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  • há 2 dias

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Diversão
Transcrição
00:00Como todos sabem, hoje em dia existe uma crise no abastecimento d'água em várias cidades do mundo.
00:19Ah, nem me fale, mundico. Lá em casa eu tô numa secura que dá dó.
00:23Tá faltando água na sua casa, dona Cacilda?
00:26Pior, tá faltando homem.
00:30É que meu namorado teve que viajar a trabalho, sabe?
00:32Aí já viu como é que é, né?
00:34Nunca mais teve o meu feito estufa na minha cama.
00:37É?
00:38Ah, mas não tem problema não, sabe?
00:40Eu imaginei que fosse passar menos tempo assim nessa escassez, mas tudo bem.
00:43Ele viajou faz tempo?
00:44Eu passo duas, seis horas.
00:47Mas aí eu vou receber a visita do rapaz da TV a cabo, aí no instante eu dou um jeito, né?
00:53E aí eu tiro o meu sistema cantareira do volume mu.
00:57Bom, mas vamos continuar nesse assunto, seu Rolando Lero.
01:02Você tinha um exemplo de como devemos fazer pra economizar água?
01:06Amado mestre, lá em meu prédio eu instituí o banho solidário.
01:11Assim eu já tomei banho com a loura do 204, a morena do 302 e a mulata do 703.
01:17Mas o senhor amantíssimo não imagina o tamanho da economia.
01:24Rolandinho, meu garoto, sabia que minha sogra mora no seu condomínio no 904?
01:29Ah, claro, a velhinha do 904.
01:31Sim, sim.
01:33Neste caso está sem tomar banho há oito meses.
01:35É, professor Raimundo, eu gostei muito dessa ideia, eu não quero nem insinuar nada, mas como eu moro perto do senhor, talvez também...
01:46Cala a boca, Batista!
01:49Chefia!
01:50Fala, seu boneco.
01:51Eu queria meter meu bedelho nessa conversa.
01:53Meta!
01:53É o seguinte, lá no meu barraco em Caxia, quando eu abro a torneira, não sai água, não.
01:58Sai uma voz dizendo assim, água está em falta ou fora da área de cobertura.
02:03E a senhora, dona Marina, está economizando água?
02:08Ah, estou sim, professor, principalmente depois que eu comprei meu chuveiro novo, é um chuveiro elétrico.
02:14O que tem uma coisa a ver com a outra?
02:16Agora eu não tomo banho nem no outono nem na primavera.
02:19Mas por que, dona Marina?
02:20Porque o chuveiro só tem botão para duas estações, inverno e verão.
02:26Está difícil.
02:28Sr. Baltasar da Rocha, o senhor se preocupa com os efeitos do clima?
02:33Preocupa, Lume.
02:36Justamente porque, querendo ou não, eu tenho que transar com a minha mulher uma vez por mês.
02:41Mas como assim? Por que isso?
02:43É porque se eu não transar, o clima fica péssimo.
02:47Melhor mudar de assunto.
02:49Dona Tati!
02:50Fala, velho, qual foi?
02:52Por favor, narre para a classe, resumidamente, um grande clássico da literatura.
02:58Hum, tipo, pode ser qualquer um.
03:01O que a senhora quiser.
03:01Clássico da literatura, Cinderela.
03:05Peraí, Cinderela, dona Tati?
03:07Ué, tu não pediu um clássico da literatura, Cinderela?
03:09Sim, então, então.
03:10Hã, dá licença.
03:12Cinderela.
03:12Gente, a Cinderela, ela era muito gata.
03:15Muito gata mesmo, filha de um cara muito rico, só que esse cara empacotou.
03:19Morreu.
03:20Passou dessa para uma mulher.
03:21Se foi, e aí ela ficou sendo criada, numa situação muito difícil, passando muito
03:26perrengue, sabe, duranga, assim, pela madrasta dela, que era uma mulher podre, era uma mulher
03:30muito fura-olho, com duas filhas, que eram muito barangas, pegaringem, recalcadas, sabe?
03:37Muito sinistra.
03:38Aí elas estavam vivendo nessa situação sinistra, não sei o que, não, ficaram sabendo
03:41que um belo dia ia ter baile.
03:43Cara, ia ser um baile irado, uma balada sinistra, onde o príncipe ia simplesmente escolher
03:48uma mina para casar.
03:50Aí todo mundo ficou empolvorosa, querendo ir, o príncipe era muito gato.
03:55Tipo, gato assim, sabe, o Caio Castro.
03:58Então, e era muito rico também.
04:00Sabe o Neymar?
04:01Agora imagina o cruzamento de Caio Castro com o Neymar.
04:05É melhor não imaginar, é melhor não imaginar.
04:07Aí ia ficar muito gato, cara.
04:08Continue, Nathana.
04:09Aí chegou o belo dia do baile, só que o que aconteceu?
04:11As irmãs chancadas falaram, cara, ela não vai, a Cinderela não vai.
04:15Como assim, a Cinderela não vai, ela não vai.
04:17Aí a Cinderela ficou muito chateada na dela, boladona, num cantinho de chavada, falou,
04:21tudo bem, não vou.
04:22Só que aí, cara, nessa hora apareceu quem?
04:25A fada madrinha.
04:26A fada madrinha muito sinistra.
04:29Pegou e falou assim, Cinderela, qual foi?
04:30Tu vai ficar aí desse jeito, boladona?
04:34Tu vai arregar para essas meninas?
04:35Não, cara.
04:36Você vai para o baile, sim, tu tá querendo ir?
04:38Ela achou que a fada madrinha estava sentindo tipo de zoação com a cara dela, de caô.
04:42Não, ela estava falando sério, ela simplesmente fez assim.
04:45Quer dizer, assim, né, que tem varinha.
04:47Com a varinha sinistra e apareceu um vestido bafo.
04:51E aí ela pegou uma abóbora, transformou numa carruagem sinistra, cara.
04:54Foi muito emocionante.
04:56Mas aí também...
04:57Poderosa, fada.
04:59Poderosíssima, não.
04:59Poderosa Anitta.
05:00Ela era ultra, mega, blasta, super, cara.
05:02Ela era demais.
05:03Aí ela pegou e falou assim, vou te dar o papo reto.
05:05É o seguinte, quando der meia-noite, a bagaça toda vai melar.
05:10Tudo isso aqui vai sumir, tu tem que ralar feito dessa festa.
05:13Ou você vai pagar a mômica 1 na frente do príncipe.
05:15Ela falou, não, deixa comigo.
05:16Hashtag partiu o baile.
05:19Aí saiu correndo, pegou a carruagem dela.
05:22Chegou lá no baile, ela estava muito gata.
05:24Muito.
05:24Começou a sensualizar aqui, ó.
05:26Na pista.
05:27Meio se querendo só ela mesma.
05:29Quando o príncipe olhou e falou, cara, que gata.
05:31Quero muito ela.
