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  • há 2 meses

Categoria

😹
Diversão
Transcrição
00:00Vamos à escola, toda hora é hora, vamos à escola, passe a frente a limpeza.
00:15Seu boneco!
00:16Ligando nas quebradas, chefia!
00:18Mas, que hora que é a merenda?
00:22Seu boneco, mas por que essa eterna fixação com a merenda?
00:25Afinal, comenta-se que o senhor acaba de abrir um negócio próprio no ramo alimentício, é verdade?
00:30É, não é caô não, não é caô não, abre mesmo.
00:34O meu estabelecimento é a última moda na gastronomia moderna.
00:38Eu tô abrindo um food truck.
00:40O senhor deve estar querendo dizer um food truck.
00:43Não, não, no meu caso é food truck mesmo.
00:45Cadiquei, eu não encontrei, né, assim, um trailer, um caminhãozinho, aí eu montei minha parada noutro tipo de carrinho.
00:51Manja o bagulho, manja o bagulho.
00:52E aí?
00:56Fugiu da água.
01:00Que horrível.
01:01Que salgadinho desse cheio.
01:03Seu boneco.
01:04Aê.
01:05Coisa criativa, e o que esse seu food truck serve?
01:09Isso aqui é comida japonesa, chefia.
01:11Sushi?
01:12Quase, sushicha.
01:14A especialidade do meu menu é cachorro quente.
01:17Marca o negócio da volta da infração.
01:20Aí não é bem 100% cachorro quente, cachorro quente mesmo.
01:25Por quê?
01:25Não é muito quente?
01:26Não, não é muito cachorro.
01:29Vai me dizer que é gato.
01:31Que isso?
01:32Qual é isso?
01:33Mas não é gato?
01:34Acho que eu vou esculachar os bichando assim.
01:36É rato mesmo.
01:37Mas não é rato.
01:40É o rato chique criado ali, Ipanema, Lebron.
01:44Rato Zona Sul.
01:45Rato Zona Sul.
01:46Isso aqui é o famoso hot dog.
01:48Bom, mas nesse ambiente insalubre da sua carrocinha,
01:53alguém pode acabar pegando uma infecção intestinal, uma leptospirose.
01:58Bom, essas coisas aí eu não sei não, chefia.
02:00Mas um parceiro meu outro dia pegou uma baranda lá.
02:01E no molho do seu cachorro quente, o que que tem?
02:05Ah, essa receita eu vou dar descosta.
02:10Grácia.
02:11No molho do meu cach... hot dog.
02:14A mão é cachorro quente.
02:15No molho vem aqui.
02:16É hot dog.
02:17No molho respingando aqui.
02:19Só vai lá.
02:20Pode ir lá que vai comer.
02:24Mas no molho do meu hot dog tem ketchup, gostada, batata doce, batata parha, batata baroa,
02:30ovo de codorna, azeitona, desinfetante, é até água sanitária.
02:35Realmente, os últimos ingredientes são bem apropriados.
02:38Agora, o senhor cobra pra comer isso?
02:40Claro!
02:421,99.
02:44Aceito todos os tipos de cartão aqui, ó.
02:46Todos já aceitam cartão de Natal, cartão do SUS.
02:49Agora, estudante idoso paga meia.
02:52Se o estudante idoso também for ou não, um quarto.
02:55Olha, 1,99.
02:57Pra esse menu achei um pouco caro.
02:59Mas, peraí, chefia.
03:00Dá direito a usar já o banheiro químico que eu alugo?
03:04Alugo aqui, ó.
03:05Aqui, ó.
03:06Olha os banheiros químicos aqui, ó.
03:08O azul é dos cavaleiros, o rosinha das damas.
03:12Então vai sentar, seu boneco.
03:13Já vi que o senhor nunca vai dar a volta por cima.
03:16Ô, chefia.
03:17Pobre.
03:18Só dá a volta por cima quando tá devendo na birosca de baixo.
03:22Eu até vou sentar, chefia, mas antes...
03:27Eu vou pra casa!
03:35Dona Cacilda!
03:37Dona Cacilda!
03:38Por favor, pare de digitar esse telefone e preste atenção na aula.
03:42Ah, desculpe, mandica, que a minha tia morreu.
03:45Tô dando umas orientações aqui, o pessoal lá do cemitério.
03:47Desculpe.
03:48A sua tia?
03:50Aquela que era freira?
03:51Ela mesmo, tadinha, freirinha.
03:54Já tava velhinha, 90 anos, tão dedicada, morreu, né?
03:58Nesse caso, então, peço desculpa, pode concluir a mensagem.
04:01Não, mas já terminei, terminei.
04:03Eles estavam precisando só saber qual era a frase que iam colocar na lápide da bichinha.
04:07Aí eu falei assim, coloca.
04:08Nasci virgem, vivi virgem, morri virgem.
04:12Eles acharam longo, eu mandei arredondar.
04:14Devolução sem uso.
04:17E quando a senhora morrer, dona Cacilda, já tem ideia de qual vai ser seu epitáfio?
04:21Ah, já, Mundi.
04:23Aqui já é Cacilda.
04:26Finalmente fria.
04:29Professor, eu também já tenho o meu.
04:31Qual é, seu Batalhão?
04:32Aqui já é Balthazar da Rocha e Fim Duro.
04:37Uma boa escolha.
04:38É uma boa escolha.
04:39Aí não adianta mais, né?
04:42Seu Peru.
04:45Peru com mel de Vila Isabel.
