Battistella explica por que o Brasil faz grande aposta nos biocombustíveis como vitrine na COP30

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O presidente da Be8 e comentarista do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, Erasmo Battistella, falou sobre o papel do Brasil na COP30 e a força dos biocombustíveis na transição energética. Ele destacou o potencial do agro e o compromisso do setor privado com metas de descarbonização.

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00:00O Brasil chega a COP30 com a missão de apresentar resultados concretos na transição energética.

00:12A aproximação entre o agro, a indústria e o governo reforça a aposta nos biocombustíveis

00:18como solução imediata para reduzir emissões e gerar desenvolvimento.

00:23E para falar sobre esse tema, eu recebo aqui no estúdio o Erasmo Batistella,

00:26que é um dos notáveis do nosso canal. Erasmo, seja muito bem-vindo.

00:30Ah, obrigado. Bom estar contigo aqui novamente, Matilda.

00:33Digo mesmo, Erasmo.

00:34Primeira pergunta que eu queria te fazer é o seguinte, o que você gostaria que fosse notícia em Belém?

00:39Olha, o que eu gostaria que fosse notícia em Belém é que o Brasil consiga demonstrar para o mundo

00:45efetivamente todo o potencial que nós temos com o país.

00:49Eu falo principalmente do agro.

00:50O agro brasileiro tem se empenhado muito em produzir de forma sustentável.

00:56respeitando o meio ambiente.

00:58E eu acredito que a COP30 pode ser uma vitrine.

01:01A gente tem visto muitas lideranças do agro defendendo, e eu tenho defendido muito isso,

01:07que a gente utilize a COP30 para demonstrar para o mundo tudo o que a gente faz bem feito.

01:12Que a gente preserva 50% das florestas, que a gente tem um código florestal

01:17que efetivamente está preocupado em preservação ambiental, que nós preservamos, por exemplo, os mananciais de água,

01:26que nós temos reserva florestal em torno dos nossos rios, enfim.

01:31Uma série de ações que o agro faz, que pode e vai ser demonstrado na COP30.

01:37Bom, falando então de outros mercados mundiais aí, né?

01:40A Europa, até bem pouco tempo, a gente via que era um continente que estava apostando quase que exclusivamente na eletrificação

01:46para conseguir atingir metas aí de redução de emissões de gases de efeito estufa.

01:51Agora, parece que isso está sendo um pouco revisto, né?

01:53Estão considerando também outras fontes alternativas.

01:56Você acha que isso pode abrir um grande caminho para os biocombustíveis brasileiros?

02:00Olha, Marcelo, nós há muito tempo defendemos que os biocombustíveis entregam muito mais do que a eletrificação entrega.

02:08É claro que há um mercado de veículos elétricos, mas quando nós olhamos para veículos pesados, para transporte,

02:16nós temos ainda mais dificuldade em utilização da eletrificação.

02:21Haja visto o grande custo que nós temos de implementação de veículos elétricos

02:26e, se nós formos ver efetivamente, esses veículos elétricos, eles não geram descarbonização,

02:33porque grande parte, por exemplo, da energia elétrica utilizada na Europa,

02:38ela é oriunda ainda da queima de combustíveis fósseis.

02:43Então, não faz a descarbonização, porque quando a gente pensa em transição energética,

02:48nós sempre temos que pensar em ciclo de vida.

02:52Nós estamos defendendo a tese, né, que é do berço ao túmulo,

02:55ou seja, nós temos que olhar toda a cadeia.

02:59E, infelizmente, a Europa produz e utiliza grande parte da energia elétrica oriundo de combustíveis fósseis.

03:07Bom, vocês têm muito que mostrar, tanto da sua empresa, BH, quanto da sua holding, né, na COP30,

03:11porque vocês estão, de fato, produzindo energia mais limpa ali todos os dias.

03:16E tem uma iniciativa interessante que você estava me contando agora também.

03:18Vocês vão fazer uma espécie de caravana sustentável até Belém.

03:21Como é que vai ser isso?

03:22Nós vamos fazer.

03:23Na segunda-feira, a gente vai trazer muita informação, inclusive, aqui com vocês,

03:27dessa caravana.

03:28A gente, juntamente com uma grande montadora global, europeia, inclusive,

03:33a gente vai sair de Passo Fundo, vai até Belém,

03:36utilizando biocombustíveis.

03:38E é uma forma de demonstrar a capacidade que os biocombustíveis têm

03:42de descarbonizar e fazer essa entrega.

03:45Vamos estar também, Marcelo, com o stand na COP, onde esses veículos vão estar sendo expostos.

03:52Então, todos os visitantes que passarem por Belém, que passarem pela Green Zone,

03:57vão poder ver e, mais do que isso, vão ter informações, tanto da cadeia, do processo produtivo

04:04e de quanto esses biocombustíveis ajudam na descarbonização.

04:08Eu vou dar um dado bem simples e fácil de compreender.

04:12Nosso biocombustível, que chama B8 e Bivante, quando ele substitui o diesel,

04:17ele pode substituir em 100%, na mesma hora que ele começa a ser utilizado,

04:21ele reduz em, no mínimo, 98% as emissões de fumaça preta.

04:26Então, isso é um dado real que já está acontecendo no Brasil e vai ser demonstrado na COP.

