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No Direto Ao Ponto, o chef de cozinha Olivier Anquier faz uma analogia divertida entre a política brasileira e a gastronomia. Com bom humor, ele comenta sobre o cenário atual e reflete como o país tem um “sabor” único, marcado por desafios e peculiaridades.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/zXMgkGqLIlw

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Transcrição
00:00Olivier, se a gente misturasse os aspectos político, econômico e cultural, se o Brasil fosse uma refeição, que prato seria?
00:08Uau!
00:09Para justificar o nome do programa.
00:10Com todos esses temperos assim, o Brasil seria um prato agridoce, que se contrasta que o Brasil tem, um contrasto único no mundo.
00:27O Brasil, essa particularidade, muito agradável, porque justamente essa mistura de salgar e doce, traz essa surpresa, esse improvável, esse surpreendente, que ao longo dos 46 anos que eu estou aqui, eu vivo todos os dias.
00:52Então, qual país seria? Seria o Brasil.
00:57Porque é único.
00:58E por que você escolheu o Brasil?
01:00Por causa de vocês.
01:02Brasileiros.
01:03Ah é, quais são essas características agridosas que quiseram permanecer?
01:07Eu vou te dizer, a maneira que o brasileiro, a cultura brasileira, tem de olhar para a vida, encarar a vida e administrar a vida.
01:19O lado humano, esse contato humano, essa relação humana, em contrasto abissal com o que eu vivi ao longo dos 20 primeiros anos da minha vida.
01:34E quando eu veio passar um mês de férias aqui em 1979, era só para passar um mês de férias.
01:40Então, isso significa que faz 46 anos que eu estou de férias.
01:44E o que me fez, de repente, ter, porque eu nunca saí da França, passar de férias, né?
01:55O que me fez, de repente, decidir ficar é justamente o jeito brasileiro de viver.
02:04Interessante. Já vamos abrir o espaço, então, aqui para o nosso bate-papo. Vai lá, Bruno Meia.
02:09Olivier, eu já tive a oportunidade de ir no seu restaurante no centro de São Paulo.
02:16Você me recebeu lá e eu lembro que você, com muito orgulho, não só apresentou o restaurante,
02:24como apresentou na varanda do seu restaurante o lugar que você mora há muitos anos em frente ao restaurante.
02:32E dava para ver o brilho no olho que você falava, com muito orgulho, do centro de São Paulo.
02:40O que você viu, muitos e muitos anos atrás, no centro de São Paulo,
02:46que boa parte da população da capital paulista nunca conseguiu ver?
02:54Então, minha resposta, ela vai ser um pouco uma história.
02:58Primeiro, dizendo e explicando aonde é que eu venho.
03:05Então, eu sou francês de origem, parisenso de vivência, né?
03:12E, então, urbano.
03:15É.
03:16Eu tenho essa particularidade de gostar por formação de cidade.
03:25De metrópole.
03:26É de cidade, porque Paris não é exatamente uma metrópole.
03:31São Paulo é.
03:3220 milhões aí, em São Paulo, tá?
03:34Em São Paulo, é a metade.
03:36É um terço da população na França.
03:39E, então, qual é a característica de um parisenso?
03:46Morar aonde tem gente.
03:50Se eu moro na cidade, é para morar com gente.
03:52Para eu poder e ter, eu fui acostumado a isso, gosto disso, eu preciso disso.
04:00Todos os dias, quando eu saio da minha casa, a pé, não pegar o estacionamento, porque até no meu prédio não tem estacionamento.
04:07Então, tem que ser a pé, até para pegar meu scooter ou para pegar meu carro se eu vou para o meu sítio.
04:12E, na calçada, já trombar.
04:16Estarra com gente.
04:17Trombar ou esbarrar, não é?
04:19Com pessoas completamente diferentes uma da outra.
04:24De universo, de origem completamente diferente.
04:29E ter esse contato no cotidiano, fazendo com que, com o olhar, com uma palavra, com o olhar, eu acabe me enriquecendo.
04:39Isso é necessário na minha vida.
04:44Por isso que, quando eu cheguei em São Paulo, em 1980, porque eu passei meus primeiros três meses de férias no Brasil, no Rio de Janeiro.
04:50Não era uma permanência.
04:53No Rio de Janeiro.
04:54Então, em março de 1980, eu veio para São Paulo.
04:58É a partir dessa vina, eu nunca mais me separei de São Paulo.
05:02Eu fui para o centro.
05:05Inclusive, eu fui no restaurante do Mancini, no ano que ele inaugurou.
05:10Ele inaugurou em 1980.
05:13E o Pascal Ballon, que era o fotógrafo francês que morava aqui em São Paulo,
05:19que me recebeu na casa dele, lá na rua João Moura, esquina com a Gabriela Monteiro da Silva,
05:25numa casa que hoje é uma galeria de arte, né?
05:28Ele me levou de Fusco, junto com a mulher dela, a Mercedes, no Mancini.
05:34E aí, quando eu cheguei nesse restaurante, que era grande na época, para São Paulo, né?
05:40Com aqueles provolones pendurados, aquela coisa, né?
05:43Aquele buffet.
