O programa Na Real desta quarta (17) recebeu Noemi Ferrari, que viralizou em um vídeo onde sofre racismo em seu primeiro dia de trabalho. Ela revelou os danos do assédio moral e a luta judicial que a levou à vitória. O episódio também conta com a historiadora Dandara Suburbana e o Dr. Ricardo Florentino Britto para analisar os dados sobre racismo no mercado de trabalho.
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NotíciasTranscrição
00:00Hoje a gente vai falar sobre o caso de Noemi Ferrari, uma jovem negra que sofreu preconceito racial no primeiro dia de trabalho numa farmácia aqui de São Paulo.
00:10O caso viralizou nas redes sociais. Inclusive, a gente quer mostrar novamente esse vídeo e toda a repercussão.
00:17Mas antes eu quero também falar sobre alguns dados.
00:20O racismo continua sendo uma das maiores feridas abertas do nosso país e não são apenas percepções, são números.
00:28Só em 2024, mais de 5 mil violações de racismo e injúria racial foram registradas pelo Disque 100, segundo o Ministério dos Direitos Humanos.
00:38Uma pesquisa recente também da Agência Brasil revelou que 70% dos negros já sofreram algum tipo de preconceito ou discriminação.
00:47E as consequências vão além. 73% dizem que esses episódios afetaram diretamente a sua saúde mental.
00:55O racismo continua sendo uma das maiores feridas realmente do nosso país.
01:00E é por isso que eu quero mostrar esse vídeo, que quando eu assisti pela primeira vez, cortou o meu coração e me revoltou também.
01:10Vamos ver.
01:13Oi, queridos! Brasil, Brasil!
01:17É essa daqui, a Noemi, nossa nova colaboradora.
01:20Fala um oi, querida.
01:22Oi.
01:22Tá escurecendo a nossa loja?
01:24Tá escurecendo.
01:25Acabou a cota, tá, gente?
01:26Negrinho não entra mais.
01:28Noemi, diz pra gente.
01:30O que disseram pra você na loja, amor?
01:33Do quê?
01:33Na loja não, lá na matriz.
01:35Serviço de atendente 1.
01:36O que é o serviço de atendente 1?
01:38Fala pra ela.
01:39Você vai ficar lixo, você vai ficar no caixa, você vai passar paninho, vai tirar pó e vai ficar no salão.
01:45Vai, vai, vai ficar no caixa?
01:48Hum, que incrível.
01:50Vai tirar lixo?
01:51Hum, que incrível.
01:53Paninho também passa no chão?
01:55Sim.
01:56Ah, e você disse sim lá, né?
01:59Eu não disse nada, porque eu tava na vaga, foi hoje.
02:01Não, acabou com isso.
02:04Acabou.
02:04Esse vídeo foi dentro de uma rede de farmácias, a Drogazil, que divulgou um comunicado nas redes sociais.
02:12Nós vamos ler agora na íntegra.
02:15Lamentamos profundamente o episódio vivenciado pela ex-colaboradora Noemi em 2018.
02:22Reiteramos o compromisso da RD Saúde com respeito à diversidade e à inclusão.
02:27Nós temos também a imagem dessa nota.
02:29Pode pôr no ar, por favor.
02:31Vou continuar a leitura.
02:32A nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação, diversidade e respeito são valores primordiais da Drogazil.
02:42Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial.
02:50Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos
02:55e nos orgulhamos de ter, atualmente, 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras.
03:01Resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização.
03:07Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos, inclusivos e seguros
03:13e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.
03:18Essa foi a nota da Drogazil.
03:21Mas, para falar o lado mais afetado de toda essa história, sobre como tudo repercutiu dentro dela
03:28e como que ela transformou isso em voz hoje para outras pessoas também denunciarem,
03:33a gente recebe aqui a Noemi Ferrari, a que foi a vítima desse vídeo.
03:38Noemi, muito obrigada por você estar aqui com a gente hoje.
03:41Eu que agradeço o convite, Márcia.
03:42Além da Noemi, tem também a Dandara Suburbana, que é historiadora,
03:48ela também é ativista da causa negra, também é socióloga.
03:53Bem-vinda, Dandara. Muito obrigada por estar aqui com a gente.
