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Luciano Timm, advogado e ex-secretário do Ministério da Justiça, avalia os impactos econômicos e fiscais das decisões do STF em ações tributárias.

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Transcrição
00:00O outro ponto de enorme judicialização é a questão tributária, né?
00:04O Marcos Lisboa fez um levantamento que 75% do PIB representa judicialização tributária.
00:12Com a nova reforma tributária, você acha que isso vai diminuir?
00:17Ou essa judicialização vai existir até nós terminarmos o período de transição?
00:23É, pois aí você matou a charada, né?
00:26Os meus colegas tributaristas dizem, na sua grande maioria, que vai melhorar,
00:34que vai melhorar, porque eles são advogados da matéria.
00:38Eu que atuo nas cortes e sou professor de direito econômico, aposto ao moço, com quem quiser,
00:44que no D0 vai aumentar a litigância, porque a escolha pela litigância é uma escolha estratégica
00:50que se dá a partir do custo.
00:51E é muito barato litigar no Brasil, porque é pago, subsidiado pelo contribuinte.
00:56Então, grandes empresas vão testar a interpretação dessa mudança à luz da Constituição.
01:03Então, nós vamos ter, eu tenho já estudo sobre isso, cada mudança legislativa, você aumenta a litigância
01:08e o prazo mínimo de estabilização até chegar nos tribunais são de 10 anos.
01:16Então, vai ter um período de elevada instabilidade de litigância.
01:20A justiça federal, ela é a mais subsidiada, porque é uma justiça que a União Federal tem para ela própria.
01:27A União tem várias vantagens, porque ela tem uma justiça para chamar de sua, que é a justiça federal.
01:33Porque nos Estados Unidos, a justiça federal existe para julgar pessoas de diferentes estados,
01:38porque lá eles sabem que o ser humano tem viés e um juiz texano tenderia a favorecer a empresa do Texas
01:45quando ela litiga contra a empresa de Nova York.
01:49E aqui não.
01:50Então, aqui tem vários estudos que mostram que há viés quando um juiz do Rio Grande do Sul julga um caso de uma empresa do Rio Grande do Sul
01:58com uma empresa de Santa Catarina, que ele vai se enviesar em prol da empresa do Rio Grande do Sul.
02:03Nos Estados Unidos, vai para a justiça federal aqui.
02:06A União é fundamentalmente para a União Federal.
02:10Não tem esse federal issue que a gente chama de disputas entre estados.
02:15E as custas são muito baixas.
02:17E não tem sucumbência, porque você litiga com mandado de segurança.
02:21Então, você vai litigar a custo zero, praticamente.
02:24A risco zero.
02:25Então, por que não vai litigar qualquer advogado que for...
02:29Ah, vai acontecer isso, vai acontecer...
02:31Vai para o judiciário.
02:33Então, você é a favor de criar alguma espécie de litigância, de sucumbência,
02:39para evitar essa proliferação de judicialização?
02:45Eu acredito que nós...
02:46Sim, eu sou favorável à sucumbência.
02:49Dei parecer para a UAB num caso que se discutia,
02:52porque o Supremo queria restringir, os tribunais, os juízes queriam restringir a sucumbência.
02:57Mas a gente tem que ser cauteloso,
03:01porque nós temos um instituto que se a pessoa vai...
03:03Que se chama assistência judiciária.
03:06Então, se você vai na justiça,
03:07e a justiça do trabalho deu um precedente recente,
03:10escrever que não tem condições,
03:12você fica livre da sucumbência.
03:14Aí não adianta.
03:15Então, você tem que ter risco para litigar.
03:18Tem que ter custo, salvo se for pobre.
03:21No Brasil, pobre é quem ganha menos de dois salários.
03:24Aí sim.
03:25Mas se não for pobre, aí teria que ter sucumbência.
03:28E teria que ter hipóteses muito claras para concessão do benefício,
03:32para não correr risco.
03:35Agora, Luciano, nessa questão da área econômica,
03:38uma decisão também do Supremo que afetou muito as empresas,
03:41que também foi uma reinterpretação, uma releitura completamente diferente da decisão passada,
03:48foi a contribuição social sobre lucro líquido.
03:52Também houve uma mudança que, no fundo, com um agravante.
03:56Passou-se a cobrar de maneira retroativa.
03:59Eu nunca vi isso no direito.
04:02Como explicar isso para uma empresa estrangeira que está no Brasil,
04:06e de repente a Suprema Corte toma uma decisão e vai cobrar de maneira retroativa?
04:11É.
04:12Sabe que quando eu não sou tributarista, conversei com os tributaristas,
04:16a crítica hoje, e eu já enfrento esse tema,
04:19porque eu fiquei surpreso e fui estudar,
04:21e o pior é que isso está escrito no nosso Código de Processo,
04:25de que se o Supremo mudar um entendimento,
04:29cabe ação recisória.
04:31Teve um ativismo adicional aí.
04:33Pelo Código de Processo, cabe ação recisória,
04:36que é quando você desfaz a coisa julgada,
04:39quando o Supremo muda o entendimento.
04:41A explicação seria para você não criar uma distinção entre players.
04:46Então um paga o imposto, o outro não paga.
04:49Eu acho até que é inconstitucional.
04:51E talvez se eu fosse ministro da Código de Processo,
04:53eu consideraria este artigo do Código de Processo inconstitucional.
04:57Mas tem que ser honesto que ele está lá.
04:59Só que o Supremo disse o seguinte,
05:01já não precisa mais da ação recisória, em última análise.
05:04É aí que eu acho que houve o ativismo,
05:05porque isto não está no texto e a meu juízo.
