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A poucas semanas da COP 30 em Belém, que terá os sistemas alimentares e a produção sustentável do agronegócio como temas centrais, o Hora H do Agro conversa com o diplomata Roberto Azevêdo, ex-Diretor-Geral da OMC, para analisar as articulações do setor produtivo brasileiro. Azevêdo, que tem mediado diálogos cruciais entre o agro (via ABAG) e a diplomacia nacional, detalha quais são os pontos focais de interesse do agronegócio para a Conferência e o que o Brasil precisa entregar à comunidade internacional, abordando as divergências entre o setor e o MMA sobre o Plano Clima e o cálculo de emissões por desmatamento, além de delinear as estratégias de diálogo necessárias para que o agro alcance objetivos vitais, como o reconhecimento de métricas tropicais de carbono e o apoio a fundos de floresta.

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Transcrição
00:00Falta menos de um mês para o início da 30ª Conferência das Nações Unidas
00:05sobre a mudança do clima, a COP30, em Belém, no Pará.
00:09Os sistemas alimentares e a produção sustentável da agropecuária
00:13serão temas discutidos aí nessa grande reunião que vai acontecer
00:18entre o dia 10 e o dia 21 de novembro aqui no Brasil.
00:22Para analisar as articulações do agro para a COP30,
00:25nós vamos conversar agora com o Roberto Azevedo,
00:28diplomata brasileiro e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio.
00:33Bem-vindo ao Hora H do Agro, Roberto.
00:35Muito obrigada pela sua participação aqui.
00:38Começo te perguntando o seguinte.
00:40O senhor está articulando, pelo menos desde o ano passado,
00:44diálogos entre o setor produtivo,
00:46inclusive via uma atuação dentro da BAG,
00:50Associação Brasileira do Agronegócio,
00:52costurando esse diálogo entre a BAG e o setor produtivo
00:56e a diplomacia brasileira atuante na agenda ambiental,
01:00costurando essas conversas.
01:02Queria entender um pouco esse trabalho, né?
01:04Quais que são os pontos centrais entre agro,
01:08a diplomacia que olha para meio ambiente,
01:10o que o Brasil quer entregar diante da comunidade internacional
01:14num diálogo entre essas duas pontas
01:17que precisam conversar cada vez mais e melhor, né?
01:19Obrigada de novo pela participação.
01:22É um prazer estar com vocês todos.
01:25É uma tarefa bastante desafiante,
01:30mas muito gratificante também.
01:32Usar a COP30 como uma vitrine, né?
01:36Que é o que ela é na realidade.
01:38Sobretudo para o agronegócio brasileiro,
01:41que é um setor que, enfim, representa o quê?
01:43Quase um quarto do PIB brasileiro, né?
01:4624% mais ou menos.
01:48E é um setor que, diga-se de passagem,
01:51não tem nenhuma vontade de ver o clima sendo alterado.
01:58Ou seja, de todos os setores que nós temos na economia,
02:00o mais afetado pelas mudanças climáticas
02:03é o setor agropecuário,
02:05que vê a sua produtividade,
02:07a sua distribuição de produção completamente afetada, né?
02:12Então, é um setor que tem todo o interesse
02:17em combater as mudanças climáticas.
02:19Bom, dito isso,
02:21é um setor que é pouco reconhecido como um ativo
02:25nesse processo de combate às mudanças climáticas.
02:30Com frequência, até se atrela o setor,
02:33as emissões de gás carbônico no Brasil,
02:36que na verdade não são do setor,
02:38é do desmatamento, né?
02:39Sobretudo do desmatamento ilegal,
02:42que não tem nada a ver com a produção tradicional,
02:46histórica do agronegócio brasileiro,
02:49que é sempre bom lembrar,
02:50as lavouras brasileiras ocupam o quê?
02:548% do território nacional, se tanto.
02:58A pecuária brasileira é em torno de 22%,
03:01que significa que menos de um terço do território brasileiro
03:05é dedicado à agropecuária, né?
03:08E é um setor que também pode absorver a cobertura verde desse setor,
03:15pode absorver a gás carbônico,
03:17mas nunca o setor é visto como uma vantagem,
03:23como um ativo no combate às mudanças climáticas,
03:27e isso precisa mudar.
