Brasil se torna principal fornecedor de soja para China; Mariana Almeida analisa

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Levantamento da American Farm Bureau mostrou que a China reduziu importações de soja dos EUA e priorizou Brasil e Argentina. Mariana Almeida comentou sobre o impacto nas exportações brasileiras e no mercado global, além das projeções para 2026.

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00:00E a gente vai direto ao nosso Momento Agro.

00:09Um levantamento da American Farm Bureau Federation,

00:13entidade que representa cerca de 6 milhões de produtores rurais nos Estados Unidos,

00:19aponta que a guerra comercial entre o país e a China

00:22abriu espaço para a soja brasileira no mercado chinês.

00:26Entre junho e agosto, o país asiático suspendeu a compra do grão norte-americano

00:32e passou a priorizar fornecedores como o Brasil e a Argentina.

00:37Para comentar esse assunto, eu falo ao vivo com a Fernanda Câmara,

00:41que tem todos os detalhes.

00:43Oi, Fernanda, bom dia para você. Bem-vinda ao Agora.

00:47Obrigada, Paula. Muito bom dia para você. Bom dia a todos.

00:51Olha, as importações chinesas de soja norte-americana, de acordo com o levantamento,

00:56despencaram para o menor nível histórico em 2025.

01:00Em contrapartida, o Brasil virou o principal fornecedor do grão ao gigante asiático.

01:06Entre janeiro e agosto de 2025, a China importou apenas 5,8 milhões de toneladas de soja americana

01:13contra 26,5 milhões no mesmo período do ano passado, uma queda de quase 80%.

01:20Em contrapartida, então, o Brasil exportou mais de 77 milhões de toneladas do produto

01:26para o mercado chinês no mesmo intervalo.

01:29E no mesmo período, a Argentina ampliou as vendas de soja após suspender o imposto de exportação,

01:35restituindo o tributo após o valor exportado ultrapassar 7 bilhões de dólares.

01:40Segundo a Federação Americana de Escritórios Agrícolas, a retração não é pontual e resulta

01:46da política de diversificação de fornecedores implementada há anos pela China.

01:51Além da soja, as exportações norte-americanas de milho, trigo e sorgo para a China caíram

01:58a zero em 2025 e as vendas de carne, suína e algodão seguem em ritmo reduzido.

02:04Segundo o levantamento, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos projeta que o valor total

02:09das exportações agrícolas para a China cairá para 17 bilhões de dólares neste ano,

02:1530% inferior a 2024 e mais de 50% abaixo de 2022.

02:22Para 2026, a estimativa é ainda menor, apenas 9 bilhões de dólares, o menor patamar desde 2018.

02:31E como a China suspendeu a compra de soja dos Estados Unidos nos últimos meses,

02:35Esse tema será central na próxima conversa entre Trump e o líder chinês Xi Jinping,

02:41que deve ser realizada em novembro.

02:44A suspensão afeta principalmente cinco estados norte-americanos,

02:48que são os principais produtores de soja nos Estados Unidos.

02:52O governo Trump prepara um novo pacote de ajuda financeira aos produtores rurais,

02:56semelhante ao concedido em 2019, quando mais de 22 bilhões de dólares foram destinados ao setor

03:04durante a Primeira Guerra Comercial com a China.

03:07Em sua rede social, Truth Social, Trump disse que serão usados aos recursos,

03:14ou melhor, serão usados os recursos das tarifas para apoiar os agricultores do país.

03:19Paralelamente, o Tesouro Norte-Americano estuda medidas emergenciais

03:23para conter o déficit comercial agrícola.

03:26A decisão da China tem peso na economia e no setor agrícola dos Estados Unidos.

03:31O país asiático costuma ser responsável pela compra de grande parte de toda a soja norte-americana

03:36vendida ao exterior.

03:38E a pausa nas exportações dos Estados Unidos pode tornar o Brasil o maior vendedor de soja para a China.

03:44O aumento da presença de soja brasileira em território chinês,

03:47em detrimento do produto norte-americano,

03:49já vem sendo uma realidade de acordo com os números que a gente mostrou.

03:53E, Paula, segundo dados da Administração Geral de Alfândegas da China,

03:58o país asiático importou 10,49 milhões de toneladas de soja brasileira em agosto,

04:04uma alta de 2,4% ante o mesmo período de 2024.

04:10Eu volto com você.

04:12Muito obrigada, Fernanda Câmara, pelas suas informações.

04:15Daqui a pouco a gente volta a falar ao vivo aqui no Agora.

04:18Maria Almeida, a Fernanda trouxe essas informações da soja,

04:22que inclusive a gente falou bastante aqui no Agora, em outras ocasiões,

04:26sobre o fato do Brasil, para alguns produtos, conseguir suprir outros mercados.

04:33E foi o que aconteceu nesse caso da China.

04:35Então, um ponto positivo para o Brasil, porque agora a soja se tornou crucial

04:40para a China vindo do Brasil e não mais dependendo dos Estados Unidos.

04:46É, acho que a guerra comercial fez um desvio desde o começo do ano, na safra anterior já.

04:51Isso foi uma realidade e, inclusive, ajudou a sustentar um pouco os preços da soja

04:56para a última safra, que a gente teve uma super safra que poderia ter tido um efeito negativo.

05:00Agora, mesmo que a China diga que isso não é pontual,

05:04de que isso é um evento de uma política,

05:06um desdobramento de uma política de diversificação de fornecedores,

05:11isso é verdade do ponto de vista do global, né?

05:14O maior volume, digamos assim, o centro das exportações para a China,

05:18provavelmente está mantido.

05:19A questão aqui, para o produtor, é a decisão na margem,

05:22em termos de ampliação desse a mais que tem vindo.

05:25Porque a guerra comercial não deve se sustentar eternamente.

05:28Pode ser que ela tenha uma resolução mais próxima

05:30de realmente manter uma certa exclusão dos produtores norte-americanos,

05:34que é muito tenso para a economia dos Estados Unidos,

05:37diga-se de passagem,

05:38o que tem engendrado aí questões para o governo Trump

05:41do ponto de ter que apoiar os produtores,

05:43mas isso é outro capítulo.

05:45O ponto é, se não é esse cenário mais agudo,

05:48vai ter depois algum tipo de retomada de outros fornecedores,

05:52de uma lógica de diversificação,

05:53que o Brasil tem que olhar com um realismo,

05:56ou seja, veio um pico adicional, ótimo, se aproveita,

06:00mas na hora de tomada de decisão das safras daqui seguintes,

06:04se a gente está em um momento de plantio da soja agora no Brasil,

06:07uma safra, inclusive, que está bastante acelerada,

06:09tem que se levar em consideração, como eu falei,

06:11um grau de realismo, que é, sim, o mercado chinês é importantíssimo,

06:15sim, o Brasil se posicionou como um fornecedor central

06:19e talvez majoritário mesmo,

06:20mas é isso, tem muita instabilidade no mercado,

06:23tem que considerar, tem que fazer a planilha

06:25para depois, no fim das contas,

06:27não ter um efeito muito negativo do ponto de vista dos pedidos,

06:30porque produto agrícola é ciclo

06:32e o ciclo vai ser suscetível não só à decisão de hoje

06:36e o cenário geopolítico de hoje,

06:38mas o cenário geopolítico lá na frente,

06:40quando sair a safra e a gente for efetivamente

06:42concluir e consolidar pedidos e vendas.

06:46E a gente segue agora com o nosso Momento Agro.

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