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Durante a Cúpula do Clima em Belém (PA), cerca de 300 indígenas e movimentos sociais realizaram o 8º Grito Ancestral no Rio Tapajós, dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará. O grupo realizou uma intervenção pacífica em balsas que transportavam cargas, exigindo o fim do projeto da Ferrogrão (EF-170) e denunciando o avanço das hidrovias do Arco Norte, que, segundo eles, ameaçam territórios tradicionais e o equilíbrio ambiental da Amazônia. O ato ocorreu em paralelo às negociações climáticas da COP30. Monica Rosenberg e Renato Dorgan comentaram.
Reportagem: Bruno Pinheiro
Comentaristas: Monica Rosenberg e Renato Dorgan

Confira na íntegra: https://youtube.com/live/zyR2Zx4tXG4

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Transcrição
00:00Uma situação que está acontecendo neste momento, não é isso, Bruno Pinheiro?
00:03Está rolando um protesto de indígenas? Conta melhor pra gente.
00:10Exato, aconteceu um pouco mais cedo hoje, logo nas primeiras horas do dia,
00:16e durou cerca de cinco horas essa manifestação sobre a ferrogrão.
00:21É uma discussão sobre a construção de uma ferrovia que atinge ali o estado de Mato Grosso,
00:28vai até o porto de Meritituba, que iniciou lá no governo anterior do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro,
00:34e a gente vê então essa embarcação.
00:37Essa ação ocorreu, incluiu ocupação das barcas, na verdade, das hidrovias do Arco do Norte
00:46e também contra a ferrogrão, e durou cerca de cinco horas com cerca de quatro embarcações
00:53e seis lanchas que estavam cercando os comboios, sem confrontos e só focando na conservação da biodiversidade.
01:02Essa foi a informação que foi divulgada, essa repasse de uma espécie de um release,
01:10que a assessoria acabou compartilhando com a nossa equipe de reportagem,
01:16dizendo que o rio é estratégico para a infraestrutura, cortando esta região,
01:21sendo alvo de hidrovias e de ações como essa da ferrogrão.
01:26Dizendo ainda sobre a ferrogrão, que tem o risco de multiplicar o volume de grãos,
01:33enfim, diz ainda que é uma contradição governamental,
01:38após a COP30, ainda ter essa ferrovia nesta região.
01:43Então, contra justamente esse avanço da ferrogrão na região,
01:48é um plano do governo anterior, que era de aumentar as ferrovias,
01:53na verdade, aproveitando esse momento, dizendo que isso gera uma destruição do meio ambiente
02:00e evitando justamente esse avanço da estrutura da ferrogrão
02:06e já cobrando também a demarcação do novo marco temporal,
02:10assunto que está judicializado, assim como esse da ferrogrão também.
02:14Quero ouvir as análises da Mônica Rosenberg sobre esta manifestação.
02:19Aliás, essa é só mais uma, né, Mônica?
02:22Porque são várias que estão acontecendo na parte de fora aqui da COP30.
02:26Quando a gente chega logo na parte da manhã,
02:29tem vários indígenas representantes de outras áreas,
02:33de outros segmentos também fazendo ali esse ato de manifestação
02:36contra o que eles acreditam que não é importante neste momento para o meio ambiente.
02:43Mas a gente vê essa discussão do agronegócio,
02:47que justamente o que é?
02:49É esse avanço do agronegócio e também automaticamente tem que ter essa estrutura,
02:54que é justamente as ferrovias para tirar os caminhões das rodovias.
02:57Isso acaba até facilitando na exportação,
03:02mas tem esse movimento contra que chegou a ser judicializado
03:06e chegar ao Supremo Tribunal Federal.
03:08Quero ouvir de você qual é a sua análise sobre esse tipo de movimento
03:12acontecendo exatamente na mesma época da COP30.
03:16Então, Bruno, vamos lá.
03:17Em relação ao formato da manifestação,
03:19de eles estarem aproveitando que todos os olhos estão em Belém
03:23e que o assunto está aí na pauta,
03:26eles estão certos de aproveitarem e fazerem as manifestações,
03:29colocarem os seus pontos e suas demandas.
03:31O problema é que justamente a demanda é um contrassenso.