04:31Quer dizer, isso é algo importantíssimo, não apenas para reduzir emissões do gás de afeito estufla,

04:36mas a poluição nas cidades também, né?

04:38Com certeza.

04:39Esse é um benefício direto às grandes cidades.

04:41Vamos pegar o exemplo de São Paulo.

04:44Se nós pegarmos o ônibus que está passando agora, em qualquer rua de São Paulo,

04:49e pararmos esse ônibus, fizermos uma troca de filtro, uma limpeza de tanque

04:53e abastecermos ele com Bivante, isso não demora mais que 30 minutos,

04:59imediatamente ele começa a reduzir 98% das emissões.

05:02Então, nós temos uma expectativa, Marcelo, muito grande,

05:05e com essa ação que nós vamos fazer, porque é uma molécula nova que nós estamos introduzindo

05:10esse ano no mercado, grandes cidades possam copiar a nossa Paz Fundo lá do Rio Grande do Sul,

05:16que já está utilizando esse biocombustível em parte da sua frota para reduzir emissões nas cidades.

05:23O Erasmo, a gente tem uma reunião importantíssima hoje em Washington

05:26entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio

05:31para tentar destravar a questão dessa guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos.

05:35Um dos assuntos que a gente lê que pode estar nessa mesa de negociações é o setor do etanol.

05:40Eles querem exportar para cá com tarifa zero.

05:42Com que expectativa você está acompanhando essas negociações e o que você espera que saia daí?

05:48Olha, primeiro, eu acredito que assim como todos os demais empresários do Brasil,

05:52a minha expectativa é que Brasil e Estados Unidos tenham um alinhamento no tema econômico

05:57porque nós somos parceiros há mais de 200 anos e isso é muito importante para as duas economias, né?

06:04Que se haja esse equilíbrio nas tarifas.

06:06E acredito também que é o momento ideal para a gente renovar a aliança que nós temos com os Estados Unidos

06:13em alguns setores estratégicos.

06:15Por exemplo, os biocombustíveis, os Estados Unidos e o Brasil têm o mesmo posicionamento,

06:20agnóstico à matéria-prima, utiliza as mesmas tecnologias.

06:25É claro que nós temos essa vontade dos Estados Unidos de exportar etanol para a gente,

06:31mas nós juntos, Estados Unidos e Brasil, podemos abrir novos mercados

06:35que estão olhando para os biocombustíveis como uma oportunidade de descarbonização.

06:40Eu espero que a gente avance nas negociações e que a gente possa, dentro das negociações,

06:46defender os nossos biocombustíveis porque eles estão em linha com o trabalho

06:52que o governo americano vem fazendo na área de biocombustíveis.

06:55Bom, aqui no Brasil o governo lançou o Belém 4X,

06:58que é um compromisso de quadruplicar a produção de biocombustíveis até 2030.

07:03Como é que você acha que o setor privado pode ajudar a tirar essa meta do papel?

07:06O setor privado, Marcelo, já está ajudando, porque nós estamos fazendo grandes investimentos.

07:11Em todo o país você está vendo investimentos na área de biodiesel, na área de etanol,

07:17principalmente etanol de cereais.

07:20Nós estamos vendo projetos já sendo trabalhados para a produção do diesel verde, do SAF, enfim.

07:26O setor produtivo já está comprometido com isso.

07:30É claro que, além de lançar a meta que é fundamental de quadruplicar,

07:35nós temos as políticas públicas que são fundamentais.

07:38Vou pegar o caso específico do biodiesel.

07:40Nós precisamos acelerar os testes agora para que, em março do ano que vem,

07:45a gente possa cumprir o combustível do futuro e ter o B16 já em mistura,

07:50que esse ano fomos para o B15.

07:52Então, é importante colocar a meta, e essa meta precisa ser audaciosa,

07:57criar as políticas públicas, como o Brasil já está fazendo,

08:00que certamente o setor privado vai fazer os investimentos

08:03para garantir suprimento de biocombustíveis para o Brasil.

08:07Você falou de meta ambiciosa.

08:08Essa meta de quadruplicar até 2030, você acha que é factível?

08:11Ou ela, por enquanto, parece ambiciosa demais?

08:13Ela é ambiciosa, mas é factível porque nós temos matéria-prima.

08:19Um dos grandes diferenciais do Brasil perante o mundo para os biocombustíveis

08:23é o que nós já produzimos de matéria-prima.

08:26Eu saí de um evento agora onde a Embrapa acabou de apresentar

08:30a expectativa da safra para o ano que vem,

08:33então nós devemos ter uma safra recorde, então isso é muito positivo.

08:38E, obviamente, agora nós precisamos agregar valor, Marcelo,

08:42a essa matéria-prima, como a gente está fazendo através da produção do etanol,

08:46da produção do biodiesel.

08:47E logo, logo ali à frente, em 2027, a produção do SAF, a produção do HVO,

08:52enfim, eu acredito que ela é ambiciosa, mas se nós trabalharmos juntos,

08:58certamente nós vamos conseguir cumprir essa meta.

09:01A senhora, Erasmo Batistela, um dos notáveis do nosso canal,

09:04sempre um prazer falar contigo, Rádio.

09:05Obrigado, bom estar aqui contigo.

09:06Obrigado.

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