05:32Ficaram.
05:33Aí de repente me deu meia-noite.
05:35Aí meia-noite ela teve que sair correndo naquela adrenalina de vazar pra ninguém ver.
05:38Não, não, não.
05:39O que aconteceu?
05:40Ela perdeu o sapatinho de cristal na escada.
05:43Aí o príncipe pegou.
05:45Guardou pra ele.
05:46Sentiu o cheiro, tava bom.
05:47Falou, cara, ela é legal.
05:49Aí no dia seguinte ele bem acordou.
05:51Foi atrás da casa de todas as mulheres da cidade.
05:54Ficou colocando sapato no pé de cada uma pra tentar achar a cinderela.
05:56Ela achou.
05:57Aí eles foram felizes para sempre, cara.
05:59Ai, fala sério.
06:00Ninguém merece uma história tão linda.
06:02Parabéns, Dona Tata.
06:03Ai, que graças.
06:07Parabéns.
06:07Tem gente, avó, amiga.
06:09Vamos jantar.
06:10Dona Bela.
06:14Presente, professor.
06:16Por favor, não fique encabulada, mas esse tipo de coisa é importante compartilhar com
06:21seus colegas.
06:23Dona Bela, alguma vez a senhora já pegou aquele cobrão que cresce na mão?
06:27Parado!
06:40Seria o querer do pudor alheio.
06:47Monstro indecente.
06:48Que horror.
06:49Que horror.
06:50Que horror.
06:51Que horror.
06:52Esse negócio aí que o senhor falou horrível.
06:58Eu nunca cheguei nem perto.
07:00E muito menos colocar a mão e deixar crescer.
07:06Olha, a única coisa que cresce aqui é a sua libertinagem.
07:14Seu tarado.
07:18Só pensa naquilo.
07:27Senhor Ptolomeu, Senhor Ptolomeu, esclareça.
07:31Eu mesmo já peguei um cobrão desses, professor.
07:34Dos grandes.
07:36Senhor Ptolomeu, não complica, explica.
07:39Cobrão nada mais é do que um herpes zóster, uma infecção viral que também pode ser conhecida
07:45como cobreiro.
07:47Sério.
07:48E pode pegar nos braços, nas costas e também nas mãos, em todos os cantos.
07:52Acredita-se, mas é tudo uma lenda, que você só pega-se por acaso.
07:56Pegar numa cobra, ter contato com uma cobra ou usar alguma roupa que por acaso, por ventura,
08:01uma cobra tenha tido contato.
08:03Por isso o nome cobrão, cobreiro ou até cobrelo.
08:07Viu, Dona Bela?
08:09Senhor Ptolomeu, o senhor hoje está contagiante.
08:13Nem tanto, mestre, nem tanto.
08:15O senhor está sedutor.
08:17Nem tanto, mestre, nem tanto.
08:19Rodrigo Santana.
08:20Irmãos, irmãs, cheguei.
08:43Que a boniteza esteja convosco e podem ter certeza que ela está, porque Zé Bonitinho está entre vós.
08:53Câmera close.
08:56Deus, quando me fez, estava com um complexo de superioridade.
09:01Atenção, por favor.
09:06Aleluia!
09:07Aleluia!
09:08Seu Zé Bonitinho, seu Zé Bonitinho, o que está acontecendo?
09:11Que história é essa de aleluia?
09:13Eu acabo de fundar uma nova religião.
09:15O bonitismo.
09:19Bem-aventurados sejam os bonitos, porque ser feio é uma desgraça.
09:24Seu Zé Bonitinho, me explica uma coisa.
09:27Como é que o senhor funda uma religião de uma hora para outra?
09:30Professor...
09:31Ouviu uma voz vindo dos céus?
09:32Não, na verdade, eu vi uma luz.
09:35É?
09:35É, tratava-se de um holofote.
09:36E uma voz assim, tipo do Cid Moreira, que me disse...
09:42Vai, Zé Bonitinho.
09:46Espalhar em vossa beleza pelo mundo.
09:54O pastor, pastor Zé, será que eu gostaria de fazer parte do bonitismo?
10:09Será que eu posso?
10:12A dona Bela.
10:14Para entrar no bonitismo, é preciso ter fé.
10:17E no caso, o que a senhora tem é fé e jura.
10:24Para realizar um milagre na senhora, seriam necessários 15 santos, 9 operações plásticas e uma oficina de lanternagem.
10:37Seu pastor Zé Bonitinho, eu queria comunicar-lhe que eu gostaria de entrar no bonitismo.
10:46Mas o senhor tem que fazer um milagre para mim.
10:51O milagre é para mim, mas quem vai gostar é a minha mulher.
10:54Que tipo de milagre é esse?
10:56É o milagre de Lázaro.
10:58É fazer o morto levantar.
11:00Querida turma, o único milagre que eu estou podendo fazer no momento é o de subir aos céus.
11:05O caso é que depois da aula, eu vou viajar para a China.
11:09E lá, vou fundar uma nova religião.
11:12O Zé Budismo.
11:13Câmara, Cléus.
11:20Aleluia.
11:21Aleluia.
11:24Se eu tivesse um milagre de mulheres...
11:27Oh, oh, oh, oh, oh...
11:30Obrigado, meninas e garotas.
11:32Dona Cândida, vamos falar de artes?
11:43Ai, professor.
11:44Antes de mais nada, eu queria aproveitar aqui em público e dar os parabéns ao seu Baltazar da Rocha.
11:50Eu tenho até medo de perguntar, mas o que foi que ele fez?
11:52Ele fez uma coisa tão linda, professor.
11:55O senhor sabe que no inverno o banheiro feminino fica muito úmido, com cheiro de morro.
11:59Sabe o que o seu Baltazar fez?
12:01Ele fez vários buraquinhos assim no banheiro que dão para o pátio.
12:05E ele fica no pátio controlando cada buraquinho para saber se a água está saindo direito, se o cheiro de morro está saindo.
12:13Nunca vi um sujeito tão bem intencionado.
12:16Você é mais linda.
12:17Tem que fazer o mesmo no banheiro masculino agora.
12:19Olha lá, não precisa. Lá tem muita frescura. Não é só peru?
12:24Não tanto quanto eu gostaria, Tietchan.
12:28Mas continuando, dona Cândida.
12:30A dança é uma das expressões artísticas mais encantadoras que existe.
12:35E também das que exige mais disciplina e treino dos seus praticantes.
12:41Me diga o nome de um bailarino nascido na Rússia.
12:44Mikhail Baryshnikov.
12:46Um grande nome da dança dos Estados Unidos.
12:48Fred Ashter.
12:50Um grande nome da dança no Brasil.
12:52Jacaré do El Tchan.
12:56Vai passar. Vai passar.
12:58Já passou. Já passou. Já passou. Já passou. Já passou. Já passou. Já passou.
13:03Seu Rolando Lero.
13:04Amado mestre, usai-me.
