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Em meio às cobranças do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Copom ignorou as pressões e decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano. O professor de economia da FGV Vinicíus Vieira participou do Jornal da Manhã deste sábado para analisar o assunto.

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Transcrição
00:00E agora a gente fala de toda a pressão do governo e da oposição, né?
00:04Porque o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter em 15% ao ano a taxa de juros.
00:11E a gente vai entender melhor essa decisão, o que representa na prática tudo isso.
00:16Vamos receber no Jornal da Manhã o professor de Economia da FGV, o Vinícius Vieira.
00:22Vinícius, muito bom dia.
00:23Bom, em relação à manutenção, havia a expectativa de que realmente fosse mantida.
00:30Mas, diferentes setores, alguns até se manifestaram, ouviu mobilizações acontecendo em relação aos sindicatos que se opuseram a essa medida do comitê.
00:41Mas, a crítica do governo tem sido mais moderada em relação a isso, né?
00:46Exato, David. Bom dia. Obrigado pelo convite.
00:49Nós temos aqui um cenário em que o governo não pode mais fazer as críticas que ele costumava fazer
00:57quando o presidente do Banco Central era Roberto Campos Neto, indicado pelo governo anterior, pelo governo Jair Bolsonaro.
01:06Agora, o presidente e outros diretores, a maioria dos diretores do Banco Central, enfim, são todos indicados pelo atual governo, governo Lula.
01:16Então, as críticas, elas tendem a ser mais moderadas e, dentro aí do jogo eleitoral do próximo ano, vão ser cada vez mais frequentes.
01:25Acho que falas como as ali feitas recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
01:30tentando caracterizar a manutenção da Selic ou eventuais aumentos futuros,
01:37embora isso não esteja aí no radar, me parece, mas pelo menos a manutenção aí elevada da Selic,
01:43jogar isso na conta dos bancos, né? Do sistema financeiro.
01:47Por quê? Fica fácil para estruturar um discurso em que o governo simplesmente lava as mãos,
01:53não assume ali a sua responsabilidade, aquilo que na visão do mercado seria necessário
01:59para criar um ambiente de maior confiança e redução das taxas, que seria o quê?
02:03Fazer um ajuste fiscal. Mas não é uma questão nem de direita ou de esquerda.
02:08Nós temos aqui, os evidências em geral colocam que é muito difícil que num ano eleitoral,
02:15qualquer tipo de governo, sejam em democracias maduras ou democracias ainda aí a se consolidarem,
02:21como é o caso do Brasil, para ter uma redução na taxa de juros, via o quê?
02:27Ajuste fiscal. Ninguém faz ajuste fiscal em ano eleitoral e isso seria necessário aí
02:33para que nós tivéssemos alguma redução no curto e médio prazo.
02:38Agora, professor, como é que vai funcionar então no ano que vem para os investidores?
02:43Como é que o mercado vai reagir?
02:46Deve mudar algum tipo ali de cenário para a nossa economia, já que será um ano eleitoral?
02:51Nós temos, Márcia, acho que dois grandes cenários do ponto de vista dos investidores.
02:58Os investidores claramente têm uma preferência, o que é normal, regra do jogo,
03:03por uma substituição de governo.
03:05Um governo que eventualmente ia suceder Lula 3, que fosse de centro-direita.
03:12Porém, não está ainda aí sobre a mesa qual é a alternativa, quem será o candidato da centro-direita
03:20e se de fato a extrema-direita vai ser isolada nesse processo, ou seja,
03:26ali os apoiadores principalmente mais vinculados à família Bolsonaro.
03:30Então nós temos que resolver isso em primeiro lugar para fazer um mapeamento correto
03:35de como o mercado vai reagir nesse cenário que a centro-direita tenha força e autonomia
03:41em relação à extrema-direita, candidatos como eventualmente pode ser o Ratinho Júnior do PSD,
03:47o seu Tarcísio de Freitas, romper com o bolsonarismo como alguns apostam aí no mercado,
03:53embora eu particularmente acho que isso seja um pouco difícil.
