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Em entrevista à Jovem Pan, o economista-chefe da Análise Econômica André Galhardo avalia que a expectativa de corte dos juros pelo Fed, sinalizada por Jerome Powell em Jackson Hole, gera otimismo nos mercados emergentes e abre espaço para o real e o Ibovespa respirarem.

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Transcrição
00:00E o Brasil pode sofrer uma perda significativa de empregos por conta do tarifácio de Donald Trump.
00:07Para tentar conter os danos, o governo Lula lançou o plano Brasil Soberano,
00:12que vai disponibilizar 30 bilhões de reais para empresas afetadas pelas taxas norte-americanas.
00:18E justamente para falarmos mais sobre essa medida provisória,
00:22recebemos aqui o professor e economista-chefe da análise econômica, André Gagliardo,
00:27a quem agradeço demais pela participação.
00:30Professor André, seja bem-vindo.
00:32Já participou de vários programas, telejornais aqui da Jovem Pan.
00:36Para começar, professor, queria pedir sua análise e avaliação, tarifácio em vigor,
00:41sinalização de impacto severo para algumas empresas de alguns setores, enfim.
00:46Mas teve o lançamento desse plano Brasil Soberano.
00:50O que é preciso considerar?
00:51Trata-se de uma iniciativa que pode atenuar um cenário difícil,
00:55principalmente para algumas empresas?
00:57Quais são suas avaliações?
01:01Olá, Daniel.
01:01Boa noite.
01:02É um prazer falar com você mais uma vez.
01:04Boa noite a todos que nos assistem.
01:07De fato, é uma medida que vem para dar um apoio transitório
01:11para as empresas que forem mais afetadas pelo tarifácio dos Estados Unidos imposto ao Brasil.
01:19Inclusive, existem elementos, vetores ali que o governo vai avaliar
01:24para ver qual empresa pode usar esses recursos subsidiados,
01:29como os empréstimos que você citou.
01:31São 30 bilhões do governo, mais 10 bilhões de recursos próprios do BRDS.
01:37E, sem sombra de dúvida, é um passo na direção correta,
01:41uma vez que há muito pouco o que fazer.
01:42Mesmo com os esforços do vice-presidente e de toda a comitiva dos ministérios brasileiros
01:49tentando reverter parte desse tarifácio,
01:51a gente está vendo a dificuldade de reverter essas medidas aplicadas pelos Estados Unidos.
01:56Então, resta a nós encontrar caminhos para atenuar.
02:00Não vai resolver.
02:01Os Estados Unidos são grande parceiro internacional do Brasil.
02:06É claro, muitas vezes a gente viu alguns analistas minimizando os impactos.
02:10Eu não vou nessa linha, acho que os impactos podem ser severos, sim,
02:14sobretudo para algumas empresas.
02:16No entanto, a gente precisa fazer alguma coisa, ou melhor,
02:21considerando que os impactos podem ser severos sobre alguns setores,
02:25a gente precisa caminhar em alguma direção.
02:27Eu acho que esse apoio a partir de taxas de juros subsidiadas,
02:32de ferimentos de impostos e usos de outros mecanismos
02:35vem em bom momento, como eu disse.
02:37Não resolve, mas ajuda a atenuar um pouco desse impacto em potencial.
02:42O que as projeções indicam, em professor,
02:46em relação aos setores que devem sofrer mais?
02:49Já há estudos nesse sentido, quais são, se não as empresas,
02:54pelo menos os setores que devem ser mais afetados nesse primeiro momento.
02:58E eu imagino que esses mesmos setores estudam alternativas,
03:03não somente se apoiar nessa iniciativa do governo federal,
03:08mas tentar dar nó em pingão d'água, explorar novos mercados,
03:12pensar até em um redirecionamento de exportações,
03:16o que é preciso considerar dessa janela que se abre,
03:20ainda que de maneira difícil, mas de maneira forçosa,
03:25as empresas e os setores precisarão se mexer.
03:27Perfeito, Daniel.
03:29Você falou tudo, eu tenho insistido nessa questão.
03:33Por exemplo, uma parte dos recursos que o governo vai subsidiar,
03:37desses empréstimos, desses 30 bilhões e dos 10 bilhões adicionais do BNDES,
03:43vem justamente para as empresas poderem prospectar novos mercados.
03:48Isso exige tempo e dinheiro.
03:50Não é tão simples quanto parece.
03:52Então, por exemplo, você me falou dos setores,
03:54o agronegócio, de modo geral, está muito, pode ser muito impactado.