03:56E o doutor Ricardo Florentino Brito, que também atua nessa causa no Procon Racial de São Paulo
04:04e também na Universidade Zumbi dos Palmares.
04:07Bem-vindo. Muito obrigada.
04:08Boa tarde. Muito obrigada. Boa tarde a todas. Muito obrigada pela oportunidade.
04:11Bom, primeiro eu quero entender, Noemi, o que aconteceu naquele dia
04:16e o que você sente quando revê esse vídeo?
04:20Eu já vou até começar a pedir desculpas, porque revê ainda me dói, me machuca,
04:26porque eu estive nesse lugar muito tempo me sujeitando a isso.
04:31Então, naquele primeiro dia, eu estava esperando uma recepção totalmente do que me passaram.
04:37E eu tinha acabado de perder o meu pai adotivo e eu precisava daquele emprego.
04:41E a vida real, todo mundo sabe como é que é.
04:44A gente não pode ficar escolhendo.
04:47Então, era tudo muito novo. Eu tinha apenas 18 anos.
04:50Então, a gente pensa. Não posso largar isso aqui.
04:53Então, o ato, o primeiro ato que foi o do racismo,
04:58eu ainda fiquei pensando.
04:59Nossa, será que eu estou ouvindo isso mesmo?
05:02Então, vi que o seu brilho vai sumindo ali, né?
05:05Parece que você não vai acreditando, não vai entendendo.
05:07E a sua alegria de chegar naquele primeiro emprego parece que vai sumindo, né?
05:11Sim. E eu sou muito questionada por isso no vídeo.
05:13Porque eu estava sorrindo, eu estava rindo.
05:16Mas é que não deu pra pegar no vídeo as minhas mãos.
05:18Eu estava estralando os meus dedos, torcendo, porque eu estava muito nervosa.
05:22Foi a reação que eu tive ali momentânea.
05:24Nova, ingênua, tímida. Não tem o que a gente fazer.
05:28Então, eu só vi que realmente estava acontecendo aquilo quando ela fez o segundo ato.
05:32Vai tirar lixo? Vai passar pano? Vai tirar pó?
05:35Eu falei, opa, aí o negócio é mais embaixo.
05:39Mas eu saí, não. Eu realmente precisava.
05:42Eu tinha uma pobreza extrema, gente, que era muito difícil.
05:45Ainda mais quando o meu pai do tio faleceu.
05:47Eu não queria nem ficar mais dentro de casa.
05:49Então, eu precisava sair.
05:51Fui pro banheiro, olhei pra cima, chorei.
05:52Deus, eu preciso. E vida que segue.
05:55Eu sei que você não denunciou o caso naquele momento.
05:58Você me contou que você chegou até a perdoar.
06:01Que você deixou pra lá, porque precisava do emprego.
06:04Estava esquecendo.
06:05E até você me disse uma frase que me marcou na nossa conversa.
06:09Falou, Márcia, pra mim, o racismo era comum.
06:12Eu vivi isso toda a minha vida.
06:14Eu fui criada por pais adotivos evangélicos.
06:18Então, eles sempre criaram e me colocaram assim na cabeça.
06:20Quando eu chegava da escola, eu falava, que eram meus avós maternos, né?
06:24Eu falava, ó, aconteceu isso.
06:26Ela, ó, vem cá, vamos conversar, vamos orar.
06:29Vamos, é...
06:30Isso o quê?
06:30Quando eu falava assim, ai, eles voaram o meu cabelo.
06:33Às vezes, minha avó, ela fazia trancinhas no meu cabelo.
06:36Ou ela deixava ele power.
06:37E eu falava, avó, pegaram e falaram que o meu cabelo é pra liar a panela.
06:41Ou falaram que o meu cabelo é pra usar na louça.
06:44E eu, criança, né?
06:46Eles falavam, não.
06:48É, eles ainda...
06:49Eu já ouvi dos meus avós também.
06:50Eles estão brincando porque são crianças.
06:53Ao ponto de quando eu cresci, eu tava com uns 10, 11 anos.
06:57Eu falei, eu quero alidar meu cabelo.
06:59Eu não aguento mais sofrer isso que eu sofro.
07:01E eu conversando com eles, explicando pra eles as situações.
07:05Eles sempre falaram, isso é normal.