05:45Eu fiquei alucinado e os pratos de espaguete gigantesca, né?
05:49E então, fui em 1980, que eu descobri o centro e passei na frente do prédio onde eu moro hoje, que eu te mostrei.
06:00E quando eu vi esse prédio, falei, meu, esse prédio é Paris.
06:06Como se um dia eu mora, de fato, que eu não sei, eu tinha 21 anos, né?
06:11Eu moro, de fato, em São Paulo, como eu gostaria poder morar neste prédio.
06:23E o destino fez com que eu morasse nesse prédio.
06:25Você morou ali naquele prédio.
06:27Onde eu moro hoje.
06:28Onde ele mora, inclusive, né?
06:29Porque antes de morar nesse prédio, eu morava no lugar onde você me encontrou,
06:34que é esse restaurante que fica na cobertura do edifício Ester, que é o primeiro prédio modernista do Brasil.
06:42Que foi, há 20 anos atrás, a minha primeira casa no centro.
06:47Porque na esquina desse prédio onde eu mora, eu nem olhava para aquele prédio que eu não tinha,
06:5320 anos atrás, não tinha nem como imaginar eu morar ainda naquele prédio.
06:58Então, eu precisava encontrar um lugar que correspondia financeiramente na compra à minha realidade.
07:04Quando eu vi o edifício Ester, que eu vi esse prédio muito emblemático, muito característico de uma época importante do Brasil,
07:14que eu, inclusive, acredito que o modernismo, a arquitetura modernista,
07:18ela teve a maior projeção aqui no Brasil.
07:22Tanto que se fez uma capital chamada do Brasil, que é completamente modernista, né?
07:27E os grandes arquitetos, né?
07:28De Oscar, Neymar, Vital Brasil, etc, etc.
07:32Inclusive, o Ester foi feito pelo arquiteto Vital Brasil.
07:35E aquela construção, aquele lugar, aquele prédio, eu olhei para cima, que eu vi que tinha, talvez, cobertura.
07:45E eu consegui, então, comprar minha primeira casa, que foi esta cobertura, que hoje, em um restaurante,
07:53que antes de ser um restaurante, era a minha casa.
07:55A minha casa com a Adriana, e inclusive aonde eu casei 18 anos atrás.
08:01Agora, uma dúvida, porque quando a gente vai para algumas cidades da Europa,
08:05principalmente para essas grandes cidades, a gente percebe que elas fluem para o centro.
08:09As pessoas vão para o centro, os principais pontos estão, muitas vezes, no centro.
08:14Diferentemente do que, muitas vezes, acontece aqui em São Paulo,
08:17a cidade começou a crescer e a se espalhar culturalmente, etc, para outras partes,
08:23diante da insegurança do centro.
08:26Como é que você faz essa comparação entre, já que você vem de um país da Europa,
08:32sobre essa cultura que permanece lá e que favorece ao que é mais antigo, ao que é histórico,
08:38para uma cultura do Brasil que, em termos de pessoas, é maravilhosa,
08:42mas que, muitas vezes, não valoriza a história que tem?
08:44Então, o centro de uma cidade é a história.
08:48Uma cidade, ela começa no centro.
08:52É onde ela nasce, né?
08:53Em Paris, ela começa na Lille Saint-Louis, Lille de la Cité, Lutèce,
08:58e a expansão, a história, é a alma da cidade.
09:07Só que, efetivamente, Paris, essa alma, ela tem uma expansão muito maior,
09:13porque também é uma cidade secular, quase milenária, né?
09:19Os goleis já começam na época.
09:23Então, o São Paulo, a sua história, ela está no centro.
09:30A sua alma, ela está no centro.
09:34Independentemente da evolução e dos momentos, das fases,
09:40e não evolução, das fases que ela pôde ter ultimamente,
09:47essas últimas décadas, décadas como esses últimos séculos,
09:51porque é uma cidade, São Paulo é uma cidade que já tem séculos.
10:01E, então, são fases.
10:04E, efetivamente, teve uma fase dentro da sua história,
10:08que continua construindo a sua história,
10:11teve uma fase muito problemática,
10:15hoje, que está em evolução.
10:18Mas o que é interessante em São Paulo,
10:21de, da cidade da Europa,
10:25é o comportamento paulista de ser.
10:29E que gosta de bolhas.
10:31Vocês moram em bolhas.
10:35É muito interessante.
10:37Achando que as bolhas é o mundo.
10:42E...
10:42São muitas.
10:43São muitas.
10:44Tem muitas bolhas.
10:46Muitas.
10:46Muitas bolhas.
10:47E, uma das minhas...
10:50Da minha...
10:52Da minha...
10:55Uma da minha atuação no centro,
10:58é evitar, dentro da minha realidade de padeiro cozinheiro,
11:04fazer com que o centro não virasse mais uma bolha.
11:09Sim.
11:09Porque se tem um lugar de São Paulo que não pode ser uma bolha,
11:13é o centro.
11:14Quando você falou sobre gosto por bolhas,
11:16eu achei que você estava falando de champanhe.
11:18Mas não...
11:18Também faz sentido.
11:19Não.
11:20Festeiro, estou aqui.
11:21Aqui você também.
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