03:59Nós temos o café, por exemplo,
04:02nós temos o setor de carnes, de proteína animal,
04:05impactado pelas tarifas de 50%.
04:08Os Estados Unidos acabou tirando,
04:1040% das exportações agora estão com tarifas reduzidas,
04:14não são 50%, então,
04:15mas ainda restam 60% das nossas exportações,
04:18com a incidência dessa tarifa de 50%,
04:21com destaque para impactos em potencial para o agronegócio.
04:25O Brasil é grande exportador de commodities,
04:27que é o caso do café e da carne bovina, por exemplo,
04:30que são muito consumidas pelos Estados Unidos.
04:33E aí você procurar caminhos alternativos para a carne ou para o café, por exemplo,
04:39não é uma tarefa tão fácil.
04:41Eu tenho falado sobre o caso japonês, por exemplo,
04:44a possibilidade de retomarmos a venda de carne ao mercado asiático,
04:48ao mercado do Japão,
04:50mas é uma negociação que já dura mais de décadas.
04:53Então demora bastante,
04:54não é só uma questão de venda,
04:56é uma questão de tratativas até geopolíticas,
04:59então demora muito para redirecionar essas exportações dos Estados Unidos
05:03para outros mercados.
05:04No entanto, como você disse, Daniel,
05:06alguma coisa precisa ser feita.
05:08Então, de fato, as empresas brasileiras precisam buscar alternativas,
05:12embora seja necessário reconhecer que buscar caminhos alternativos seja difícil,
05:17é justamente esse caminho que a gente vai ter que tomar agora.
05:21A gente precisa encontrar, diversificar a quantidade,
05:25ou melhor, os produtos que nós exportamos,
05:29melhorar a nossa pauta exportadora e buscar diversificar também
05:32o número de clientes, o número de países que consomem esses produtos brasileiros.
05:36Até porque nós temos ainda três anos e pouco de Trump pela frente.
05:41Nós vimos a primeira passagem do atual presidente dos Estados Unidos
05:45pelo comando norte-americano,
05:47que ele fez quatro anos de turbulência.
05:50Na época, muito concentrada a China e países asiáticos,
05:53dessa vez muito mais pulverizado.
05:55Mas o que sobra,
05:57o que a gente entende,
05:59ou supõe a partir dessas decisões de começo de mandato por lá,
06:03é que nós temos mais três anos e meio de dificuldades com o Trump à frente.
06:07Mais do que isso,
06:09quando o Trump deixa o poder,
06:11entra no lugar dele Joe Biden,
06:12que fez muito pouco para reverter aquilo que vinha sendo feito pelo Trump.
06:17Então, as tarifas impostas à China, por exemplo,
06:20imperaram por bastante tempo.
06:21Até que o Biden percebeu que tirar parte das tarifas
06:27poderia ser bom para reduzir a inflação norte-americana.
06:30Então, mesmo que vença depois um democrata,
06:34dificilmente a gente consegue reverter tudo
06:37o que está sendo aplicado sobre o Brasil.
06:39Então, considerando,
06:39desculpe a minha resposta alongada aqui, Daniel,
06:41mas considerando que nós temos muito mais turbulências à frente,
06:46embora seja difícil encontrar caminhos alternativos
06:49para as nossas exportações,
06:50esse parece um dos poucos caminhos que a gente tem a trilhar nesse momento.
06:54Os efeitos do tarifácio e também as alternativas
06:57para o setor produtivo brasileiro,
07:00em destaque nessa entrevista com o André Galhardo,
07:02ele que é economista-chefe na análise econômica.
07:05André, vou pedir licença.
07:07O Diego Tavares é o comentarista da noite.
07:09Ele fará a próxima pergunta.
07:10Com você, Diego.
07:13Professor André, muito boa noite.
07:15Professor, sempre que o Brasil fala em planos de socorro
07:18para setores específicos,
07:20eu me lembro que isso foi muito semelhante também
07:22quando tivemos a crise no Rio Grande do Sul,
07:25quando nós tivemos a pandemia.
07:27Na pandemia, um exemplo muito emblemático para mim,
07:29por exemplo, é o Perse,
07:30que foi um programa criado para socorrer as empresas do segmento de eventos.
07:35Depois do fim da pandemia,
07:36o Perse perdurou por ainda alguns, cerca de três anos.
07:40Foi extinto agora em 2025
07:41e depois de extinto,
07:42essas empresas entraram na justiça
07:44porque alegam que sem o Perse
07:46não conseguem ainda sobreviver.