03:29Eu acho que a gente pode usar a COP30,
03:31não como ponto final,
03:33mas como ponto, talvez, quem sabe,
03:35de partida para esse processo de melhor entendimento
03:39da contribuição do agronegócio brasileiro
03:42e mundial para o combate às mudanças climáticas.
03:47Sim, inclusive, uma das expectativas é que a COP do ano que vem,
03:53se eu não me engano, vai ser na Austrália,
03:55já é um foco, né?
03:57Porque toda a COP tem uma temática,
03:59o foco do ano que vem, pelo que me parece,
04:01será sistemas alimentares.
04:02Então, também vai ser muito importante
04:04a forma como o agro, o Brasil vai se posicionar
04:07para a gente ter uma continuidade saudável
04:09dessa discussão no ano que vem.
04:10Agora, exatamente sobre esse ponto que o senhor traz,
04:14de que o agro é um setor que se preocupa com o clima,
04:17que não tem nenhum interesse em ser prejudicado
04:19pelas mudanças climáticas, né?
04:21E exatamente por essa lógica que a gente tem visto o agro,
04:28assim, estou generalizando aqui,
04:30mas uma boa parcela de representantes do agronegócio
04:33se desentendendo ali com o Ministério do Meio Ambiente
04:37e a concepção do plano clima
04:38e a concepção de cálculo de emissões de gases de efeito estufa,
04:43porque até agora se tem colocado ali
04:45as emissões de desmatamento no setor da agropecuária
04:49e, por motivos muito óbvios, o agro não está concordando.
04:54Eu queria saber se o senhor também tem trabalhado
04:56nesse tipo de diálogo,
04:58se dentro do que o senhor estabelece ali, né,
05:01no trabalho diplomático de ouvir as partes,
05:04de tentar chegar ali nos consensos
05:06para o nosso posicionamento do Brasil na COP30,
05:09se esse assunto está na mesa,
05:11esse desentendimento do plano clima
05:13está virando um ruído,
05:15que é isso, se a gente olhar pelo lado do COP meio cheio,
05:18pode ser benéfico,
05:19mas agora não é bom para o Brasil esse tipo de discussão, né?
05:23Acho que nós precisamos ser realistas, né?
05:25E a realidade é que
05:28muito do que é feito no Brasil
05:30impacta sobre a nossa imagem lá fora.
05:36Você querer debitar
05:37tudo o que acontece em termos de desmatamento
05:40ao setor agropecuário
05:42é um erro, é um erro brutal, eu acho.
05:45Não só político, como metodológico.
05:50Então, quem está lá fora,
05:53quem está comprando os produtos brasileiros,
05:56quem se preocupa com as mudanças climáticas,
05:59não tem um discernimento para entender essas coisas.
06:01Se o governo brasileiro
06:02está dizendo que o agronegócio
06:04é responsável por isso tudo,
06:06quem é o observador estrangeiro internacional
06:09para questionar isso, né?
06:11E quando, na verdade,
06:13isso não é verdade, né?
06:15Não é verdade que o agronegócio brasileiro
06:17é que está provocando
06:19o desmatamento nas proporções
06:21que nós estamos vendo aí,
06:23e a maior parte disso é ilegal, né?
06:25O que eu acho que é necessário entender
06:28é que essa discussão interna
06:30tem um impacto externo também.
06:32Nós não podemos aceitar
06:37que o agronegócio brasileiro
06:39seja vilanizado
06:41da maneira como foi durante muito tempo
06:44e isso é necessário mudar.
06:46E para que isso mude,
06:47é preciso que nós todos entendamos
06:48o que está acontecendo.
06:50Tanto o setor privado,
06:51quanto o agronegócio,
06:52quanto o governo brasileiro,
06:54ONGs, todos.
06:55Eu acho que tem que fazer parte
06:56de uma narrativa muito mais
06:58construtiva, realista
07:01da realidade no terreno.
07:04Para, então, ter esse diálogo realista,
07:07que é superimportante,
07:09o que o senhor tem avaliado
07:10de estratégias de aproximação do agro, né?