13:11Usai-me como um pau de selfie.
13:15Movimentai-me pelos ares, ó amantíssimo,
13:19para que eu possa, através da admiração vetusta de meu olhar,
13:24captar todo o brilhantismo de vossa queratinosa cutis.
13:30Eu quero o porno.
13:33Eu só quero que o senhor me responda a seguinte pergunta.
13:36Claro.
13:38Como morreu o Mahatma Gandhi?
13:40Não.
13:40Não pode ser.
13:54Gandinho morreu?
13:55Não pode acreditar, amantíssimo, Gandinho.
14:03O que será? O que será agora?
14:05O que será de seus 10 mil filhos órfãos?
14:08Gandhi deixou 10 mil órfãos?
14:11Sim, os filhos de Gandhi.
14:12Só na Bahia são 10 mil.
14:22Mãe, broma.
14:23O bloco de Afoxé Filhos de Gandhi realmente deve ter tido ele como inspiração?
14:28Claro.
14:29Mas o que eu quero saber é como morreu Mahatma Gandhi.
14:32Chega, professor.
14:33Chega.
14:33O original Gandhi, o verdadeiro.
14:35O que dizer de meu fraterno amigo Gandinho?
14:38Adorava uma briga, né?
14:43Tinha um pavio muito curto, como comia, né?
14:47Estava sempre malhando, então...
14:50Eu lembro, eu lembro como se fosse hoje,
14:53quando nós caminhávamos pela Barra da Tijuca, ali na Olegário.
14:57Ele sem camisa, com um balde de proteinato, um tribal fechado no braço.
15:03Pedindo seu tradicional açaí, o hambúrguer de soja com quinoa.
15:08Eu lembro.
15:11Para uns, era apenas um pit boy.
15:15Mas para mim, era um bravo justiceiro.
15:19Gandinho.
15:20Eu me recordo ainda num carnaval fora de época em Iriri, no Espírito Santo.
15:26Num grupo de baderneiros promoveu uma algazarra na área VIP.
15:30Gandinho nos defendeu.
15:32Enfiou o cacete em todo mundo.
15:34Olha, foi realmente uma cena memorável.
15:39Gandhi.
15:40Mahatma Gandhi.
15:42Vulgo quebrador de ossos.
15:45Olha, foi rabo de arraia para um lado, foi mata-leão para o outro.
15:49Duas fraturas expostas, acredita o senhor?
15:51O senhor está completamente louco.
15:54Mahatma Gandhi era um pacifista.
15:56Ele pregava justamente a não-violência.
15:59Ah, mas isso eu já sabia.
16:01Pregava a paz, não é?
16:03Mas com um cacetete deste tamanho na mão.
16:06Eu me lembro dele dizendo...
16:07Mas vá, capaz!
16:11Quem se aproximar vai ganhar uma paulada, tchê.
16:14O gaúcho era bravo, era bravo, era bravo.
16:16Ele era indiano, seu corno.
16:18Do sul da Índia, né?
16:19E sem uso da violência...
16:21Sem uso da violência ele conseguiu a independência da Índia,
16:26que era a colônia da Inglaterra.
16:27A minha paciência já está...
16:31Me responda o que eu perguntei, seu Rolando.
16:34Como Gandhi morreu?
16:36Por ser um pacifista,
16:37que não tinha coragem nem de matar um mosquito amantíssimo,
16:41teria ele morrido de dengue?
16:43Não.
16:45Não.
16:45Seu Rolando, eu não devia, mas eu vou lhe ajudar.
16:48Ah, claro.
16:49Mahatma Gandhi morreu atingido por um ti...
16:52Por um ti...
16:57Captei.
16:59Captei vossa mensagem enigmática, guru.
17:02Mahatma Gandhi morreu atingido por um tiranossauro.
17:10O senhor enlouqueceu de vez.
17:12O tiranossauro já está extinto há milhões de anos.
17:15Mas eu não estou me referindo a este tiranossauro, é claro.
17:17O senhor já sabia.
17:19Estou me referindo ao tiranossauro lutador de MMA.
17:21Aquele que finalizou o minotauro, finalizou o minotouro.
17:25Gandinho sempre muito teimoso, não é?
17:27Tinha mania de grandeza.
17:28Achava que tudo podia e aí deu no que deu.
17:30Foi finalizado no segundo assalto com um mata-leão terrível.
17:34E veio a óbito dentro do octógono, velho.
17:40Seu Ptolomeu, desfaça essa sandice.
17:43Mahatma Gandhi, o grande líder pacifista morreu atingido por um tiro dado por um indiano
17:50na cidade de Nova Delhi, na Índia, em 1948.
17:54É isso.
17:55Volta para o vídeo.
17:56Cabra bom, cabra bom.
17:57E o senhor, seu Rolando, leva um zero na paz.
18:00E a gente volta rapidinho.
18:04É parte, VUPs.
18:06Vamos à escola, assim aprende a vender.
18:10Vamos à escola, assim aprende a vender.
18:14Dona Marina da Glória.
18:17Chamou, chamou.
18:18Chamou, chamou.
18:20Teacher, toda vez que Dona Marina responde, o senhor parece mingau em micro-ondas.
18:26Fica tudo molinho.
18:27E desde quando o baixinho precisa de micro-ondas para ficar molengo, falando em micro?
18:34Chega, chega, Dona Cacilda, chega.
18:36Dona Marina, preste atenção porque essa vai ser braba, hein?
18:40A senhora é a quarta pessoa numa fila de banco.
18:44Quarta.
18:45Quantas pessoas serão atendidas antes da senhora?
18:48Posso pegar a calculadora, professor?
18:50De jeito nenhum, vai ter que fazer a conta de cabeça.
18:53Vamos lá, de novo, de novo.
18:54A senhora é a quarta pessoa de uma fila de banco.
18:58Quantos vão ser atendidos antes da senhora?
19:02Seis.
19:03Perfeito.
19:04Nem precisou a calculadora.
19:06Quanta dez.
19:06Que virjo, mestre.
19:08É óbvio, se ela é a quarta pessoa a ser atendida na fila, três pessoas serão atendidas antes dela.
19:15O que o senhor não sabe, meu caro Groucho Marx, é que em fila de banco, na última hora, sempre aparece uma gestante e um idoso para passar à frente.
19:24Eles têm prioridade.
19:26Ele tem inveja de mim.
19:28É, também acho.
19:29Também acho.
19:29Seu pedaço, meu, o senhor não é mau aluno, mas tem que parar com essa mania de ficar metendo bedelho na resposta das coleguinhas.
19:34Por favor, Dona Marina, nota dez.
19:35Obrigada, professor.
19:40Seu Aldemar Vigário.
19:43Responda.
19:45Quem foi o pai da bossa nova?
19:52Pai, a bossa nova teve vários.
19:56Tom Jobim, Carlinhos Lira, João Gilberto.
20:01A bossa nova teve tios.
