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Em entrevista ao Jornal da Manhã neste sábado (25), o especialista em relações internacionais José Luiz Niemeyer analisou a diplomacia entre Brasil e EUA, ressaltando as suas expectativas para o eventual encontro entre Lula e Donald Trump.

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Transcrição
00:00Agora a gente continua falando sobre essa expectativa da reunião entre os presidentes Lula e Trump
00:06com o especialista em relações internacionais, José Luiz Niermaier.
00:10Obrigada pela sua participação com a gente aqui no Jornal da Manhã. Bom dia.
00:15Oi, Márcia. Um abraço a você, o Nonato, e aos comentaristas e o assinante da Jovem Pan.
00:21José, como é que você avalia tudo o que se construiu até aqui na diplomacia entre Brasil e Estados Unidos?
00:29As relações que praticamente ficaram no limbo este ano estão começando a ser reconstruídas
00:36e essa reunião pode ser o primeiro passo?
00:40Márcia, nos últimos 200 anos as relações de Brasil e Estados Unidos foram muito importantes
00:44para a estabilidade não só do continente americano, como em todas as três Américas, mas também do mundo.
00:52Brasil e Estados Unidos foram importantes aliados no final da Segunda Guerra,
00:56quando os aliados começaram a recuperar o sul da Itália,
00:59a ponta do Nordeste brasileiro foi um vetor logístico fundamental
01:03para as forças aliadas e norte-americanas chegarem no sul da Itália.
01:07O Brasil cooperou muito com os Estados Unidos, por exemplo, durante a Guerra Fria,
01:12em situações específicas na América Central.
01:14Houve um acordo militar Brasil e Estados Unidos em 1952, um acordo importante.
01:20Brasil e Estados Unidos fazem parte do TIAR,
01:22que é o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca.
01:24São países aliados no século XX, no século XXI e também no século XXI,
01:30quando houve os atentados de 11 de setembro,
01:33os Estados Unidos da América tiveram o Brasil apoiando os Estados Unidos da América
01:37na luta contra o terrorismo.
01:39Não participou diretamente, mas apoiou diplomaticamente os Estados Unidos da América.
01:43Então, são países aliados, com uma linha de comércio exterior,
01:47de cooperação econômica muito grande.
01:49Os Estados Unidos investem muito no Brasil com suas empresas privadas e mesmo as estatais.
01:54E também o Brasil tem uma participação interessante no comércio com os Estados Unidos,
02:00inclusive exportando produtos de valor agregado,
02:03que ajudam a economia norte-americana, assim como importam também
02:06produtos de valor agregado, muita tecnologia.
02:08Então, são países parceiros, seja do ponto de vista econômico comercial,
02:13seja do ponto de vista estratégico militar.
02:16Mas agora a situação ficou um pouco mais complexa,
02:20muito nesta quadra nesses últimos anos,
02:24porque ocorreram questões internas no Brasil, questões internas nos Estados Unidos.
02:29O presidente Lula apoiou diretamente o presidente Biden contra o presidente Trump.
02:33Ele errou nesse sentido, na minha opinião.
02:35Não deveria ter tomado essa posição.
02:37Então, o início do mandato de Trump, com relação à administração federal brasileira,
02:43eles foram muito críticos, continuam críticos, e aí surgiu o tarifácio,
02:47que é uma medida discricionária, decidida pelos Estados Unidos da América,
02:51uma medida que eu acho uma medida errada,
02:54porque ela vai contra o comércio internacional,
02:56a liberdade no comércio internacional.
02:58Mas me parece que os dois presidentes vão ter, por esses dias,
03:01não sei se é hoje ou é a conversa ou amanhã,
03:03uma conversa que pode ser muito interessante,
03:05tanto para o Brasil como para os Estados Unidos da América.
03:08Bem, a ideia é que seja amanhã.
03:10Agora, professor Nehmeyer,
03:12diante disso que está sendo proposto,
03:15e até por ser o primeiro encontro,
03:18depois de toda aquela polêmica com os dois juntos,
03:22dá para a gente dizer que o ideal seria focar no tarifácio e não pensar em Venezuela, por exemplo,
03:31ou que a ONU está enfraquecida, ou seja, os demais assuntos,
03:34que não as tarifações, ou até mesmo punições para os brasileiros aqui internamente.
03:38Esse deve ser o cardápio e os demais temas ficam de forma?
03:41Leonardo, eu compreendo a sua ideia, acho que era uma boa ideia,
03:45mas o Itamaraty, nesse tipo de reunião, como é reunião de alto nível e presencial,
03:51os dois estão frente a frente com seus tradutores,
03:53eles vão querer explorar outros temas para poder ter sucesso naqueles que interessam mais no curto prazo.
04:00Então, o presidente Lula vai dizer que critica a posição norte-americana
04:06com relação a uma postura mais dura com relação à Venezuela em águas internacionais,
04:12por enquanto os Estados Unidos e da América estão atuando em águas internacionais,
04:15não em marco territorial venezuelano.
04:17O presidente Lula vai mencionar a importância da paz no Oriente Médio,
04:22e esse ponto acho que eles vão até concordar,
04:24e vai ser bom que o presidente Trump nessa hora concorde com ele.
04:26O presidente Lula vai mencionar questões de soberania brasileira
04:31com relação aos temas da política brasileira,
04:34dizendo que os Estados Unidos também têm a sua soberania
04:37com relação aos temas de política interna, vão concordar.