04:48Use-me a bose, minha tia tia.
04:50Porque hoje eu estou lacrando.
04:52Seu Peru, vamos falar de figuras bíblicas.
04:56Bíblicas.
04:57Quem foi Jó?
04:58Não tenho o menor interesse.
04:59O que interessa eram os escravos de Jó.
05:04Claro, porque eram todos da Irmandade.
05:07Peru, desculpa, eu nunca li nada disso nas escrituras.
05:10Mas não é pra ler, tia tia.
05:12Tem que escutar.
05:13O senhor nunca ouviu a música?
05:15Escravos de Jó.
05:16Jogava o cachangar.
05:19Atira a bota, atira a bota.
05:23Deixa o Zé Pereira entrar.
05:28Guerreiros com guerreiros fazem zig-zig-zá.
05:33O Zé Pereira, vou contar a história.
05:35O Zé Pereira era um bofe muito espadaúdo.
05:39Que adorava participar do zig-zig-zá.
05:43Então, quem é que não ia deixar ele entrar?
05:46Seu Peru, eu acho que o senhor está delirando.
05:50Eu deliro, claro que eu deliro.
05:52Só de pensar nos escravos fazendo zig-zá.
05:54E no bota, e no tira, e no bota, e no tira, e no bota.
05:59Seu Peru, Jó foi o homem cuja fé foi testada em exaustão.
06:05Por Deus e pelo diabo.
06:06Isso não tem a menor importância, professor.
06:08A menor.
06:09Ele não estava nem aí, nem eu.
06:11Ele não estava nem aí.
06:12Ele ficava teclando enquanto estava aquele babado todo.
06:14Ele jogava paciência no computador.
06:17Exatamente isso que eu não tenho com o senhor.
06:20Uma paciência de Jó.
06:21Não tenho.
06:22Nota zero.
06:24Eu fico triste, teacher.
06:27Mas pelo menos eu levei a escravidão toda para a irmandade.
06:30Dona Cândida.
06:38Sim, professor.
06:39Vamos falar de geografia.
06:41O que houve?
06:42Pode ser alguma coisa.
06:44Professor, é que gestos de solidariedade sempre me emocionam muito.
06:49Eu não sei.
06:49Hoje, quando eu estava vindo para a escola, gente,
06:52eu passei pelo condomínio aqui do lado e vi a dona Cacilda
06:55ajudando três rapazes a fazer uma mudança.
06:59Coisa mais linda, professor.
07:01Era assim.
07:02Ela ficava dentro do caminhão.
07:04Aí vinha o primeiro rapaz.
07:06Entrava no caminhão.
07:07O caminhão chacoalhava, chacoalhava, chacoalhava.
07:10Aí saía o rapaz com uma cadeira.
07:12Coisa linda.
07:13Aí depois entrava o segundo rapaz.
07:16O caminhão chacoalhava, chacoalhava, chacoalhava.
07:18Saía com uma mesa.
07:19Depois entrou o terceiro rapaz, chacoalhou, chacoalhou, chacoalhou.
07:23Saiu assim com um abajur.
07:25Teve uma hora, professor, que entraram os três rapazes.
07:28Ela continuava lá dentro.
07:29Aí chacoalhou, chacoalhou, chacoalhou.
07:31Aí saíram os três rapazes.
07:33A dona Cacilda ficou.
07:34Mas aí, quando ela saiu, ela saiu numa alegria, professor.
07:39Saiu, saiu.
07:40Que o sorriso era até aqui.
07:41A coisa mais linda.
07:42Eu acho que a mudança deve ter sido muito grande, não?
07:45Foi enorme.
07:46E só mudava pra melhor.
07:51Aposto que a última coisa a deixar o caminhão foi a cama.
07:54É?
07:54Como é que você sabe?
07:55Dona Cândida.
07:58Deixa pra lá, dona Cândida.
07:59Vamos à pergunta.
08:01Em todos os continentes há rios de difícil navegação.
08:06Motivo de preocupação a quem assume o desafio de percorrer esses rios.
08:10Me diga um rio perigoso na África.
08:12O rio Congo.
08:13Um rio perigoso na América do Norte.
08:17O rio Mississipi.
08:18Um rio perigoso no Brasil.
08:20O rio de Janeiro.
08:24Tá passando.
08:28Tá passando.
08:32Agora vou explicar.
08:33Ladies of Brazil, I'm here.
08:42Sir Joseph Little Pretty, the perigote of girls.
08:47Desculpe, não sei como dizer perigote, igreja.
08:50Então, senhor Joseph Little Pretty.
08:56Little Pretty.
08:57O que aconteceu com o senhor?
08:59Aconteceu que eu estou prestes a me tornar mais um membro, sem trocadilhos, sem trocadilhos.
09:07Da família real britânica.
09:09Isso ocorrerá provavelmente depois que sair o resultado do teste de DNA.
09:15Teste de DNA para efeito de paternidade?
09:17Exatamente.
09:18É que surgiu uma dúvida de quem seria de fato o pai de Charlotte.
09:22A pequena Charlotte, filha de Kate Middleton.
09:26O senhor pode ser o pai de Charlotte?
09:29Então, isso quer dizer que o senhor corneou o príncipe William.
09:32Bom, professor, digamos que ele vai ter uma certa dificuldade em colocar aquela coroa na cabeça.
09:38Isso aconteceu depois de eu ter sido chamado para jogar uma partida de xadrez com a rainha da Inglaterra.
09:45Ora, ora, veja.
09:46E ela joga bem?