07:07Você vai sofrer isso a sua vida inteira.
07:09Eu coloquei na minha cabeça.
07:11Eu vou sofrer isso a vida inteira.
07:12Então, eu tenho que aceitar isso a vida inteira.
07:15Então, a denúncia só aconteceu em que momento?
07:18Em 2022.
07:20Em 2021, esse mesmo vídeo já tava circulando entre eles.
07:24Então, eu cresci de cargo.
07:26Lá, eles dão oportunidade.
07:28E eu calhei de cair numa loja que essa gerente, que está rindo no fundo, estava administrando.
07:35Ela pegou o vídeo e jogou nas redes, num grupo de WhatsApp de novo.
07:39Como forma de te diminuir.
07:40Sim, e entre os colegas ali, ela falou a seguinte frase, que eu nunca vou esquecer.
07:46Olha a supervisora de vocês, quando eu entro na empresa.
07:48Não parecia uma ratinha?
07:50Aí foi aonde eu fiquei.
07:53Eu não tô ouvindo isso.
07:54E novamente, eu segurei as pontas, porque eu estava construindo a minha casa e pagando o meu casamento.
08:00Eu fiquei ainda ali por mais uns oito meses.
08:02E mesmo depois de todo esse episódio, eu fui atrás da doutora Daniela e do doutor Marcelo, que são os meus advogados, querendo apenas as minhas causas trabalhistas.
08:11Só que eles tinham acesso a todos os dados, todas as... tudo.
08:15Eles tinham acesso a tudo, que eu fui passando pra eles.
08:18A doutora Daniela e o doutor Marcelo ficam conversando comigo durante, acho que mais de seis meses.
08:22Porque eu estava com medo de ir atrás de um direito que era meu, que foi o ato do racismo, foi os preconceitos, com medo das pessoas me atacarem.
08:32Porque essa mesma gerente, ela me coagia, me fazia chorar, ela tinha prazer em me fazer mal, em pisar em mim.
08:39Então eu falava, não gente, eu ficava pra doutora assim, não doutora, mas eu não posso, eles vão fazer alguma coisa comigo.
08:45E ela conversando e meu esposo conversando, meu esposo já queria ter atos, tipo, absurdos de ir lá, tentar resolver.
08:52Você procurou o canal de ética da empresa?
08:55Sim, tem várias denúncias lá.
08:58Só que eles só dão importâncias quando é alguma, é uma denúncia de assédio.
09:03Então aí, eles dão importância.
09:04Você denunciou o racismo?
09:06Eu denunciei tudo, eu falei, eu coloquei o nome da gerente, coloquei o nome das pessoas, eu falei…
09:10Em que ano isso aconteceu?
09:12Acho que foi no de 2021 mesmo.
09:15Foi no de 2021.
09:16Ou seja, a nota da empresa dizendo que não sabia…
09:19Inclusive, eu tenho algumas provas porque eu também era da parte da liderança, de funcionários.
09:25Ó, eu denunciei super, eu fiz isso que você me aconselhou, eu fiz isso.
09:30Eles não estão nem aí.
09:31São muitas denúncias.
09:32A Noemi tá sendo questionada nas redes sociais também, porque só agora o caso veio à tona.
09:37E eu vou explicar com a ajuda dela.
09:39O processo saiu agora, a causa ganha a Noemi.
09:42E só agora que ela pode realmente falar sobre isso.
09:45Porque antes ela podia sofrer algum tipo de retaliação, já que o processo tava sob segredo de justiça.
09:50É isso, né?
09:50E aconteceu essa retaliação que falaram…
09:52Isso é verdade?
09:53Será que isso não é mentira?
09:55Será que não tá querendo ganhar views?
09:56E cada comentário que eu via no começo, eu jogava um print do processo.
10:00Vai assistir, vai ver.
10:01Foi onde começou a viralizar, o pessoal começou a ver.
10:04E alguns comentários maldosos que tinham, foi assim, principalmente de ex-funcionários.
10:09Outros funcionários estão lá.
10:10Ah, mas a pessoa que tá gravando não é uma má pessoa.
10:13A gerente nem é tão branca assim.
10:15Tudo bem.
10:16Só que eu acredito que quem não deve, não teme.