03:36É o que eu estava falando antes sobre o desenvolvimento sustentável.
03:40Não adianta falar em preservar o meio ambiente,
03:42explicar que essa ferrovia vai trazer malefícios ao meio ambiente
03:46e esquecer que tem gente passando fome.
03:49Quando a gente fala de pobreza, não é só pobreza energética,
03:52não é só pobreza menstrual.
03:54Nós temos que falar de pobreza como um todo.
03:56E para poder atender a fome,
04:00para poder atender a necessidade de grãos,
04:03para poder alimentar o mundo,
04:04o Brasil é o celeiro do mundo,
04:06a gente precisa ter vazão.
04:08E aí o Brasil recorre demais ao transporte rodoviário
04:12e usa muito pouco a ferrovia,
04:14que é uma excelente forma de fazer o escoamento de produção.
04:17A gente precisa sair dessa toada de que há o agro malvadão.
04:20O agro é quem produz alimento que vai matar a fome do futuro do mundo.
04:25E a gente precisa entender que existem alguns mecanismos,
04:29alguns meios de transporte eficientes, como é o caso da ferrovia,
04:33que nesse caso, por mais que tenha problemas com o meio ambiente,
04:37quando você põe na balança e faz a análise,
04:39é importante que aconteça.
04:41Então o protesto é válido,
04:42mas infelizmente não deveria,
04:45eles precisariam levar em conta
04:47que defender o meio ambiente não pode ser sacrifício
04:51do resultado da melhora econômica
04:53e da produção de grãos que a gente está conseguindo ter.
04:56É, Mônica, mas eu questiono também
04:59por que que essas comunidades indígenas
05:03não foram incluídas nas pautas da COP30?
05:06Poucas comunidades indígenas foram chamadas
05:11para debater os temas e estarem presentes ali, Renato Durgam?
05:15Sem dúvida nenhuma que as comunidades indígenas
05:17fazem parte dessa realidade, principalmente regional,
05:21da floresta amazônica e principalmente ali
05:23em volta de Belém, né?
05:25Ali no estado do Pará,
05:27que é um dos maiores produtores de minério,
05:29de ter uma biodiversidade imensa,
05:31a floresta amazônica,
05:32o lugar ali é apropriado para se discutir tudo isso.
05:35Porém, a questão da hidrovia no Rio Tapajós
05:38e do ferrogrão,
05:40ela é necessária para o escoamento da produção
05:43e para o custo dessa produção cair também.
05:46Porque o Brasil fez uma opção errada
05:48no século XX de rodovias, né?
05:50Muito pelo lobby ali das montadoras
05:54e da questão do diesel ali,
05:56a gente optou por cortar o país de rodovias
05:59que hoje estão obsoletas
06:00e, ao contrário ali do que os Estados Unidos,
06:04Europa, China ali,
06:05a gente não construiu ferrovias.
06:08Talvez o grande construtor de ferrovias do Brasil
06:10tenha sido no Pedro II
06:11e depois ali a República do Café com Leite, né?
06:14Com as empresas inglesas ali de trem, né?
06:19E as ferrovias.
06:21E daí foi desmantelado isso.
06:23E hoje a gente paga um custo de produção altíssimo.
06:26A produção do agronegócio,
06:28ela está no centro-oeste e em uma parte da região norte,
06:32Tocantins, Rondônia, Acre ali,
06:34uma parte do Pará e do Amazonas também,
06:36mas principalmente na centro-oeste.
06:38E os portos do Brasil estão do outro lado do país.
06:40E como que a gente vai escoar essa produção sem ferrovia?
06:43Claro, a gente tem que construir ferrovias
06:46e fazer essa navegação no Rio Tapajós
06:48de uma maneira sustentável.
06:50Não desassoreando o rio,
06:51destruindo o meio ambiente,
06:52derrubando floresta,
06:54mas fazendo da maneira sustentável.
06:56Mas também não fazer absolutamente nada,
06:59a gente vai ficar mais atrás ainda.
07:01A gente já perdeu o século XX inteiro
07:03sem construir ferrovia,
07:05enquanto o mundo hoje,
07:06ele exporta e vaza a produção toda
07:10por ferrovia até os portos.
07:11Obrigada, Dorgan e Mônica, pelas análises.
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