da
18:38agropecuária, o que mostra que a
18:40agropecuária pode ser vista como uma
18:41das soluções. Se não me engano, são
18:44cerca de 141 NDCs, ou seja, 141 países
18:47apresentaram NDCs que possuem ações da
18:50agropecuária para atendimento das suas
18:54metas. O que, na nossa visão, e eu acho
18:57que fica muito claro, mostra, de novo,
18:59como a agropecuária é um setor
19:01importante para essa agenda do clima e
19:04não é um setor que vai contribuir
19:06para as mudanças do clima.
19:09Em relação a isso, o setor, claro, a gente
19:12já comentou aqui, é essencial para a
19:13economia brasileira, para a segurança
19:15alimentar, tudo isso junto com um uso
19:20excessivo também de recursos naturais,
19:22né? Da terra, do solo, da água, que tipo
19:25de tecnologia hoje, que investimentos
19:28tem acontecido para a gente diminuir a
19:31quantidade de recursos naturais para
19:33ter uma produção mais eficiente e
19:35sustentável ao mesmo tempo? É uma
19:37ótima pergunta e eu vou talvez ser um
19:40pouco repetível, mas eu retomo aqui
19:42algumas questões, como eu falei. Para
19:44você viabilizar uma grande eficiência na
19:46utilização dos recursos naturais, são
19:48aquelas agendas de adaptação. Então, por
19:51exemplo, a agenda de biotecnologia, com
19:54desenvolvimento de novas biotecnologias
19:56que podem ser, de fato, usufruídas e
19:59implementadas no campo, você consegue
20:02reduzir a área de produção, ou seja,
20:07você vai reduzir muitas vezes o aumento
20:10do uso da terra e isso pode ser visto ao
20:13longo dos últimos anos, principalmente para
20:15soja e para milho. Se você pegar um
20:18gráfico, se não me engano, Conab deve
20:20ter esses dados em termos de
20:22produtividade em relação ao uso da
20:24área, você vê que a produtividade de
20:26milho, de soja, vem numa exponencial,
20:28enquanto o uso da área está chegando
20:30num fator, porque nós conseguimos cada
20:32vez mais ser mais produtivos em um, em
20:35uma região menor do que antigamente, no
20:38qual era necessário a expansão
20:39territorial. Isso graças ao desenvolvimento
20:41da tecnologia, que a Embrapa, muitas vezes,
20:44foi importante nesses aspectos. Então, de
20:46novo, a questão da biotecnologia, você
20:48ter grãos, sementes que têm essa, essa,
20:52esse diferencial para reduzir o uso da
20:56terra, para reduzir o uso da água, para
20:58ser mais assertivo, inclusive, no momento
21:02em que você vai fazer a pulverização de
21:04defensivos químicos, você ser mais
21:07assertivo naquela região apenas, o que
21:08contribui, inclusive, para a redução do
21:11uso de combustíveis, porque os próprios
21:14maquinários agrícolas não vão precisar
21:17muitas vezes se movimentar ao longo da
21:18propriedade, eles vão ser muito mais
21:21assertivos, então se reduz também as
21:22emissões oriundas de combustíveis
21:24fósseis. Então, no final das contas, isso é
21:28só uma utilização de uma tecnologia, mas
21:30você tem, obviamente, contribuindo também
21:32com a redução do uso de defensivos, que
21:34são importantes, mas a uso de
21:36bioinsumos, que também reduz a necessidade
21:38de você utilizar fertilizantes, que
21:40também geram, obviamente, as emissões de
21:44óxido nitroso. Então, todas essas
21:47tecnologias que vão sendo desenvolvidas, que
21:50estão dentro dessa agenda de
21:51adaptação, contribuem para a redução das
21:54emissões do clima e que são importantes
21:56para o setor da agropecuária.