10:18Por que vocês não foram nas audiências?
10:20Por que vocês não foram se defender?
10:22Se a brincadeira foi uma brincadeira, então você tinha a voz.
10:25Quem disse que era brincadeira foi a empresa?
10:27Foi a empresa.
10:28E quem tá lá na empresa também, né?
10:31E as pessoas no comentário atacando.
10:33Tentando defender o ato.
10:34Olha, isso é muito mais comum do que a gente imagina, né?
10:37Doutor Ricardo, inclusive.
10:38Doutor Ricardo mandou pra gente alguns dados sobre o racismo dentro do mercado de trabalho.
10:43Vamos colocar na tela, antes da gente começar também a conversar com ele, por favor.
10:48Os dados aí sobre homens e mulheres que acabam denunciando, né?
10:52O racismo.
10:54Olha só, injúria racial no ambiente de trabalho.
10:57Fica bem igualitário ali, né?
10:58Doutor.
10:59Tanto homens quanto mulheres, né?
11:0211% de cada um ali.
11:04E pessoas pretas, 11%.
11:06Pessoas brancas, 12%.
11:08Que no caso, ali também, esses dados são da fonte do Instituto Locomotiva.
11:13Tem mais uma tela também, por favor, pra gente colocar no ar, sobre os dados de injúria racial.
11:21Quem sofre preconceito, mas acaba não denunciando.
11:25Por exemplo, a Noemi esperou sair da empresa pra denunciar por medo, é claro.
11:29Também, né?
11:30Já tinha denunciado o racismo, mas não tinha.
11:33A empresa não fez nada, né?
11:3429% são mulheres.
11:3621% homens.
11:38E pessoas pretas, 28%.
11:40Pessoas brancas, 22%.
11:42Doutor, realmente, as empresas, de fato, elas demoram a tomar uma atitude?
11:49Boa tarde, Marcia, mais uma vez.
11:50Noemi, deixo um abraço pra você.
11:52Trago o abraço pro professor José Vicente.
11:55Parte do que a Noemi falou é muito real.
11:57A pessoa, às vezes, nem sabe.
11:59E ela sofreu aquela agressão.
12:01A gente foi construído dessa forma.
12:04A gente foi construído dessa forma.
12:06Então, muitas vezes, aquela vítima, ela demora a perceber.
12:10E o fato de ela ter demorado a perceber, não significa que ela não sofreu aquela agressão.
12:15Respondendo diretamente a sua pergunta, a gente vem observando uma mudança de comportamento
12:20em algumas corporações.
12:22Porque a sociedade também está mudando.
12:24Então, aquelas pessoas, aqueles líderes, também estão entendendo que é necessário
12:28dar atenção.
12:29Pouca mudança.
12:30Muito lenta.
12:32Inclusive, do Poder Judiciário.
12:33Então, a gente percebe que algumas empresas, a passos muito curtos e muito lentos, passam
12:40a dar algum tipo de atenção.
12:41Mas quando aquele fato se torna muito público.
12:46Eles têm a oportunidade de resolver isso internamente.
12:49Eu não diria necessariamente demitir.
12:50Porque essa pessoa vai pra uma outra empresa.
12:52Então, vamos cuidar dessa pessoa.
12:54Mas tomar as providências.
12:56Então, é muito lento.
12:57Em 2025, sim.
12:59Se a gente comparar com 2000.
13:00Sim.
13:01Mas ainda é muito lento.
13:02E, doutor, o que você falou é importante a gente também atualizar a nossa audiência.
13:07É um crime imprescritível.
13:08Então, não adianta.
13:09Se aconteceu em 2012.
13:11Pode denunciar quando a pessoa tiver segurança pra fazer isso, né?
13:14Exatamente.
13:15Perfeita observação.
13:16É um crime imprescritível.
13:17Não cabe nem fiança.
13:18Então, racismo, injúria racial.
13:20Que essas brincadeiras jocosas.
13:23Essa ofensa disfarçada de brincadeira.
13:26Ela, inclusive, até foi potencializada.
13:28Um crime até de cinco anos de cadeia.
13:30Então, assim, a qualquer momento que sofreu, denuncia, toma as providências.
13:35E tem também um agravante no caso da Noemi.
13:37Ela foi exposta pra...