04:40Então, ele vai tratando desses temas,
04:42essa é a tática e a estratégia da chancelaria brasileira,
04:45que foi explicada ao presidente Lula, assim espero.
04:48E aí, num certo momento, vai entrar o tema tarifácio.
04:52E aí, dentro do tarifácio, o presidente Lula,
04:54assim espero que tenha passado a ele essa maneira de negociar,
05:00ele vai mencionar aqueles produtos que são mais sensíveis para o Brasil,
05:04inclusive onde o Brasil ganha mais na sua pauta de comércio exterior,
05:08e vai tentar negociar a questão do café, a questão da carne,
05:12a questão daqueles produtos que ainda não foram tarifados,
05:17mas que pode ter um retorno com relação às tarifas
05:19impostas pelo governo norte-americano.
05:21E o presidente Trump vai concordar com alguns,
05:24outros pode ser que ele não concorde,
05:26é uma conversa, não é uma conversa de 10 minutos,
05:28é uma conversa longa e de alto nível.
05:30E também, neste momento,
05:34percebendo que o presidente Trump ficou talvez um pouco,
05:37ele vai mudar a postura,
05:39ele não gostou de algumas colocações do presidente Lula,
05:43o presidente Lula pode chegar,
05:45neste momento da conversa, por exemplo,
05:47oferecendo uma parceria para a exploração dos minerais de terras raras,
05:52dos minérios de terras raras.
05:53Aí seria, ele também vai passar,
05:56dar uma oportunidade para o presidente Trump
05:58de se aproximar do Brasil nesta negociação.
06:01Então, é importante sim que outros temas sejam tocados,
06:04além do tarifácio,
06:06para o presidente Lula poder ter espaço na reunião
06:09para chegar a alguns pontos em comum com o presidente Trump.
06:13Tomara que isso seja possível.
06:15Essa é uma tática de negociação,
06:18você trazer vários temas e tentar ganhar em alguns.
06:21O Brasil faz bem isso desde sempre.
06:24Espero que o presidente Lula tenha conversado com a chancelaria,
06:28com os assessores do ministro Mauro Vieira,
06:30para que desenvolva essa tática de conversa
06:33numa perspectiva eficiente.
06:35Agora, professor, como você avalia
06:39que a imagem do nosso país saiu de toda essa situação?
06:43Não só o presidente Lula,
06:45mas o Brasil saiu fortalecido,
06:47apesar do tarifácio diante de um cenário internacional
06:51que é incerto economicamente,
06:54o nosso país conseguiu se sustentar
06:56e também abriu novos mercados.
06:59Então, mostramos que temos autonomia
07:01e temos por onde escoar também a nossa economia,
07:04apesar dos Estados Unidos.
07:06Isso também, em frente a Donald Trump,
07:09faz aí uma força nessa negociação que vai acontecer amanhã?
07:14Marcia, do ponto de vista mais específico,
07:16no caso brasileiro e no caso de comércio exterior brasileiro,
07:19o Brasil conseguiu sim buscar outras oportunidades de comércio,
07:23de exportação, a partir do tarifácio.
07:25Então, a partir desta crise conjuntural,
07:28surgiram oportunidades.
07:29Isso é muito normal nas situações de crise.
07:31Agora, do ponto de vista do sistema internacional,
07:33o Brasil tem uma postura hoje que me parece muito positiva
07:38com relação ao que a gente chama de soft power brasileiro,
07:41da imagem do Brasil no sistema internacional,
07:44muito porque o sistema internacional vive um cenário,
07:47Nonato e Márcia,
07:48para alguns analistas,
07:50de pré-Terceira Guerra Mundial.
07:52É um cenário muito, muito grave.
07:54Muito grave.
07:56É um sistema internacional muito competitivo,
07:59fragmentado,
08:00potências em ascensão,
08:03outras potências em declínio,
08:05na opinião de vários analistas.
08:06é um cenário muito mais entrópico do que cooperativo.
08:10Então, o Brasil, ao passar esta imagem,
08:13e ao presidente Lula falar de governança internacional,
08:17de respeito à soberania,
08:19de diminuição da fome,
08:20inclusive ele mistura temas muito conceituais
08:23em relações internacionais
08:24com temas corriqueiros da política doméstica,
08:27por exemplo, brasileira.
08:29miséria e soberania,
08:31estabilidade internacional,
08:34impedir países,
08:36a partir do Conselho de Segurança,
08:37de não declararem guerra e invadirem outros países,
08:41como foi o caso da Rússia.
08:42Ao mesmo tempo, ele fala de direitos humanos.
08:45Ele mistura temas,
08:46que a gente chama de temas da alta política
08:49com temas da baixa política.
08:51E isso passa uma impressão muito interessante
08:54da agenda brasileira para o sistema internacional,
08:57e mais ainda,
08:59na minha visão,
09:00passa uma imagem positiva
09:02do Brasil como Estado soberano e independente
09:05para a população brasileira.
09:07Isso repercute muito na população brasileira,
09:11e de que nos últimos meses,
09:13a partir desse discurso de soberania econômica,
09:16de defesa da governança global,
09:18o presidente Lula tem aumentado muito
09:21os seus índices de popularidade nas pesquisas.
09:24Nós conversamos, então,
09:25com o especialista em relações internacionais,
09:27José Luiz Niemeyer.
09:29Muito obrigada pela sua participação.
09:31Um bom dia.
09:33Obrigado você, Márcia.
09:34Um abraço a você,
09:35Anonato, assinante da Jovem Pan.
09:38Obrigado, professor.
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