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O professor de relações internacionais Igor Lucena concedeu uma entrevista ao Jornal da Manhã deste domingo (26) para analisar as declarações de Lula sobre a redução do tarifaço com os EUA. O especialista alertou que as negociações serão longas e que o interesse norte-americano é mais complexo: diminuir regulamentações no Brasil e evitar críticas à ações na Venezuela. Ele também comentou o apoio de Trump a Milei nas eleições da Argentina.

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Transcrição
00:00Sobre esse assunto, nós recebemos o economista e professor de Relações Internacionais, Igor Lucena.
00:05Professor, bom dia. Muito obrigado por atender a Jovem Pan mais uma vez.
00:09Muito bom dia. É um prazer estar aqui com vocês.
00:12Aqui vai falar mais alto o economista ou o professor de Relações Internacionais, Igor?
00:17À medida em que a gente tem muita expectativa em torno da questão comercial,
00:23até quem sabe uma redução de tarifas ou mesmo a isenção para alguns dos produtos que estão sancionados.
00:31E ao mesmo tempo tem essa aproximação dos dois países, dessa relação de mais de 200 anos,
00:37como tem sido alertada por outras autoridades.
00:40Como é que o senhor vê esse início de conversa e essa fala do presidente de que as negociações começam imediatamente?
00:47Olha, a gente tem que separar um pouco o que é muita conversa do que é realidade.
00:55De fato, o caminho se abriu em relação ao governo brasileiro e o governo norte-americano.
01:01Isso dá para o público interno do Brasil uma espécie de vantagem.
01:06Isso também eleva muito o capital político do presidente Lula do ponto de vista de política externa,
01:12quando ele abre esse caminho.
01:15Mas, na prática, isso não vai ser rápido.
01:16As declarações do ministro Mauro Vieira de que um acordo vai sair em semanas,
01:21isso aí é puro achismo ou ficcionismo.
01:25Nenhum país que negociou com os Estados Unidos rapidamente conseguiu fazer acordos,
01:31e foram acordos muito parciais, muitos demoraram e não foram de longe o que eles imaginaram que queriam.
01:37Foram o que os Estados Unidos julgaram que era mais interessante aos interesses deles.
01:42É importante também dizer que esse acordo vem no momento onde os Estados Unidos preparam-se em ações mais fortes dentro da Venezuela
01:50e não há interesse dos Estados Unidos de que o Brasil se insurja contra as ações americanas.
01:57Então, esse caminho se abre também como uma espécie de para-raio para o que vai acontecer na Venezuela
02:05e que o Brasil não faça grandes movimentos contra as ações dos Estados Unidos.
02:10Há risco de fechar as negociações.
02:14Então, há sim um aspecto geopolítico extremamente forte.
02:17O grande ponto das tarifas é que elas não são basicamente por causa de trade, de déficit no comércio internacional.
02:27Os Estados Unidos têm um forte interesse em diminuição das regulamentações das big techs,
02:33da parte financeira e principalmente que órgãos do governo brasileiro não tentem regulamentar demais
02:40e até mesmo o judiciário brasileiro pare de tentar fechar perfis e avançar até mesmo sobre cidadãos que não são brasileiros.
02:50Tudo isso é extremamente caro para o governo americano e vai estar na lista de negociações.
02:56E como isso impacta diversos órgãos do governo brasileiro, isso não vai ser feito do dia para a noite.
03:02Vai ser muito longo.
03:04Ao ponto de que nessas negociações o governo brasileiro trouxe um conjunto de demandas e ações que eles querem conversar,
03:12mas os Estados Unidos foram bastante reticentes sobre o que vão negociar.
03:17Vai ser caso a caso muito mais econômico do que político no primeiro momento.
03:23O que é o calo do governo americano hoje são o aumento de preços de carne, café e suco de laranja.
03:29Os aspectos geopolíticos que são importantes para o Brasil, para os Estados Unidos,
03:35eles podem até pisar no freio e dizer, olha, a gente não vai tocar nesse assunto agora.
03:40Então, como os interesses são bastante divergentes e os Estados Unidos têm o interesse de diminuir influências na América Latina,
03:49principalmente de Irã, Rússia e China,
03:52eu não acho que essas negociações são tão abertas como a gente imagina.
03:57São importantes, sim, mas a gente tem que tomar muito cuidado
04:01para não achar que a gente já está no caminho rápido de diminuição de tarifas.
04:06Isso está começando agora e os interesses americanos vão ter que aparecer dentro de uma mesa de negociações
04:12e que até agora não foram colocados.
04:15Muito mais, neste momento, a gente vê quais são os interesses brasileiros
04:19do que os interesses dos Estados Unidos dentro da mesa.
04:22O meu ponto de vista é político, foi um passo importante,
04:28mas a gente vai ter que esperar para saber quais são os resultados práticos na negociação.
04:33O governo brasileiro trouxe demandas, mas a gente ainda não viu
04:37o que são as oferendas que estão sendo colocadas economicamente para o governo americano.
04:43E o governo americano, de fato, tem um conjunto de ações a serem realizadas.