13:39Ela sofreu também uma exposição dentro do ambiente de trabalho.
13:42Que causou danos à saúde mental dela.
13:45Ela teve que passar, né, Noemi?
13:47Por um psicólogo depois.
13:49Não foi isso?
13:49Eu passei por um tempo com a doutora Ana.
13:52Mas não foi só devido a isso.
13:54Porque no ano...
13:55Isso foi em 2018.
13:56No ano seguinte, eu mudei de loja.
13:59E nessa loja...
14:00Respondendo também essa ação com a nota que eles postaram.
14:03Que são 35 mil pessoas negras.
14:06Gente, não é, tá?
14:07Inclusive, eu tenho testemunhas e eu estava presente na loja.
14:11Que a loja que eu estava em 2019, só tinha eu de negra.
14:15E nessa loja, a gerente com um ato também racista e absurdo o que ela fez.
14:21Ela falava assim pra mim, porque eu engravidei.
14:23Ela não gostou nem um pouco.
14:25E ela virou pra mim e falou assim...
14:26Eu odeio trabalhar com grávida.
14:28Por mim, você não teria esse bebê.
14:29E mandou fazer tudo de absurdo.
14:32Pegar peso.
14:33Eu lembro que passou uns dez dias, não me recordo.
14:35Eu tive um sangramento na loja.
14:37A farmacêutica chamou a ambulância.
14:39E eu perdi o meu bebê.
14:40Meu Deus!
14:41Então, eles queriam que eu provasse com documentos.
14:46Porque ela fez eu tomar vacina.
14:48Eles queriam que eu provasse coisas absurdas na época.
14:50Pra eles poderem tomar uma ação.
14:52Eles não tomaram uma ação nenhuma ali.
14:53Nem ela.
14:54Então, foi aí que começou tudo.
14:56Ela te obrigou a carregar uma caixa e você perdeu o bebê?
14:59Exatamente.
14:59E nesse mesmo ano, que eu perdi o bebê em julho de 2019.
15:04Nesse mesmo ano.
15:05No final de ano, eles faziam essas festas de amigos secretos.
15:08Tinha uma farmacêutica que tirou o nome dessa gerente.
15:11E mesmo com tudo que ela fez comigo.
15:13Ficavam falando.
15:14Eu não quero tirar ela.
15:15Eu não gosto.
15:15Eu falei, troca comigo.
15:17Eu assumo essa responsabilidade.
15:20E quando eu troquei, eu falei assim.
15:22Ah, mas vocês não contam.
15:23Vai que ela não gosta.
15:24Vai que ela racha um.
15:25Eu joguei, né?
15:27Depois das festas, das comemoratividades lá.
15:29Tudo.
15:30Eu falei assim.
15:31Gente, eu não quis falar, tal.
15:33Por questões que é minha.
15:35Eu não quis falar.
15:36Ah, mas você não devia ter…
15:38Que na festa teve karaokê.
15:41Ah, mas você não devia ter falado lá.
15:43Que tirou ela desse jeito.
15:44Você não devia ter brincado.
15:46Que você tirou uma pessoa.
15:47Que a gente fala o contrário.
15:48Você não devia ter falado desse jeito.
15:49E começou ataques no grupo.
15:51Sobre isso.
15:52De todo mundo.
15:53Ela não estava no grupo, a gerente.
15:54Mas começou ataques de tudo, com até formas absurdas.
15:58Eu lembro que na época eu peguei um vidro.
16:00Disse acalme, de calmante.
16:01Uma cartela e uma faca e me tranquei no banheiro.
16:04Ali eu já estava entrando em coma.
16:05Eu não lembro, não sei o que aconteceu.
16:06Porque eu acordei no hospital.
16:07Alguém meteu o pé na porta.
16:09Você tentou tirar a sua vida.
16:10Sim, isso eu consegui provar.
16:12Porque tinha relatos, fotos, testemunha.
16:15Porque foi o pior ano da minha vida ali.
16:17Foi ali que as coisas começaram a piorar.
16:19De tudo.
16:19Ou seja, além do racismo, você viveu uma violência discológica.
16:23Uma sede moral também, de muito jeito.
16:27E isso o processo provou.
16:28E por isso você ganhou a ação.
16:29Exatamente.
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