20:03Também, com certeza, Miele.
20:04Na verdade, Marcos Vale.
20:07E mesmo filhos, Bebel Gilberto, Celso Fonseca.
20:09Eu poderia aqui discorrer sobre a árvore genealógica da bossa nova.
20:15Mas o que interessa é que a bossa nova só teve um avô.
20:21E eu pergunto a vocês.
20:23Quem foi o avô da bossa nova?
20:25Quem?
20:25Quem?
20:26Quem?
20:26Quem?
20:26Quem?
20:28Raimundo Nonato.
20:29Paranguapes.
20:35Eu me lembro daquele rapazote, cabeçudinho, joelhinhozinho, meio remelento, esperninha fina, um par de orelhinhas.
20:50E pelo tamanho das orelhinhas, já dava pra imaginar que seria bom de ouvido.
20:57Não é verdade?
20:59Raimundinho estava um dia tocando o seu violãozinho, deitado numa redinha.
21:03Mas a bichinha não aguentou com o peso da cabeça de Raimundinho e espatifou-se no chão.
21:09Arrebentou-se a rede.
21:10Dona ideia, rapidamente, mãe de Raimundinho, trouxe um banquinho pro filho sentar-se.
21:16E foi ali que surgiu a expressão um banquinho e um violão.
21:22E minutos depois, nascia o movimento que alçaria aos pígamos a música brasileira.
21:32Este movimento era a Roça Nova.
21:37Então o senhor está dizendo que João Gilberto, por exemplo, não teve nada a ver com a criação da Boça Nova?
21:44Como todos sabem, João Gilberto queria ser roqueiro.
21:48Passava o dia inteiro vestido de Elvis, cantando Blue Sweat Shoes.
21:55João Gilberto fazia isso.
21:57É que ele teve pólio na sua infância, lá em Juazeiro.
22:02Coitadinho de João Gilberto.
22:03Mas vamos voltar a Raimundinho.
22:07Raimundinho cantava desafinado, que só parecia uma rabeca sem corda.
22:14E gritava, gritava, berrava alto, esganiçada.
22:19A mãe sempre reclamava, Raimundinho, cante mais baixo, meu filho, deixe de ser gasguito.
22:24Cante mais baixinho.
22:26E Raimundinho foi abaixando a voz, foi abaixando a vozinha.
22:29E já estava quase sussurrando.
22:32Quando comia uma rapadura, então, te lembras?
22:35A voz ficava igual um viludo.
22:38Era uma maravilha.
22:39Foi nessa época que Raimundinho compôs sua obra-prima.
22:46Garota de Maranguape.
22:48Mas o que poucos sabem é que Garota de Maranguape tinha uma musa.
22:54É verdade que tu te lembras?
22:55Vagamente.
22:56Tu te lembras?
22:58Era Chiquinha Calango.
22:59Chiquinha Calango era uma vizinha de Raimundinho.
23:02Bichinha também magrinha.
23:04As perninhas tortinhas também.
23:05Outra que teve pólio na infância.
23:07Zaroia.
23:09A bichinha era feia igual a fome.
23:13Apaixonada pro Raimundinho.
23:14Sempre passava na porta de Raimundinho.
23:16Raimundinho.
23:17Faça uma canção pra mim, Raimundinho.
23:19Faça.
23:20Ele fez.
23:22Pra se livrar daquele bicho feio.
23:25Daquela filha de Cusqueta.
23:26Daquele cão chupando manga.
23:29Raimundinho criou o seu grande clássico.
23:32Maestro.
23:33Olha que coxa caída.
23:38Que bunda sem graça.
23:40É toda no briga.
23:41Nem bebendo cachaça.
23:43Chiquinha Calango.
23:45Eu vou encarar.
23:48É bonito.
23:49Muito obrigado.
23:50Lindo.
23:55Lindo sucesso.
23:57Linda.
23:57Tu te lembras?
23:58Linda canção.
23:59Canção inesquecível.
24:00Canção inesquecível.
24:01Mas pra quem pensa que esse foi o auge da carreira de Raimundinho, teve um ponto mais alto.
24:06Teve mais?
24:07Sim.
24:08Foi quando Tom Jobim foi regravar Garota de Maranguape em inglês e foi para os Estados Unidos gravá-la com Frank Sinatra.
24:18Chegando lá, nos Estados Unidos, Raimundinho foi na piroga, né? Montado na piroga daqui do Brasil até lá.
24:26Levou tempo, né?
24:28Levou tempo, levou tempo.
24:30Mas foi levando os presentes pra Frank, afinal de contas, o maestro Júlio Pina falou, traz Raimundinho que nós temos que apresentar esse gênio pro Sinatra.
24:40E Raimundinho levou os presentes todos, né? Uma macaxeira, uma manteiguinha de garrafa.
24:44Mas no caminho foi balançando aquela manteiga.
24:47Azedou.
24:48E aí, coitado do Frank, foi provada a macaxeira com manteiga de garrafa, teve um desarranjo tão bravo, essas caracas, que quando se entrou no trono, fez tanta força, tanta força, que estourou a corda vocal.
25:04Aí deu-se a...
25:06Estourou a corda vocal de Frank Sinatra.
25:10Quem vai cantar com Tom Jobim? A produção desesperada, empolvorosa, Raimundinho teve mais uma de suas ideias geniais.
25:19Diz-se, bote Frank aí, teu dublo.
25:24Dublou Frank Sinatra.
25:26Quer dizer, aquele vídeo clássico de Tom Jobim com Frank Sinatra, na verdade, não é Frank Sinatra, sou eu cantando.
25:32Sim!
25:33Tal qual dançando na chuva.
25:35Sim, ela também.
25:36Tu dublastes, Frank Sinatra fez aquele sucesso e a garota de Maranguape virou um clássico no mundo inteiro.
25:41Senhor Demar, o Raimundo Nonato, ele tinha voz, cantava baixinho, com voz de veludo, ou um vozeirão de Frank Sinatra?
25:52Isso tá estranho.
25:53Seu Botasar, se nesse descalabro todo foi só isso que o senhor achou estranho, meus parabéns.
26:01E a minha nota?
26:01A de sempre.
26:04Um zerinho vai, um zerinho vem.
26:06É, mas foi o ritmo de moçã não.
26:08Sai!
26:11Eu queria que ela não pegue até lá.
26:14É, agressiva aquela não pegue.
26:17Seu Joselino Barbacena.
26:18Ah não, meu Jesus Cristin, já me descobriu que outra vez.
26:22Sai pra lá, ô Exu.
26:23Vai catar cavacas como um gado.
26:25Atualmente no Brasil se fala muito em delação premiada.
26:30O senhor sabe o que é delação?
26:32Bom, quando eu era criança pequena lá em Babacena, tinha uma menina que chamava Tonha, ela era muito gorduchinha.
26:37Ela gostava de vestir sempre igual as amigas dela, que era tudo magrinha.