21:58Você falou aí sobre essa questão do
22:00bioinsumo, insumos agrícolas, o Brasil
22:02também é fortemente criticado pelo uso de
22:05agrotóxicos aqui no nosso país. E em
22:07defesa, o agronegócio sempre diz que o
22:09nosso clima também é diferente, as
22:11pragas são diferentes, mas isso também
22:13acaba barrando a entrada dos nossos
22:16produtos em outros mercados
22:18internacionais e recebendo uma crítica
22:20muito forte também do mercado ambiental,
22:24das empresas que querem práticas mais
22:26sustentáveis. Como é que é possível
22:28equilibrar isso nesse momento em que o
22:31setor está sendo tão pressionado para
22:33evitar esses usos? E aqui no Brasil a
22:35gente tem agrotóxicos que não são
22:37liberados em outros países. Como é que
22:38vocês têm se posicionado para não o
22:41agronegócio tirar também essa
22:43concepção de que a gente usa ambientes
22:47tóxicos para produzir e para gerar isso
22:50aqui no nosso país, a gente no mercado
22:52interno. A gente fornece alimentos com
22:54agrotóxicos que não são fornecidos, por
22:56exemplo, internacionalmente, porque lá é
22:58proibido e aqui não. Ótimo. Acho que a
23:01questão do uso de defensivos é algo
23:04que nós, como setor, e isso está sendo
23:07muito bem liderado por entidades
23:09específicas para biotecnologia, para
23:12defensivos e por aí vai, é a desmistificação
23:15do uso de defensivos no Brasil. Então,
23:18você falou bem, o Brasil tem um clima
23:21muito diferente, o que favorece,
23:22inclusive, a ação de pragas dentro das
23:25nossas produções. O Brasil, ele tem uma
23:28produtividade alta, nós conseguimos ter
23:30duas, três safras ao ano e, obviamente,
23:34o tamanho do Brasil é muito maior do
23:36que países que, muitas vezes, criticam
23:38o uso de defensivos. Então, se a gente
23:41pegar em termos totais, o Brasil, de
23:43fato, tem um volume alto de defensivos.
23:46Só que, por conta disso que eu falei,
23:48clima tropical, muitas vezes, facilidade
23:51na questão de pragas e a gente ter duas a
23:54três safras por ano. Quando você traz
23:57esse número para termos proporcionais,
24:00você vê que o Brasil é o oitavo, talvez,
24:02o nono país que, de fato, mais usa
24:04defensivos, atrás de Japão, atrás de
24:07outros países que, muitas vezes, são
24:08vistos como um povo sustentável. Então,
24:12primeiro, a gente tem que desmistificar
24:13essa questão de que o Brasil realmente
24:15usa muito defensivo. São cenários
24:17diferentes que precisam ser analisados de
24:19maneira individual. Em relação à
24:21transição energética, quando a gente fala
24:23que o agro pode ser parte da solução,
24:26a gente, principalmente, pode ser parte
24:28da solução ao produzir etanol a partir
24:31da cana, do milho. Já tem pesquisas
24:34mostrando que até a partir do coco, a
24:36gente produzir etanol e que as emissões
24:38de gases poluentes que causam o efeito
24:40estufa seria menor a partir dessa
24:43produção. Como é que o setor tem se
24:45posicionado nesse sentido e como atrair
24:48parte desse financiamento climático,
24:50que vai atingir todos os setores da
24:52nossa economia para esses projetos
24:55acontecerem de melhor forma aqui no
24:56nosso país? É muito importante essa
24:58questão da bioenergia no Brasil, porque
25:01o Brasil também tem essa vocação de
25:03bioenergia. Diferentemente isso, quando
25:05a gente entende um cenário
25:07internacional, existe um debate, muitas
25:10vezes, na questão de alimentos contra
25:12biocombustíveis, que em inglês é food
25:14versus fuel. Existem governos que
25:16defendem, muitas vezes, por questões
25:18históricas e não estou entrando no
25:21mérito de ser certo ou errado, mas cada
25:24país tem a sua peculiaridade, tem sua
25:27vocação, mas defendem que no local
25:30onde você planta alimento, você tem que
25:33focar em alimento para garantir uma
25:34segurança alimentar e não tem que focar
25:36em combustível. No caso do Brasil, por
25:40meio de todas essas inovações que a
25:42Embrapa muitas vezes foi responsável por
25:44desenvolver, nós conseguimos fazer aquela
25:46rotação de culturas ou sistemas
25:48integrados, nos quais a gente consegue
25:50plantar tanto alimento, quanto também
25:52insumo para biocombustível. Então, nós
25:55conseguimos, na mesma área, trazer a
25:56produção dessas duas, enfim, desses
26:00dois produtos que vão contribuir não
26:03só para a segurança alimentar, mas para
26:05segurança energética, que também é algo
26:07muito importante quando a gente pensa num
26:09cenário internacional. E o Brasil, por ser
26:11um grande produtor de cana, de milho,
26:14entre outros produtos, se coloca numa
26:17posição fundamental para produzir esses
26:20biocombustíveis também. E a gente está
26:21falando não só de biocombustível
26:23terrestre, nós estamos analisando,
26:25inclusive a BAG soltou um posicionamento
26:28focado no combustível de aviação
26:30sustentável, que pode ser também a
26:33utilização do etanol, combustível de
26:34navegação sustentável, marítimo sustentável,
26:37que também pode ser utilizado o etanol.