04:48E não se ache estranho se as ações na Venezuela avançarem de uma maneira radical
04:56nas próximas semanas, ao mesmo tempo que o governo americano começará a negociar com o Brasil.
05:03Agora, professor, ontem eu entrevistei um economista que disse que acredita no meio termo.
05:10As tarifas em 50%, ele não acredita em redução total
05:15e que um bom caminho para o Brasil seria pelo menos 25%.
05:21Qual caminho o senhor acredita que seria o ideal e o possível?
05:26Eu não acho que a gente vai sair para 10%.
05:2910% são países onde há uma relação econômica muito favorável para os Estados Unidos,
05:38mas que há um alinhamento político e ideológico.
05:42O governo Trump imagina que dentro da América Latina,
05:46onde ele está fazendo uma espécie de doutrina Moron 2.0,
05:50ou seja, a América Latina tem que ser uma área de influência dos Estados Unidos
05:56e não de nenhum outro país, seja europeu ou russa e China.
06:00Ele que está colocando tarifas de 10%, as mínimas,
06:03para aqueles países onde há um maior alinhamento político.
06:06Como o Brasil não vai ter esse alinhamento político,
06:09o Brasil tem uma política de relações com vários países,
06:13mas nós temos sim uma visão, um governo que tem uma visão pró-China muito forte,
06:19eu acredito que menos de 20% não será.
06:22Tenho, concordo, que acho que pode chegar entre 20% a 30% de tarifas,
06:27isso vai ser uma realidade muito forte,
06:30mas isso vai depender, esse grau vai depender do que é que o Brasil vai abrir para os Estados Unidos.
06:35Nós vamos abrir as explorações de terras raras para o governo americano,
06:40explorar em parcerias com empresas brasileiras, dentro de mapeamento e exploração.
06:45Nós vamos fazer com que produtos de tecnologia americana entrem no Brasil com taxas mais baratas,
06:53já que as nossas tarifas são muito altas quando a gente analisa esses produtos,
06:57chegam aqui produtos pelo dobro do preço.
06:59Então tudo isso vai depender de que tipo de relação comercial o Brasil vai ter com os Estados Unidos a partir de agora.
07:06Os Estados Unidos entendem de uma maneira muito clara que eles têm superávit comercial com o Brasil,
07:12o problema não é isso.
07:13A visão deles é, ainda temos um acesso muito pequeno ao mercado brasileiro,
07:19e eles querem aumentar esse acesso.
07:20Apesar de sermos ainda, temos uma relação em segundo plano com os Estados Unidos,
07:26quando a gente fala de relações comerciais,
07:28eles ainda são o maior investidor do Brasil,
07:30com aproximadamente 30% de todo o investimento de idade estrangeira no país.
07:35Professor, saindo um pouquinho desse assunto,
07:37entrando na Argentina, os nossos vizinhos.
07:38A Argentina realiza hoje a eleição para renovar a Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
07:44A metade da Câmara, um terço do Senado.
07:46O que é que está em jogo por lá, à medida em que o Donald Trump chegou a dizer recentemente
07:51que a Argentina está morrendo e a gente precisa ajudar a Argentina.
07:55O Milley, se ele não conseguir uma votação expressiva,
08:01corre o risco de também perder essa ajuda do Trump?
08:05Olha, eu acho que não.
08:06A Argentina é o país que a gente pode dizer preferencial de Trump na América Latina.
08:12Ele vê o governo de Milley como um governo extremamente politicamente alinhado.
08:19Obviamente, outros países como o próprio Paraguai também é um país importante para os Estados Unidos.
08:26Eles até mesmo colocaram agora ações do FBI, da Cianatríplice Fronteira,
08:30para ajudar ao combate ao terrorismo e narcotráfico.
08:34Porém, na Argentina a situação é diferente.
08:37Há um alinhamento ideológico muito forte.
08:40Ao dizer que a Argentina precisa ter um ganho político efetivo para Milley
08:46para que haja o apoio do Tesouro Americano,
08:50no meu ponto de vista, ele está tentando falar para o eleitor argentino votar com Milley.
08:57Entretanto, mesmo que Milley perca ou que tenha um resultado menor do que se imagina,
09:03Trump retirar a ajuda à Argentina vai fazer com que a situação de Milley fique pior ainda.
09:10Então, isso vai prejudicar um aliado na América Latina.
09:14E isso vai contra essa visão dessa nova doutrina moral para os Estados Unidos.
09:18Então, eu acho que se Milley tiver um bom resultado,
09:22acho que isso vai ser visto por Trump como positivo e o apoio vai existir.
09:26Mas mesmo que ele perca, eu acho que sim, ele vai continuar dando apoio.
09:32Mesmo que o resultado seja negativo, porque seria uma dupla derrota.
09:37A derrota nas urnas e uma derrota de um apoio americano na região,
09:41fazendo com que a possibilidade da manutenção do poder de Milley diminui ainda.
09:45Então, acho que não foi bem uma ameaça,
09:47mas uma tentativa de apoiar ainda mais um governo
09:51que ele vê como preferencial dentro da América Latina.
09:54Então, vamos lá.
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