03:56Nós temos aí um otimismo principalmente com o cenário econômico,
04:00com o aumento principalmente dos índices ainda maiores aí da Bolsa,
04:05porque a própria Selic mais alta desestimula investimentos na Bolsa,
04:09o cenário de um governo futuro de centro-direita levaria aí os investidores a apostar
04:15em alguma forma de ajuste fiscal e claro, ali mais otimismo com o cenário macroeconômico
04:21se refletindo na Bolsa e posteriormente no próximo ciclo presidencial
04:26uma eventual queda nos juros, havendo essa sinalização para o mercado
04:30de ajuste fiscal de um governo de centro-direita.
04:34Com o Lula nós temos aí claramente, dadas falas do atual governo,
04:38principalmente aí do Fernando Haddad,
04:41uma sinalização de que sim, há alguma preocupação fiscal,
04:44mas que não é algo imediato, né?
04:47Que ter ali cerca de 80% relação de vida PIB não é tão ruim.
04:53E claro, em ano eleitoral, a tendência é que, novamente, qualquer que fosse o governo,
04:59usasse a máquina e não faça um ajuste fiscal.
05:02Mas também há de se levar em conta o que a composição do Congresso,
05:06é necessário dizer que mesmo deputados do Centrão e mesmo deputados à direita
05:11não parecem estar, pelo menos por hora, tão comprometidos aí com o futuro ajuste fiscal,
05:18até porque eles se beneficiam aí de amplos gastos públicos,
05:22principalmente via esse sistema de emendas com o qual eles adquiriram grande poder,
05:27maior poder até mesmo perante as suas bases.
05:30Ou seja, o cenário no longo prazo, médio e longo prazo,
05:33ele é bastante preocupante.
05:35E por fim, no ano eleitoral, tudo vai depender aí dos estímulos para o mercado
05:39de quem for o candidato do campo da direita.
05:42Vinícius, participando da nossa conversa também, os nossos analistas,
05:46começando pelo Henrique Kringner, que vai fazer a próxima pergunta.
05:49Bom dia, Vinícius. Muito obrigado por estar aqui conosco.
05:52A minha pergunta tem a ver com o cenário internacional.
05:55Na verdade, a gente viu aqui a sua análise a respeito dos fatores no cenário nacional
06:00que influenciam, mas também nós temos um peso muito forte pelas decisões recentes do Fed
06:05nos Estados Unidos e esse conflito e esse clima de tensão global também.
06:10O quanto que isso influencia nessa decisão recém do Copom
06:13e qual é a perspectiva que a gente tem daqui para frente?
06:18Uma excelente pergunta, Henrique, porque de fato, como mercado emergente,
06:22o Brasil fica, independentemente do governo de plantão,
06:26mais vulnerável do que outros mercados maduros
06:29e até alguns mercados emergentes que têm uma relação de vida PIB menor,
06:34fica mais sujeito aos rumores internacionais.
06:37E claro, historicamente, os estudos demonstram que a taxa do Fed
06:42ela é fundamental para entender o que se passa aqui.
06:45Então, se nós estivermos lá nos Estados Unidos,
06:48que é importante dizer Trump, mesmo aí sendo do campo da direita,
06:52uma direita, porém, populista,
06:54ele está pressionando muito ali o Fed para manter as taxas de juros baixas.
07:00Nesse cenário, você tem o quê? Capitais vindo para mercados
07:05com taxas de juros mais elevadas, como o Brasil.
07:08Então, é um cenário que, por hora, beneficia o Brasil.
07:12E até eu diria, Henrique, escamoteia aí o fato de que o atual governo,
07:17na visão do mercado, sempre importante dizer,
07:19não fez a sua lição de casa na íntegra,
07:22que seria dar início a alguma forma de ajuste fiscal.
07:26E outro fator também que acho que impacta muito aqui,
07:30de maneira muito simples para explicar para o telespectador,
07:33telespectadora, é a questão do dólar.
07:36O dólar também está em baixa globalmente
07:39como parte das estratégias de Donald Trump.
07:43E como o Trump vai buscar ali ter manutenção
07:47da sua maioria republicana no Congresso,
07:50e no ano que vem temos também eleições nos Estados Unidos,
07:53nas mid-term elections,
07:54acho que essa pressão populista para manter o cenário,
07:58pelo menos como ele está nos Estados Unidos,
07:59vai aumentar, o que tende a ser benéfico
08:02para o atual governo brasileiro,
08:05caso, de fato, haja aí uma busca pela reeleição.