26:39Então, se o Brasil conseguir, e esse é o
26:41desafio, incentivar esses mercados e
26:45produzir esses combustíveis, esses
26:47biocombustíveis no Brasil, a gente vai
26:50conseguir, o Brasil vai conseguir se
26:53colocar nesse mercado internacional como
26:55de fato um protagonista na segurança
26:57energética, o que nós temos a faca e o
27:00queijo na mão. É importante garantir que
27:01esses incentivos aconteçam para que as
27:03empresas consigam também produzir esses
27:06produtos aqui no Brasil. Rapidamente,
27:09como a gente pode melhorar o diálogo aí da
27:11sociedade, dos órgãos ambientais, os
27:13ambientalistas, especialistas no setor
27:15tanto agropecuário como em meio
27:16ambiente, já que existem tanto em trave e
27:19até mitos, né, na produção, tanto na
27:22defesa de um quanto na defesa do outro,
27:24não falta um diálogo melhor? Como,
27:25rapidamente, como que a BAG tem
27:27trabalhado isso para ter um acesso
27:29melhor às informações e fazer isso
27:30circular de maneira mais transparente,
27:32para que não haja esse confronto de
27:34vilão, mocinho e tudo mais nessa
27:36questão? Eu acho que, primeiro, o que
27:39estamos fazendo agora. Então, eu já agradeço a
27:41oportunidade, inclusive, a Jovem Pan e a
27:42você, Patrícia, por nos convidar e que a
27:45gente possa, exatamente, falar um
27:46pouquinho do trabalho da BAG e o que
27:48realmente o agronegócio vem fazendo nos
27:51últimos anos. O nosso próprio material em
27:54relação ao posicionamento da COP30 é
27:55uma, é um posicionamento do setor, não
27:58só para a questão internacional, mas para
28:00também o Brasil. Então, nós convidamos
28:02imprensa, nós estamos à disposição para
28:05esclarecer cada um dos pontos tratados
28:07nesse posicionamento, porque, na nossa
28:09visão, é importante também atender o
28:11mercado interno e a população de
28:14Minas Gerais. Tanto que, dentro desse
28:15posicionamento, existiram representantes
28:19de terceiro setor que nos ajudaram a
28:21construir esse posicionamento. Então, se a
28:23gente pensar cerca de 80 representações
28:25que nos ajudaram a construir essas
28:28diretrizes, a gente está falando de
28:29governo, a gente está falando de setor
28:31privado, de empresa, de associações,
28:33terceiro setor, academia, o setor
28:36científico. Então, é, de fato, bastante
28:38representativo. Então, essa é uma ação
28:40que tentamos desenvolver para desmistificar
28:45esses conceitos. Outras ações que a
28:47BAG vem fazendo. Na semana passada, por
28:51exemplo, nós realizamos um workshop para
28:53jornalistas. Basicamente, para mostrar
28:56a esses jornalistas quais são as ações
28:59que o agropecuário vem fazendo para
29:01reduzir essas mudanças do clima. Naquela
29:03oportunidade, nós falamos especificamente
29:05de agricultura regenerativa. Então, é
29:08mais uma ação para viabilizar os nossos
29:11jornalistas que tenham todas as
29:13informações, porque eles são
29:15multiplicadores. A partir do momento que a
29:16gente tem exatamente... Informação de
29:19qualidade, né? De qualidade. Obrigada,
29:21Juliano, pela sua participação aqui, por
29:23dar todos esses esclarecimentos. A gente
29:25espera mesmo que haja uma produção mais
29:27sustentável, que o mercado também possa
29:29lucrar aí com a vinda do mercado de carbono
29:31e é tão importante esse setor na geração
29:34de emprego, renda e parte do PIB,
29:36principalmente aqui do Brasil, né? A
29:38COP30 será um teste não apenas para
29:40governos, mas para setores inteiros da
29:43economia. O agronegócio é gigante,
29:45alimenta, gera emprego e também
29:47pressiona biomas e responde por parte
29:50relevante das emissões. O discurso de
29:52ser parte da solução precisa vir
29:54acompanhado de transparência, metas e
29:57compromisso real. Até a próxima.
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