26:40Um dia as amigas dela, elas resolveram comprar biquíni desses de lacinho pequenininho que ninguém sabe onde é que começa e onde é que termina.
26:46E a Tonha cismou, queria porque queria comprar desses biquíni.
26:49Foi na loja, a vendedora falou pra ela assim, não, pra você não serve delacinho não, pra você serve delação.
26:53Senhor Joselino, eu só vou perdoar a sua resposta porque o senhor tá parecendo um pouco abatido.
27:03O que foi que aconteceu?
27:05Uma semana que eu não durmo direito, eu fico sonhando com um bando de macacos entrando na minha casa.
27:09O senhor já viu um psicólogo?
27:10Não, só macaco mesmo.
27:14Senhor Peru.
27:19Peru com mel de Vila Isabel.
27:21Use-me e abuze-me, Ticha, que hoje eu estou mais colorido que almoço vegetariano.
27:29Senhor Peru, o marcante traço da cultura brasileira é a força de suas tradições populares, os personagens do nosso folclore, figuras míticas, mágicas.
27:38Tudo colega, tudo gente do babado.
27:41Era uma verdadeira parada gay.
27:43Como assim, seu Peru? Então o senhor, o senhor ousa afirmar que até mesmo os personagens do folclore brasileiro...
27:50Mas é claro, Ticha, é só ver o nome, por exemplo, daquele que entrega tudo.
27:56Esse nome entrega, Curupira.
28:00O que significa esse nome, Curupira?
28:02Curupira, bem, Rupira, na língua indígena, quer dizer, de quem chegar primeiro.
28:07O que é? A pergunta é, por que o senhor acha que Curupira tinha os dois pezinhos para trás?
28:19Porque o lobisomem chegava e dizia, dá um passinho para frente aí, querido.
28:26Lobisomem?
28:27Lobisomem? Ah, falei lobisomem?
28:29Perdão, Ticha. Lobis-omo.
28:32Claro. Lobisomem?
28:40Aquelas unhas compridas, bem tratadas, aquele peito peludo, todo hidratado, com aquele óleo de argã.
28:51Ele era praticamente o George Michael, do faz de conta.
28:57Sabe que aqueles dentes afiadíssimos já morderam muita fronha.
29:00E aquele rabo...
29:03Não, Chega, Chega, não precisa, não precisa.
29:04Ah, que pena.
29:05Vamos entrar em detalhes.
29:06Ah, bem.
29:07Seu Peru, pra mim nada disso faz o menor sentido.
29:11Por quê?
29:11Daqui a pouco o senhor vai querer me dizer o quê?
29:13Que o boto cor-de-rosa...
29:16Que, Tchê?
29:17Pay attention.
29:19Atente para a pronúncia.
29:20Não é boto cor-de-rosa.
29:22É boto cor-de-rosa.
29:25Claro, boto de noite e tiro de dia.
29:27Ele tinha uma relação homoafetiva de anos com o Saci Pererê.
29:34E eu dou o maior apoio.
29:37Ô, seu Peru, no folclore brasileiro tem um personagem que eu gosto muito, que é o negrinho do pastoreio.
29:42É, porque o senhor é antigo, Tchê.
29:45Porque hoje em dia ele não é mais só do pastoreio.
29:48O negrinho agora é do pedreiro, do tintureiro, do padeiro.
29:52Olha, a sua interpretação desses personagens é uma distorção completa.
29:59O senhor só livrou mesmo a cara da Yara, mãe d'água.
30:02Yara?
30:02Mas Yara Pochetão?
30:05Yara Pochetão era colega, era do babado.
30:08Quando ela se olhava naquelas águas claras, se via refletida, deixava qualquer um louco, enlouquecido.
30:16Por que o senhor acha que a mula perdeu a cabeça?
30:19Mas então, seu Peru, embarcando nessa sua nova visão do folclore brasileiro,
30:23existia um outro universo povoado por criaturas e seres tão mágicos, exóticos e coloridos?
30:29É, não existia, ainda existe.
30:30É o universo do Projac.
30:32Nota 10, mas não inclua fora dessa.
30:42Eu só quero dizer, Tietchan, que eu estou muito feliz,
30:46porque eu levei 10 estúdios inteiros para a Irmandade.
30:52Dona Catifunda.
30:56Saravá, sempre as ordens.
30:58Professor.
31:00Dona Catifunda, o que te ouve? A senhora está triste?
31:03O que te ouve?
31:04Ai, repararam, hein, turma?
31:07São sensíveis, né?
31:08São sensíveis.
31:10Olha, professor, vou te falar.
31:12Estou falido e mal paga.
31:14Vou ter que fechar o boteco que eu abri no Bixiga,
31:17um centro de entretenimento para mendigo e bêbado.
31:21Catifundas Bar.
31:22Que pena, dona Catifunda, que pena.
31:25O que a senhora servia lá, hein?
31:27Ai, olha, tudo mais.
31:29O prato principal era o escondidinho,
31:32que era tão ruim, mas tão ruim,
31:33que quem tinha que ficar escondidinho
31:35era o cozinheiro, para não tomar a surra do pessoal.
31:38Era um boteco, a única pessoa que aplaudiu, obrigado.
31:42Era um boteco.
31:44Boteco pé sujo, sabe, professor?
31:47Na parede tinha um quadro assim,
31:49com um cavalo pintado, bonito,
31:51porque São Jorge digestiu e correu para o A.
31:53Um bando de gente com tremoço nos dentes,
31:58na virilha, um lugar assim gostoso, família, triste.
32:02Também no barcão tinha dois jarros bem grandes,
32:05cheio de ovo colorido,
32:06um inteiro azul para os machos,
32:07um rosa para as mulheres.
32:09Vou fechar, fazer o quê?
32:11Bom, dona Catifunda,
32:12se eu soubesse que a senhora tinha esse bar,
32:13eu teria ido lá comer alguma coisa.
32:15A senhora servia peixe?
32:17Eu gosto muito de peixe,
32:18desde que seja fresco.
32:19Oi?
32:20Que é peixe fresco.
32:21Ah, o peixe é fresco.
32:22Camarão é viado e alagosto é sapatão, hein?
32:26Tem que servir, hein?
32:30Não.
32:31Ai, o senhor é muito chique.
32:33Acho que não é ambiente para o senhor.
32:35É lá, é boteco, pé sujo,
32:37só ambiente de bebum.
32:38Para o senhor ter uma ideia,
32:39eu tive que mandar fazer duas portas.
32:41Uma estreita, para quando o cara chegava,
32:43e uma mais largona,
32:44para quando sair,
32:46naquele zigue-zague alfólatra,
32:47conseguia ir embora.
32:49Ah, que tristeza, viu?
32:52Conversei com o Manguaceiro outro dia,
32:53falei, ô rapaz,
32:54o que é que você bebe tanto?
32:55Sabe que ele respondeu?