09:47Pessimamente.
09:49Pessimamente.
09:49Bom, primeiro eu comi o cavalo.
09:52Depois eu comi a torre.
09:54E em seguida comi um peão, dois bispos e finalmente o professor.
09:59Comi a rainha.
10:04Sim, porque eu sou o Zé Bonitinho, aquele que não é fio dental, mas vai...
10:09Depois de comer a rainha, a minha fama se alastrou feito rastilho de pólvora pelos quatro cantos do palácio de Buckingham.
10:20E aí eram marquesas, duquesas, baronesas, todas queriam tirar uma casquinha...
10:25Ai.
10:27De Zé Bonitinho.
10:29Pelo andar da carruagem, podemos concluir que a próxima a se interessar pelo senhor vai ser quem?
10:34Kate Middleton.
10:35Precisamente, professor.
10:37Precisamente.
10:38Bom, numa noite fria de inverno.
10:40A duquesa adentrou de mansinho em meu quarto, tirou toda a roupa e me disse...
10:44Sir Joseph Little Pretty.
10:49Por favor, cante para mim o hino nacional brasileiro.
10:53Então eu disse...
10:54Verás que um filho teu não foge à luta.
10:55E mostrei a ela o impávido colosso.
11:03Mostrei a ela o gigante pela própria natureza.
11:09Bom, seu Zé Bonitinho, então agora, nos resta esperar o resultado.
11:13O senhor pode esperar sentado.
11:14Claro, claro.
11:15Mas antes...
11:18Fuentes, por favor, traveling no meu andar sedutor.
11:22A gente espera um pouquinho também, para as meninas respirarem.
11:37Vá, ativus.
11:38Vamos à escola, passe e aprende a viver.
11:42Vamos à escola, passe e aprende a viver.
11:47Seu Armando volta.
11:49Somebody love na área, digníssimo.
11:53Pode perguntar aqui comigo, pau é pau, pedra é pedra.
11:56Se sei, digo que sei.
11:57Se não sei, digo que não sei, que se dane-se.
12:00Hashtag somebody love.
12:01Em tempo de Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, vamos falar de esportes.
12:05Mais especificamente, de futebol.
12:07Futebol.
12:09Pergunta difícil.
12:10Diga-me o nome completo, o nome de batismo, do maior jogador de todos os tempos, o rei Pelé.
12:17Nome próprio já diz.
12:20Digníssimo.
12:22A propósito, digníssimo.
12:24Vinha eu para esse esplendoroso ritual do grande saber, denominado aula,
12:30quando me deparei com uma loja de artigos e utensílios para o lar.
12:34E na última prateleira, avistei, sorrindo para mim, uma taça de champangue.
12:41Aqui está, toda trabalhada em cristal, carrara, perolado.
12:46E pensei, por que comprá-la, por que não comprá-la, por que comprá-la?
12:51Comprei a Iaia.
12:52E apareceu.
12:54Olha aí, com as minhas iniciais, caras.
12:57Que coincidência, eu não tinha anotado.
13:00É, R.N.
13:01É.
13:02R.N. Raimundo Nonato.
13:04A sorte é que eu me chamo assim, porque se eu tivesse outro nome, não daria certo.
13:07Eu quase tive, eu estou falando porque eu quase tive.
13:09É verdade.
13:10Quando minha mãe estava grávida de mim, ela passou os nove meses dizendo para todo mundo
13:15que meu nome ia ser Edson.
13:16É.
13:17Aí ela me deu a luz, me pegou no colo, falou, seja bem-vindo, Edson.
13:22Ô, papai.
13:23É.
13:24E a minha mãe falou, não, não, o nome é Raimundo.
13:26Aí o velho reclamou, ele falou, durante nove meses, você ficou falando que o nome era Edson?
13:31Edson.
13:32Ela falou, não, é que Edson era antes do nascimento.
13:37Edson era antes do nascimento.
13:40Sem valerão.
13:41Está voltando a pergunta, não, vamos enrolar, não, voltando a pergunta.
13:44Certo.
13:45Qual o nome de batismo do rei Pelé?
13:48Edson era antes do nascimento.
13:52É bem, eu vou rolar.
13:53Meu Deus!
13:55Eu vou rolar.
13:55Toca, gente.
13:57Corre para trás.
13:58Você vai ganhar a nota igual a camisa do rei.
14:04Dez.
14:05Dez.
14:05Dez.
14:06Dez.
14:07Isso porque nunca jogou com ele no Caxinguelê, não é isso?
14:09Fui, fui, fui.
14:11Seu Joselino Babacena.
14:12Não está.
14:14Vamos no mercado comprar sal grosso para espantar o Rucubaca e o professor chato.
14:18Eu quero um pilhote de pombagira.
14:21Seu Joselino.
14:22Eu quero que o senhor me diga o que é um sujeito indeterminado.
14:26Bom, quando eu era criança pequena lá em Barbacena, o pessoal dizia que sujeito indeterminado era tipo assim, seu peru, né?
14:35Olha, eu protesto.
14:37Eu protesto, Tietchan.
14:38Eu estou porra aqui de tanto preconceito.
14:42Quero dizer uma coisa ao senhor, senhor Joselino Barbacena.
14:46Eu sou um sujeito muito determinado, compreendeu?
14:49E tão determinado que eu sou, que eu vou dar o maior apoio para o senhor, que me parece ser um sujeito ocultíssimo.
15:00Essa é triste, essa é o borboleta?
15:03É claro.