07:14Que o agro precisa colocar em prática
07:16para dialogar,
07:18porque tem uma parte do agro
07:19que está aberto a dialogar,
07:21a gente sabe disso,
07:22e que a COP é um ótimo momento
07:25para se posicionar,
07:27mas a gente só conversa
07:29se os ouvidos estão abertos também, né?
07:31Então, também queria entender um pouco
07:33como que o senhor avalia também
07:35essa abertura,
07:37essa receptividade
07:38da comunidade internacional
07:40em ouvir o Brasil,
07:42ouvir a agricultura tropical,
07:43ouvir esse lado, né?
07:45A parte de baixo do planeta Terra.
07:48Existe esse momento?
07:49Existe essa oportunidade?
07:51Ou o Brasil tem que primeiro trabalhar
07:54nessa primeira etapa?
07:55de amadurecer o diálogo
07:57e depois as defesas, né?
07:59É, não, eu acho que
08:01a disposição para ouvir existe,
08:03só que, na maioria das vezes,
08:06Mariana, o que acontece?
08:07A notícia que chega lá fora
08:09é a notícia que sai do Brasil.
08:12As pessoas raramente vão
08:15fazer um pente fino nas notícias,
08:18olhar o que está acontecendo,
08:20ou questionar o que está sendo colocado
08:22na mídia internacional.
08:26Quando a notícia que sai do Brasil
08:28é de que o agronegócio brasileiro
08:30é responsável, né?
08:31Pela expressiva maioria
08:33das emissões de gás carbônico
08:35do Brasil,
08:37isso é aceito com valor de face.
08:40E está errado.
08:41Essa metodologia está errada.
08:43Então, isso precisa mudar.
08:45As notícias que saem do Brasil
08:47precisam ser mais realistas,
08:49precisam ser mais condizentes
08:51com a realidade métrica, né?
08:55Mesmo.
08:56E se falamos em métrica,
08:57esse é um outro grande problema
08:58que nós temos.
08:59Porque lá fora,
09:01as métricas que prevalecem
09:03são as métricas que foram desenhadas
09:05para uma agricultura,
09:06para uma agropecuária,
09:08que é completamente diversa da nossa, né?
09:11Por exemplo,
09:12uma vaca confinada
09:14que come ração industrializada
09:16no continente europeu,
09:18por exemplo,
09:19tem no seu conjunto
09:21emissões de gás carbônico
09:24que são completamente diferentes
09:27de uma vaca criada em pasto no Brasil,
09:29comendo, enfim,
09:31ração natural
09:32ou até
09:34alimentação que existe no pasto.
09:38Ao não fazer esse tipo
09:41de diferenciação,
09:43o que acontece?
09:45As emissões brasileiras
09:46são calculadas com métricas
09:48que são completamente alheias
09:49à da agricultura tropical, né?
09:52No Brasil, por exemplo,
09:53e esse é um outro ponto
09:54muito importante,
09:56você não pode dissociar
09:57o combate ao clima,
10:00sobretudo no que diz respeito
10:01ao setor agropecuário,
10:03da segurança alimentar.
10:05O mundo precisa ser alimentado,
10:07o ser humano precisa se alimentar.
10:10Uma opção
10:11contra o combate climático
10:12não pode ser a extinção
10:13da raça humana, né?
10:15Então, o ser humano
10:16vai se alimentar,
10:17vai comer.
10:18E a segurança alimentar
10:19faz parte dessa equação
10:21do combate
10:22às mudanças climáticas.
10:23O que a gente faz no Brasil?
10:25Por exemplo,
10:26nós já temos hoje
10:27segunda safra,
10:29nós já temos hoje
10:29a terceira safra
10:30em muitos lugares,
10:31o que significa que
10:32na mesma área de produção,
10:35você está
10:35colocando no mercado
10:38muito mais alimentos,
10:40muito mais proteínas,
10:41muito mais calorias
10:42do que você colocaria
10:44de outra forma,
10:45se você tivesse apenas
10:46uma safra por ano.
10:48Mas o que acontece?