08:08Mas, dentro desse cenário, a gente, o quê?
08:10Como eu falei, escamoteia os problemas internos
08:12em função do cenário externo, por hora,
08:15ser bastante positivo.
08:16O que pode complicar o cenário externo
08:17é se houver, claro, aí algum conflito internacional
08:21de grande porte, o que parece também não estar,
08:24pelo menos no curto prazo, no radar das grandes potências,
08:28haja vista esses entendimentos pontuais,
08:31pelo menos entre China e Estados Unidos.
08:35O grande risco ainda permanece ali,
08:36alguma expansão da guerra da Ucrânia,
08:39da Rússia contra a Ucrânia,
08:41caso um cessar-fogo não seja atingido em breve,
08:44mas também não é algo que me parece que esteja aí
08:47no radar dos analistas e tendo a concordar com isso.
08:50Então, em suma, o cenário internacional,
08:52interessantemente, é bastante favorável
08:54ao atual governo, em função dessas características
08:58que ajudam que é o atual governo
08:59a esconder aí as suas responsabilidades
09:01em relação ao cenário macroeconômico brasileiro.
09:06Agora a gente vai com o nosso comentarista,
09:09Cássio Miranda, que também tem uma pergunta.
09:12Bom dia, Vinícius.
09:15Vou pensar a última ponderação que você fez
09:18na resposta anterior e até uma eventual pressão
09:22feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
09:25em relação ao Conselho do Banco Central.
09:28E faço isso para que eu pergunte o seguinte.
09:32O superávit fiscal é necessário
09:35e eu acho que o déficit fiscal
09:38acaba nos atrapalhando também economicamente.
09:42o quanto a falta de lição de casa
09:46por parte do governo federal
09:48em termos de segurar os seus próprios gastos
09:52influencia na manutenção
09:55dessa taxa de juros pelo Copom,
09:58se é que há influência.
09:59Obrigado, Cássio, pela pergunta.
10:02De fato, essa é a principal questão
10:05que faz com que os juros,
10:07não só, é importante dizer, no atual governo,
10:10mas aí ao longo de sucessivos mandatos,
10:13permaneçam relativamente elevados no Brasil.
10:17Os juros no Brasil nada mais são do que
10:19uma espécie de precificação,
10:21é uma precificação do risco fiscal
10:24que nós temos
10:25e como que isso reverbera o quê?
10:27Na capacidade de crescimento do nosso PIB.
10:31Porém, se fosse só uma questão de economia,
10:34seria relativamente fácil de resolver.
10:37A gente tem a política,
10:38o que, obviamente, por um lado positivo,
10:41porque vivemos aí num regime democrático,
10:43as forças aí se degladiando no bom senso
10:46para dar um rumo para o país.
10:48O grande problema é que,
10:50quando você tem um ano eleitoral,
10:52ninguém está preocupado com o longo prazo,
10:54seja governo, até mesmo a oposição,
10:57por mais que a oposição,
10:58alguns setores possam ter aí
11:00uma perspectiva distinta sobre o ajuste fiscal.
11:03Então, a gente tem, Cássio,
11:05aqui um cenário, como eu já tinha falado,
11:07em que essa precificação,
11:09ela vai continuar, pelo menos aí nesse patamar,
11:12de 15% por conta da ausência de estímulos
11:17por parte aí, seja de governo ou de oposição,
11:19e ainda mais a oposição que pode,
11:21justamente como estratégia de emparedar o governo,
11:23fazer com que não passe projetos de lei
11:26para ampliar justamente a arrecadação
11:29e compensar aí eventuais perdas, por exemplo,
11:33da cessação aí da arrecadação
11:37em função da correção aí da tabela pontual
11:40do imposto de renda.
11:42Então, nós temos aqui o mercado ainda
11:45fazendo essa precificação
11:46e o Banco Central, de maneira técnica,
11:48procurando responder a esse processo.
11:51Bom, nós conversamos com o professor de economia
11:55da FGV, Vinícius Vieira,
11:56a quem agradeço demais a presença aqui
11:58no Jornal da Manhã.
12:00Eu que agradeço, muito obrigado,
12:02bom dia a todos, excelente fim de semana.
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