15:04O senhor está no armário há muito tempo.
15:07Eu vou lhe ensinar a sair do armário oculto e voar com uma borboleta como eu.
15:14Está aqui, pegue isto, por favor.
15:18O que de acha é isso?
15:19É a senha 01 para o senhor entrar na irmandade, porque eu sei que o senhor será o próximo.
15:28Zero para o seu Joselino e dez para o seu peru pela presença de espírito.
15:36Dona Cátia Funda.
15:40Saravá, sempre as ordens, professor.
15:42Vamos falar de lixo reciclado.
15:44Está falando com a pessoa certa.
15:47Pode botar até aqui.
15:48Seguinte, agora eu sou catadora de latinha.
15:52Eu encho o saco.
15:53Mas vou te falar, para uma catadora de latinha isso é uma coisa boa, tá turma?
15:57Mas para ganhar equivalente a um salário mínimo, quantas latinhas a senhora tem que catar?
16:00Dezenove mil, trezentas e dezessete latinha.
16:04É moleza.
16:05Eu bebo e esvazio trezentas e dezessete.
16:08Depois só catar dezenove mil.
16:11Que boa.
16:12Sussa.
16:13Muito beleza.
16:14E para me ajudar a carregar os sacos de latinha, eu tenho um burro sem rabo.
16:19Coisa chiquérrima.
16:20Colei um adesivo até.
16:21Na subida, paciência.
16:23Na descida, com licença.
16:24Só acredita que fui até parada em Brits?
16:28E o que foi que a senhora fez?
16:29Ah, você pariu da cervejinha, né?
16:31Ainda fiquei esperando o policial terminar de tomar, que eu não sou boba nem adata,
16:35para depois catar a cerveja de volta, né?
16:37Ah, está pensando o quê?
16:38O escarafuncho, o lixo da cidade inteira, professor.
16:42Inclusive, outro dia, estava na rua do senhor.
16:46Aquela coisa, né, turma?
16:48Mostre-me teu lixo que eu te direi quem é.
16:50Ana Gatina, a senhora revirou meu lixo?
16:53Ué, a senhora também, dona Catiutão.
16:58Cala a boca, Batista, cala a boca.
16:59Olha lá, Dodói.
17:00Revirei, revirei.
17:02E vou te dizer, professor, que encontrei uma coisa interessante.
17:08Isso é invasão de privacidade?
17:10Não que no meu lixo tenha alguma coisa que me comprometa, mas...
17:14O que foi que a senhora encontrou?
17:15Segura, dona Bela.
17:17Uma coisa indecente.
17:19Ah, não, não, não.
17:21Não era meu, juro que não era meu.
17:23Era seu.
17:24Calma, anja.
17:25Aqui, era o seu contra-cheque.
17:27O que o senhor ganha como professor é uma indecência.
17:31É verdade.
17:32A senhora tem toda a razão.
17:33Só nunca pensou em trocar de profissão?
17:35Dar guinada na tua vida?
17:37Melhorar e ser catador de latinha que nem eu?
17:39Quem sabe, quando eu me aposentar...
17:42Opa, vou te falar, viu?
17:44Tem que tomar um certo cuidado, porque tem lá seus perigos, essa profissão, viu, turma?
17:48Que tipo de perigo?
17:49Parece só vantagem, mas ó, vou te falar.
17:52De repente, você vai catar latinha onde?
17:55Num campo de nudismo?
17:57No que curvou, já viu, né?
17:58Então, dá uma segurada ali.
18:01Dá uma dica.
18:01Pensando bem, minha coluna não dá pra isso, não.
18:03Trocamos dica depois.
18:04Pode sentar.
18:07Seu Pedro Pedreira.
18:09Pedra 90 só enfrenta quem aguenta.
18:12Manda.
18:13Quando foi encenada pela primeira vez a peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare?
18:19Semana passada.
18:23A peça foi encenada no final do século XVI.
18:26Há controvérsias.
18:28Não, não.
18:29Não há controvérsia alguma.
18:30Todo mundo sabe.
18:31Todo mundo sabe, mas ninguém me convence.
18:33É porque o senhor, desculpa ele falar, é um chato.
18:36Eu quero provas, professor.
18:37Provas.
18:38Por exemplo, tijolinho no jornal da época, anunciando, estreia amanhã às 21 horas, Romeu
18:45e Julieta.
18:47E claro, estudante paga meia.
18:50Tem?
18:50Não.
18:51Panfleto de divulgação da peça, que você apresenta na bilheteria e tem lá desconto
18:56de 20, 30...
18:57Por cento.
18:58Tem?
18:58Claro que não, seu Pedro.
18:59O espetáculo foi apresentado há quatro séculos, no teatro The Globe, em Londres.
19:04Então vamos tentar uma coisa mais informal, mais cotidiana.
19:08Por exemplo, uma selfie tirada por uma fã, em companhia de Romeu e Julieta, saindo do
19:13camarim.
19:14Tem?
19:14Seu Pedro, nessa época não existia nem fotografia, quanto menos celular.
19:18Não se atenha a detalhes, professor.
19:20Olha, última chance.
19:22Crítica do jornal da época, do caderno de cultura, falando mal da peça.
19:27Sim, porque certamente mesmo naquela época já tinha um danado de um crítico que esculhambava
19:34todas as peças de teatro.
19:36Tem?
19:37Não.
19:37Então não me venha com choro melas.
19:40Seu Pedro, sua nota vai ser igual ao formato do The Globe.
19:43Redondinha, redondinha.