05:07Como eu disse, o Supremo não teria esse mandato para essa criação,
05:11para além do texto, dessa maneira como foi feito.
05:14Mas o artigo está lá no Código de Processo.
05:17A crítica maior que existe dos tributaristas hoje,
05:21e pode ser percepção minha de ler jornal,
05:24é que o fisco está criando um argumento econômico errado,
05:29falacioso, aterrorem, que é assim,
05:32Supremo, julgue a meu favor, senão eu vou quebrar.
05:34De novo, se a gente for sério, tem que pensar na consequência.
05:38E eu não tenho que ficar criando ou permitindo
05:41que o Estado crie impostos inconstitucionais,
05:45depois fazer a ponderação lá,
05:48ah, não precisa devolver.
05:49O que o Estado tem que fazer no Brasil é ser eficiente.
05:52A gente já tributa o suficiente no Brasil, né?
05:55Então, a meu juízo, a grande questão é que a gente tem que melhorar
05:58a eficiência do Estado e não achar penduricário para cobrar.
06:00É IOF, e eu...
06:03Esse tema, para mim, bastante criticável na decisão do Supremo.
06:11Como é que você vai dizer que o controle...
06:14Você é cientista político.
06:16O legislativo surge para controlar o orçamento
06:19e os excessos do rei.
06:22Aí, quando ele faz, é dito que é inconstitucional,
06:24sem falar que o IOF...
06:25E aí, eu presido uma associação,
06:29que é a Associação Brasileira de Liberdade Econômica,
06:31que entrou com uma ação judicial,
06:33porque entende que, como é um imposto que não é arrecadatório,
06:38ele é regulatório,
06:40ele precisaria passar por uma análise de impacto regulatório.
06:43Ou seja, você tem que ver o que você está fazendo para não quebrar.
06:47Só para arrecadar, que está escondido,
06:49que é para esse motivo, você quebra meia dúzia de setores.
06:51Tem fintechs que estão com dificuldade, por causa do IOF.
06:55E aí, a gente critica os juros altos.
06:58Como é que eu vou resolver juros altos?
07:01Permitindo concorrência.
07:02As fintechs fazem isso.
07:03Aí, eu sufoco as fintechs...
07:05Diminui a concorrência.
07:06Diminui a concorrência.
07:07E outra, o IOF já estava na lista para ser extinto,
07:12porque era uma das aberrações
07:14pela qual o Brasil não podia ingressar na OCDE.
07:16Então, para normalizar ou normatizar as regras,
07:21era preciso acabar com o IOF.
07:22Só que era para 2029,
07:24eu até fiz a sugestão que nós deveríamos antecipar isso para 2026.
07:28Bom, aí, acho que nós temos também uma coisa para discutir
07:32de direito comercial internacional,
07:34que é, muitos países querem aderir ao OCDE,
07:38mas não me parece,
07:40e o chanceler Amorim tem artigo sobre isso,
07:43que não é bom para o Brasil ingressar na OCDE.
07:45Então, de novo, ideias importam, né?
07:48Exatamente.
07:49Agora, Luciano, uma outra questão
07:52que me parece uma enorme aberração
07:55é não honrar o pagamento de precatório.
07:58No governo passado, nós inventamos um negócio
08:00que vamos postergar.
08:02Já demora 20 anos para você ganhar a ação.
08:04Depois que ganha, vai receber daqui a 10, 15 anos.
08:07Ou seja, virou uma coisa para a próxima geração.
08:10Herança que você está deixando para as próximas gerações.
08:12E agora, recentemente,
08:15o Congresso Nacional me aprova uma emenda constitucional
08:19legalizando praticamente esse calote do precatório.
08:23Como é possível viver num país onde nós não honramos contratos?
08:28Você não acredita que você ganhou uma ação contra o Estado
08:30e você tem que receber o dinheiro?
08:32Não, não vai receber não.
08:33Agora, sei lá, quando.
08:34Quando tiver dinheiro.
08:35É, você cria um mercado paralelo para a negociação
08:38das precatórias, porque as pobres das pessoas têm o crédito,
08:41mas não, né?
08:43Claro.
08:45Também, sendo absolutamente coerente com o que eu penso,
08:49nós temos ativismo em várias frentes.
08:52Então, nós também temos ativismo no julgamento de casos de servidores.
08:56Então, mas enfim, de novo, coisa julgada é coisa julgada
09:02e aí ela precisa ser honrada.
09:04Mas outra coisa que a gente vai precisar discutir,
09:07de novo, aí é o mérito, né?
09:09Como é que esses direitos estão sendo litigados
09:11e criados direitos por sobretextos de lei,
09:14vantagens, etc.
09:17E talvez o judiciário esteja criando direitos
09:20que não são viáveis do ponto de vista econômico.
09:24E pior, tira do orçamento.
09:25Não, isso aqui não conta.
09:27Não, mas aí, aí...
09:29Aliás, hoje, o orçamento paralelo no Brasil,
09:33daqui a pouco vai ficar maior do que o orçamento oficial, né?
09:36Do jeito que está indo.
09:37Porque não, isso aqui pode tirar.
09:38Penduricalho, o judiciário tira.
09:40Não, precatório tira.
09:42Bom, então vai ficar o quê no orçamento?
09:44Pois é, a gente vive como o Eduardo Janete,
09:48que diz no livro dele, né?
09:49O Valor do Amanheque.
09:50Ele diz que o brasileiro vive a Deus dará.
09:53E Deus dá, né?
09:54Mas Deus dá, mas em algum momento o orçamento tem que valer, né?
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