32:57Que eu sou egoísta.
32:58Gosto de ver o mundo girando em torno de mim.
33:03Isso aí, meu filho.
33:05Dona Catifunda,
33:06mas afinal,
33:07por que que a senhora fechou o bar?
33:08O garçom,
33:09que sou eu mesma,
33:11tinha que fazer igual o padre,
33:12ficar ouvindo confissão dos bebum.
33:14E o que eles confessavam?
33:15Confessava que não tem dinheiro para pagar.
33:18Nesse caso,
33:19tinha que falir.
33:20Perfeito, senhor.
33:21Obrigado.
33:27Seu boneco.
33:28Liga, dona quebrada, chefia,
33:30mas que hora que é a merenda?
33:33Seu boneco,
33:34esse cartaz aqui,
33:35que estava no mural da escola,
33:37é verdade?
33:37Grand Circo Boneco?
33:39É, não é caô não.
33:40É meu.
33:41Os pessoal negócio de circo não fala,
33:43hoje tem marmelada,
33:45tem sim, senhor?
33:45Então,
33:46estou correndo atrás dessa marmelada aí.
33:48É, seu boneco,
33:49acho ótimo ver o senhor finalmente trabalhando.
33:51Então,
33:52hoje à noite,
33:52eu vou fazer questão de conhecer seu circo.
33:54Ih, mano.
33:55Hoje à noite não tem espetáculo, não.
33:57Cadiquei por causa
33:58de que eu perdi a atração principal do meu circo.
34:02O coral das galinhas cantoras de Petrópolis.
34:06Olha que interessante,
34:07galinhas que cantam.
34:09Cantavam que essa semana a fome apertou,
34:11comi o elenco.
34:14Estou lendo aqui,
34:15Charlene e a mulher barbada.
34:17Ih,
34:18Charlene também não está mais no circo, não.
34:22Quer dizer que ela está com pobreminha de próstata.
34:24É impossível, senhor.
34:24Isso nem em circo.
34:26Quem lhe disse que mulher tem próstata?
34:28E quem lhe disse que Charlene é mulher?
34:35Charlene é um traveco lá de Caxia?
34:37Estava na dureza,
34:39estava precisando de emprego,
34:40não preguei.
34:42E barba não falta.
34:43E esses irmãos Pereira,
34:45os fabulosos malabaristas anões,
34:47continuam no espetáculo?
34:48Só dia que não tem aula,
34:49que eles cresceram,
34:50o pai botou na escola.
34:52Aí tem dia que vai,
34:53tem dia que não vai.
34:54Mas que absurdo, seu boneco.
34:55O seu circo usa crianças
34:56se passando por anões menores.
34:59Ué, mas anão é sempre menor.
35:01Alguém já viu anão grande?
35:02Já entendi, seu boneco.
35:03Então no seu circo,
35:05os palhaços são o respeitável público.
35:07Iludir o espectador
35:08é picaretagem.
35:09Não, é mágica.
35:12Só precisa ver o ilusionista
35:13do circo do boneco.
35:15O grande Wesley.
35:17O Wesley é maravilhoso,
35:18mágico, incrível.
35:20Ele faz o número
35:20de serrar a mulher no meio.
35:22Mas crassi,
35:23eu descobri que é caô,
35:24é picaretagem.
35:25Porque a mulher
35:26que o Wesley usa,
35:27que o grande Wesley usa,
35:29ela já é perneta.
35:32Só que tem um pobre menino.
35:34É que o Wesley bebe muito.
35:36Bebe demais.
35:36Aí outro dia,
35:37distraidão,
35:38não serrou a perna errada?
35:40Meu Deus,
35:41tudo fora da lei?
35:42Não vai me dizer agora
35:43que o senhor também tem bicho
35:44nesse circo?
35:45Tem rato, barata,
35:46pulga,
35:46mas vou botar veneno.
35:47Tô falando de animais amestrados.
35:50Tem,
35:50tem um leão africano,
35:51juro.
35:52Leão africano.
35:53É verdade.
35:54eu fui lá no circo
35:55e eu vi,
35:56tadinho,
35:56magrinho que não se aguenta
35:57nem pé na jaula.
35:58Sabe o que é que tinha
35:59no prato dele, gente?
36:01Macarrão.
36:02Isso é verdade,
36:03seu boneco?
36:04Chefia,
36:04se no meu circo
36:05tivesse carne
36:06e eu ia dar pro bicho,
36:07é ruim, hein?
36:08É ruim.
36:09Pelo desrespeito
36:10com os animais
36:10vai levar um zero.
36:12Tudo bem,
36:12leva o zero.
36:13Mas eu vou pagar,
36:14né?
36:18Eu vou tomar
36:19a aguinha,
36:19rapidinho.
36:20Fá,
36:20te vou.
36:22Vamos à escola,
36:23passeio,
36:24aprende a mim
36:24na escola,
36:26passeio,
36:26aprende a mim
36:27em vez.
36:29Dona Cacilda,
36:31alguns fenômenos
36:32às vezes ocorrem
36:33de maneira inexplicável.
36:35Ai,
36:35não me diga
36:36que você hoje
36:37acordou com vontade.
36:38Não,
36:38não,
36:39nada disso,
36:39nada disso.
36:40Esse fenômeno aí
36:41continua não rolando.
36:44Bom,
36:44mas continuando,
36:45há uma região
36:46no Mar do Caribe
36:47onde ocorrem
36:48desaparecimentos
36:49de aviões
36:49e navios
36:50e ninguém
36:51nunca conseguiu
36:52explicar.
36:54Me diga
36:54o que a senhora
36:55sabe sobre
36:56o Triângulo
36:56das Bermudas.
36:58Bom,
36:58deixa eu te explicar
36:59uma coisa.
37:00Esse fenômeno
37:01é bem verdade,
37:02sabe?
37:03Mas não tem negócio
37:03de Caribe,
37:04não.
37:04Isso aconteceu
37:04aqui mesmo
37:05em Copacabana.
37:07É,
37:07se passou
37:08com o Salva-Vidas
37:09Espadaúdo
37:10que usava
37:11bermuda
37:12lá no Posto 6.
37:14Também tinha
37:14outro rapazinho
37:15que também
37:16trabalhava na praia,
37:17mas vendia mate
37:18esse.
37:19E aí coisa
37:20pra base
37:20de meia hora
37:21assim a gente
37:21já tinha
37:22formado
37:22um triângulo.
37:24Pena que o fenômeno
37:25durou tão pouco.
37:27E por que
37:27esse triângulo
37:28amoroso acabou?
37:29Ah,
37:29você sabe,
37:30né,
37:30Mundico?
37:31Esse negócio
37:31de geometria
37:33aí é um saco.
37:34Aí eu fui
37:35pra dar uma variada,
37:37convidei outra bermuda
37:38pra brincadeira.
37:39Aí virou
37:40um quadrado amoroso.