19:45Um zero pro senhor.
19:46Ele não aguenta o tranco.
19:51Dona Bela.
19:55Presente.
19:56Nós sabemos que num julgamento há sempre um réu, um juiz, um advogado de defesa,
20:03um promotor e...
20:06As testemunhas.
20:08Muito bem.
20:10Então, seguindo esse raciocínio, eu lhe pergunto.
20:15Alguma vez na vida a senhora já foi arrolada?
20:18Ai, ai, seu tarado anticristo libidinoso.
20:31Pra mim, chega, chega.
20:33Isso aqui está pior do que Sodoma e Gomorra.
20:38O que você está pensando que eu sou, hein?
20:40Seu libertino.
20:42Alguma libidinosa.
20:45Seu Ptolomeu, por favor, esclareça.
20:48Eu mesmo, mestre.
20:49Já fui arrolado uma vez.
20:54Mas esse aí, ó.
20:56Nunca, nunca me enganou.
20:58Mas, por favor, hein.
20:59Poupe-me dos detalhes lascivos e luxuriosos da sua vida sexual.
21:05Seu aprendiz de devasso.
21:09Visto.
21:10Você é igualzinho àquele ali, ó.
21:14Só pensa naquilo.
21:18Seu Ptolomeu, seu Ptolomeu.
21:20Não se enrole, não.
21:21Explica de uma vez.
21:22Arrolar nada mais é, gente, do que convocar uma testemunha pra depor durante um processo jurídico.
21:29Só isso.
21:30Arrolar.
21:31Cabra bom, cabra bom.
21:33Seu Ptolomeu, o senhor hoje está imperioso.
21:37Nem tanto, mestre.
21:39O senhor está insigne.
21:42Nem tanto, mestre.
21:43Nem tanto.
21:44Márcio Smet.
21:47Senhor Aldemar Vigário.
21:49Agora ele vem nessa caminhada, se peidando todo.
22:00Senhor Aldemar Vigário.
22:01De preferência de forma rápida e sem cheiro.
22:04Fale-me sobre Luiz Rigoni, o maior jockey brasileiro de todos os tempos.
22:12Eu tenho que admitir que Luiz Rigoni foi com certeza o grande ginete do turco nacional.
22:25É verdade, é verdade.
22:27Mas, nada mais justo, afinal de contas, quando tu te preparas com o grande campeão, com o grande mestre,
22:38tu te tornas um grande campeão, não é verdade?
22:41E a pergunta que não quero calar é, quem foi o mestre de Luiz Rigoni?
22:48Quem?
22:48Quem?
22:51Raimundo Nona.
22:52Não exagera, Senhor Aldemar.
22:56Eu não monto nem cavalo de carrossel, quanto mais um puro sangue.
22:59Rapaz, eu estava lá, eu vi, fui testemunha ocular, quer dizer, binocular,
23:05da história deste grande feito, a charmosa cidade,
23:12que para o lado do Jack, recebia, sediava o grande prêmio Brasil de Jack.
23:22O hipódromo Maranguapense estava empolvorosa, os turfistas...
23:30O hipódromo Capistrano de Abreu.
23:32Capistrano de Abreu, grande, Capistrano, que Deus o tenha.
23:36Estavam todos os turfistas felizes e empolvorosos.
23:39Era um dia de sol quente, sol do Nordeste castigando.
23:44Mas tinha uma sombra agradável, estava todo mundo na sombra.
23:46Afinal de contas, as moças, né, de Maranguap, com as suas cabecinhas...
23:52Ainda de chapelão, de grande prêmio, aquilo fazia sombra até no Maranguapense.
24:00Mas, um episódio ameaçava o sucesso do evento.
24:05O jockey que montava saco de ossos...
24:07Era o jegue.
24:09O jegue que estava ali, nas cabeças, para o derby.
24:15O jockey, coitadinho, o rapazote, almoçou um sarapatel...
24:19Ai, cacete...
24:20Um baião de dois...
24:23O rapazote do crato, não estava acostumado a almoçar...
24:26Se agou tudo.
24:28A minha boca encheu d'água.
24:30Encheu d'água, foi bem.
24:31Mas ele se agou de outro lado.
24:33E o bichinho ficou sem condições.
24:35E todo mundo se perguntando, quem?
24:38Quem que vai montar saco de ossos?
24:40Quem?
24:41Quem?
24:41Vai na igreja no Noato.
24:43O determinado resolveu que iria montar o saco de ossos.
24:51Todo mundo ficou na dúvida, pensando, meu Deus, será que ele vai conseguir?
24:55Mas quando viram ele subindo no sábado...
24:58Quando viram o tamanho do joelhinho dele...
25:01Aquele par de joelhinhos pensaram, bom...
25:04Cair ele não vai.
25:05Dito e feito.
25:08Disparou.
25:09Deu-se a largada.
25:11Saco de ossos saiu, feito um desinvestado.
25:14Só que saiu desinvestado pro lado errado.
25:16Todo mundo indo pra lá, o saco de ossos indo pra cá.
25:19Mas Raimundinho não se fez de rogado.
25:23Raimundinho, com sua perseverança...
25:26Foi fazendo aquela corrida de recuperação.
25:29Estilo Fórmula 1, estilo Estusena.
25:31E quando chegou na reta final, que a gegaiada já tava toda apontando pra vitória...
25:38Raimundinho e saco de ossos eram os últimos colocados.
25:43Mas foi aí que o bicho pegou.
25:47Pegou ou não?
