Startup brasileira fecha acordo com Google e avança no mercado global de crédito de carbono; entenda

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A startup brasileira Mombak assinou contrato com o Google para vender 200 mil toneladas métricas de créditos de carbono, consolidando-se como principal fornecedora global de créditos florestais da Big Tech. Gabriel Silva, CEO da Mombak, explicou os detalhes do projeto.

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00:00O maior acordo global de remoção e compensação de carbono do Brasil.

00:04A startup Mombach fechou uma parceria com a gigante de tecnologia Google.

00:10Esse contrato prevê a compra de 200 mil toneladas métricas de créditos de carbono,

00:15quatro vezes o volume do acordo piloto que foi assinado em setembro de 2024.

00:20Esse acordo coloca a Mombach como a principal fornecedora global de créditos florestais do Google,

00:26marcando um avanço do Brasil na cadeia internacional de compensações climáticas.

00:32E a gente vai entender melhor a proporção de tudo isso,

00:34conversando aqui ao vivo no estúdio do Fast Money com o Gabriel Silva,

00:38que é cofundador e CEO da Mombach, que está aqui para falar desse acordo que acabou de sair, né?

00:42Sim. Parabéns.

00:43Obrigado, Natália.

00:44Bem-vindo aqui ao Fast Money.

00:46Obrigado pelo convite, obrigado, Felipe.

00:48O Felipe é nosso analista e vai participar da conversa também.

00:51Então a gente está falando de um anúncio de um novo contrato com o Google, né?

00:54Sim.

00:54Que coloca a Mombach como a principal fornecedora global de créditos florestais da Big Tech.

00:58Como é que foi esse processo de construção?

01:02Pois a Mombach é uma empresa de remoção de carbono.

01:05Então dentro do ambiente de créditos de carbono existem várias classificações.

01:11A nossa especialização é remoção de carbono.

01:15A gente faz isso através do reflorestamento de áreas de pasto degradado na Amazônia.

01:19A gente já tinha fechado um contrato com o Google e agora a gente fechou um quatro vezes maior do que o anterior.

01:26A Mombach continua sendo a única empresa que vende créditos de reflorestamento para o Google

01:30e hoje a gente é o maior fornecedor desse tipo de ativo para a empresa.

01:35Legal demais, Felipe.

01:36Nossa, sensacional. Parabéns, Gabriel.

01:38Obrigado.

01:38Gabriel, quando a gente fala assim dessa parceria com o Google, né?

01:41A gente está falando do Google no Brasil, no Google no mundo, porque eu imagino que essa questão do carbono

01:45é uma questão que pode ser revendida inclusive para fora do Brasil por meio desses mercados de carbono.

01:51O Google está tentando baixar suas emissões de carbono por meio da Mombach, por exemplo,

01:54mas é a operação mundial do Google?

01:56Sim. Essa é uma tendência que a gente vê com várias empresas que têm iniciativas sérias de redução de carbono

02:03e objetivos de atingir emissão zero.

02:07Primeiro, elas tentam reduzir suas emissões, mas chega um ponto estrutural onde elas não conseguem mais

02:14reduzir suas emissões por questões de limites estruturais.

02:19A gente entra justamente nessa etapa para ajudar as empresas a conseguirem chegar na emissão zero

02:25vendendo créditos de remoção de carbono e por isso que eu faço essa distinção.

02:30A gente está removendo carbono, plantando milhões de árvores em áreas de pasto degradado na Amazônia

02:36através de áreas que a gente adquire ou fecha parceria com produtores rurais

02:41que estão de olho nesse novo mercado e querem se beneficiar através de uma participação da renda dos projetos.

02:49Desculpa.

02:50Não, imagina, pode concluir.

02:51Não, já temos 12 fazendas, são mais de 20 mil hectares sob gestão e já plantamos mais de 12 milhões de árvores,

03:00todas espécies nativas, são mais de 110 espécies já plantadas.

03:05Agora, com esse volume aí quatro vezes maior que a gente está trazendo hoje,

03:11chegando a 200 mil toneladas métricas de crédito de carbono,

03:15que tipo de expansão, assim, esse salto de escala, que não é nada pequeno, exige em relação à estrutura operacional e a área de reflorestamento?

03:23Como é que vai ser isso para vocês?

03:24Sim, tem muitos gargalos, é uma operação complexa.

03:27Acho que, de um lado, a gente tem já um setor florestal no Brasil muito maduro,

03:32então a gente aproveita de tudo que o setor já faz hoje dentro do setor de florestamento comercial.

03:41Então, por exemplo, eucalipto, a gente aplica muitas das lições aprendidas lá e adapta para plantio de espécies nativas.

03:48Hoje, eu diria que o maior gargalo é financiamento, mas a Mombac já conseguiu atrair muitos investidores do mundo inteiro,

03:55inclusive também o próprio BNDES aqui através do Fundo Clima.

03:58Legal. Gabriel, fiquei curioso, assim, como é que funciona essa aquisição das terras na Amazônia, né?

04:04Eu imagino que muita gente, produtores locais, enfim, acham que as suas operações vão ser mais rentáveis ali na terra

04:11ou com agricultura ou, enfim, com pecuária hoje em dia, mas vocês provam que é mais rentável a pessoa alugar para vocês essas terras

04:20ou vender para vocês essas terras do que ter essa operação, muitas vezes, ilegal até, né?