07:48Dentro dessa perspectiva,
07:50será que já não passou a hora do Brasil,
07:52nesses momentos,
07:53olhar da máquina pública para dentro
07:54e pensar como que a máquina pode custar menos
07:58para o setor produtivo
07:59para que nesses momentos de crise
08:01não seja necessário um plano de socorro,
08:03um plano de atendimento,
08:04mas de modo que,
08:06sendo o Estado mais barato para o setor produtivo,
08:09o setor produtivo teria condições
08:10de buscar alternativas com mais tranquilidade
08:13nesses momentos?
08:14Não é um pouco mais de uma medida paliativa
08:17da qual esses setores não conseguirão
08:19se desvencilhar no futuro,
08:21ainda que a questão do tarifácio se normalize?
08:25Sem dúvida.
08:25Boa noite, Diego.
08:26Muito obrigado pela pergunta.
08:28De fato, acho que você tem razão
08:30nas suas colocações.
08:32E eu adicionaria uma questão.
08:34Primeiro,
08:35o próprio secretário do Tesouro Nacional,
08:40o Rogério Seron,
08:41falou que dessas medidas paliativas
08:44surgirão mudanças estruturais.
08:46Então, de fato, acho que vem coisas
08:49para trazer uma melhora.
08:50Isso poderia vir sem essa urgência
08:54ou emergência de um problema.
08:56Nós pensarmos num Estado...
08:58Não vou entrar em um Estado mais enxuto,
09:01que a gente acaba dizendo
09:02para uma outra questão,
09:03mas um Estado mais eficiente,
09:05sem sombra de dúvida.
09:06E eu adicionaria uma questão a mais.
09:08A questão da taxa de juros.
09:10Veja que um dos maiores esforços
09:12do governo nesse momento
09:13está em subsidiar taxas de juros,
09:16porque a gente tem uma taxa básica
09:18de juros inexplicávelmente alta.
09:21Também, eu sei que isso se desdobra
09:22em muitas camadas aqui.
09:24Nós poderíamos falar só sobre isso.
09:26Mas a taxa de juros brasileira
09:27está muito alta.
09:28A taxa básica e a taxa cobrada
09:30dos empresários e consumidores
09:31nem se fala.
09:32Uma taxa ainda muito mais alta
09:34em alguns casos até assustadoras.
09:35Então, de fato, trabalhar...
09:38Desculpe.
09:40Trabalhar para resolver
09:41e tornar o Estado um pouco mais eficiente
09:44com a consciência de que
09:46em novas emergências,
09:48em novos episódios
09:50que exijam da gente
09:51um ajuste rápido
09:54para dar apoio para empresas
09:55que sejam afetadas,
09:56seja lá por que for,
10:00que nós tenhamos capacidade
10:01de fazer isso
10:02sem onerar os corpos públicos,
10:05sem trazer dificuldades
10:07para as contas públicas brasileiras
10:10no médio e longo prazo.
10:12Inclusive, e pegando esse gancho,
10:13acho que caberia ao ministro Haddad
10:15nesse momento dizer
10:17que os gastos extras,
10:21o crédito suplementar
10:23que pode chegar a 10 bilhões de reais
10:26nesse caso,
10:27que ele fique dentro da banda
10:29da meta do novo arcabouço fiscal
10:32e que não seja colocado
10:33fora da nossa conta.
10:34Até para passar uma imagem
10:36de que, de fato,
10:37há uma preocupação estrutural
10:39e não apenas conjuntural
10:40para as contas públicas brasileiras.
10:43Agora, André,
10:44tem um outro aspecto,
10:45inclusive uma notícia
10:46que foi amplamente divulgada,
10:48que indica a possibilidade
10:50de redução na taxa de juros
10:52dos Estados Unidos.
10:54Teve essa sinalização,
10:55as bolsas norte-americanas
10:57chegaram a subir,
10:58inclusive, com essa expectativa,
11:00e há projeções sendo feitas
11:02por pessoas do mercado financeiro.
11:05Eu queria que você discorresse,
11:07fizesse uma breve análise
11:08sobre essa possibilidade
11:09e, em se confirmando
11:12um corte na taxa de juros
11:14dos Estados Unidos,
11:15quais seriam as consequências,
11:17inclusive, para o Brasil?
11:18Eu acho que...
11:20Desculpe, acho que eu voltei aqui.