25:48Coçou.
25:53Acontece que...
25:55Raimundinho tinha um bicho de pé...
25:58Porque ele cuidava desse bicho de pé há mais de 10 anos.
26:01Saudade do meu bicho de pé.
26:02Tu te lembras?
26:03Tu te lembras do bicho de pé?
26:05Ô, como não?
26:06Ô, bem.
26:07Justamente na hora da corrida...
26:09O bicho danou a coçada no pé do Raimundinho.
26:13Raimundinho tentando dar-lhe uma coçada...
26:15Errou o dedo do pé e deu uma coçada no saco.
26:20De ossos, né?
26:21O jegue.
26:21Saco de ossos.
26:23E aí, rapaz, que Raimundinho tava com espora na bota...
26:27Quando deu aquela talagada no saco...
26:30O jegue disparou no sprint.
26:36Saiu da galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá, galá.
26:39Quando cê viu, já tava aparelho ali com o cavalinho da frente, que tava em primeiro lugar.
26:45Tava cabeça a cabeça na corrida.
26:48Deve ter sido bonito, emocionante.
26:50Cabeça a cabeça.
26:51Ah, sim.
26:51Mas não era a cabeça de jegue contra jegue, não.
26:53Era a tua cabeça.
26:55Sou da cabeça do jegue adversário.
26:57E aí, você já sabe o final, não é verdade?
26:59Não tinha como Raimundinho perder com essa cabecinha dele.
27:04Não precisou nem de Photoshop.
27:07Com essa cabeça, Raimundinho foi campeão do grande prêmio Brasil de jegue.
27:17Agora, quem estava lá na plateia assistindo e depois da corrida foi pedir para que tu te tornaste...
27:26Tu que te tornaste o mestre de Luiz Rigoni, que estava lá assistindo a tua vitória e te chamou para ser o treinador dele.
27:36É verdade ou não é verdade?
27:37Tu te lembras disto?
27:38Olha, seu Ademar, mesmo o senhor sendo um azarão, vai levar um zero, viu?
27:42Eu também gostava.
27:44Mas é o grande campeão.
27:46Raimundo Nonati.
27:46Vamos lá.
27:47Vamos lá.
27:57Com as tuas licenças, o senhor me permite que eu possa te fazer uma pergunta?
28:02Independe, é de fórum íntimo.
28:03É, não, é fórum externo mesmo.
28:06É uma coisa profissional, professor.
28:09Eu queria saber, assim, o professor da aula particular...
28:13Seu Batista, o senhor sabe como é salário de professor, um bico por fora sempre é bem-vindo,
28:18mas o senhor gostaria de ter aula de quê?
28:20Eu queria ter aula de esportes.
28:24Eu queria que o senhor fosse o meu personal trainer.
28:28Aí, aí, aí complica, viu?
28:31Aí é complicado, aí complica.
28:33Não, não é assim, porque é verdade que eu sou muito preguiçoso, né, professor?
28:38Então eu queria que o senhor, assim, ficasse na esteira correndo,
28:41aí eu ia correndo atrás do senhor, que eu nunca ia cansar.
28:46Aí o senhor ficava correndo assim, e eu ficava correndo atrás.
28:53Nunca, nunca parava.
28:58Olha, eu achei a ideia um pouco estranha, hein?
29:06Um pouco estranha essa ideia.
29:07Não, aí eu também podia fazer levantamento de peso, imagina qual que ia ser o peso, professor.
29:13Desconfio, desconfio.
29:15Não, não é isso que o senhor está pensando, que isso daí é muito leve.
29:19Eu estou falando do seu corpo como um todo, não é, professor?
29:22Aí eu vou assim, aí eu me apoiava assim, o senhor fazia de frente, eu ficava assim de bruto.
29:26Chega, chega.
29:27Batista, eu sou péssimo personal trainer, mas se quiser aula particular em outra área...
29:34Eu queria, eu queria...
29:35De quê?
29:36De línguas.
29:39Eu pensando que não podia piorar.
29:41Cala a boca, Batista, cala a boca.
29:43Cede um tempinho pra tomar...
29:50Fartivux.
29:51Vamos à escola, passe a frente a viver.
29:55Vamos à escola, passe a frente a viver.
30:00Dona Tati.
30:01É, fala, véi.
30:02Me fale sobre a grande figura bíblica que foi Moisés e como foi a fuga do Egito.
30:09Ai, Moisés.
30:11Cara, Moisés era um tiozinho muito irado.
30:14Muito velho.
30:15É mesmo, mulher?
30:16Assim, Moisés, ele foi adotado pela filha do faraó.
30:19Aí ele cresceu ali naquela família, mas ele percebeu que aquela não era a vibe dele.
30:23Aí ele decidiu se juntar com a galera dele mesmo, que era a galera de coração, que eram os judeus.
30:26Só que os judeus estavam sendo muito, assim como é que eu posso dizer, esculachados pelo faraó naquela época,
30:32que o faraó estava muito sinistro e de chato.
30:34É sério, eles trabalhavam, cara, sem carteira assinada, sem FGTS, sem décimo terceiro, sem ticket de refeição.
30:41Era puxado esse passado.
30:43Aí ele pegou e estava ali com a galera dele, pensando, nossa, que tristeza, quando de repente Deus apareceu.
30:48Falou, cara, meu irmão, tu precisa dar um jeito de aliviar a tua galera dessa bagaça, cara.
30:54Aí ele falou, chata comigo.
30:57Aí ele foi lá e pegou e falou com o faraó.