37:42Quadrado
37:42já deve ser
37:43mais difícil
37:43de administrar, né?
37:44Não é tanto isso não,
37:45viu?
37:45Que modéstia a parte.
37:47Eu continuei
37:48fazendo muita coisa
37:49desaparecer.
37:51Não,
37:51mas o que acontece
37:52é que aí foi chegando
37:53mais uma bermuda
37:54daqui,
37:55uma bermuda
37:55dali,
37:56uma bermuda
37:56de acolá
37:56e virou,
37:57aconteceu de virar
37:59um epitágono
38:00das bermudas, né?
38:01E sabe como é que é homem,
38:02sabe como é que é homem?
38:03Gosta de fazer
38:03comparativos.
38:05Aí ficava comparando
38:06a coisa de um
38:07com a hipotenusa
38:07do outro,
38:08com o cateto
38:08do outro.
38:10Aí não deu certo, né?
38:11Ficou muito chato,
38:12aí ficou uma coisa
38:12sem graça,
38:13foi desaparecendo todo mundo,
38:14acabou todo mundo sumindo.
38:15E a senhora nem tentou
38:17investigar mais a fundo
38:18esse desaparecimento?
38:19Eu não tentei não,
38:20também não sou do tipo
38:21que, ah,
38:21eu vou na cartomante,
38:22traga seu homem
38:23em três dias,
38:24não sou desse tipo não,
38:25porque esse também
38:25não trouxe você,
38:26no primeiro dia,
38:27no segundo já é corno,
38:28já tem a fila
38:28para andar.
38:29que modéstia à parte
38:32eu tenho saída,
38:32sabe?
38:33E realmente eu sou que nem
38:35esses concursos públicos,
38:3728 mil de salário,
38:38tem sempre alguém
38:39querendo uma vaguinha.
38:42No triângulo das bermudas
38:43já desapareceram mais de 100
38:45navios e aviões.
38:46E a nota que vai aparecer
38:48no boletim da senhora
38:49vai ser zero mesmo.
38:50Atenção agora
38:56a um lembrete.
38:58Todos sabem
38:58que esse final de semana
38:59nós iremos acampar
39:01na Floresta da Tijuca.
39:03E lá eu vou mostrar
39:05para vocês
39:05toda a beleza
39:06da flora brasileira.
39:08Já fizeram sorteio
39:10para decidir
39:11quem fica com quem
39:12em cada barraca?
39:12Já!
39:13E eu tive o azar
39:14de cair lá colada
39:15com o seu peru.
39:17Já vi que vai ficar
39:18o relento, né, baixinho?
39:19Porque esse aí
39:20não vai armar a barraca
39:21comigo é novo.
39:23Dona Cacilda,
39:24não adianta nem reclamar
39:25porque sorteio é sorteio.
39:27Eu mesmo não sei
39:28ainda com qual aluno
39:28eu vou dividir a barraca.
39:30Adivinha,
39:31professor Raimundo.
39:34Não, não.
39:36Eu vou dividir a barraca
39:37com o seu Batista.
39:38Ah, não adianta reclamar.
39:41Sorteio é sorteio.
39:43Olha, professor,
39:44eu estou tão feliz,
39:45professor Raimundo,
39:46que o meu suco gasco
39:47está dançando lambada
39:48no meu intestino grosso.
39:50lambada dançando.
39:58Com certeza,
39:59com certeza.
40:01Professor,
40:01você não vai se arrepender.
40:03Não, eu já me arrependi.
40:05Olha só,
40:05não fica nem preocupado,
40:07professor,
40:07de negócio de sentir frio
40:09porque eu fui no mercado,
40:11aí estava,
40:12tinha se encerrado
40:13os colchões de solteira.
40:15eu comprei um colchão
40:16de casal.
40:19Aí a gente vai dormir
40:20juntinho.
40:21juntinho.
40:30Seu Batista,
40:31eu agradeço a sua boa intenção,
40:37quer dizer,
40:37não tão boa assim,
40:39mas é que nessa barraca
40:40é cada um no seu quadrado,
40:41assim,
40:41no caso,
40:43cada um no seu saco.
40:45No meu,
40:45inclusive,
40:46eu vou colocar um cadeado
40:47no zíper.
40:48Aí, professor,
40:49você é muito bobo,
40:51cara.
40:51Olha,
40:52eu já estou com tudo
40:53planejado,
40:54professor,
40:55porque aí vai ser
40:55uma viagem maravilhosa.
40:58Aí a gente vai acordar,
41:00eu vou fazer
41:00o seu cafezinho,
41:02aí eu vou fazer
41:04um bolinho
41:05de milho
41:06para o senhor,
41:07aí depois eu vou
41:08armar minha barraca
41:09e faço uma massagem
41:10com a barraca armada.
41:15Seu Peru,
41:17o Batista é gay?
41:19Só falta assinar
41:20a rapa pelada.
41:25Seu Batista,
41:26essa é uma excursão
41:27para estudarmos botânica.
41:29A gente não está indo lá
41:30para brincar de casinha.
41:31Olha aqui,
41:33Thelma,
41:33eu não sou gay,
41:34o que falam de mim
41:35são calúnias.
41:38Chupa,
41:38chupa que é de uva.
41:43Desculpa.
41:44Desculpa,
41:45professor Raimundo,
41:46não se preocupa
41:47com essas coisas,
41:47porque eu tenho até
41:49que te dar uma nova notícia,
41:50porque o sorteio
41:51foi errado.
41:53Aí a gente pegou
41:54uma barraca também
41:55que é de solteiro.
41:58Ótimo,
41:58então ótimo,
41:59então fechado.
41:59Eu durmo dentro
42:00e o senhor fora.
42:01Você é muito engraçado,
42:08professor,
42:09cara,
42:09olha,
42:10na verdade,
42:11professor,
42:11eu tenho uma ideia
42:12bem melhor,
42:14cara.
42:15Vai ser o seguinte,
42:16o senhor dorme assim,
42:17deitado de bruxo,
42:18eu durmo em cima
42:19do senhor.
42:21A excursão está cancelada,
42:22acabou.
42:23Não tem mais.
42:23Tá,
42:24tá,
42:24tá,
42:24tá.
42:25Natista,
42:26cala a boca,
42:26cala a boca,
42:27cala a boca,
42:28Natista.
42:31Dona Capitu.
42:34Aqui,
42:35professor.
42:37Dona,
42:38ah!
42:41Deu certo,
42:42passou.
42:43Passou o quê,
42:44professor?
42:44Soluço.
42:45Tava com o Soluço
42:47que não saía
42:48desde que acordei.
42:49Aí eu olhei pra senhora,
42:50horrorosa desse jeito,
42:51tomei um susto,
42:51passou.
42:52Mas vamos falar
42:52da Inconfidência Mineira.
42:55Dona Capitu,
42:57como morreu,
42:59tira dentes.
43:00Ai,
43:01professor.