10:49Isso que evidentemente
10:51é uma coisa positiva,
10:53porque nós estamos
10:54produzindo mais alimentos
10:55na mesma área cultivada,
10:58no exterior,
11:00ou nas métricas
11:01tradicionais da ONU,
11:02por exemplo,
11:04isso é considerado
11:04como uma coisa ruim,
11:06porque você está
11:07emitindo mais
11:10gás carbônico,
11:11quando na realidade
11:12não é,
11:13você está produzindo
11:14mais alimentos,
11:15sem desmatar,
11:16sem retirar nada
11:17da vegetação nativa,
11:19e aproveitando espaços
11:20que já são produtivos.
11:22Tudo isso tem que mudar,
11:23essas métricas
11:24têm que ser adaptadas
11:25para a nossa agricultura,
11:27agricultura tropical,
11:28não só do Brasil,
11:29do Hemisfério Sul
11:29como um todo.
11:30Então, rapidamente,
11:32embaixador,
11:33só para a gente encerrar,
11:35tendo um raciocínio
11:36de conclusão propositiva
11:37para quem nos assiste,
11:39quais que são, então,
11:40talvez dois ou três objetivos
11:43para essa COP30
11:44na visão do senhor?
11:46O que seria um bom resultado,
11:48um bom sucesso,
11:49digamos assim,
11:50se o Brasil atingisse,
11:52quais, o quê?
11:54Que metas?
11:54Como que o senhor avalia
11:56essa COP30
11:57que está muito próxima?
11:58E quero saber se vai estar lá
11:59em Belém, inclusive.
12:01É, pois é.
12:02É provável que eu não esteja
12:04em Belém, infelizmente,
12:05mas vamos ver.
12:07Depende muito
12:08do que vai acontecer
12:08nas próximas semanas.
12:10Tem várias outras coisas
12:11acontecendo no cenário internacional
12:13que estão requerendo
12:14minha presença, né?
12:16O que eu gostaria de estar.
12:18Então, vamos ver
12:18o que vai acontecer.
12:20Mas, de toda forma,
12:20respondendo a sua pergunta
12:21de uma maneira muito objetiva.
12:23A primeira coisa é
12:24apresentar o Brasil como...
12:26e a agropecuária brasileira
12:28como um ativo na mudança,
12:31no combate às mudanças climáticas.
12:33É um fator positivo
12:34que tem que ser estimulado.
12:35Segundo,
12:36temos que ajudar nessa mudança.
12:38Essa mudança não acontece
12:39sem custos, né?
12:41O produtor já está,
12:44muitas vezes,
12:44engajado em práticas sustentáveis
12:46e tudo mais.
12:47Mas essa transição
12:49para a economia verde,
12:50ela tem um custo.
12:51Ela, no final da transição,
12:53ela não precisa
12:54de mais apoio,
12:55porque ela é
12:57mais produtiva,
13:00mais economicamente rentável.
13:02Tudo isso é bom,
13:04mas para fazer a transição,
13:05para sair de um modelo antiquado,
13:07que ainda existe
13:08em alguns lugares,
13:09para um modelo moderno,
13:10sustentável,
13:12rentável,
13:13isso precisa de investimentos.
13:15Esses investimentos
13:16precisam ser feitos.
13:18E as métricas
13:19para a obtenção
13:20de investimento,
13:20a taxonomia,
13:21tudo isso não está lá ainda, né?
13:23Nós precisamos fazer isso.
13:24Outro ponto importante
13:26é a parte de carbono.
13:28O mercado de carbono
13:29precisa ser específico
13:31para a realidade
13:32do setor agropecuário.
13:34Nós precisamos
13:35de métricas adequadas,
13:37nós precisamos
13:37de incentivos
13:38à criação
13:39de créditos de carbono
13:40no setor agropecuário.
13:43E tudo isso
13:43são coisas
13:44que precisam ter
13:46uma discussão séria
13:48na COP
13:49e ter continuidade.
13:50O Brasil,
13:51eu acho,
13:51que coloca isso
13:52na mesa
13:52e tem que se esforçar
13:53para que isso continue
13:54nas próximas COP.
13:56para que isso continue
13:58a gente
13:59de novo.
13:59E aí
14:00a gente
14:01de novo.
14:02E aí
14:03a gente
14:04de novo.
14:04E aí
14:05a gente
14:06de novo.
14:07E aí
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