04:24Sim. A gente consegue trazer parceiros aqui para o nosso modelo de negócios

04:30porque eles enxergam o mercado de carbono como sendo uma nova classe de ativos,

04:36uma grande oportunidade para eles diversificarem o negócio deles

04:39e terem parte da renda vindo de créditos de remoção de carbono e não só tudo de pecuária.

04:45A renda por hectare já vai ser muitas vezes maior do que eles conseguem ter nessas áreas

04:50e, além disso, a gente faz uma recuperação do déficit de reserva legal que muitas dessas fazendas têm.

04:57Então, eles conseguem ter a regularização fundiária, uma renda alternativa ao negócio deles de pecuária

05:04e é um novo mercado com altíssimo potencial e uma renda em dólar também.

05:09E, Gabriel, vocês priorizam, então, restauração florestal nativa em áreas degradadas.

05:15E aí tem outros players que recorrem a créditos de preservação.

05:20Explica para a gente quais são as diferenças práticas entre esses modelos.

05:25Sim. Os dois são super importantes.

05:27De um lado, a gente tem muita mata nativa no Brasil que precisa ser conservada

05:32e tem muitas empresas que fazem esse trabalho de proteção dessas áreas

05:35que são ameaçadas de desmatamento.

05:38Essa é uma classe de ativos que geralmente é conhecida como RedMais,

05:42onde são vendidos créditos de redução de emissão.

05:46São empresas que estão evitando um desmatamento futuro, potencial.

05:51O nosso crédito de carbono, que é o crédito de remoção de carbono,

05:55ele é feito através do plantio de áreas de pasto que se transformam em florestas

06:02e ali a gente consegue mensurar o quanto que a gente teve de acúmulo de biomassa.

06:06Isso se traduz diretamente em carbono, que a gente vende todo ano,

06:11durante 100 anos, para os nossos clientes, como o Google.

06:15Legal. Gabriel, fala um pouquinho desse time frame, dessa linha do tempo.

06:20Quer dizer, desde o momento que fecha uma parceria com o Google

06:22até o tempo dessas árvores crescerem, enfim,

06:24você deve ter algum tipo de cronograma onde vocês trabalham

06:27até essas árvores começarem realmente a remover o carbono.

06:30Explica um pouquinho para a gente como funciona isso.

06:32Essa é uma das grandes vantagens do Brasil.

06:34Inclusive, o Brasil, eu acho que vai ser líder desse novo mercado

06:37que a gente estima que vai ser um mercado de 1 trilhão de dólares.

06:40Aqui, o crescimento das árvores naturalmente já é muito maior.

06:45Além disso, a gente está começando a aplicar agora as práticas de seleção genética,

06:49que é o que a gente viu dentro do mercado de eucalipto no Brasil

06:51nas últimas 3, 4 décadas.

06:55E comparando com os nossos colegas nos Estados Unidos, por exemplo,

06:59a gente tem uma captura aqui mais ou menos 5 vezes maior por hectare do que a gente tem lá.

07:04Ou seja, é uma curva bastante acelerada.

07:06Mesmo assim, tem um desafio de prazo que você mencionou.

07:11Primeiro, a gente tem que entrar com muito capital,

07:13porque custa caro para a gente fazer o processo de reflorestamento de uma área.

07:17E essas vendas de carbono, esses contratos que a gente fecha,

07:22geralmente com empresas como o Google,

07:24o pagamento é geralmente na data da entrega do crédito,

07:27que ocorre depois de uns 3 anos.

07:29E isso cria um descasamento,

07:32e por isso que o financiamento desses projetos acaba sendo um desafio,

07:36mas é algo que a gente já superou.

07:38E, Gabriel, a gente sabe,

07:39com todo mundo que a gente conversa sobre crédito de carbono,

07:41sobre esse mercado,

07:42a gente ouve a questão de questionamento sobre transparência e rastreabilidade.

07:47E aí eu queria saber o que vocês têm feito

07:49para garantir que esses projetos sejam auditáveis

07:52e atendam aos padrões rigorosos que se espera.

07:57Sim, ótima pergunta.

07:58Esse mercado, a gente viu recentemente alguns casos

08:02de projetos que não foram bem cedidos,

08:04com qualidades questionáveis.

08:06No nosso caso, a gente tem projetos de reflorestamento,

08:09então é muito mais fácil a gente ter ali um resultado tangível

08:13do que a gente está fazendo.

08:15Além disso, a gente trabalha com alguns,

08:18para trazer alguns co-benefícios importantes,

08:22como engajamento social,

08:23a gente trabalha com todas as comunidades no entorno dos nossos projetos

08:27para garantir não só o engajamento,

08:29mas também a proteção dessas áreas a longo prazo.

08:33E os nossos projetos são todos certificados pela VERA,

08:36a gente segue o IFC Performance Standard,

08:40que é um tipo de classificação que os investidores mais rigorosos exigem.

08:45Então, é a forma como a gente encontrou de fazer isso

08:47da melhor qualidade possível.

08:49Legal, então boa sorte, sucesso.

08:51Tendo novidades, volto aqui para compartilhar.

08:53Muito obrigado.

08:53Obrigada.

08:54Gabriel Silva, então, que é co-fundador e CEO da Mombak,

08:57participando ao vivo do Fast Money.

08:58Boa tarde para você.

08:59Boa tarde.

09:00Boa tarde.

09:01Boa tarde.

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