43:02Não,
43:03sabe o que que é?
43:05Pra mim,
43:05o senhor faz sempre
43:06a pergunta mais difícil,
43:07né?
43:10Não,
43:11eu juro que eu estudei,
43:12professor.
43:13Mas assim,
43:14me dá um nó na cabeça.
43:16Tá certo.
43:17Acertou,
43:17tiradentes morreu
43:18com um nó na cabeça,
43:19na roupa.
43:21Rota 10,
43:22rota 10,
43:23dona Capitu.
43:24Agora,
43:25dona Capitu,
43:26depois desse 10 merecido,
43:27apague o quadro.
43:29Qualquer dia,
43:32eu vou apagar
43:32esse quadro também,
43:33viu?
43:34Ó,
43:35isso.
43:37Calma,
43:37gente,
43:37uma falta de luz apenas,
43:39não entrem em pânico,
43:39daqui a pouco volta.
43:40Todos sentados,
43:42em silêncio,
43:43em silêncio.
43:44Ué?
43:45Ué?
43:45Senhor,
43:46professor.
43:46O que aconteceu?
43:48Pronto,
43:48pronto,
43:49voltou.
43:50Nada demais,
43:51não aconteceu nada demais.
43:53Amantíssimo,
43:54como diria
43:55seu Ptolomeu,
43:56divirjo mestre.
43:58Hum,
43:59hum,
43:59o que aconteceu aqui agora
44:01foi uma situação
44:01de extrema gravidade.
44:04Dona Capitu,
44:05coitada,
44:07apagou o quadro,
44:09totalmente no escuro,
44:10correndo sério risco
44:12de sofrer um acidente.
44:14E no escuro,
44:15né,
44:16chefia?
44:16Os pessoal não fazem
44:17nenhum bagulho direito.
44:19Quer dizer,
44:19até faz,
44:20mas não é o caso.
44:21Por isso,
44:21amantíssimo,
44:22eu proponho
44:23aos meus nobres colegas
44:24que façamos uma vaquinha
44:26para comprarmos
44:27uma luz de emergência
44:28para que tal situação
44:29trágica
44:30não volte a se repetir.
44:32Boa,
44:32boa.
44:33Também temo-lhe
44:34uma queixa,
44:34professor.
44:36Eu estou fazendo
44:37um documentário
44:38sobre a educação
44:39no Brasil.
44:41Ia gravar-lhe
44:43esta cena
44:44tão importante
44:45da sua aula
44:45e não conseguir
44:46porque apagou a luz.
44:47Jaquelo
44:47para o bem
44:48da arte.
44:50Dona Capitu,
44:51por favor,
44:52apague o quadro
44:52de novo.
44:57Eu adoro.
44:59Adoro apagar o quadro.
45:01Devagar.
45:04Exista.
45:05Mais devagar.
45:12Baltazar.
45:14Boa ideia.
45:14Seu Baltazar.
45:16Seu Armando,
45:16volta.
45:17depois uma cópia
45:18para o meu e-mail.
45:26Seu Galeão
45:27com bica.
45:28Nu.
45:33Atenção,
45:34senhores passageiros
45:34que estão prestando
45:35exame para o Enem.
45:38Marquem com um X
45:39a resposta correta.
45:41Seu portão de embarque
45:42é um A,
45:44dois C,
45:45ou três B,
45:46ou nenhuma
45:47das respostas
45:48anteriores.
45:50Aguarde a resposta
45:51e depois
45:52se pique.
45:53o Galeão,
45:56hoje eu não vou
45:57me tomar lição,
45:58eu quero apenas uma dica.
45:59Ainda bem, professor.
46:00Estou planejando
46:01uma viagem,
46:02mas eu não sei
46:03que companhia aérea
46:04escolher.
46:05Para o senhor,
46:05qual é a melhor
46:06do setor?
46:06É, não sei, professor.
46:09Mas antigamente
46:10era a Chimarrão
46:11Airlines,
46:14fundada no Rio Grande do Sul.
46:16Pensou em avianção?
46:18Voou.
46:20Chimarrão.
46:23Mas ela,
46:24infelizmente,
46:25uma pena.
46:26Fechou.
46:27Mas por que
46:28uma pena?
46:28Eram bons?
46:29Não, professor.
46:30Era uma porcaria.
46:31Mas ele serviu
46:33a melhor comida
46:34de avião
46:35de todas as
46:36companhias aéreas.
46:38Mas o que servia
46:39essa Chimarrão
46:40Airlines,
46:41amendoim,
46:42sanduíche,
46:42barrinha de cereal?
46:44Churrasco, professor.
46:46Nossa.
46:47Tudo feito
46:48na tradição
46:48gaúcha.
46:50No fogo de chão.
46:51Muita carne
46:52era muito bom.
46:54Tinha linguiça
46:55para o seu pão.
46:57Tinha para
46:58Dona Bela.
46:59E...
46:59Mas churrasco
47:03dentro do avião
47:04deu certo?
47:06Professor,
47:06deu certo
47:06durante um tempo
47:07até explodir
47:08a quarta aeronave
47:10por causa
47:10do fogo de chão.
47:12E aí?
47:12Babau.
47:14Babau.
47:14Eu estou achando
47:15que a minha viagem
47:16eu vou fazer
47:16é de ônibus mesmo.
47:17Pode sentar,
47:18seu Galeão.
47:21Thank you very much.
47:26Seu Baltazar da Rocha.
47:27O que que alho?
47:31O senhor é um homem
47:31experiente,
47:32acompanhou
47:33as diversas mudanças
47:34sociais ao longo
47:36dos anos.
47:36Por isso,
47:37eu lhe pergunto.
47:39O que o senhor
47:39acha da juventude atual?
47:41Bem diferente
47:42da minha época.
47:43Minha sobrinha,
47:44por exemplo,
47:45me procurou
47:46e disse
47:46que era aniversário
47:47do namorado
47:48e ela não sabia
47:49o que dar de presente
47:50para ele.
47:51Como um bom tio,
47:52o senhor deve ter ajudado
47:53ela na escolha?
47:54Eu disse para ela
47:55dar uma gravata
47:56para o rapaz.
47:58Ela me disse
47:58que ele não era
47:59careta
48:00e que não usava.
48:01Então o senhor
48:02sugeriu outra coisa,
48:03obviamente.
48:04Eu disse para dar
48:05um sapato.
48:06Ela disse
48:07que ele só usava tênis.
48:09Eu sugeri isso,
48:11sugeri aquilo,
48:12nada dava certo.
48:15Acabei dizendo
48:16para ela transar com ele.
48:20Ousado?
48:21E o que sua sobrinha disse?
48:22Que não ia dar
48:23presente repetido.
48:25E o salário?
48:31Ó.
48:31Vamos ao score
48:37Toda hora é hora
48:40Vamos ao score
48:43Passe a frente ao nível
48:45Uma vez por ele.
48:45Uma vez por ele

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