30:59Aí o faraó, quando escutou aquela proposta dele, pegou e falou,
31:02tu tá bem louco, né?
31:05Tu bebeu, né? Tu tá maluco, tá doidão, né, Moisés?
31:08Claro que não.
31:09Foi mal a Ema, não tem como deixar a tua galera dar o vazare.
31:13Era o que eles queriam.
31:14Moisés ficou muito chateado, boladão na dele, quando Deus apareceu de novo e falou,
31:18brother, fica assim não.
31:21Deixa aqui, eu resolvo tudo.
31:22Vou resolver essa bagaça, eu vou tacar várias pragas nesse maré.
31:25Aí ele tacou sete pragas.
31:28Tinha de tudo, gente.
31:29Tinha assim, água podre.
31:31Teve sapo, teve piolho, teve mosquitadengue, teve vaca louca.
31:35Lembra a doença da vaca louca?
31:37Começou lá.
31:37Aí tinha de tudo.
31:38Teve até blackout.
31:39Teve uma hora que tudo ficou no umbreu.
31:42Foi sinistro.
31:43Foi uma situação puxada.
31:43Aí, cara, a galera não sabia mais o que fazer.
31:46De repente, o faraó virou e falou assim, sacerdote, me ajuda, mano.
31:50Como é que a gente vai resolver essa parada?
31:52Como é que a gente vai aliviar a situação?
31:54Aí sacerdote falou, se eu fosse tu, liberava a galera do Moisés pra dar o vazare.
31:59E aí ele liberou.
32:00A galera do Moisés chegou assim e falou, e aí Moisés, qual vai ser?
32:04Ele falou, hashtag, partiu o Canaã.
32:06Que era um novo momento.
32:10Isso aí, isso aí, partiu o Canaã, foi o que se chamou de Êxodo?
32:13Isso.
32:14Tá sabendo, hein?
32:15Aí o que aconteceu?
32:17Aí quando falou, partiu o Canaã, eles foram lá pro tal do Êxodo.
32:20Começou essa história da fase assim, que assim, chegaram no deserto.
32:22O deserto era muito sinistro.
32:24Não tinha comida, não tinha água, não tinha Wi-Fi, 3G, nem TV a cabo.
32:28Cara, a situação, fala sério, ninguém me lembra desse deserto.
32:31Aí, de repente, como a situação tava muito complicada, Moisés pegou o cajado dele,
32:36que era muito cascudo, bateu numa pedra, aí brotou água.
32:40Muita água.
32:41Aí a galera ficou, que cajado surreal, cara.
32:44E, de repente, o Faró ficou sabendo que tava rolando toda essa parada
32:48e mandou todos os guardinhas dele atrás de Moisés.
32:51Aí Moisés, porque não ficou sabendo, pegou e falou assim,
32:53cara, eu já sei o que eu vou fazer.
32:55Levantou o cajado e abriu o Mar Vermelho.
32:58Abriu o Mar Vermelho.
32:59A galera toda foi passando, correndo, e ele foi gritando,
33:01bora time, vamos todos, bora, bora.
33:04E quando eles estavam passando, passando, Moisés virou e viu quem?
33:08Quem?
33:08Quem?
33:10Não me diga que é Raimundo Nonato.
33:12Não!
33:14Tu andava com a galera do Faró, essa época?
33:17Aí eu já ia achar você escrotão.
33:19É uma pesadência.
33:20Você tá me desconcentrando.
33:22Aí quando ele olhou pra trás, quem tava chegando?
33:24Quem?
33:24A galera do Faró.
33:26Aí o que ele fez?
33:27Com o cajado aqui, simplesmente, abaixou.
33:29E aí o que aconteceu?
33:31O Mar Vermelho fez.
33:33Fechou.
33:34E a galera assim do Faró, que tava assim, tipo...
33:36E todo mundo tomou a maior caldo, cara.
33:42Foi sinistro.
33:46Certíssima.
33:47Certíssima.
33:48Nota 10, dona Tati.
33:50Nota 10.
33:51Obrigada.
33:51Professor, você é 10 também.
33:53Vou até compartilhar a hashtag.
33:55Raimunda10.
33:55Senhor Rolando Lero.
34:06Amado mestre, eu escalei o monte mais alto da Terra.
34:12E lá, no topo do mundo, eu bradei.
34:19Magnífico!
34:20E o eco me respondeu.
34:24Raimundo.
34:25Seu Rolando Lero, largue meu saco e me responda.
34:30Como morreu Kennedy?
34:33Não.
34:35Segura.
34:36Segura aí.
34:37Foi o que ele disse?
34:38Segura aí, não.
34:38Não tá bem, não.
34:39Não, não.
34:40Não, não.
34:41Que que é?
34:42Morreu.
34:46Mas por quê?
34:48Tão jovem.
34:50Pele tão viçosa.
34:53Por quê, senhor?
34:54Por quê?
34:55Porque levaste o que que é?
34:57Olha, professor, essa cidade está realmente muito violenta.
35:00Sair de casa é como ir a uma luta de boxe.
35:05Você tem que enfrentar coisas e assaltos.
35:08Me diga, professor, o quê?
35:10Como foi que ele morreu?
35:11Foi roubo seguido de morte.
35:12É isso?
35:13Não, foi...
35:14Ele reagiu, não reagiu?
35:16Ele reagiu.
35:16É a cara de que quer reagir.
35:18Como ele morreu, professor?
35:19Foi isso que eu lhe perguntei, corme.