11:24Eu acho que, Daniel,
11:25uma coisa muito importante
11:26é claro que essa questão
11:28dos Estados Unidos
11:29é muito relevante.
11:30De fato, no simpósio
11:32de Jackson Hole,
11:33o presidente do Banco Central
11:34norte-americano,
11:35Jerome Powell,
11:36deu a entender que, de fato,
11:38virá um corte de juros
11:39na próxima reunião
11:40de política monetária por lá.
11:42Deve ser um corte de juros
11:43bem tímido,
11:44de 0,25%,
11:46porque ainda existem
11:47riscos inflacionários por lá.
11:50O nível de atividade econômica
11:51está mais forte do que o FED,
11:52que é o Banco Central deles.
11:54Gostaria,
11:55e isso acaba impedindo
11:57que o Banco Central, de lá,
11:58acabe tomando decisões mais fortes,
12:00cortes de juros mais robustos.
12:03Mas olhando aqui para dentro,
12:04claro que se os Estados Unidos
12:05começam a cortar juros agora,
12:07isso abre um caminho,
12:08melhora um pouco o ambiente
12:11para que o nosso Banco Central
12:12também comece a operar
12:14cortes de juros por aqui.
12:16Nós temos, nesse momento,
12:17sinais bastante contundentes
12:20de que a economia brasileira
12:21está desacelerando.
12:23Desculpe.
12:23Temos sinais
12:24de que a inflação também
12:26está desacelerando,
12:28as deflações no IGPM,
12:31no IGP-10,
12:32a desaceleração dos próprios preços
12:35aos consumidores
12:36deve abrir caminho
12:37para que o Banco Central do Brasil
12:38comece a cortar juros aqui
12:39a partir de dezembro.
12:41Um cenário que nós não imaginávamos
12:43no começo do ano.
12:44Eu volto a dizer,
12:45eu sei que uma parte da explicação
12:47para a taxa de juros no Brasil,
12:49segundo o mercado financeiro,
12:50vem da questão das contas públicas,
12:52mas vem também da perseguição
12:54de uma meta de inflação
12:55impraticável em 3% atualmente.
12:59Então, considerando que a inflação
13:01está de fato desacelerando,
13:02considerando esse componente
13:03muito importante que você trouxe,
13:05Daniel,
13:05de que o Banco Central norte-americano
13:08começará, por muito provavelmente,
13:10o ciclo de cortes de juros
13:11na reunião do mês que vem,
13:13esses elementos todos
13:14abrem caminho
13:15para que o COPOM,
13:17nosso Comitê de Política Monetária,
13:19tenha capacidade de começar
13:20o ciclo de cortes de juros
13:22um pouco mais cedo
13:23do que nós imaginávamos anteriormente,
13:26na última reunião desse ano,
13:27em dezembro,
13:28o que pode ser um alívio,
13:29ainda que muito discreto,
13:32da situação financeira no país,
13:34que como o Diego trouxe aqui para a gente,
13:37existem ineficiências do Estado
13:39e existe também uma taxa de juros
13:41num nível inexplicável.
13:45Eu reconheço parte das motivações
13:47que levaram o COPOM a colocar
13:48a Selic em 15%,
13:50mas 15% para um país
13:52que vai fechar esse quadriênio
13:54com a inflação,
13:56ou melhor,
13:56que fechará a inflação acumulada
13:59no último quadriênio,
14:00no menor nível para quadriênios
14:01desde o lançamento do Plano Real.
14:03Então, 15% de fato é inexplicável.
14:07Eu espero que a decisão do FED
14:08lá nos Estados Unidos
14:09seja mais um instrumento,
14:11mais um elemento
14:12que abra caminho
14:12para que o COPOM tenha coragem
14:14de iniciar o ciclo de cortes de juros
14:16um pouquinho mais cedo
14:17do que a gente imaginava por aqui,
14:19em dezembro desse ano.
14:20Vamos aguardar, né?
14:22Expectativas para a manifestação do FED,
14:24que é o Banco Central dos Estados Unidos,
14:26e essa possibilidade de corte
14:28na taxa de juros.
14:30É isso.
14:30Quero agradecer demais
14:31a participação do André Galhardo.
14:33Ele é professor e economista-chefe
14:35da análise econômica.
14:37Professor, grande abraço, viu?
14:38Bom fim de sábado,
14:39bom domingo
14:40e volte mais vezes aqui à Jovem Pan.
14:43Muito obrigado, Daniel, pelo convite.
14:44Estou sempre à disposição.
14:45Um abraço.
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