35:24Além do mais, Kennedy era americano.
35:27Isso eu já sabia.
35:29Eu já estava de posse dessa informação.
35:32Afinal de contas, com este nome, não é Kennedy?
35:35Não poderia ser um índio patachó, não é mesmo?
35:39Claro.
35:40Um Yanomami.
35:41Não.
35:42Realmente.
35:44Como é gozado a vida.
35:48Ontem mesmo eu vinha, relembrando, vendo umas velhas fotos.
35:54Encontrei uma foto de que quer no carnaval.
35:56Eu estava fantasiado de Madonna.
36:02Durante o baile em que fomos, aquele bloco me beija, que eu sou cineasta.
36:06John Fitzgerald Kennedy, vestido de Madonna.
36:10Isso foi no Rio de Janeiro, porque no ano seguinte, nós fomos a Salvador.
36:14E ele sempre muito...
36:17Sempre muito criativo, sempre muito bem-humorado.
36:21Eu me recordo como se fora hoje, amantíssimo.
36:23Ele, todo vestido de Power Ranger roxo.
36:29Caminhava em Salvador, na pipoca.
36:32Ele usava abadá, era um homem simples.
36:35E caminhando em Salvador, estava ébrio.
36:38E sua alegria chamava demasiada atenção.
36:41Então, do alto do trio.
36:44Eis que Ivete...
36:45Vevete.
36:47Veveta.
36:48Veveta.
36:49Veveta apontou.
36:50Apontou para que quer.
36:52E o chamou para subir no trio elétrico.
36:54Eu me lembro como se fora hoje.
36:57E eu lembro que Keké, ainda de Power Ranger roxo, se aproximou do trio elétrico.
37:04E lá de cima, ao lado de Veveta, ele disse...
37:07Desculpa, professor.
37:23Eu me arrepio, inclusive.
37:26Ah, professor, amantíssimo.
37:30Keké aprontava tanto, era tão serelepe, que batizaram o bairro onde ele morava em Bangu com seu nome.
37:39A famosa Vila Kennedy.
37:40Agora o senhor me diz que ele se foi.
37:46Seu corno safado, Kennedy foi presidente dos Estados Unidos, ocupou a Casa Branca no auge da Guerra Fria.
37:55Dizem que realmente ele era mulherengo.
37:57Chegou a ter um caso com Marilyn Monroe.
38:00Mas me responda, sem me enrolar.
38:02Como morreu Kennedy?
38:05Teria sido...
38:07Ao subir no telhado da Casa Branca, ele escorregou enquanto tentava trocar a antena da televisão?
38:14Lógico que não.
38:16Eu não...
38:16Eu não devia, mas eu sou insistente, eu vou lhe ajudar.
38:20Sr. Rolando, Kennedy morreu...
38:22Assá...
38:24Assá...
38:28Capitei!
38:28Capitei vossa mensagem, pitagórico guru.
38:34Kennedy morreu a assaricar na Casa Branca.
38:39Durante um baile de galdi oferecida por Hillary Clinton.
38:43Ele, olha, ele se fez.
38:45Ele bebeu, ele comeu de tudo, ele exagerou, passou do ponto e como tudo na vida que tem responsabilidade, não é mesmo?
38:51Então ele realmente teve um mau súbito e veio a falecer.
38:54Até poderia ter sido, mas não foi.
38:57Sr. Ptolomeu, me ajude.
38:57Sim, senhor.
38:59O presidente norte-americano, John Fitzgerald Kennedy, ou JFK, morreu assassinado em Dallas, no Texas.
39:09É em 22 de novembro de 1963.
39:12E o homem que deu os tiros se chama Lee Harvey Oswald.
39:17Cabra bom.
39:18Cabra bom.
39:19Sr. Ptolomeu, hoje o senhor está fulgurante.
39:23Obrigado.
39:24Nem tanto, senhor.
39:24O senhor está vicejante.
39:26Nem tanto, senhor.
39:29Otaviano Costa.
39:30Seu Baltazar da Rocha.
39:41Sou eu.
39:42Seu Baltazar.
39:44Sobe que o senhor viajou a São Paulo numa viagem de negócios?
39:47É verdade.
39:48Fiz uma viagem de negócios, mas acabei fazendo outro tipo de negócio, se o senhor me entende.
39:57Oh, que safadinho, hein?
40:00Viajou e pulou a cerca?
40:01Na minha idade, o que importa é a altura da cerca.
40:06No caso, uma executiva e nós saímos para badalar.
40:11Bora!
40:12O senhor pode falar mais detalhes?
40:14Mas, é claro.
40:18Ela era uma economista, só falava economês, dividendos, dependores, juros, essas coisas.
40:27Mesmo assim, eu resolvi investir.
40:30O senhor teve, pelo menos, retorno do seu investimento?
40:32Infelizmente, muito mais do que eu esperava.
40:35Como assim?
40:37Estávamos ali, já tomamos umas e outras.
40:42Estávamos dançando, bailando, de rosto colado, o resto todo colado.
40:53Foi aí que eu descobri que a minha economista era um travesti.
40:56Travesti?
40:57Então, quer dizer que ela tinha...
41:00Tinha.
41:00Tinha.
41:02Mas ela disse que era valor agregado.
41:07Tem salário?
41:08Vamos!
41:13Vamos ao esporte!
41:15Toda hora é hora!
41:18Vamos ao esporte!
41:20Passee a frente ao emprego!
41:21Legenda por Sônia Ruberti

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